terça-feira, 24 de julho de 2012

Efésios 1.20 - O Poder manifesto em Cristo - Exposição em Efésios - Sermão pregado dia 22.07.2012



Efésios 1.20 - O Poder manifesto em Cristo
Exposição em Efésios - 
Sermão pregado dia 22.07.2012

"Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus" (Ef 1.20).

A importância de se compreender corretamente as Escrituras tem sido delineadas por nós durante a exposição por esta sublime carta do apóstolo Paulo. Conforme falou o próprio Cristo, "Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?" (Mc 12.24), assim também o apóstolo trata no presente versículo, isto é, enquanto no versículo passado ele falou aos crentes acerca da "sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós", agora ele passa a explicar à igreja de Éfeso onde que este poder se mostrou latente e de forma abundante: em Cristo.

Notemos o paralelo magnifico e divino que está posto diante de nossos olhos: o mesmo poder que se manifesta nos crentes, se "manifestou em Cristo". Quer dizer, os cristãos não somente devem estar conscientes das grandes coisas que o Senhor tem operado em suas vidas (Sl 103.2), mas também de que são participantes do mesmo poder do Eterno que operou em Cristo "ressuscitando-o dentre os mortos", mas não silenciando e findando neste ponto, e sim que ainda "pondo-o à sua direita nos céus". Assim, de imediato somos chamados à percepção de quão verdadeiramente vivo e eficaz é o poder do Senhor sobre nós, de modo que quando formos tentados a duvidar do poder de Deus, olhemos para Cristo e aprendamos que esta  mesma "grandeza do seu poder" outrora se "manifestou em Cristo" e o fez ressurgir dentre os mortos.

Infelizmente temos vivido em uma geração de muitíssima frieza espiritual, embora os números queiram contradizer este veredicto. Nossa geração de muitos pseudo-cristãos não é cativada e transformada pelo poder do Eterno, mas sim moldada nos conformes deste mundo vil e das filosofias humanas que são introduzidas de modo lento, conforme também lemos: "Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo" (Jd 1.4). O primeiro entendimento sobre esta passagem que representa também os nossos dias (mostrando como a frieza é sempre encontrada) é de que há uma afirmação bíblica de que de fato "se introduziram alguns". Observemos que o tempo verbo é no pretérito perfeito, ou seja, não uma mera possibilidade do passado, mas sim um fato consumado: pessoas se introduziram na igreja. Estas pessoas, diz Judas (não o Iscariotes), já estavam escritas para esta finalidade, isto é, tal qual o Judas Iscariotes, elas já estavam destinadas à perdição e também eram usadas para tratar a vida do povo de Deus, demonstrando pelas suas heresias que de fato não eram crentes verdadeiros, como diz Paulo: "E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós" (1Co 11.19). Percebamos que estes homens fazem algo terrível e completamente perverso: "convertem em dissolução a graça de Deus". Todavia, não somente isto eles fazem, mas vão além "e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo".

Este entendimento acerca da frieza espiritual reflete diretamente na forma como olhamos para o Senhor Jesus e buscamos compreender a Sua morte vicária na cruz. A grande disparidade entre os evangélicos, embora seja visível com respeito às doutrinas, se inicia no ponto principal que é de muitos não compreenderem quem foi e qual o poder operado no Senhor Jesus Cristo. Para nossa tristeza, muitos são os que sequer conseguem dizer algo sobre o senhorio de Cristo, dissertar brevemente sobre a obra do cruz do salvador e falar de sua ressurreição. E, ainda que muitos não considerem importante este fato, o próprio Cristo testemunha contra eles, como lemos anteriormente: "Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?" (Mc 12.24). O erro, portanto, para que muitas vezes as pessoas não consigam vislumbrar corretamente o poder de Deus neles e em Seu filho, pode ser resumida nestas duas premissas: o desconhecimento das Escrituras e do poder de Deus.

1. O desconhecimento das Escrituras

Em uma rápida busca na chave bíblica, você encontrará no mínimo dez vezes em que o Senhor Jesus censura o povo dizendo: "não lestes". Pode parecer em um primeiro insignificante este feito, todavia, observe atentamente para quem estas palavras quase sempre são dirigidas - aos fariseus. Os fariseus daquela época, homens que eram grandes conhecedores da letra da Lei, sabiam os ditos do profeta de cor e possuíam muita boa educação nos caminhos de Moisés; porém, a estes mesmos é Jesus censura e lhes diz que na verdade nunca haviam lido verdadeiramente a Bíblia - "Mas, se vós soubésseis o que significa" (Mt 12.7). Para um fariseu e mestre da Lei ouvir estas palavras, eram como se Jesus estivesse se dirigido a um pescador que está há 50 anos pescando e de repente ouvisse: "Nunca pescastes na vida? Acaso sabes o que é um peixe e como deves fazer para pescá-lo"?

Assim como naquele tempo, hoje também urge com grandiosa imperiosidade que cuidemos de nossa vida e perscrutemos em nossos corações se de fato não ouviríamos as mesmas coisas que o Senhor falou aos fariseus: "não lestes". A questão aqui é exatamente a mesma: homens e mulheres que vão anos a fio na igreja, oram, jejuam, leem a Bíblia e participam de todas as atividades que podem, mas na verdade nunca entenderam o que realmente significam as Escrituras Sagradas.

2. O desconhecimento do poder de Deus

Notemos como o apóstolo nos diz que a grandeza do Seu poder operada em nós, também se "manifestou em Cristo" - mas como pode ser possível que alguém compreenda este fato? Em outras palavras, descreve o apóstolo, conhecemos o verdadeiro poder do Senhor que se manifestou em Cristo? Somos cônscios de quem Jesus foi sobre a terra e de como fez tudo o que Seu Pai lhe mandara, de modo que andava intimamente com o próprio Senhor (apesar de também ser Senhor)? Este poder se manifestou em Cristo, dentre vários que poderíamos citar, principalmente nestes:

Em primeiro lugar, dando-lhe o domínio sobre todas as nações: "Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro" (Sl 2.7-9). Este poder soberano foi dado ao filho de Deus e sabemos que pouco poder não é, pois lemos cristalinamente que o Filho, com relação às nações e homens que não O seguem, "os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro". O poder de Cristo não é coisa para se brincar ou se tratar com leviandade, mas sim para se temer (Hb 10.31). Em segundo lugar, fazendo com que a palavra de Cristo fosse eterna: "E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim" (Ap 21.6). A sobreexcelente grandeza do seu poder que tanto habitou em nós como em Cristo, lhe deu domínio e palavras que não passariam - "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar" (Mt 24.35).

Será que conseguimos compreender isto que estamos lendo? Enquanto o homem é comparado à uma neblina, "um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece" (Tg 4.14), Cristo é retratado como sendo eterno. Diante do Senhor, todo homem se torna como nada, como o salmista frequentemente nos recorda: "Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?" (Sl 8.3-4). Embora o homem vil e pecador não consiga entender quem de fato é Jesus e qual a grandiosa manifestação de Deus que nele habita, de uma coisa o ele é capaz: de fazer comparações. É isto que o salmista faz: uma comparação entre todo o universo criado por Deus e o homem miserável que habita na criação de Deus. Este ponto é de importância atenção para nós, porque é mister que constantemente levemos cativo esta comparação entre o senhorio de Cristo e a nossa situação diante de tão grande glória, honra e poder.

Mas, o apóstolo não deseja somente nos transmitir um senso de poder de Cristo, mas sim nos exortar e animar para que entendamos que este mesmo poder supremo que se manifesta em nós (como vimos no versículo passado), também se manifestou em Cristo Jesus. Isto é, os cristãos devem buscar estar seguros em Seu salvador, pois Ele também experimentou a mesma grandeza do poder que nós. Aqui, não estamos a nos comparar em grau de excelência com Jesus, mas sim a demonstrar que somos partícipes de uma glória que Cristo possui: "E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo" (Gl 4.6-7). Observemos que o apóstolo chama os crentes de filhos de Deus. O salmista anteriormente nos disse: "o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei" (Sl 2.7). Isto se desdobra e nos ensina que assim como Cristo é o Filho gerado do Pai (ainda que seja da mesma substância e igualmente seja Deus), os cristãos são os filhos adotados pelo Filho, de acordo com o que já aprendemos: "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade" (Ef 1.4-5). Resumindo a questão, os cristãos são como que irmãos de Cristo!

Olhemos com cautela como o apóstolo continua: "ressuscitando-o dentre os mortos". Paulo falará mais detidamente sobre como isto também se manifestou em nós no capítulo seguinte, todavia, aqui já demonstra o porquê de nós termos sido trazidos da morte para a luz - "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados" (Ef 2.1). A razão para que os crentes confiem e entendam que é o Senhor quem os salva e age com grande poder sobre suas vidas, é porque ele primeiramente ressuscitou seu próprio Filho dentre os mortos. Não que o próprio Cristo tenha perdido sua divindade ou tenha sido enfraquecido pela morte, pois lemos que Ele a venceu, mas sim que no Filho foi manifesto este grandioso poder de Deus, a ponto de O trazer novamente à vida e triunfar sobre morte (1Co 15.55)!

É mister que relembremos que a igreja de Éfeso era constituída de gentios (isto é, não judeus) e que esta declaração de Paulo acerca da ressurreição de Cristo lhes ensinava sobre que se anteriormente andaram vagando em trevas por não conhecerem o Soberano (Ef 2.2), agora, por causa da morte, ressurreição e ascensão de Jesus, o evangelho foi expandido aos demais lugares da terra, trazendo vida e grande poder aos filhos do Senhor, confirmando a mensagem dita a Abraão há muitíssimos anos antes - "E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra" (Gn 26.4).

A fim de também animar a igreja, Paulo lhe diz que este mesmo poder colocou Cristo "à sua direita nos céus", indicando a primazia e o lugar de honra nos lugares celestial. Este feito, portanto, enfatizava àquela igreja que o dito do versículo anterior - "E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder" - vinha acompanhado desta certeza: o poder mais do que excelente do Senhor que atua em vós, também ressuscitou a Cristo e o colocou à direita nos céus, então, este mesmo poder, no tempo oportuno, os levará aos braços celestiais, pois vocês possuem "bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Ef 1.3) e quando aprouver ao Eterno Ele os levará para Sua glória e para o eterno deleite em Sua casa.

Que o Senhor nos fortaleça nesta rica verdade e certa esperança!

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