sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Entendendo o amor dos homens pelas mulheres


O amor do homem é diferente.

Os homens também amam, no entanto, seu modo de amar é diferente do da mulher. São afetuosos por natureza, mesmo não sendo tão diretamente ligado às suas emoções, quanto da mulher, o amor do homem ainda é muito real. É com frequência apenas mais prático e menos romântico em suas demonstrações.

Um pai que rola pelo chão com a filhinha fazendo-a rir a valer de suas cócegas, está demonstrando seu amor paternal pela criança. Um marido demonstra seu amor quando faz malabarismos na conta bancária a fim de comprar uma lavadora de roupa para o lar, um par se sapato para o Joãozinho, ou um casaco novo para a esposa. O homem que investe num terreno está planejando para o futuro daqueles a quem ama. Uma mulher pode encarar essas coisas apenas como necessidades, no entanto, elas demonstram o desejo que o homem tem de dar, partilhar e prover. Isso também é amor.

Assim, embora poucos homens possuam a habilidade de encantar uma mulher com expressões sentimentais românticas, são capazes de demonstrar seu amor em linhas calmas e racionais. Por exemplo: um marido traz seu salário regularmente para casa, usando todas as suas entradas para satisfazer as necessidades da família. É bem provável que o fato de levantar-se às 5:30 da manhã, durante cinco ou seis dias da semana, e trabalhar o dia inteiro, não seja muito emocionante para um homem, porém, seu amor pela família é a razão básica para continuar perseverando. Os homens suportam essa rotina a vida inteira e frequentemente não pedem mais que as refeições e um abraço no momento oportuno.

Quando um homem abre a porta do carro para sua esposa, ajuda-a a entrar e sair, e segura-lhe o braço enquanto caminham, revela seu instinto protetor. Quer protege-la do perigo ou qualquer coisa que venha a ameaça-la, o que é outra característica do amor masculino.

Não importa quão rude seja a aparência de um homem, a brandura e o amor ainda estão ocultos sob a superfície. Enquanto eu lecionava numa comunidade rural, uma esposa me contou, certa vez, de como seu marido, um plantador de trigo, arava a terra que rodeava um ninho de passarinho, de maneira a não tocá-lo, para não derrubar os ovinhos. O homem é bondoso, afetuoso, amoroso e sentimental por natureza. Possui modos brandos e é capaz de ser profundamente atencioso, expressando seu amor pela família numa infinidade de maneiras.

Se bem que o amor não seja a razão de viver do homem, ele não tem condições de viver sem ele. O amor é uma força motivadora para o trabalho, levando-os a fazer planos, sacrifícios, investimentos. Leva-o a se expandir e a continuar a luta pela vida. É por amor que ele desiste de sua condição de solteiro, assina na linha pontilhada, aceita inteira responsabilidade financeira pela esposa e por todos os filhos nascidos dessa união, e abandona seu bem mais prezado – a liberdade.

Não há limites para o amor que uma mulher pode receber de um homem, quando esta aprende a abrir a porta de seu coração, pois ela tem condições de prover a atmosfera emocional adequada para que ele expresse livremente seus sentimentos e ouse compartilhar seu amor.

- por Nancy Van Pelt

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Eclesiastes e as pequenas grandes alegrias da vida


Semana passada tive o prazer de ouvir um Prodcast do site Reforma 21, onde a equipe do blog conversou sobre o livro de Eclesiastes. Nunca tinha ouvido um um Prodcast deles; aliás, nem sequer estava procurando sobre este tema (mas vi alguém compartilhando no Facebook). Seja como for, foi o meio que o Senhor usou para falar comigo. E confesso que já ouvi várias coisas acerca de Eclesiastes, já li sobre e inclusive já escrevi com respeito ao mesmo (clique aqui). Porém, ainda que já tenha alguma familiaridade com o livro, as palavras do pr. Emilio Garofalo Neto, foram muito interessantes e me levaram a esta breve reflexão.

Comentava o Emílio sobre como as pessoas costumam buscar coisas "grandes" na vida e só se dão por satisfeitas ao criarem coisas "magníficas" e conseguirem algo que é humanamente grandioso. Pontuou, assim, que Salomão (provável escritor de Eclesiastes) teve todas estas grandezas da vida: fama, riqueza, sabedoria, um reino, súditos, exércitos, mulheres... Tudo o que um homem, humanamente, poderia querer em vida, em termos de status e bens, conforme ele mesmo descreve: "Ajuntei para mim prata e ouro, tesouros de reis e de províncias. Servi-me de cantores e cantoras, e também de um harém, as delícias do homem" (Ec 2.8).

Mas como compreender tais coisas à luz de tantas expressões repetidas como, "Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade" (Ec 1.2)? Ou ainda: "Outra vez me voltei, e vi vaidade debaixo do sol" (Ec 4.7). E como conhecemos: "Atenta para a obra de Deus; porque quem poderá endireitar o que ele fez torto?" (Ec 7.13). Todas estas e outras expressões encontradas, parecem ser contraditórias com respeito ao que Salomão possuía em vida. Não deveria ele exaltar a Deus pelo que tinha (exceto quando pecava, obviamente) e escrever um de louvor e exaltação?

A verdade é que, conforme o Emílio conversava, buscava demonstrar que é preciso entender o tipo de literatura bíblica em que Eclesiastes está inserido. É um livro que narra o sentimento de alguém que possuía tudo o que um se humano poderia desejar, mas que mesmo assim enxergava grandes aflições no mundo. Chegou a dizer que "Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor" (Ec 1.18). Por que ele escreveu isso? Acaso a sabedoria, o conhecimento, algo tão estimulado pela Bíblia, pode trazer enfado e dor?

Assim, tendo em mente que Eclesiastes é um livro que narra os sentimentos de alguém muito poderoso, Emílio pontuou algo importante: a palavra vaidade, recorrente nos capítulos do livro, significa, em hebraico, algo como vapor, fumaça, uma coisa que logo de dissipa e desaparece. Talvez, muito semelhante ao dito de Tiago: "Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece" (Tg 4.14). Neste sentido, então, nossa vida é vaidade, porque logo se vai.

Bem, mas o que isso tem a ver com o título de nosso texto? Tudo, porque muito embora Salomão tivesse todas as coisas que desejou, percebeu que nada disso, por si só, traz a felicidade. Isto é, as coisas grandes e notórias ao mundo, não são sinônimo de necessário regozijo, e sim, ele pontua que são nas pequenas coisas da vida em que a alegria é encontrada: "Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras" (Ec 9.7). Igualmente: "Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol" (Ec 9.9). E continua dizendo: "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma" (Ec 9.10).

Com estas expressões, Salomão não está sendo irônico acerca do comer e beber com alegria pelo fruto do trabalho; não há sarcasmo para que o homem se deleite com a mulher que ama, pois uma vez que a vida é vaidade (passageira), "esta é a tua porção nesta vida"; e também não está debochando para que nos dediquemos a tudo o que o Senhor nos colocar à mão, e sim estimulando a todos para que aproveitem tudo aquilo que tiverem, "porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma". Resumindo: aproveite todas as coisas da vida - desde o comer até qualquer outro ato "simples" da vida.

Desta forma, compreendemos que o intento de Eclesiastes (uma das conclusões - veja outra em Ec 12.23-14), longe de ser um livro para enfraquecer e fazer esmorecer o ânimo cristão, busca demonstrar que a genuína felicidade não está em ter tudo aquilo que o mundo julga ser "grande" e "notório", e sim em viver o cotidiano de maneira proveitosa, comendo e bebendo com alegria, se regozijando com o cônjuge que o Senhor Deus nos dá e executando com grande empenho tudo aquilo que surgir para ser feito.

Que o Senhor nos leve a este grande aprendizado e aplicação, nos fazendo entender que cada detalhe de nossa vida pode ser feito para Sua honra e glória (1Co 10.31), e que isto pode ser muito agradável, não necessitando, ninguém, se entristecer porque não fez algo "grandioso" na vida, porque se conseguirmos nos deleitar nas coisas mais "pequenas" da criação, estaremos desfrutando de algo maravilhoso.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

[VÍDEO] Como escrever um livro? Dicas de um escritor (parte 1)

Neste vídeo, abordo as questões preliminares da escrita. Eis os pontos que você deve considerar:

1. Defina se vai escrever para vender ou somente para si;
2. Faça testes antes de realmente escrever;
3. Compreenda as peculiaridades de cada tipo literário;
4. Não pense que inovação é sinônimo de sucesso;
5. Leia livros com temáticas e gêneros semelhantes.


Não se esqueça de assinar o canal: 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

[VÍDEO] Adesivos cristãos em carros! Uma boa ideia?

Leitores do blog, a partir de hoje estarei postando uma série de vídeos em meu canal pessoal. Assim e cliquem em "curtir" no YouTube, caso apreciem os materiais!

Link do canal: https://www.youtube.com/channel/UCa-3g-eqMc_p7XerK0e8Vrw

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A importância da amizade para a teologia



Neste mundo, duas coisas são essenciais: uma vida saudável e a amizade… – Agostinho

Como nós desenvolvemos nossa teologia como cristãos que levam a sério o chamado de “crescer na graça e conhecimento de nosso salvador, Jesus Cristo”?

Em algumas ocasiões, tive o prazer de ouvir outros falando sobre o que lhes motiva quanto a isso. Provavelmente, todos nós temos alguns hábitos que têm sido particularmente úteis para nosso desenvolvimento teológico no decorrer de nossas vidas. Eu acredito que uma maneira de crescer no conhecimento de Deus é por meio da amizade.

Um dos melhores dons que Deus me deu são amigos que são mais espertos e mais teologicamente perspicazes que eu. Quando conversamos, eu posso ouvir como eles argumentam, raciocinam, pensam, etc. Interações pessoais nos dão algo que livros ou discurso online não podem oferecer.

Ao discutir ou debater um ponto teológico, um amigo pode oferecer uma contrapartida e você precisa, então, aprender a pensar por si só. Sem poder sair para ler um livro, você precisa ser capaz de justificar ou modificar sua opinião. Isso é “teologia em ação”. Afinal, nós devemos testar-nos no debate teológico quando não temos um livro ou o Google para nos resgatar. E, felizmente, seus amigos normalmente não citam longos parágrafos na sua cara – “Como Calvino diz…”. Tem coisa pior em uma discussão online que alguém colar uma citação gigante para provar seu argumento? Suponho que sim, mas ainda assim…

Além disso, com um amigo, vocês podem começar aparentemente discordando do outro, mas, após uma longa discussão (e – aham – distinções teológicas apresentadas!), vocês acabam percebendo que não estão tão distantes. Na verdade, você aprende que, às vezes, há diferentes formas de expressar a mesma verdade.

Ter a voz e os olhos de alguém diante de si é muito melhor que pixels numa tela. E mais: o bom de ter um amigo com quem discutir teologia é a liberdade de realmente botar tudo pra fora (i.e., argumentar) sem se preocupar se a amizade acabará se vocês terminarem discordando no fim. Alguns dos meus argumentos teológicos mais vigorosos foram apresentados aos meus melhores amigos. Eu adoro insultá-los, sabendo que 99% é afeição e 1% acidez.

Também devemos lembrar que amizade nos torna mais clementes em relação às diferenças teológicas daqueles que não conhecemos, mas discordamos teologicamente. Alguns caçadores de heresia provavelmente precisam sair mais e desenvolver amizades com pessoas de outras tradições teológicas. Há perigos, claro, mas eu creio que a amizade nos ajuda a ser lentos para criticar, especialmente nas conversas online.

Eu me pergunto se alguns cristãos têm quase todas as suas interações teológicas apenas com amigos via Facebook e Twitter, ao invés de face-a-face. Que tristeza se isso for tudo. Afinal, quando eu estou debatendo teologia com um amigo, eu preferiria ter a opção de oferecer mais de 140 caracteres e também de chamar-lhe de algo ruim, porém com um sorriso no rosto enquanto faço isso. Soltar um emoticon sorridente é simplesmente inapropriado ao debater teologia online, mas sorrir quando você chama seu amigo de “louco” parece natural e correto.

À luz disso, permita-me oferecer uma defesa da educação teológica formal em um seminário, e não online. Certo, às vezes, seminaristas são os parceiros de conversa mais irritantes. Eles têm muito mais zelo e arrogância que conhecimento – uma combinação perigosa. Mas as amizades desenvolvidos no seminário podem ter real valor teológico a longo prazo, e também a curto prazo, se houver a disposição de ouvir em vez de falar o tempo todo.

Busque amizades com aqueles que são mais inteligentes e piedosos que você, e você terá uma grande vantagem sobre os outros em seu desenvolvimento teológico. Quase toda vez que vou à reunião do Supremo Concílio da minha denominação – um ótimo lugar para amizade, discussão teológica e pastores esquisitos desfilando suas gravatas-borboletas – eu peço a Deus por uma nova amizade.

- por Mark Jones
Fonte: Reforma21

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O mito do "nem tudo me convém" - explicando a passagem bíblica



Observe a imagem desta postagem - ela tem circulado pelo Facebook através de perfis de cristãos, todos compartilhando o seguinte sentimento: "os cristãos, como todas as pessoas, podem fazer tudo, mas algumas coisas não convêm ao cristianismo". É verdade ser bem provável que a conversa tenha sido criada em um dos tantos programas para simular conversas via WhatsApp, mas aqui o foco é outro: será esta abordagem correta?

Temos duas ocasiões na Bíblia onde nos é relatado o proposto na imagem: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma" (1Co 6.12); "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (1Co 10.23).

Quando abrimos nos respectivos capítulos bíblicos, notamos que o primeiro caso, (1Co 6.12) é precedido de uma série de admoestações do apóstolo (vs. 1-9), mostrando que em vez dos cristãos buscarem rapidamente a justiça do Estado, isto é, a humana, como bons crentes deveriam tentar chegar a acordos justos, de maneira que não precisem litigar um contra o outro; depois, lhes relembra de que os que deliberadamente continuam em diversos pecados (vs. 10-11), precisam compreender de que foram lavados pelo sangue de Cristo e agora são nova criatura, devendo deixar estes pecados para trás. 

Então quando ele inicia o versículo 12, se formos entender que Deus está usando o apóstolo Paulo para dizer, conforme a imagem acima, que uma moça pode "ficar com vários meninos", estaremos contradizendo a própria Bíblia, pois a Escritura diz logo em seguida que "o corpo não é para a fornicação, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo" (1Co 6.13). Tal coisa não é lícita ao cristão, assim como adulterar não o é, roubar, assassinar, se prostituir, dissimular mentiras: nada disso é lícito ao cristão! Assim é que o intento da Escritura é demonstrar que dentre muitas coisas lícitas, existem aquelas (lícitas!) que não convém por algumas razões

Este foi o ensino de Paulo logo adiante: "Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize" (1Co 8.13). Comer é algo lícito e necessário, mas se determinada prática, novamente, lícita, fizer meu irmão cair da fé, então é prudente se abster dela. É impossível pensarmos que a Bíblia nos ensinar a dizer que tudo quanto é bobagem é lícito ao cristão, mas que algumas não convém. Ora, convém é derivado de conveniência, isto é, alguma coisa ou ato com o qual concordamos, anuímos e damos nosso aval como sendo correto - e para um cristão isso poderia incluir todas as coisas pecaminosas que conhecemos? É claro que não.

No segundo caso este ensino fica mais claro (1Co 10.23). O versículo 23 é seguido com esta declaração: "Ninguém busque o proveito próprio; antes cada um o que é de outrem" (1Co 10.24). Daí o apóstolo explica que aqueles crentes poderiam comer carnes sacrificadas aos ídolos - "Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência" (1Co 10.25). E por que isto? "Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude" (1Co 10.26), não podendo qualquer oferenda, "magia", "macumba" ou nome semelhante, contaminar aquilo que Deus criou. Todavia, "se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude" (1Co 10.28 - grifado). É nítida a explicação: se você entende que tudo é criado por Deus, pouco importa se o açougue da esquina é de alguém incrédulo, pois o que ele vende vem da terra e tudo pertence ao Senhor; mas se algum irmão mais fraco que você tiver problemas em entender esta questão, então "não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência".

Desta forma, de maneira simples e objetiva, entendemos que quando a Bíblia nos diz que tudo nos é lícito, isto representa somente todas as coisas que Deus aprova, mas que mesmo estas coisas, algumas vezes, merecem ser deixadas de lado por um bem maior, que é o dar bom testemunho e não escandalizar - como, por exemplo, mesmo o crente sabendo que pode ingerir bebidas alcoólicas (clique aqui para ler).

Por isso, sempre leia a Bíblia como sendo um único livro, nunca se apegando a passagens isoladas e nem propagando quaisquer ensinos que nos são transmitidos.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Dia da Reforma Protestante! Promoção de livro!


ATENÇÃO E AJUDE A DIVULGAR, POR FAVOR!

Promoção do meu livro para o Dia da Reforma Protestante (31 de outubro)!

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Promoção válida apenas de hoje até segunda-feira!

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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

10 maneiras de se alimentar uma criança para a glória de Deus


"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1Co 10.31).

1. Agradeça ao Senhor pelo dom da vida e por ter sido agraciado com um filho (Sl 127.3);

2. Lembre-se de que é melhor dar do que receber e busque praticar isso (At 20.35);

3. Se seu filho apresenta dificuldade para gostar dos alimentos, entenda sua dificuldade e busque o ensinar, indo no passo do mais fraco (Gn 33.14);

4. Ensine seu filho a partir do seu bom exemplo, comendo alimentos saudáveis e o estimulando a fazer isso (Pv 22.6);

5. Crie o hábito de agradecer ao Senhor pela comida e renda graças a Ele por tudo que possuem (Sl 92.1; Mt 15.36);

6. Não seja violento ou estúpido com seu filho, pois antes de ser seu, ele pertence ao Senhor (Pv 3.31);

7. Embora você não deva ser violento, caso seu filho demonstre obstinação constante, o discipline com amor (Pv 13.24; Hb 12.6)

8. Procure entender que assim como você precisa dar o alimento adequado e na medida certa para o seu filho, igualmente o Senhor trata os seus (Rm 12.6);

9. Faça do momento uma ocasião para interagir, brincar e criar laços maiores e duradouros com seu filho, de modo que ele tenha alegria nestes momentos (1Tm 6.6);

10. Diga a seu filho que cada alimento foi criado por Deus, de maneira que fixe o ensinamento de que todo o bem provém das mãos de Deus (Sl 78.24)

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O ENEM e os malditos ensinos do Diabo


Neste final de semana ocorreu mais uma prova do ENEM e desta vez, em vez de fotos dos cadernos com respostas hilárias, a "bola da vez" foi a doutrinação esquerdista que estampava inúmeras questões. A imagem desta postagem é um destes exemplos.

Vamos direto ao ponto: o Salmo 2 nos é claro em dizer: "Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor" (Sl 2.10-11). Não há como entender este Salmo, apenas, na ênfase do povo de Israel, pois ele começa dizendo que "Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido" (Sl 2.2), mostrando que ao contrário do povo de Israel que tinha o Senhor como único e eterno Deus, o restante da terra se levantava e se irava contra o Senhor. Daí o autor, inspirado pelo Eterno, escrever que todos os governantes da terra deveriam servir ao Senhor com temor, do contrário, "Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro" (Sl 2.9).

O que o salmista escreveu há tantos anos atrás, ainda acontece em nossos dias: os governantes se insurgem contra o Senhor e não O server com temor, muito menos se alegram com tremor. Não vivem para promover a Verdade, a Justiça, a verdadeira Paz e a honra a Deus, e sim para desconstruir os ensinos bíblicos que perduram desde toda a criação.

O ENEM deste ano, então, para quem ainda tinha dúvidas sobre a doutrinação esquerdista que este atual governo promove (mas que não é exclusividade dele), deixa claro qual o objetivo de um Estado sem Deus: promover os valores contrários ao Evangelho. Ora, como diz a imagem acima, como é possível alguém acreditar que "ninguém nasce mulher"? Se isto é realmente possível, então a Bíblia é uma completa mentira!

O reformador John Knox (1514-1572) costumava dizer que quando o Senhor envia um governante ímpio a uma nação, é porque ela estava sob Sua ira - e temos boas razões para acreditar nisso, bastando ler o Antigo Testamento e perceber que no próprio povo de Israel, muitas vezes, quando se desviava dos propósito do Eterno, o Senhor enviava um rei mau para os governar. E que ninguém pense que nosso governo é mau, mas o povo é bom - nosso povo é igualmente corrupto, pervertido, ateu e irado com Deus. Nosso povo é rebelde às Escrituras e tal como Faraó, deseja manter o povo de Deus o mais escravizado possível, a cada dia buscando retirar a liberdade cristã que temos.

Com isto em mente e porque o ENEM, geralmente, atinge pessoas mais novas, as quais ainda estão em processo de formação de seu caráter e entendimentos, é necessário que combatamos tais ensinamentos do Diabo, o qual possui somente um propósito nesta vida: enganar as pessoas, fazendo-as pensar que está tudo bem, as levando para uma vida "tranquila" de "paz e amor", onde ser belo é ser "tolerante", aberto à "novas experiências" e compreensivo com todo aquele que é "diferente", pois a moralidade e ética, supostamente, são coisas não estáticas e por isso mudam de tempos em tempos.

Que o Senhor nos dê graça para ensinar a Verdade às crianças, jovens, adultos e idosos, os fazendo perceber de que o Diabo, realmente, "anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1Pe 5.8), mas que maior que o inimigo, é nosso Senhor, o qual no tempo oportuno, caso o homem não se converta, "afiará a sua espada; já tem armado o seu arco, e está aparelhado. E já para ele preparou armas mortais; e porá em ação as suas setas inflamadas contra os perseguidores" (Sl 7.12-13), afinal, "Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Mt 12.30).

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O circulo da morte de muitos religiosos


Neste breve texto, uso o termo religiosos para demonstrar qualquer pessoa que tenha alguma afeição pela Bíblia, mas que não vive conforme ela demonstra que os verdadeiros regenerados devem ser. Assim, leia este breve artigo como sendo uma crítica aos falsos crentes, e não aos verdadeiros - embora estes também possam cair, em algum tempo, nesta armadilha.

O site Climatologia Geográfica,há tempos atrás, publicou um vídeo intitulado Agonia: O círculo da morte. O vídeo demonstra algo do qual eu não tinha conhecimento e provavelmente você também não: formigas que morrem de tanto caminhar em círculos, ficando fadigadas e falecendo de exaustão. Eu diria que é algo surreal e que eu nunca imaginei acontecer.

O texto do site nos diz que "As formigas são praticamente cegas e toda comunicação e o controle de onde vem e para onde vão são feitos a partir de substâncias químicas chamadas feromônio que indicam o caminho que devem seguir", o que significa dizer que precisam da cooperação mútua, a fim de poderem encontrar o caminho. Continua o texto que "Elas se espalham por todos os lados em busca de comida, e fazem qualquer coisa para chegar até o seu objetivo". O problema é que o tal do feromônio, geralmente em áreas abertas, tende a se perder e as formigas não conseguem encontrar o caminho correto, e "Nessa busca, elas podem acabar encontrando o próprio rastro e assim ficar andando em círculos até completa exaustão e morte". O fim é trágico para estes animais: pensando estarem seguindo o justo caminho, morrem andando em círculos, pois seguem a si mesmas.

Este exemplo das formigas me lembrou do povo de Israel no deserto: quase todos que saíram do Egito, morreram no castigos dos 40 anos de peregrinação no deserto, devido à obstinação do coração!

Relembremos que a Bíblia nos diz que o Seu povo viveu 430 anos no Egito (Êx 2.40), sendo oprimidos e castigados pelas mãos inimigas. Todavia, o bondoso Senhor os havia de levar à terra prometida, mas por causa da obstinação do povo, foram forçados a andar errantes por 40 anos do deserto, pois resolveram seguir a própria vontade, duvidando da Palavra do Eterno!

Assim como as formigas ainda hoje podem morrer ao serem enganadas pelo caminho, muitos indivíduos estão na igreja, achando que estão seguindo o caminho de Cristo, quando, em verdade, não estão. O próprio Jesus já alertou dizendo: "Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova" (Mt 15.14). Quem ensina o erro é culpado, mas quem segue o erro é igualmente réu. Biblicamente, não existe a desculpa para "eu não sabia que ele era um falso profeta", pois a Escritura, falando sobre a relação do pastor com as ovelhas, afirma que "as ovelhas ouvem a sua voz" (Jo 10.3), isto é, a voz do pastor. As ovelhas conhecem, por causa do Espírito Santo, qual é o caminho santo e que leva ao Senhor. Em vez de escutarem a própria voz, buscam o bom conselho do Alto.

Aqui, talvez, possamos comparar este fenômeno ocorrido com as formigas, com aquilo que Cristo disse: "E, chegando-se os fariseus e os saduceus, para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu. Mas ele, respondendo, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro. E, pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis discernir a face do céu, e não conheceis os sinais dos tempos?" (Mt 16.1-3 - grifado). Cristo censura aqueles homens por conhecerem tantas coisas da natureza, mas serem tão ignorantes quanto as coisas do reino. Buscamos ter a ciência de tantas coisas por aqui, nos esforçamos e investimos tanto dinheiro em cursos, faculdades, livros e em busca do elevado conhecimento, que podemos correr o risco não estarmos atentos às coisas mais elementares da vida, que é fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31).

Que hoje, então. da mesma forma, o alerta de Cristo soe em nossos ouvidos: cuidemos para não cair nas ciladas e tentações que este mundo nos coloca, achando que podemos seguir um caminho fácil até a cruz. Que tenhamos o zelo de buscar as "coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação" (Hb 6.9). Não creiamos que o estar inserido em algum grupo "reformado", "calvinista", "piedoso" ou qualquer outro apelo para rótulos, seja sinal de verdadeira salvação. As formigas andam em grupos, mas isso não as impede de morrer com o próprio grupo!

Sigamos o bom caminho da Bíblia, pois "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Não queiramos padecer do deserto ou morrer como as formigas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Se não for falar de Cristo, não suba no palco


Relata-me um amigo meu, que neste último domingo (18/10/2015) se dirigiu até a igreja, buscando ouvir a Palavra e sair confortado, uma vez que estava passando por uma fase difícil. Conheço a vida deste meu amigo e sei que ele não foi ouvir qualquer bajulação, prosperidade ou "x" passos para a vitória - queria a pregação genuína sobre Cristo e Seus feitos por todos os filhos do Senhor.

Quando estava para começar a pregação, notou que um pastor convidado iria pregar. O receio lhe sobreveio, pois se conhecendo o pastor titular, já se tem algumas ressalvas, quanto mais aos convidados. Então, se pôs o pregador a falar e pediu para que todos abrissem no conhecido trecho das Escrituras sobre as "Bem-aventuranças". Lido o texto, divagou o pregador sobre "como ser feliz"; lendo a parte sobre ser "puro de coração", disse que deveriam ser como as crianças e falar a verdade. No meio do sermão, contou três piadas; na primeira, risadas; na segunda, menos; na terceira, aquela sensação de que já tinha dado o que deveria ser. Finalizou a pregação e meu amigo pode tristemente concluir: NENHUMA menção ao nome e méritos de Cristo. Uma pregação, então, sobre o que o homem deve fazer por si mesmo, como se pudesse alguma coisa sem o Senhor.

Tal situação com meu amigo, longe de ser exceção, parece estar se aproximando da regra. Eu mesmo, não muito tempo atrás, tive o desprazer de acompanhar uma "pregação" de mais de uma hora, onde a única parte proveitosa foi de quando o pregador leu o texto bíblica, pois no resto, NENHUMA vez o nome de Cristo foi citado ou Sua obra foi mencionada.

Ora, não é preciso ser teólogo para lembrar do que Cristo disse: "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5). O texto é claro: NADA podeis fazer - e isto inclui pregar com sabedoria e abençoar o povo de Deus! Um pregador que sobe no palco para falar sobre o que o indivíduo deve ser por si mesmo, quais pecados deve abandonar e outras coisas mais, é um simples papagaio inútil ao reino dos céus, porque se Cristo não é enfatizado, tudo mais vem a ruir.

Eu não quero acreditar que todos os pregadores que têm tido tal conduta de omitir a Cristo, o façam por deliberada vontade, mas urge a necessidade de se compreender que se for para pregar e não mencionar a obra de Cristo, bem como Sua aplicação na obediência ao texto sagrado, que se cale e apenas leia a Bíblia - ao menos evitará heresias. Se for para contar piadas e ser engraçado, utilize algum sistema de streaming online e crie um canal de stand-up comedy que será melhor. 

Por isso, nobres pregadores, escrevam seus sermões e procurem pontuar, em cada diretriz que forem dar, sobre como Cristo é enfatizado e glorificado. Ao fazer a aplicação do sermão, verifique se Cristo está pautado da maneira correta (ou seja, de acordo com o texto bíblico) e que seus ouvintes irão entender que mesmo sendo terríveis pecadores, em Cristo possuem a rocha eterna e que não conseguirão cumprir coisa alguma, se não se refugiarem em Cristo.

Por favor: pregue Cristo e Sua igreja será edificada. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

[VÍDEO] Série de vídeos sobre a Política

Amados irmãos, abaixo alguns vídeos que já gravei sobre o tema "política".

Assine nosso canal no YouTube (https://www.youtube.com/reformahoje) e fique por dentro dos outros vídeos que ainda virão!





segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A dificuldade de orar (e uma solução)


Oração não é fácil. Eu vejo que isso é verdade para mim, mas outros que têm meu respeito também dão testemunho da dificuldade de orar. Alguns indivíduos fazem parecer fácil; se eles passam horas por dia na tenda do encontro, provavelmente eles levam também o computador para lá.

Considere os seguintes testemunhos, que são de cheios de pensamentos que, muito curiosamente, não são normalmente ouvidos quando as pessoas dão seus testemunhos públicos:

“Tudo que fazemos na vida cristã é mais fácil que orar” (Martyn Lloyd-Jones).

“Não há nada em que somos tão ruins em todos os nossos dias do que a oração” (Alexander Whyte).

“Houve momentos em minha vida em que preferia morrer a orar” (Thomas Shepard).

Imagine Thomas Shepard dizendo essas palavras após ser levado para a frente da igreja para “falar sobre as coisas maravilhosas que Deus tem feito em sua vida”. Seja qual for o caso, eu considero um tanto confortantes essas palavras daquelas homens citados. De fato, leia isso de John Bunyan:

“Eu posso falar por experiência própria, e a partir dela contar-lhe sobre a dificuldade de orar a Deus como devia; isso é o suficiente para te fazer pobre, cego, carnal, para cultivar estranhos pensamentos sobre mim. Pois, quanto ao meu coração, quando eu saio para orar, eu descubro tanta relutância em ir a Deus, e quando estou com ele, tanta relutância em continuar ali, que muitas vezes, em minhas orações, eu sou forçado a primeiro implorar a Deus que ele tome o meu coração, e o coloque diante de Cristo, e quando estiver ali, que ele continue ali. Com efeito, muitas vezes eu não sei o que orar ­­(eu sou tão cego), nem como orar (eu sou tão ignorante); somente (bendita Graça) o Espírito ajudando nossas enfermidades [Rm 8.26].”

Aqui está um – ahem – puritano que obviamente batalha, como muito de nós, com a oração.

Às vezes, os cristãos caem em um “círculo vicioso de oração” e acham difícil acabar com esse círculo. Não é que eles desistiram de orar, mas eles parecem desistir de gastar tempo a sós com o Senhor naquilo que os puritanos chamaram de “oração privada e fervorosa” (ver Hebreus 5.7).

Evidentemente, não há uma regra estabelecida sobre que frequência e duração devem ter nossas orações. Ainda assim, nós oramos sem cessar (1 Tessalonicenses 5.17); devemos orar em todo tempo (Efésios 6.18) e oramos subitamente por causa de necessidades e ocasiões (Neemias 2.4).

A Bíblia também nos dá exemplos daqueles que pareciam ter horários escolhidos ou específicos em que se dedicavam à oração (Mateus 6.6). Considere Daniel, que orava três vezes ao dia, “como também antes costumava fazer” (Daniel 6.10). “Subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta” (Atos 10.9). E nosso Senhor Jesus que “retirava-se para os desertos, e ali orava” (Lucas 5.16).

Considerando que a oração é difícil, como Cristo nos motiva a orar? Em Mateus 6.6, ele promete a seus discípulos que seu Pai os recompensará pelo que eles fazem (i.e., orar) em segredo. Perceba o quanto a palavra “recompensa” aparece somente neste capítulo.

Nós precisamos questionar-nos se adequadamente cremos nas palavras de Mateus 6.6. Você realmente crê – o que deveríamos fazer – que Deus nos recompensará? Se nós crêssemos, certamente gastaríamos muito mais tempo na oração em secreto do que fazemos. Não temos porque não pedimos. Não pedimos porque nos falta fé (Mateus 21.22).

Fé é a mão que suplica a Deus: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6).

Cristo, o homem de fé por excelência, certamente entendeu esse conceito em sua vida de oração. De fato, ele orou por sua recompensa: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17.5).

Eu não sei precisamente como o Senhor nos recompensará pelo que fazemos em segredo. Algumas vezes, as respostas à oração são óbvias ou imediatas. Às vezes, ele nos recompensa ao não nos dar o que (erroneamente) pedimos. E há orações que sequer podem ser respondidas em vida (veja a oração de Estêvão em Atos 7.59-60, que pode ter resultado na conversão de Saulo de Tarso; ou perceba como a oração de Moisés para ver a glória de Deus em Êxodo 33.18 foi respondida na Transfiguração).

Mas eu sei disto: As recompensas do Pai vêm da graça: “É chamado recompensa, mas é pela graça, não por dívida; que mérito pode haver em mendigar?” (Matthew Henry).

E ele tem prometido recompensar seus filhos quando eles oram em secreto, e somente essa motivação deveria ser o suficiente para nos levar aos nossos “quartos de oração” onde pedimos para receber.

- por Mark Jones
Fonte: Reforma21

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Biblicamente: o governo deve punir o uso de drogas?

Vivemos tempos indecisos na política e esta tem perdido a cada dia sua credibilidade. Tempos de trevas também abundam o judiciário, o qual é comprado e/ou profere decisões totalmente absurdas. O legislativo, então, não merece sequer comentários. E diante de tanta bagunça e desilusões com os poderes de nossa república, não poderíamos esperar que os mesmos sejam qualquer referência de moralidade, legalidade ou licitude para nós.

Todavia, ainda é o nosso Judiciário que julga as demandas levadas até ele e é o que acontecerá muito em breve (em verdade, hoje mesmo, se tudo ocorrer dentro do planejado), com um caso onde um usuário de drogas foi pego com uma pequena quantidade. Em resumo, o Supremo Tribunal Federal (STF) - órgão máximo no Judiciário brasileiro -, irá decidir se portar uma pequena quantidade de droga para consumo próprio, continua ou não sendo crime. O STF já julgou inúmeros processos envolvendo drogas, mas ao que tudo indica, o que está pautado para hoje, será o primeiro que envolverá determinado artigo da Lei Antidrogas, o qual poderá ser considerado inconstitucional, por violar liberdades individuais, não ferir a moralidade pública e outras coisas mais.

Independente da decisão que os ministros do STF prolatem, como cristãos, temos interesse em, primeiramente, saber o que a Bíblia nos diz sobre este assunto de punição ao usuário de drogas. Vamos ser objetivos em nossa análise.

A Escritura revela que existem inúmeros pecados que devem ser punidos pelo magistrado civil. Bem, mas o que é pecado? João nos responde: "Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei" (1Jo 3.4). Pecado, portanto, é tudo o que viola a Lei de Deus e esta é bastante clara no Antigo Testamento. Ninguém pode dizer o que é ou não pecado, se não entender a Lei de Deus. É simples assim.

Entretanto, a Bíblia demonstra que nem todo pecado, especialmente no Antigo Testamento, é punido pela magistrado civil. Quer dizer, nem tudo aquilo que Deus considera pecado, significa que os juízes (investidos pelo poder do Senhor) devem punir. Êxodo 22.9 e outros textos, nos mostram a legitimidade dos juízes para decidirem as causas (desde que decidam de acordo com a Palavra de Deus). Vamos a alguns exemplos básicos:

- adultério: é punido pelos magistrados (Lv 18.20; 29)
- homossexualismo: é punido pelos magistrados (Lv 18.22; 29);
- zoofilia (sexo com animais): é punido pelos magistrado (Lv 18.23; 29);

Várias outras passagens poderia ser colacionadas, demonstrando que inúmeras práticas eram consideradas pecado diante de Deus e por isso seus praticantes deveriam ser punidos. E aqui ninguém se engane: a ordenança para obedecer as leis era estendida aos judeus e aos estrangeiros que viviam junto com o povo de Deus: "Porém vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma destas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós" (Lv 18.26).

Algo salutar e que convém deixar registrado é que existe uma diferença entre crimes de perigo concreto e abstrato. Perigo concreto são aqueles crimes que exigem a comprovação de algum dano, como no caso de maus tratos aos animais: os animais sofrem e por isso existe a lesão. Já para o crime abstrato, a mera conduta, mesmo que não resulte em nenhuma lesividade, já é considerada crime, como no caso de dirigir sob o efeito de álcool ou outra substância que altere o estado normal do indivíduo: a mera possibilidade de ocorrer algo errado, já é considerado crime.

Isto posto, vemos que o adultério, conquanto fosse punido pelos magistrados, precisava de duas ou três testemunhas, conforme lemos: "Quando no meio de ti, em alguma das tuas portas que te dá o Senhor teu Deus, se achar algum homem ou mulher que fizer mal aos olhos do Senhor teu Deus, transgredindo a sua aliança [...] Por boca de duas testemunhas, ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha não morrerá" (Dt 17.2, 6). Ou seja, a mera conduta de adulterar, escondido e sem ninguém ter visto, não era punido pelo magistrado - até porque ninguém saberia do ocorrido, não é mesmo? 

E com relação a outras práticas, como no presente caso, o uso de substâncias que alteram a forma de percepção do mundo? É evidente que não cabe, neste pequeno texto, uma definição sobre o que é ou não droga, mas convém lembrar que muitas coisas não consideradas "drogas", são nocivas ao corpo. Alguém pode não fumar crack ou usar cocaína, mas vive cansado e fadigado porque só come "bobagem", por exemplo, vindo a morrer antes mesmo do "usuário de drogas". Para simplificar, vamos entender o termo "drogas" como tudo aquilo que altere o estado comum do homem e que lhe traga prejuízos (seja para mais ou para menos). Tal definição é importante, pois a Bíblia ordena que cuidemos de nossos corpos físicos (1Co 6.19-20) e que tenhamos cuidado com substâncias que nos tiram o domínio próprio e nos levam a cometer atos descabidos (Pv 23.29-35).

Desta forma, biblicamente, percebemos que os autores de tais práticas proibidas pela Escritura, nunca eram perseguidos com relação a sua vida particular. A própria proibição de ir adorar outros deuses, não era punida no âmbito privado - o indivíduo que em sua casa, fizesse uma oração a alguma outra deidade, não era punido pelo magistrado, pois não temos nenhum relato disso na Escritura.

É bem verdade que o uso de drogas não aparece de forma "clara" na Escritura e por isso temos de ter o cuidado quando tocamos neste assunto. Por outro lado, o silêncio quanto à punição pelo uso das mesmas, não parece encontrar lugar junto ao texto bíblico e creio que por uma simples razão: os possível atos decorrentes do seu uso, já possuem a devida punição. O indivíduo que usasse alguma droga e furtasse, teria de restituir; se matou, seria morto; se estuprou, seria morto; se enganou e dissimilou, receberia as devidas sanções...

Noutras palavras, a Bíblia não parece orientar os magistrados para que, no tocando ao prejuízo gerado para si mesmo, punam por crime abstrato, ou seja, pela mera conduta, devendo somente punir os delitos derivados destas condutas. O fato de alguém querer estragar o seu próprio corpo (você que se enche de batata frita toda semana e não faz exercícios, vá com calma no julgamento alheio, ok?), muito embora seja uma afronta ao corpo criado por Deus, não recebe punição pelo magistrado, de acordo com a Escritura. 

Aqui, alguém pode dizer que se liberado o uso (e estendo para a venda) de drogas, os jovens irão morrer e pessoas ficarão doentes, lotarão os hospitais e tudo o mais, quando não mencionarem o fato de as drogas, por viciarem, motivarem outros delitos. Tal argumentação é verdadeira e precisa ser levada em conta, todavia, nem sempre se furta/rouba para manter o vício e o furto/roubo já é punido biblicamente (e em nosso país), não importando o que motivou tal delito. Se as políticas públicas não conseguem punir com severidade os demais delitos, não é proibindo algo que a Bíblia não proíbe, que se chegará a uma solução melhor.

Ser favorável à descriminalização, não significa apoiar e promover as tristes consequências que isto tem para a vida da sociedade (afinal, as drogas circulariam com muito mais facilidade nos mais diversos lugares) e por isto precisamos conscientizar as pessoas dos malefícios que seu uso acarreta. Pais, igreja e toda a sociedade precisa estar ciente dos prejuízos causados pelas drogas, assim como orientar a todos de que cada um responderá por seus atos que venham - ou não - a ser praticados em decorrência do uso de drogas. 

Assim, concluo esta breve reflexão (que não esgota o assunto, evidente) dizendo que, ao meu entender e por não visualizar qualquer exemplo bíblico onde possa me apoiar, sou favorável a descriminalização do uso/venda de drogas. Não sou favorável à legalização das mesmas, pois o Estado teria de controlar, incidir impostos e se intrometer ainda mais na vida particular. Voto pela prática deixar de ser crime - sem excluir, porém, o voto de que o Estado deve buscar promover campanhas e outras práticas que não incentivem tal conduta -, afinal, biblicamente, não encontramos motivo algum para se encarcerar quem utiliza/vende drogas - em verdade, o encarceramento sequer é bíblico - mas este ponto fica para outro texto.

A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade (Ef 6.24).

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O exercício físico e seus benefícios mentais


Em agosto de 2014, tive o prazer de conseguir relatar a maravilhosa experiência de participar de minha primeira maratona em trilhas, praias e morros. Naquela ocasião (clique aqui para ler), busquei enfatizar o quanto o exercício físico pode nos ensinar sobre a importância da perseverança na vida cristã.

Agora, em agosto de 2015, mais precisamente no dia 08, tendo acabado os cinco anos de faculdade e me lembrando da icônica corrida do ano passado, resolvi encarar um novo desafio: correr 50 km por minha cidade. Se para o ano passado eu não havia treinado o suficiente e por isso sofri bastante (mas que lembro com saudades e faria tudo outra vez!), no presente momento eu vinha de um ano inteiro correndo e treinando - não com este foco específico, mas sempre na atividade e em movimento.

Para estes 50 km, saí às 05:45 de casa e corri perto de 1,5 km até onde me encontraria com um colega e outro rapaz que nos iria acompanhar de bicicleta. Chegando lá, infelizmente, nem sinal do corredor amigo - descubro, depois, que acabou programando errado o despertador. Reflito e mentalizo o trajeto proposto e me pergunto se conseguiria encarar tal jornada sem outro colega ao lado, afinal, seriam meus primeiros 50 km e tudo fica mais fácil com companhia de alguém que sofre contigo. Se desistisse, além de sentimento de "ser um fracassado" e de ter de dizer pra esposa e pra família que "não deu, porque eu tive medo de tentar", jamais saberia se correr tal distância me era possível e qual é a sensação de a terminar. Gentilmente, então, peço para o colega da bicicleta colocar minhas duas garrafas de isotônico em sua mochila e começamos o trajeto - desistir não era mais uma opção. Graças a Deus os 50 km foram concluídos com sucesso, tendo sido finalizados em 5h e 29min. 

Passado este final de semana memorável (formatura em Direito, festa em família e os 50 km), estava lendo, nesta manhã, um interessante texto chamado Correr uma ultramaratona é a melhor forma de tortura [1], onde Lee Stobbs relata sua "loucura" de ter encarado uma das ultramaratonas mais difíceis que existe [2], mesmo nunca tendo corrida uma. Tal "ultra" consistia em correr de maneira autossuficiente (ou seja, levando todo o suprimento necessário) durante 7 dias, tendo de percorrer 272 km. Dentre as tantas dificuldades narradas e pensando sinceramente em desistir, o autor relata que ganhou novo ânimo ao escutar de outro corredor: nossos corpos sempre irão desistir, mas o corpo nunca está cansado se a mente estiver boa. E ele conclui seu texto da seguinte forma: eu posso estar quebrado, mas nunca me senti tão vivo.

Por meu pequeno conhecimento e informação sobre atividades físicas e acompanhando vários atletas e outras pessoas que passaram a se exercitar a partir de algum estímulo que receberam, posso afirmar que as palavras de Stobbs se encaixam perfeitamente em quase todos os praticantes de atividade física: é duro, difícil, extremamente desgastante e surgem infinitas vontades de desistir durante sua prática, todavia, o fim é glorioso. É algo inexplicável. É quase mágico: você sofre, tem vontade de xingar a si mesmo (por ter se colocado em tal encrenca), pensa em mudar para um esporte onde possa ficar sentado, por exemplo, mas ao fim (ou logo após ele), não perde por esperar a próxima oportunidade de experimentar tais sentimentos. É realmente algo inexplicável. Eu diria que é uma experiência que somente pode ser sentida e toda tentativa de a partilhar, sempre será menor do que a realidade.

Em nossa vida cotidiana, conhecemos muitas pessoas que se queixam de serem preguiçosas, frequentemente desistentes de seus sonhos e vontades, não tendo ânimo para muita coisa e sempre crendo que não são capazes de fazer algo grandioso. Em toda a família existe um indivíduo que se considera "menos" que os outros; em toda roda de amigos sempre há o que se julga "não ser bom em nada"; e sem contar o número sem fim de pessoas que sequer começa algo, pois temem não conseguirem completar.

Ontem, me dirigindo ao trabalho e escutando a rádio CBN, ouvi o professor Jair Santos comentar sobre o porquê muitos não "mudam" e tendem a permanecer sempre na mesmice - e uma das causas elencadas, dizia respeito a que o medo de não conseguir era maior do que a vontade de tentar. E me lembrei, por óbvio, que idêntica coisa acontece quando se busca começar alguma atividade física ou se lança um desafio aparentemente grandioso: tememos mais o fracasso, do que temos energia para empreender rumo ao, relativamente, desconhecido. 

No texto de Stobbs citado, ele comenta sobre suas incertezas e inseguranças antes de se lançar em tal prova, afinal, quantos medos iria enfrentar e como iria reagir diante da sensação de insegurança por causa do inesperado - como suportar tudo isso? Correr por onde? Sozinho? Durante a noite? Passar por desertos, subir montanhas e andar em desfiladeiros? E se eu me perder? E se acabar a comida? O mesmo medo que tentava o aprisionar, também o impelia à mudança. Era o medo empreendedor que move o homem, o levando a experimentar novas sensações e crescer com elas.

É por isso que no exercício físico você aprende que, conquanto treinar o corpo seja essencial, se você não estiver mentalmente bem, tudo será em vão. Experimente, por exemplo, depois de uma discussão com seu cônjuge ou uma briga inesperada, tentar fazer algo que lhe seja desafiador: a probabilidade de êxito será bastante pequena. Pior: lance um desafio e estando à beira de o começar, descubra que algo grave em sua vida (uma dívida que você não lembrava, uma doença em algum parente querido...) não está como deveria e você verá a importância da "saúde mental" para a boa execução dos trabalhos.

Minha primeira corrida de 50 km foi um upgrade naquilo que os atletas/treinadores chamam de "calo mental". Você pode até estar preparado, fisicamente, para encarar o objetivo proposto, entretanto, se não estiver experimentado o suficiente, é bastante provável que irá desistir, pois seu corpo precisará de estímulos que não existirão. Se sua mente não estiver calejada o suficiente, ela aguentará poucos combates consigo mesmo e logo a vontade de desistir reinará. Se você não aprender a sofrer sozinho e se vencer, poucas experiências de glória lhe aguardam.

E é assim que finalizo esta breve reflexão, com o intento de animar você a se beneficiar dos exercícios físicos - não somente em matéria de saúde corporal, mas também mental. Sei que não é qualquer novidade, mas o fato de você ter precisar combater pensamentos como "desista", "olhe as pessoas nos carros - por que você está se esforçando?", "fique em casa assistindo televisão", "por que não uma pizza, em vez do exercício?", "agora chega: seu corpo não aguenta mais", certamente irá lhe trazer benefícios para muitas outras áreas e você se tornará mais forte mais encarar outros desafios que a vida lhe impor.

Não é à toa que nossos corpos se mexem, não é mesmo?

Notas:
[1] Clique aqui para ler (em inglês)
[2] Uma ultramaratona é qualquer corrida que tenha mais de 42,195 km. O autor resolveu correr a Grand To Grand Ultra.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Meu filho, você não merece nada


Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

- por Eliane Brum

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Existe diferença entre "Heresia" e "Erro teológico"?


Este blog já foi de textos mais longos - hoje, porém, sigo a linha "curto e direto", até porque são poucos que dediquem alguns minutos à leitura. Assim sendo, o texto a seguir será breve.

Recentemente me perguntaram se existe diferença entre "heresia" e "erro teológico". O questionador, creio, tinha a intenção de verificar se é possível dizer que algumas coisas são frontalmente contrárias à palavra de Deus e Suas verdades essenciais, enquanto outras se enquadrariam, penso, em algum desvio da verdade, mas sem comprometer os sustentáculos do Reino.

Respondendo à pergunta, sim, acredito que exista, no nível humano da compreensão, diferença entre estas duas coisas. Digo "humano", porque para Deus não existe "meia verdade" ou "pequena distorção da verdade", pois não vemos em Sua palavra, qualquer resquício de sombra de variação (Tg 1.17), não podendo, qualquer indivíduo, supor que o Senhor tolere máculas a Sua vontade.

Por "heresia", entendo aquele ensino pecaminoso e frontal ao se dissimular, enganar, ludibriar e ensinar o que é flagrantemente falso e viole doutrinas claríssimas da Escritura. Exemplos não faltam: soberania plena de Deus, depravação do homem, necessidade da fé em Cristo, um único mediador... Todas doutrinas inegociáveis da fé cristã. A lista não tem fim e é composta de doutrinas que, quando negadas/distorcidas, correspondem a rejeitar o próprio Deus e Sua Palavra.

Já por "erro teológico", muito embora, novamente, para Deus, não exista diferença, na vida pós-pecado, todos os homens, por mais puros que sejam, erraram e erram em algum ponto. Presbiterianos e batistas discordam sobre vários pontos, mas nem por isso se consideram inimigos da fé, desde que concordem nos pontos básicos da salvação; alguns cristãos pensam que o culto pode conter alguns elementos (banda, apresentação de crianças...), enquanto outros entendem que o culto do Novo Testamento deve ser mais singelo e simples; questões sobre como será a vida no porvir, então, não cansam de render bons debates e suscitar as mais diversas interpretações. Seja como for, são possíveis erros na teologia, isto é, na interpretação de quem Deus é e o que nos ensina, erros de interpretação, mas que não interferem na comunhão direta e plena com o Senhor, bem como com os irmãos.

É evidente que alguém poderá argumentar, por exemplo, que um "culto bagunçado" fere a comunhão com o Senhor e nisto sou obrigado a concordar. Todavia, não posso anuir com a ideia de que somente um "tipo" de culto seja aceitável diante de Deus. Sim, Deus tem apenas um tipo de culto em Sua Palavra e Ele deixou exemplos claríssimos de que abomina outras variações - mas, se nem mesmo os teólogos reunidos em Westminster conseguiram unanimidade em todos os assuntos, que razões haveríamos para crer que iríamos chegar a tal patamar?

Friso: creio que o culto deve ser da maneira "x", mas conquanto eu creia que estou acertando "deste lado", com certeza erro em tantos outros, razão pela qual posso enxergar a multiforme graça e misericórdia de nosso Senhor, o qual escolheu salvar tão terríveis pecadores e que em tantos pontos discordam entre si, além de precisar ter sempre em mente que o tipo de culto que julgo ser correto, pode, no fundo, conter algum erro.

Desta forma, concluo que existe diferença: a primeira (heresia) é uma afronta direta ao evangelho e compromete a união entre igrejas/indivíduos, enquanto a segunda (erro teológico), uma divergência entre assuntos que, se comparados ao essencial, são secundários e, portanto, passíveis de discussão e pontos de vista diferentes.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

10 princípios para maridos e pais cristãos


A maioria dos homens cristãos em círculos conservadores abraçam a verdade bíblica de que eles devem liderar suas famílias em Cristo. Embora a maioria abrace essa realidade e esteja convencida da sua necessidade, é igualmente verdade que a maioria de nós não tem certeza de como fazer isso. Poucos de nós cresceram em lares cristãos com pais cristãos fortes e piedosos para nos modelar. Como um marido e pai cristão lidera bem a sua família em Cristo? Eu sugiro que os princípios abaixo são um ponto de partida:

Busque a santidade: essa é a chave para liderar as nossas famílias em Cristo. Um marido e pai cristão não pode liderar onde ele não pisou. Assim como Paulo admoestou Timóteo a respeito do pastorado, “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (1 Timóteo 4.16), o mesmo se aplica ao “pastor” da casa. Se falta santidade em nossas vidas, então ela também faltará nos membros da nossa família. O maior impulso para o crescimento deles é o nosso próprio crescimento em Cristo.

Reconheça o que você pode e não pode controlar: aquele que pensa que pode controlar o coração dos outros é um tolo. Nós não temos tal capacidade e graças a Deus por isso. Podemos encorajar, exortar e ensinar nossas esposas e filhos na fé, mas não podemos controlar o seu envolvimento e crescimento na fé. Mas é nossa responsabilidade manter nossos próprios corações. Não negligencie o que você tem por responsabilidade enquanto persegue as coisas pelas quais você não é responsável. Maridos e pais servem melhor suas famílias quando estão tentando controlar a sua própria raiva, egoísmo, orgulho e língua. Que saibamos o que somos habilitados a fazer e aquilo que somente o Senhor pode fazer.

Proveja em todos os meios: a maioria dos maridos e pais cristãos reconhece a necessidade de sustentar as suas famílias materialmente. “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente” (1 Timóteo 5.8). Mesmo que isso seja verdade no reino físico, também o é no reino espiritual. Por favor, traga para casa o bacon! Mas não pare por aí. Pratique um culto familiar consistente e regular; lidere a sua família na leitura das Escrituras, orando e cantando. Alegremente, leve a sua família à igreja a cada semana, envolva a sua família no ministério da Igreja, busque a hospitalidade convidando outras pessoas para sua casa, ore com e por sua esposa e filhos. Não pense que seu trabalho está feito apenas ao garantir um teto sobre suas cabeças, roupas nos seus corpos e comida em seus estômagos. Eles são corpo e alma, eles precisam da sua provisão no reino espiritual.

Pratique a humildade: liderar em Cristo é diferente do que o mundo entende por liderança. O mundo promove um tipo de liderança que exige ser servido. A visão cristã de liderança exige o servir. Caro marido e pai cristão, você é o servo chefe de sua casa. Parabéns! Em Cristo, “quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva” (Mateus 20.26). Lideramos ao servir e muitas vezes esse serviço é sacrificial (Efésios 5.25).

Persista em alegria e ação de graças: defina o tom da sua casa. Um marido e pai cristão estabelece a cultura de sua casa mais do que ninguém. O adolescente temperamental, a criança exigente ou mesmo a esposa mal-humorada não são os fatores determinantes. Você é. Prossiga na alegria do Senhor e persista em ação de graças a Deus por todas as Suas boas dádivas (Tiago 1.17). Este é um grande ponto de partida para moldar a sua casa.

Seja efusivo no amor: Nenhuma esposa ou filho já disse: “Eu fui amado além da conta!”. Não seja o marido ou pai que é reservado em expressar seu amor. Faça a sua esposa se sentir preciosa. Nutra e a acalente (Efésios 5.29). Honre a sua vida com elogios, flores, presentes e carinho constante. Abrace-a por trás enquanto ela está lavando os pratos, encontre um tempo regular para ela escapar das demandas da casa, incentive-a a buscar amizades femininas piedosas, agradeça o cuidado que ela dá a você e seus filhos, planeje e execute encontros. Que ela nunca duvide que você a estima mais do que todos os outros. Permita que seus filhos vejam esse carinho. Os pequenos olhos de seus filhos devem te ver abraçar sua esposa constantemente. Quanto aos seus filhos, tenha por eles um amor implacável e infalível. Não importa as falhas, fraquezas, ou lutas que eles possam ter, o seu amor vai ser uma constante em suas vidas. Ele é fixo e nada pode roubá-lo. Você não vai ser um pai perfeito, mas banhar os seus filhos em amor é um passo para ser um grande pai.

Viva pela graça: Pedro diz: “vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil…” (1 Pedro 3.7). Paulo diz: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios 6.4). Modele e pratique a graça em sua casa. Seja sensível ao pecado e ainda mais sensível para estender aos outros a mesma graça que você recebeu. Sua esposa e filhos devem te ver como alguém acessível, amável, gentil e gracioso. Ao ouvirem a palavra graça, ela não deve ser um conceito estranho às suas mentes. Eles devem conhecer e receber isso de você consistentemente.

Proteja e seja forte: Sua esposa e filhos precisam da sua força. Não só eles precisam da sua força, como também precisam saber que você está disposto a usar essa força para o bem deles. Você serve como seu defensor. Você deve defender a sua família com boa vontade e de bom grado, mesmo que isso lhe custe social, profissional, emocional ou mesmo fisicamente.

Glorie-se na fraqueza: mesmo quando você procura ser forte, deve reconhecer a glória em sua própria fraqueza. Sua esposa e filhos devem conhecê-lo como um homem que alegremente depende do Senhor. Quando eles refletirem sobre sua força, devem sempre entendê-la como vinda da parte do Senhor. E você deve se alegrar por eles conhecerem a fonte da sua força. Um marido cristão e pai fiel não vai mergulhar na sua fraqueza, mas glorificará nela. Ele irá continuamente olhar para Cristo e modelar essa virtude cristã suprema em sua família. Ele será um homem de oração, sabendo que grande parte de seu pastoreio ocorre de joelhos. Ele vai liderar o caminho ao pedir perdão em casa, tanto a sua esposa e filhos. Ele será rápido em conceder o perdão quando ofendido, vai refrear-se em ter expectativas muito altas sobre sua esposa e filhos, reconhecendo suas próprias falhas e fraquezas e estenderá a eles a mesma graça de que ele mesmo precisa.

Viva contemplando a Glória de Deus: esteja você no trabalho, descansando ou brincando, procure glorificar o Senhor. Paulo disse: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10.31). Modele a sua família para viver com propósito. Estamos sempre vivendo à sombra da glória de Deus. Mostre a eles que cada momento é importante, cada pessoa é significativa, cada tarefa é importante. Ria ao brincar com seus filhos, sue ao trabalhar e cante alto ao adorar. Faça todas as coisas contemplando a Glória de Deus e as faça com todo o seu coração e alma, especialmente ao liderar a sua família.

Maridos e pais cristãos, a vocês foi dada a tarefa gloriosa e maravilhosa de liderar suas casas em Cristo. Liderar requer pensamento e intencionalidade. Como você está liderando a sua família no Senhor? Que princípios, práticas e atividades você está empregando para o bem deles e para a glória de nossa Cabeça, Cristo Jesus?

- por Kevin DeYoung
Fonte: Reforma 21

O culto online e a tentação do Diabo

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