terça-feira, 17 de julho de 2012

Efésios 1.19 - A Grandeza do Seu Poder sobre Seus Filhos - Exposição em Efésios - Sermão pregado dia 15.07.2012



Efésios 1.19 - A Grandeza do Seu Poder sobre Seus Filhos 
Exposição em Efésios - 
Sermão pregado dia 15.07.2012

"E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder" (Ef 1.19).

Aqui, se vislumbra a continuação necessária da oração de Paulo. Após ter instado e proclamado aos irmãos (no versículo anterior) sobre que o Senhor de fato iria continuamente lhes abrir "os olhos do vosso entendimento" para que eles soubessem "qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos", no presente versículo o apóstolo escreve sobre algo profundamente importante para a vida cristã: a grandeza do Seu poder sobre os Seus filhos.

A falta de compreensão sobre a sublime grandeza do Alto sobre nós é a causa de muitos esfriamentos (em oposição aos avivamentos) que infelizmente têm acontecido na igreja. Digo "igreja" porque a verdadeira Igreja (os reais cristãos de todo o mundo) constantemente trilha o devido caminho designado pelo Senhor e não se desvia "nem para a direita nem para a esquerda" (Pv 4.27), e, quando ocorre de tropeçar, "lembra de onde caiu, arrepende-se, e pratica as primeiras obras" (Ap 2.5 - tempo verbal modificado). Esta pequenez de entendimento acerca do grandioso poder que habita em todos os crentes muitas vezes ocorre porque os professos da fé cristã já não se maravilham (se é que isto uma vez aconteceu em alguns corações) com as obras e feitos do Senhor.

1. "E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós"

Uma narrativa bíblica nos exemplifica este ponto: ‎"E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mt 8.27). A vida cristã não deve ser indiferente para com os feitos do Senhor. Esta sentença nos admoesta sobre a importância e necessidade de muitíssimas vezes ficarmos maravilhados e perplexos diante do Poder do Altíssimo. Note como aqueles homens que estavam paulatinamente sendo ensinados e transformados por Cristo Jesus ficaram maravilhados diante do poder onipotente do Senhor - "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" - estarrecidos diante da majestade e comparando-a com suas fraquezas, não sabiam sequer o que pensar. Assim também deve ser em nossos dias: os cristãos que nunca se maravilharam com o Senhor, talvez jamais tenham percebido sua real miséria, de modo que, para estes, é impossível perceber que no tocante ao poder e soberania de Deus, até "os ventos e o mar lhe obedecem".

Observemos atentamente como de forma similar à narrativa, o apóstolo escreve os crentes de Éfeso: "E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós". Aqui, importa-nos fazer a pergunta e cabe a cada um perscrutar a resposta em seu próprio coração: compreendemos qual é a mais do que excelente grandeza de Deus que habita em todos os seus filhos? Conseguimos ter alguma visualização das grandezas de Deus como o salmista nos diz, "Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?" (Sl 8.3-4)? Em outras palavras, a soberania plena de Deus e Seu estrondoso poder nos deixam estarrecidos como os discípulos de Jesus no barco e nos leva à pergunta, "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mt 8.27)? Isto é, que tão grande poder é este que até mesmo as forças "indomáveis" da natureza lhe são sujeitas?

Você sabe do que estamos dizendo - aquele senso de impotência diante do algo surpreendentemente maior, mais poderoso, mais forte e indescritivelmente indomável diante de nossas forças. Se maravilhar com os feitos do Senhor é semelhante àqueles momentos em que uma grande tempestade vem até nós e simplesmente pensamos, atônicos: "que poderia eu fazer para cessar tão grande tormenta? Diante desta inigualável chuva e vento que se abatem sobre a terra, poderia o homem fazer alguma coisa a fim de apaziguar tão grande fenômeno?". Esta noção preciosa do quão pequeninos somos diante de outros fatores naturais, deve ser significativamente aumentado quando entendemos que tudo o que ocorre e nos espanta é controlado milimetricamente pelo Eterno e sapientíssimo Deus - este foi o entendimento dos discípulos - "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?".

Frequentemente e corretamente se tem citado o profeta Oséias para demonstrar um dos motivos da falta de verdadeiro conhecimento e poder vivificar do Senhor em nossos tempos: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos" (Os 4.6). Olhemos atentamente e entendamos o que o Senhor diz através do profeta:

Em primeiro lugar, há um motivo específico dito pelo Senhor pelo qual o povo era desconhecedor dos decretos do Soberano e, por isso, perecia: "lhe faltou o conhecimento". Embora seja verdade que "o justo pela sua fé viverá" (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38), é igualmente real que a fé verdadeira é uma fé conhecedora das coisas de Deus. De fato analisamos anteriormente o cego de Siloé e sua compreensão do poder de Deus - "uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo" (Jo 9.25) -, todavia, o Senhor nos diz que também é muitíssimo importante o conhecimento. Em segundo lugar, há um motivo justo pelo qual o Senhor rejeita a muitos: "porque tu rejeitaste o conhecimento". Lembremos de que "Do SENHOR vem a salvação" (Jn 2.9) e Ele tem completo domínio sobre tudo o que faz, de modo que aqui Ele explicita ao povo que a sua condenação estava vindo porque haviam rejeitado o conhecimento - não quiseram conhecê-lo e sofreriam as árduas mazelas advindas da ira divina. Em terceiro lugar, o Todo Poderoso é cirúrgico em dizer que rejeita (e rejeitará!) todo aquele que não se agrada em buscar conhecer ao Senhor: "também eu te rejeitarei". De imediato lembramo-nos das duras palavras dirigidas àquele perverso homem: "E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou" (Hb 12.16-17). O autor de Hebreus também já nos alertou sobre que "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo" (Hb 10.31) e para isso precisamos corretamente atentar. Em quarto lugar, aqueles que se afastam do conhecimento de Deus e não buscam conhecê-lO com todas as suas forças e não se dedicam à meditação e ao estudo diligente da Palavra "de dia e de noite" (Sl 1.2), não são dignos de oferecerem orações, sacrifícios vivos e levar uma vida denominada "cristã": "para que não sejas sacerdote diante de mim". Em quinto lugar, homens e mulheres, devido ao grande pecado e por não militarem corretamente na batalha cristã, se deixam enredar pelas vicissitudes da vida e acabam por trocar as ordenanças e mandamentos de Deus pelos prazeres e ditames deste mundo - "e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus". É certo que o esquecimento da Lei de Deus vem por causa do pecado, mas também advém porque os professos da fé cristã muitas vezes não dedicam longos tempos no estudo das Escrituras, de forma que o mundo vai lhes parecendo mais colorido do que a eterna e fixa revelação de Deus (a Bíblia Sagrada). Em sexto e último lugar, ao contrário do que Ele promete aos filhos dos cristãos fieis, isto é, de que abençoará e guardará "até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos" (Dt 7.9), para àqueles que não buscam estudar e guardar em seu íntimo Sua lei e preceitos divinos, a recompensa será completamente outra: "também eu me esquecerei de teus filhos".

Assim como aconteceu naqueles dias também não se repete em nossa geração? Quantos são os homens e mulheres cujo conhecimento do Senhor lhes falta em abundância, e, por isso, preferem mais os caminhos do pecado do que Deus! Há quantos anos pessoas vêm assiduamente à igreja, participam de centenas de atividades na congregação, mas seus corações estão afastados do Senhor "porque lhe faltou o conhecimento"! Em vez de oferecem o seu "culto racional" (Rm 12.1) ao Deus vivo, são meros frequentadores e perpetuadores das tradições de homens que invalidam a Palavra de Deus (Mc 7.8). Oh! Que o Senhor possa transformar este caos espiritual em que muitos vivem e os leve ao verdadeiro reconhecimento de Sua grandeza acima de todas as coisas, tal qual o profeta Isaías expressou: "Eis que as nações são consideradas por ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima" (Is 40.15). Deus reina acima de tudo e todos, e você precisa conhecer o Seu poder!

O poder de Deus está acima de toda excelência que se pode imaginar - reflita primeiramente nisto. Observemos outra expressão de alegria pela grandeza de Cristo que nos é registrada: "E aconteceu que, ouvindo Hirão as palavras de Salomão, muito se alegrou, e disse: Bendito seja hoje o SENHOR, que deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo" (1Rs 5.7). Salomão, sendo uma expressão da sabedoria do Cristo que viria, é louvado e bendito entre os nascentes - nós fazemos o mesmo? O apóstolo igualmente nos ensinou sobre isto quando disse: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Ef 1.3) - pondere também este ponto: você é cônscio desta verdade estrondosa?

As bênçãos que os cristãos têm sobre si são infinitamente e incomparavelmente superiores a tudo que os homens podem oferecer neste mundo vil e pecaminoso. Este precioso e vital entendimento levou o salmista a dizer: "Muitas são, SENHOR meu Deus, as maravilhas que tens operado para conosco, e os teus pensamentos não se podem contar diante de ti; se eu os quisera anunciar, e deles falar, são mais do que se podem contar" (Sl 40.5). Atente para o fato de que o salmista não fala de "poucas", mas sim de "muitas" coisas que o Senhor tem "operado para conosco". O melhor crente é aquele que consegue deleitar-se em Deus e confiar em sua "sobreexcelente grandeza" que habita em sua vida. O cristão que não reconhece a grandeza sobreexcelente do Senhor sobre sua vida, é, na melhor das hipóteses, um cristão confuso, e, na pior, um hipócrita e fariseu que pensa já ser salvo.

Recordemos ainda outra vez de que anteriormente o apóstolo escreveu à igreja de Éfeso e lhes disse: "Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos" (Ef 1.18). O descortinar do pecado e o aparecer da glória de Deus deve fazer com que sejamos irresistivelmente atraídos ao senhorio de Cristo e somente a Ele passemos a render todo louvor e árdua labuta em Seu favor.

2. "sobre nós, os que cremos"

Porém, a fim de que ninguém se insurgisse dizendo que Deus abençoa sobreexcelentemente a todos sem distinção, o apóstolo é firme em escrever: "E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos" (grifo meu). Paulo expressou este entendimento também os romanos quando afirmou: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). A ênfase dada pelo apóstolo é a mesma em ambas as cartas: os filhos do Senhor é que são abençoados de sobremaneira.

Embora muitos sejam agraciados com coisas comuns, tal qual um teto sobre suas cabeças, um tanto de comida e frívolas e passageiras diversões, os predestinados "para filhos de adoção por Jesus Cristo" (Ef 1.5) são mui mais benditos e somente estes podem desfrutar de uma eficaz bênção salvífica do Senhor.

Esta declaração bíblica deve, por um lado, nos encher da mais nobre alegria que um homem pudesse ter, levando cada cristão a salmodiar ao Eterno com todas as suas energias - "Está alguém contente? Cante louvores" (Tg 5.13). Porém, por outro lado, precisa nos fazer tremer e temer diante do Deus onipotente, pois não pode haver maior desgraça (falta de graça) do que levar sobre si o gigantesco fardo de seus pecados e ainda ser afligido pela santa e pura ira do Senhor - o Israel veterotestamentário pôde perceber muito bem isto quando ouviu: "E será objeto de opróbrio e blasfêmia, instrução e espanto às nações que estão em redor de ti, quando eu executar em ti juízos com ira, e com furor, e com terríveis castigos. Eu, o SENHOR, falei" (Ez 5.15).

As Escrituras são abundantes em distinguir a bênção e grandeza do Senhor sobre o seu povo em comparação aos ímpios e não regenerados:

- "Os olhos do SENHOR estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor" (Sl 34.15);
- "Os justos herdarão a terra e habitarão nela para sempre" (Sl 37.29);
- "Bênçãos há sobre a cabeça do justo, mas a violência cobre a boca dos perversos" (Pv 10.6);
- "Aquilo que o perverso teme sobrevirá a ele, mas o desejo dos justos será concedido" (Pv 10.24).
- "Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, E os seus ouvidos atentos às suas orações; Mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal" (1Pe 3.12).

3.  "segundo a operação da força do seu poder"

Todavia, para que nenhum verdadeiro filho de Deus se orgulhasse e pensasse que poderia ser prepotente e vaidoso diante dos ímpios, o apóstolo acrescenta: "segundo a operação da força do seu poder".

As Escrituras são claras em nos dizer que a sobreexcelente grandeza de Deus está sobre todos os Seus filhos, porém deixa igualmente bastante evidente que eles têm esta bendita e divina graça segundo o bem querer daquele que faz todas as coisas segundo a Sua vontade (Ef 1.1, 5, 9, 11, 19).

Esta declaração bíblica nos revela a importância de jamais (nunca, sob nenhum circunstância, mesmo sob ameaças de morte e perda de todo prestígio social) atribuirmos ao Senhor o título de "injusto". Aqui, portanto, que cada um celebre durante longas horas a benignidade do Senhor e o Seu imenso favor para com todos nós que outrora chamávamos Deus de injusto por causa de Sua eleição e predestinação. Que reconheçamos nossa mais completa miséria diante do Artífice e sejamos prostrados rosto em terra diante "[d]a operação da força do seu poder". Creio que ser mais do que mister que compreendamos o quão abençoados são os filhos de Deus e o quão magistralmente são guiados segundo as veredas da justiça (Sl 16.11) aqueles que possuem um coração reto e humilde diante do Senhor - mas que também, embora reconheçamos diariamente o bem que o Eterno nos tem feito, possamos clamar às almas perdidas e lhes anunciar as boas novas do evangelho.

Assim sendo, que possamos compreender - pelo poder do Espírito Santo - a quão grandes bênçãos estamos submetidos e que enormes prazeres as Escrituras tem legado a todos os Seus filhos. Que não sejamos negligentes no estudo das Escrituras, para que não nos falte conhecimento; que não deixemos para amanhã o vislumbrar dos inúmeros benefícios que tem o Senhor concedido a nós, para que não adoremos falsamente ao Senhor. Que sejamos maravilhados diariamente com aquele que "que até os ventos e o mar lhe obedecem" e sejam gravadas as palavras ímpares do salmista em nosso coração: "O SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!" (Sl 8.1).

4 comentários:

  1. EXCELENTE EXPLANAÇÃO DO LIVRO DE EFÉSIOS 1:19

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  2. Um estudo muito esclarecedor,obrigado por este ensino,que Deus continue te dando entendimento,sabedoria, e conhecimento dele para glória e louvor dele.

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