segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Relato dos 50km na Ultra Trail Ribeirão das Pedras!



Em 2014 tive a oportunidade de relatar a excelente e primeira corrida de 42km que fiz por montanhas, cruzando praias deslumbrantes e tendo o apoio de grandes parceiros de esporte - link. Este ano, também descrevi a graciosa experiência em correr os 23km na Ultra Trail Rota das Águas. E agora conto, de maneira resumida, a experiência que tive ao tentar correr os 50km da Ultra Trail Ribeirão das Pedras!

Na última ocasião dos 23km, fiquei imaginando o que seria correr 50km por montanhas. No gráfico abaixo falta um último morro ao final, mas dá para se ter uma ideia do sofrimento que me aguardava. Seriam mais de 2.300 metros de desnível positivo, ou seja, literalmente, subiríamos em altitude (não distância), um total de 2.3km! O ponto de "corte" seria no km 37,5 e com 07:30 de prova - quem não chegasse lá neste tempo, seria cortado da prova.


Ainda não tenho mais fotos da prova, mas as abaixo (tiradas no local da prova, porém num treino duas semanas antes), retratam o que seria o dia da prova - e que estava muito pior, pois choveu uma semana inteira.



Voltando ao que dizia, após imaginar o que seria correr 50km por trilhas e montanhas, resolvi me inscrever. Olhando agora para o tempo que passou deste os treinos até a prova, reconheço que treinei pouco e não para o que a prova exigiria. Achei que estava razoavelmente preparado, mas falhei. Ao menos aprendi. Faz parte da vida.

Prova no sábado e sexta-feira, então, fui dormir mais cedo e coloquei o relógio para despertar às 04:45, pois haveria de tomar café, me arrumar e perto das 06:00 tinha de sair de casa e ir até o local da prova (uns 30min de carro de minha casa). Cheguei em tempo, peguei o kit do atleta, afixei o número no shorts, fui para o pórtico de largada, comecei a conversar com outros atletas e largamos! Emoções mil estavam para começar!

Primeiro morro subido (o mais longo da prova, aliás), chegamos ao PA-1 (posto de atendimento), tomamos uma água e fomos mata à dentro. Era uma single-track (só cabia uma pessoa na largura, praticamente) bem agradável - muito molhada e cheia de lama, mas excelente para quem gosta! Ao final dela, pegamos uma estrada de terra e emparelhei com outro atleta que também estava tentando correr seus primeiros 50km. Descíamos bem o morro e estávamos no ritmo planejado (mais ou menos 01:30h para cada 10km). Porém, ali, já logo de cara, um erro foi cometido.

Estando muito perto do PA-2, vimos uma placa para seguir reto no caminho dos 50km, porém eu olhei ligeiramente para trás e vi outra placa de 50km, indicando que se devesse subir um morro. Conversei com o colega e achamos que o correto era subir este morro - mas estávamos errados! Aqui, porque somente nós dois pegamos este trajeto errado, isento a organização de qualquer culpa; nós que erramos! [Atualização: fiquei sabendo que ali deveria haver alguém informando e tirando essa dúvida, mas a pessoa descumpriu sua palavra e acabou não aparecendo no dia da prova]

Como sabíamos que o PA-2 estava muito próximo de nós, imaginamos que logo o encontraríamos acima, todavia, ledo engano. Posteriormente ficamos sabendo que este caminho era, de fato, dos 50km, porém num trajeto de volta (por isso que tive de olhar para trás para ver a placa) e isso nos custou mais de 1 hora andando/trotando/correndo errado. Perdemos muito tempo nesta subida e nos caminhos que saiam dela, pois a marcação ainda estava sendo feita naquele local, o que nos levou a ficar sem direção umas duas ou três vezes. Nos dividíamos pelas bifurcações e gritávamos ao alto, a fim de saber se havia encontrado alguma marcação da prova. Voltávamos, seguíamos por alguma estrada; procurávamos algum caminho marcado, mas estando no caminho errado, seria difícil encontrar a marcação correta. Somente quando chegamos bem próximo do topo do morro é que encontramos um dos organizadores da prova (Maicon Cellarius) que olhou com aquela cara de "what?!" para nós e informou que tínhamos pego o caminho errado e indicou o certo. Paciência e obrigado, Cellarius!

Tivemos de retornar do erro e já com 02:40h de prova mais ou menos, finalmente chegamos ao PA-2. O que era para ser 01:30h no PA-2, estava, agora, bem fora da realidade, mas mesmo assim seguimos adiante. Neste momento já estava chovendo a mais de uma hora na prova e o frio começava a aparecer. Seguimos pela estrada da chão, cruzamos o que sempre foi um pequeno córrego (mas que virou um pequeno riacho), se segurando na corda e encaramos outro morro (o mesmo das fotos acima).

O problema é que ao chegar no topo do morro, estava, apenas, no km 15 e já tinham se passado mais de 3 horas de prova. Parei para conversar com o pessoal do ponto de apoio, comi alguma coisa e um estranho frio começou a bater. Chovia, ventava, era alto e eu estava completamente molhado. Avaliei com cuidado e percebi que não queria e muito provavelmente não teria condições de completar os 50km e talvez nem de chegar a tempo no tempo de corte. Some-se a isso que havia combinado com minha família que a expectativa era chegar entre 14:30 e 15:30 de volta, fechando entre 07:30h e 08:30h de prova, o que não aconteceria e os faria esperar muito mais do que o previsto. Resolvi abortar.

Mas como não existe um carro para levar atletas desistentes de um lado para o outro, ainda precisei seguir mais uns 5km até a linha de chegada (segui o caminho do pessoal que estava fazendo a percurso com 26km, abondando, assim, a prova; estava no km 15 pros 50km, mas no 21 para o percurso de 26km - acho que foi isso, não lembro ao certo). Se estes 5km já foram difíceis (tive de correr e ficar mexendo os braços e mãos para não passar frio, porque estava complicado), ficava me perguntando o que seria se tivesse tentado os 50km. Nestes 5 km tive de andar sob a chuva e ficava fazendo reflexões sobre os motivos de ter desistido. Aqui escrevendo, me recordo das Olimpíadas e relembro que até para os mais excelentes atletas, as vezes, desistir é a melhor opção. Desistir para aprender e voltar mais forte.

Assim sendo, mesmo com uma desistência, foram mais de 04:00h molhado, cheio de lama, com frio, vários desconfortos e aproximadamente 30km percorridos no total. Não deu pra fechar os 50km, mas vou treinar para voltar mais forte na próxima e tentar alcançar este feito pessoal. 

Mais uma vez ficam os agradecimentos ao pessoal da Ultra Trail Eventos pela excelente prova projetada e que certamente exigiu muito da logística, especialmente pelo mau tempo e todas as circunstâncias adversas que devem ter surgido.

Que venham mais corridas!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Carta Aberta aos pais que levam seus bebês chorões e crianças pequenas às Igrejas


Queridos pais levam crianças pequenas às Igrejas,

Vocês estão fazendo algo realmente, realmente muito importante. Eu sei que não é fácil. Eu vejo vocês com os braços assoberbados e sei que vocês vieram para a igreja já muito cansados. Criar filhos pequenos é trabalhoso. Muito cansativo mesmo.

Eu os vejo rodopiar, sacolejar e balançar incansavelmente tentando manter seus bebês quietos. Assisto todo o esforço necessário para encontrar um lugar para se sentar na igreja: Os malabarismos com o carrinho e o equilibrismo com as sacolas de fraldas e todas as dezenas de bugigangas do arsenal móvel de cada bebê.

Eu vejo vocês se sacudirem quando seus filhos choram e assisto solidária toda agitação e ansiedade com que vocês abrem os seus sacos de mágica, catando os truques que podem ajudar a acalmar os seus filhotes. 

E eu vejo vocês com as suas crianças pequenas, as que dão os primeiros passos e as de três, quatro e cinco aninhos. E vejo como vocês se irritam quando seus meninos fazem uma pergunta inocente, num tom que era para ser um sussurro, mas sai como de um megafone, ouvido em claro e bom som lá no fundo da igreja, risos.

E percebo o desespero na voz de vocês, quando pedem pela décima vez que seus filhos se sentem e fiquem quietos. E vejo os seus semblantes envergonhados, como quem imagina que todos na igreja estão olhando para vocês. Sabemos que nem todos estão, mas vocês pensam que sim.

Papais e mamães, eu sei o que vocês estão pensando: Será que isso tudo vale a pena? Por que se preocupar? Todo este trabalho e desgaste. Eu sei que muitas vezes vocês deixam a igreja muito mais exaustos do que gratificados. Mas saibam: o que vocês estão fazendo é muito importante.

Quando vocês estão aqui, a igreja está inundada com um ruído de pura alegria. Quando vocês estão aqui, o Corpo de Cristo é mais plenamente presente. Quando vocês estão aqui, somos lembrados de que este evento que chamamos de culto não é sobre estudo bíblico ou sobre uma contemplação pessoal e tranquila. Mas nos reunimos para adorar como uma comunidade onde todos são bem-vindos. Prostramo-nos junto, como Corpo, diante de Deus e compartilhamos da Palavra e do Sacramento juntos.

Queridos pais que levam seus filhos pequenos à Igreja: Quando vocês estão aqui, vivo mais fortemente a esperança de que estes bancos não estarão vazios em 10 anos quando seus filhos já tiverem idade suficiente para se sentarem calmamente e se comportarem durante a adoração. Eu sei que agora eles estão aprendendo ocomo e o porquê da nossa adoração. E o fazem antes que seja tarde demais .Eles estão aprendendo que a adoração é importante.

Vejo-os a aprender. No meio dos gritos, balbucios e risos. Assisto maravilhada o seu aprendizado, entre o chiadinho dos sacos de bolacha se abrindo e a pilha crescente de migalhas. Eu vejo a menina indócil que insiste em pular dois bancos para compartilhar a "Graça e Paz do Senhor" com alguém que ela nunca conheceu. Ouço o menino sugando (num assobio bem alto) até a última gota de seu vinho da comunhão, determinadíssimo a não perder uma gota sequer de Jesus. 

Eu vejo uma criança excitada colorir uma cruz no programa do culto. Eu me delicio com os tantos ecos de "améns" infantis que pipocam alguns segundos depois que o resto da comunidade disse-o junta. Eu vejo um menino que mal aprendeu a ler tentar encontrar o Hino 672 do livro de cantos e me lembro dos meus meninos aprendendo a fazer o mesmo.

Queridos, eu sei o quão difícil é fazer o que vocês estão fazendo, mas eu quero que vocês saibam que isto é muito importante. Isso importa para mim. É importante para os meus filhos, para que eles nunca fiquem sozinhos nos bancos. É importante para a congregação saber que as famílias se preocupam com a fé dos jovens, em estar com os mais  jovens ... E mesmo naquelas semanas, quando você não puder perceber estes pequenos momentos do Amor de Deus, tudo isto será  sempre e eternamente importante para as  almas de seus filhos.

É importante que eles aprendam que adoração é o que fazemos como uma comunidade de fé. Que na Igreja toda a gente é bem-vinda e que a adoração de cada um é importante.

Quando ensinamos as nossas crianças que a sua adoração é importante, os estamos ensinando que a sua presença aqui é plena e suficiente como a de qualquer outra pessoa entre os membros e visitantes da nossa comunidade de fé. Eles não precisam esperar até que eles possam entender, acreditar, orar ou adorar de uma certa "maneira “correta” para serem bem-vindos. Na liturgia de Cristo, eles sempre foram chamados a estar à frente. “Deixai vir a mim as criancinhas". Eu sei, e você também sabe, que até mesmo na sua igreja há muitos adultos que não possuem todas as credenciais lembradas acima e, ainda assim, estão nos bancos.

O importante é que as crianças aprendam que eles são parte integrante desta igreja, que suas orações, suas canções, e até mesmo o seu choro (se bem contidos, para alguns, risos) são sinais de júbilo recebidos por Deus e testemunham a todos que: Sim, eles estão entre nós.

Eu sei que é difícil, mas obrigado pelo que vocês fazem quando trazem seus filhos para a igreja. Por favor, saibam que a sua família - com todo o seu ruído, peleja, comoção, alvoroço e alegria - não são simplesmente tolerados, vocês são parte vital desta comunidade quando ela se reúne para a adoração.

- por Jamie Bruesehoff

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Minhas BOAS impressões com Augusto Cury. Ou: vou me confessar a vocês!


Ninguém gosta de confessar seus erros ou tropeços. Confessar faz mal ao ego, porque demonstra uma falha. Todavia, confessar é também parte do crescimento e contribui à maturidade. Por isso, vamos lá: eu falava mal dos livros e do Augusto Cury, mesmo sem ter lido qualquer coisa sobre ele ou ver algo concreto sobre sua pessoa. Era isso. Essa era minha confissão. Simples e rápida, para não doer tanto.

Eu tinha este procedimento com Cury, devido a certas questões: quando comecei a estudar teologia e iniciei na teologia reformada, não soube equalizar as informações e logo tudo que era psicologia, psiquiatria ou outra área afim, de imediato eu rejeitava. Se alguém me dissesse que estava lendo um livro do Cury, por exemplo, eu olhava com aquela cara de "hmmm, que ruim; não tinha mais nada pra ler? vai perder seu tempo com isso?". Confesso que nunca tive a intensão de menosprezar Cury ou quem o lia, apenas que o julgamento antecipado me fazia ter um falso zelo por aquilo que eu acredita ser correto, ou seja, que toda psicologia (ou quase toda ela) deveria ser jogada fora. Deixem-me explicar melhor.

Tive dificuldades em separar frases verdadeiras, ainda que não contivessem toda a verdade. Veja só: "cada indivíduo precisa se conhecer, se quiser se ajudar" (acabei de inventar essa frase). Ouvindo ou lendo esta frase em tempos passados, meu julgamento seria: "Errado. Ninguém conhece a si mesmo, porque a Bíblia diz que enganoso é o coração; ninguém pode se ajudar, senão o Espírito Santo de Deus" - e eu parava por aí. Sequer eu analisava se a frase, a partir de um escopo maior, não poderia ser verdade. Ora, é fato que se eu não me conheço, não sei minhas limitações, pontos altos e baixos e não posso tentar me ajudar, porque não tenho um diagnóstico de quem sou e não saberei por onde começar ou como consertar o necessário. E ora, também é fato, de que nada disso é possível longe da Bíblia e do Espírito Santo de Deus. O problema é que eu não conseguia enxergar algo de verdade, se na frase não contivesse alguma sentença relacionada à Bíblia ou coisa parecida. Precisei aprender que não é porque um não cristão escreveu algo, que isto deixará de ser verdade.

Com isto em mente, tive dificuldades em conversar com pessoas que lessem livros "diferentes" ou que estivessem cursando algum curso de psicologia ou parecido, bem como se me indicassem algum livro desta natureza (este problema aconteceu com várias outras áreas), amigavelmente o rejeitaria e abraçaria minha querida ignorância travestida de intelectualidade e sabedoria. Eu achava que só entendia da vida quem lesse "livros de teologia".

Mas o tempo passa (graças a Deus se passaram uns 2 anos desde que deixei de estar à frente da igreja e pude rever alguns conceitos errôneos) e algumas semanas atrás, estive presente em uma feira de negócios, cujo palestrante principal seria o dito Cury. Confesso, de novo, que tremi. Gelei. Pensei: "lá vem coisa; vai ser tempo perdido". Entretanto, dado que algum tempo já se passara desde os acontecimentos que já citei, logo busquei consertar estes pensamentos, dizendo: "bem pode ser que seja ruim, mas eu nem o ouvi ainda! Permita-me, mente, dar um crédito ao homem e o escutar primeiro". E assim fui à feira, conversei, conheci pessoas, produtos e escutei a palestra com pouca mais de uma hora de duração.

Para minha completa surpresa, embora não seja um teólogo (e aí o meu erro constante em várias áreas da vida: querer achar teologia em quem não fala de teologia e por isso rejeitar; ou ainda: entender pouco de teologia e não conseguir entender que alguém pode falar muitas verdades, bastando que eu entenda que tudo só é possível com o Espírito de Deus, mas necessariamente jogar fora o aprendizado), Cury somente falou verdades. Não me recordo de nenhum momento em que tenha dado algum diagnóstico sobre as emoções - a palestra se chamava "A inteligência socioemocional para o aumento da produtividade do profissional" - e que não fosse verdadeira. Não vou relatar a palestra, pois este texto ficaria grande demais, bastando dizer que toda a explanação foi muito verdadeira e necessária para inúmeras pessoas, sendo de excelente valia para todos. Foi uma porrada em meu antigo ego e eu mereci.

Concluo este breve relato e que quase é uma confissão, convidando cada leitor, não a ler Cury ou qualquer outro autor que não seja do agrado neste momento, mas que aprenda a discernir as coisas, sabendo aproveitar os bons frutos que cada árvore da vida pode oferecer. Pobre é o homem que se acha conhecedor de todas as coisas. Pobre é o crente que pensa não precisar da ajuda de outros homens e amigos, ignorando tantas passagens bíblicas ou homens tementes e não tementes a Deus, foram utilizados para o crescimento ou aperfeiçoamento de alguma coisa. Miserável é o crente que diz só ler determinados autores e do alto de sua torre podre de mármore, se acha um avançado em conhecimento e treinado nas artes da vida. Cuidado, para no dizer comum, "não jogar a água suja, junto com o bebê", porque a vida pode te surpreender.

Que Deus nos abençoe.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

A santificação NÃO é algo extra!


"Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos". (Efésios 2:4-5)

Não é verdade, como muitos pensam, que a santidade seja uma condição para obter a salvação. Também não é verdade que a santidade seja algo que acompanhe a salvação. A santidade não é uma condição para se obter a salvação e nem acompanha a salvação, como se fosse algo à parte, porque a santificação É A PRÓPRIA SALVAÇÃO. Salvação significa ser salvo do PECADO - (1) da culpa pelo pecado, (2) da prática do pecado e (3) da condenação pelo pecado.

Somos salvos da culpa do pecado pela bênção da JUSTIFICAÇÃO, sendo "justificados por graça" (Tito 3:7). A bênção da justificação nos salva da culpa pelo pecado porque a justificação consiste em Deus perdoar os nossos pecados, ao imputar a nossa culpa a Cristo, e em Deus nos aceitar como justos, ao imputar a justiça de Cristo a nós. "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus". (2 Coríntios 5:21)

Somos salvos da prática do pecado pela bênção da SANTIFICAÇÃO, "a renovação realizadas pelo Espírito Santo" (Tito 3:5). A bênção da santificação consiste em Deus transformar os nossos desejos, sentimentos e pensamentos, o nosso caráter e as nossas atitudes, pelo poder do Espírito Santo, para que andemos em novidade de vida. "Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida." (Romanos 6:4)

Somos salvos da condenação pelo pecado pela bênção da VIDA ETERNA. A prática do pecado nos faz culpados e a culpa pelo pecado conduz os homens ao inferno. A bênção da vida eterna consiste na comunhão eterna na presença graciosa e gloriosa de Deus, no "novo céu e nova terra" (Apocalipse 21:1), para aqueles que foram justificados pela graça e santificados pelo poder do Espírito.

Então, não, a santidade não é uma condição para se obter a salvação e também não é algo que acompanha a salvação, como se fosse algo à parte. Santidade é a própria salvação. É ser salvo da escravidão à PRÁTICA do pecado. Jesus Cristo comprou nossa santidade na cruz. Por isso, ela não vem de nós. É dom de Deus. Isso é uma excelente notícia. Não somos capazes de nos livrarmos de nossos pecados, mas Deus gratuitamente nos oferece a santidade pela obra de seu Filho na cruz. Sendo assim, aqueles que continuam a se revirar na lama do pecado são aqueles que obstinadamente rejeitam o que lhes é gratuitamente oferecido pelo Espírito de Deus.

- por Frank Brito

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A Bíblia nos ensina a desobedecer*


*Confesso que o título foi para chamar a atenção. O original era "É lícito desobedecer as leis humanas, quando houver um padrão mais elevado a ser seguido", mas ficaria grande demais. Perdoem minha falta de criatividade.

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Neste blog, procuro abordar os mais diferentes temas, mas alguns acabam sendo ampliados, como é o caso deste pequeno artigo. Em 2013, escrevi sobre A importante diferença entre legalidade, moralidade e licitude. Já em 2014, fui além e comentei sobre que Nem sempre é um pecado desobedecer o governo. E hoje continuarei, demonstrando que o mero seguir das Leis humanas, não pode ser considerado um sinônimo de bom cristianismo.

Se por um lado o interesse na Bíblia é algo excelente e digno de louvor, por outro algumas pessoas têm confundido e entendido errado algumas passagens, como o famoso capítulo treze do livro de Paulo aos crentes em Roma. O famoso trecho invocado é este: "Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação" (Rm 13.1-2).

Segundo aqueles que defendem uma obediência total às leis do homens, desde que não firam diretamente a lei de Deus, se existe uma regra de conduta no Código Civil (CC), por exemplo, quando o cristão o desobedece, ele peca. 

Num caso prático, nosso CC assim preconiza: "Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de propriedade particular." Por essa lógica, de acordo com estas pessoas, se o "dono" da árvore não quiser deixar o vizinho pegar os frutos que caem na propriedade do mesmo (porque o galho se estendeu até lá), estaria pecando, pois o CC diz que "pertencem ao dono do solo onde caíram" e desobedecer isso seria um pecado. Não importa o que aconteceu na construção das casas, no plantio das árvores... Nada importa. Se está escrito é para ser cumprido na literalidade.

Todavia, o erro de tais pessoas é não entender (por não ter estudado Direito ou não estar familiarizado com ele e a Bíblia) que as leis são uma construção social e que visam estruturar a vida em sociedade, buscando (em tese) uma vida pacífica, saudável e segura para todos. Quer dizer, de acordo com tais pessoas, invocando Rm 13.1-2, todos devem se sujeitar aos poderes superiores, porque eles foram investidos de tal honra por Deus e uma vez que eles criam as leis (seja o legislativo ou o judiciário, aqui entendido na forma de que as decisões, as vezes, devem ser cumpridas pelos demais entes e aí adquirem força de lei), as tais devem ser obedecidas.

Quer dizer, não podemos imaginar que todo o crente deve obedecer cegamente as autoridades, pura e simplesmente porque foram ordenadas por Deus, pois quando o apóstolo escreveu isso, certamente não tinha em mente o poder romano como um exemplo a ser seguido e com isso estava dizendo que os crentes em Roma tinham um governo justo e que incentivava o bem. Ora, nos versículos seguintes ele diz: "Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal" (Rm 13.3-4).

O governo romano não sabia distinguir o que era bom ou mau, de acordo com a vontade de Deus. Lembremos que Jesus foi morto, porque Barrabás foi solto, o que era uma prática em vigor naquele momento. Isso significa que aqueles romanos estimularam a paz em Jerusalém ou estariam contribuindo para a paz onde os crentes viviam? É claro que não. Assim é que devemos entender: em Romanos, capítulos treze, Paulo dá uma descrição sobre o que o governo deve ser, e não um relato do que o governo era naquela época, pois é fato consumado que ele era muito, mas muito aquém daquilo que deveria ser.

Dito isso, quero ilustrar com um exemplo próprio. Ainda na época da faculdade, um colega me disse que no escritório onde trabalhava, estavam defendendo um homem que tinha contraído financiamento para pagar seu caminhão, mas não estava conseguindo cumprir com o pagamento das parcelas, por uma série de razões econômicas, familiares e coisas da vida. O homem não deixara de pagar por malandragem, e sim que realmente não estava conseguindo. Certo dia, então, o oficial de justiça ligou para o escritório dele e disse que estava próximo do caminhoneiro e que iria pegar o caminhão, pois havia um mandado de busca e apreensão. O advogado, então, pediu um tempo para o oficial, pois o dono do caminhão estava justamente indo fazer uma entrega e o dinheiro recebido seria usado para quitar a dívida. Resultado: o oficial de justiça não apreendeu o caminhão, o homem fez o frete e conseguiu pagar ou quitar parte da dívida (e seguir pagando), podendo continuar a trabalhar.

Lembro-me que à época do relato, fui veemente contra a atitude do oficial de justiça, pois dizia eu que ele não tem que "dar uma segunda chance" para quem está em atraso; quem deve, deve pagar e ponto final, pensava. Porém, passado alguns anos, voltei a analisar o ocorrido e compreendi a boa moralidade que o oficial de justiça teve, ao descumprir a lei (regimento, código de conduta, não importa - uso lei no sentido de obrigação) e permitir que o caminhoneiro conseguisse seguir adiante e depois honrar com sua palavra e efetuar o pagamento devido.

Vejam que pera mera legalidade, o oficial agiu errado. Pela letra fria e sem sentimentos, não se deve ser flexível com coisa alguma, doendo a quem deve sofrer. Mas a Bíblia nos ensina a misericórdia e inclusive nos mostra que as vezes o descumprimento da lei é compreensível, tendo em vista de um bem maior: "Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes?" (Mt 12.3-4)

Pela Lei de Deus (moral, cívica e sacrificial), Davi violou uma regra do Estado de Israel. No tocante aos sacrifícios, ele não poderia entrar no tabernáculo e comer os pães, nem os que estavam com ele. Notemos, entretanto, as palavras de Jesus ao se referir a este incidente: "Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes" (Mt 12.7). Cristo não estava defendendo a ideia de que a lei pode ser constantemente violada e que o importante é sempre agir com misericórdia. Urge, no entanto, a necessidade de se entender que a lei literal é um padrão que em determinadas circunstâncias, pode ser desobedecida, para se dar vida a sua finalidade, porque "a misericórdia triunfa do juízo" (Tg 2.13).

Relembremos que toda lei possui um alvo maior, além do que as palavras podem expressar. No caso da árvore que fica em linhas divisórias, a finalidade é a bondade para com o próximo e o repartir daquilo que a natureza dá, sem discussões sobre algo tão pequeno, quando comparado com outras coisas. No caso do oficial de justiça, a finalidade da ação de busca e apreensão é o pagamento da dívida, mas e quando existe uma outra possibilidade no meio do caminho e que brevemente sanará o problema? Por que não desobedecer a lei, a fim de cumprir o justo objetivo dela, ainda que de uma maneira não literal? No caso de Davi, a finalidade dos pães era suprir e nutrir os sacerdotes, mas e se outra pessoa estivesse morrendo de fome, especialmente Davi e seus homens (1Sm 21.6)? Seria lícito deixar um pedinte ir embora, apenas porque pela formalidade da lei, os pães não eram destinados a eles?

Assim sendo, querido leitor e se você for crente, de maneira especial, peço que tenha um pouco mais de humanidade bíblica em seus juízos e não creia que o mero seguir das leis estabelecidas pelos homens, dignifique alguém ou seja um demonstrativo de excelente cristianismo. Seguir a lei de Deus e as leis dos homens é muito mais do que cumprir, muitas vezes, uma literalidade.

Que Deus os abençoe.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

10 coisas que aprendi em 10 anos de relacionamento



Dia dez deste mês de maio, completei dez anos de relacionamento com minha esposa. Quase sete anos de casamento e mais três de namoro. Sei que não é uma eternidade, mas numa época em que os votos valem muito pouco, estou muito feliz pelo acontecimento! E por isso gostaria de compartilhar algumas que aprendi durante este tempo.

1. As pessoas sempre encontraram uma desculpa para seus fracassos.

Lembro-me do início do relacionamento, quando as pessoas me perguntavam se brigávamos muito e eu respondia que "não". A contra resposta era sempre a mesma: "isso é porque vocês começaram a pouco tempo". Passaram os três anos de namoro e agora eles diziam: "é porque vocês ainda não casaram". Casamos, um, dois anos de convivência e o argumento deles era: "no começo do casamento é assim, esperem mais um pouco...". Quer dizer, parece que se nós não brigássemos muito, algo estava errado!

Isto me ensinou que as experiências alheias são muito, mas muito importantes, mas não devem ser uma regra. E não devemos procurar nos desculpar, somente porque os outros cometem erros. Conversemos, sejamos parceiros e evitemos problemas, ainda que eles sejam comuns.

2. Somente um relacionamento totalmente transparente, pode durar e ser eficaz.

Não lembro se li, ouvi ou recebi de alguém este ensinamento, mas como casal, ainda na época do namoro, sempre procuramos ser o mais sincero possível com o outro. Sim, isso inclui contar aqueles pecados em quem incorremos mais vezes, as dificuldades com a vida, algumas vontades obscuras e também os sonhos e desejos para o porvir. Não deve haver segredos. E é claro que isso não significa dizer tudo o que se passa na mente de cada um (ambos sairiam correndo, não é mesmo?), e sim compartilhar, a fim de ser ajudado e poder ajudar.

Isto me ensinou que se não soubermos quais são as fraquezas do outro, além de projetarmos um relacionamento irreal, tenderemos ao desânimo, pois acreditaremosmos que o cônjuge é alguém que, na verdade, nunca foi e jamais será.

3. Brigas e discussões fortalecem o relacionamento.

Se comecei falando que não brigamos muitos, não significa que nunca tenhamos discutido. Aliás, descobri que as intrigas, muito embora sejam um obstáculo para amar o próximo naquele exato momento, ao longo do tempo, quando são tratadas e o vínculo estabelecido outra vez, trazem maior união e fortalecem o casal. Não estou incentivando a discussão, e sim o que se deve fazer com este problema. O silêncio e o "deixar passar", quase nunca funcionam bem. Falhamos, sim, mas procuramos resolver as pendências o quanto antes, a fim de termos paz conosco mesmos e também para o próximo; para termos sossego ao deitarmos na cama, cientes de que não devemos perdão ou mais amor a quem está ao lado.

Isto me ensinou que toda dificuldade pode ser revertida em benefício, bastando o casal estar unido no mesmo propósito.

4. Se algo dá errado, a primeira culpa é do homem.

O homem deve ser, bondosamente, o cabeça do lar. Quer dizer, deve guiar em harmonia, paz e ordem os seus, a fim de que tudo lhes vá. Portanto, a conta é simples: se algo dá errado, uma discussão vira briga e desencadeia para coisas piores, a culpa é do homem. Aqui, considero válido o provérbio popular: quando um não quer, dois não brigam. Se o homem quer colocar a culpa na esposa porque ela "fala demais", que ele seja macho o suficiente para se controlar e contornar a situação. O homem de verdade não é o que "explode" nas situações, mas age com calma e compaixão, visando o futuro do relacionamento, sempre.

Isto me ensinou a tentar ser sereno e paciente, mesmo quando minha vontade é outra. Graças a Deus minha esposa não é uma pessoa explosiva e isso ajuda muito, mas não invalida a necessidade de se auto controlar, a fim de tentar resolver a situação. Aprendi que tenho muito a aprender, a fim de buscar um maior auto controle.

5. Minha esposa, minha melhor amiga.

Nestes dez anos, ninguém ouviu mais ou soube mais da minha vida do que ela. É para ela que eu corro, muitas vezes, quando estou aflito. Ela me conhece e eu a conheço - sabemos quando o outro não está bem. É verdade que eu tenho meus amigos homens, mas quem vive comigo é minha esposa e por isso ela deve ser a pessoa mais especial para mim. Se eu não conseguir a enxergar como alguém para as alegrias e tristezas da vida, então algo está errado e precisamos resolver isso.

Isto me ensinou a procurar o cultivo da boa convivência e interdependência, a fim de que possamos enxergar no outro, mais do que um companheiro ou alguém a quem devemos lealdade, mas como um complemento; alguém para ajudar quando caímos ou para nos alegrar ainda mais nos momentos de júbilo.

6. Nunca fale mal de seu cônjuge em público ou para outra pessoa.

Certa vez ouvi de alguém algo que procurei levar a sério e até agora, ao menos, tem dado certo: nunca depreciar minha esposa em público. Não importa se a comida tenha ficado ruim ou a camisa não esteja tão bem passada desta vez - estas coisas não interessam aos de fora e muito menos devem ser ditas em tom de crítica pesada, como que buscando rebaixar o cônjuge. Se minha esposa ouve alguém falando mal do seu marido, como já aconteceu, ela não continua a conversa e fica falando dos meus "podres" (ela mesmo me disse isso), pois a não ser que o intuito seja se solidarizar com a pessoa, a fim de mostrar de que o seu cônjuge tem coisas semelhantes a melhorar, não faz o menor sentido a mera crítica, uma vez que só demonstra a infidelidade, porque em vez de prezar pela união, trata o cônjuge com desrespeito.

Isto me ensinou a valorizar minha esposa pelo que ela é; a vê-la como minha aliada e não como uma oposta a mim. Aprendi que devo ajudar meus amigos em dificuldade com suas esposas, mas que jamais devo "colocar lenha na fogueira", tornando a conversa uma roda de fofoca e maledicência. 

7. Valorize seus sogros e os trate como pais

No começo de nosso relacionamento, iniciando o namoro, meu sogro simplesmente não gostava de mim. E não podia ser para menos: a primeira vez que apareci a ele, foi vestindo roupas de heavy metal e em uma reunião da família dele. O que esperar de alguém com descendência alemã e na casa dos 64 anos, ao ver um jovem rebelde de 17 anos querer namorar sua única filha, à época com 23? É claro que foi vacilo meu. Mas pela graça de Deus, o tempo passou e nos tornamos bons amigos. Já antes do casamento as coisas estavam resolvidas e ele além de dar todo o apoio, ajudou nos custos da festa e até hoje faz o que pode para nos ver bem.

Isto me ensinou que a união familiar vai além de trazer o cônjuge para dentro de sua família. Deve-se ter o cuidado sobre como você será visto na nova família e que seus sogros sempre estarão por perto ou no mínimo, se forem pais responsáveis, gostarão de saber se tudo vai bem com seu(ua) filho(a) e se a relação com eles não for boa, acredite: sua vida terá sérios problemas.

8. Guarde algum dinheiro o mais rápido possível

Nunca tivemos grandes somas de dinheiro guardadas, até porque nunca ganhamos altos salários. Nunca tivemos tudo, embora tenhamos ganho e recebido muita ajuda daqueles que nos amam. Mas mesmo com salários baixos, procuramos, ainda hoje, manter uma pequena reserva, para o dia da adversidade. Situações difíceis acontecem: é preciso comprar remédios, coisas que começam a quebrar e não é uma escolha sábia gastar tudo o que se ganha e ficar com uma dívida impagável, sabendo que ela só impagável, porque você foi negligente, certo? E aqui também fica uma sugestão aos que vão casar: em vez de gastar dez, vinte, trinta mil reais na festa de casamento, que tal convidar menos pessoas ou fazer algo um pouco mais simples, a fim de guardar este dinheiro? Pode ser que um dia, ao longo do casamento, uma quantia dessas seja a solução para um grande problema.

Isto me ensinou a dialogar com minha esposa e em especial, ouvir os seus conselhos sobre quando não deveríamos comprar determinada coisa. Aprendi que o futuro se projeta agora e para isso é preciso manter uma mentalidade que poupa e investe naquilo que é essencial. Sim, diversão e algumas frivolidades são essenciais na vida, mas de nada adianta querer comprar, se não há dinheiro para isso. Preferimos viver com menos, mas sossegados, do que ostentar e nos preocupar sobre o pagamento das contas.

9. Entenda como seu cônjuge se sente amado e o trate desta forma.

Cada pessoa demonstra seu amor e gosta de ser amada de uma forma diferente. Quando conheci minha esposa, achava que ela gostava, acima de tudo, de ganhar presentes. Então eu dedicava quase todo o meu salário de solteiro em presentes para ela. Lembro-me que ganhava muito pouco no início do namoro e comprometi dois meses de salário, a fim de dar a ela um tênis bem bacana. Todavia, depois de algum tempo, fiquei sabendo que ela gostava daquilo que chamam de "tempo de qualidade" ou simplesmente que saíssemos para passear, conversar e estar juntos. Não precisava sempre de um presente, como eu imaginava. Bingo (e economia0. A partir daí, além de não ficar gastando todo o dinheiro, passei a entender como ela gosta de ser amada e ela também o mesmo para comigo. Isso evitou investir em coisas que não dão retorno e também em conseguir fazer o outro mais feliz.

Isto me ensinou a buscar o conhecimento de quem minha esposa é e em como posso a fazer feliz. As vezes não é uma grande presente ou uma magnífica viagem que vai trazer a máxima alegria, mas um filme a sós ou um dia inteiro passeando pelo parque. Aprendi que muitas vezes podemos despender tempo e dinheiro no lugar errado, não colhendo os frutos que havíamos imaginado e começando a achar que o relacionamento não está bem, quando o problema é a forma sobre como os cônjuges estão se entendendo.

10. Filhos são bênção de Deus e isso deve ser incentivado com amor.

Quando nos conhecemos, nenhum de nós queria ter filhos. Hoje, olhando para esta mentalidade, entendo não ser apropriada, pois a Bíblia é clara sobre ter filhos e em como eles são bênçãos para nós. Seja como for, o fato é que não visualizávamos uma criança em nosso meio. Mas Deus tem seus caminhos e no tempo certo nos mostrou um meio mais excelente de pensar, de modo que depois de dois anos com esta mentalidade renovada, nasceu o Nathan (hoje com um ano e dois meses). Somos muitos felizes com ele, ainda que como absolutamente tudo na vida, dê trabalho, correria e algum stress de vez em quando.

Isto me ensinou sobre a importância de ensinar os solteiros sobre um dos propósitos do casamento e em como os cônjuges devem sem francos um com o outro sobre este assunto. O que vai ser de um casal onde um quer ter filhos e outro se nega constantemente? Como poderá haver harmonia no lar, quando ambos não desejam o mesmo caminho, ao menos em algo tão importante? Assim, aprendi que o quanto antes entendermos a bênção de ter filhos, melhor buscaremos nos preparar e com mais amor trataremos deste assunto.

Que Deus nos abençoe, conceda muitos anos de casamento para nós e também leve você, leitor, a ser edificado, de alguma forma, com este texto.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Dia da Terra, ambientalismo e mordomia


Hoje, 22 de abril, é o dia da Terra, e já que ainda não escrevi sobre essa tolice, deixe-me fazer isso agora.

Você foi treinado para pensar — embora condicionado a pensar seja um modo mais acurado de dizer isso — que o debate sobre o meio-ambiente é um debate entre aqueles que querem cuidar do planeta e aqueles que não querem. Mas, como Lao Tzu talvez diria, “não é isso”.

C.S. Lewis certa vez expôs, em A abolição do homem, que quando falamos do homem conquistando a natureza, geralmente falamos de homens conquistando outros homens, com a natureza sendo usada como instrumento. Este é o caso aqui.

Se houvesse dez de nós em uma sala, e alguns pensassem que a sala está quente demais e outros que ela está fria demais, e alguém se pusesse na posição de termostato com um revólver com o objetivo definir e controlar o debate, seria pouco acurado dizer que ele tivesse simplesmente “controlado a temperatura”, embora fosse isso. Se quiséssemos entender o que estava acontecendo, teríamos de reconhecer que ele controlou as pessoas na sala, usando a temperatura como sua “causa” alegada, a questão que finalmente o forçou a agir.

Pense nisso. Para que serve o revólver? Ele não pode balear a temperatura.

Ambientalistas não podem controlar o meio-ambiente. Eles podem controlar você, usando o meio-ambiente como instrumento. Ah, não, de modo algum, você diria, eles não querem dirigir a vida de ninguém… Aguarde um momento, eu tenho de separar o meu lixo.

Eles são os únicos empunhando multas e penas de prisão, e usando o clima como seu instrumento.

É claro que se o debate fosse entre defensores da boa mordomia cristã e defensores da má mordomia, os cristãos iriam querer estar do lado certo, o dos bons mordomos. Mas a mordomia somente se aplica se você tiver autoridade, a qual só é possível se estivermos falando de propriedade privada. Mas quando um homem do governo surge e ameaça você por coletar água da chuva ou algo do tipo, ele não está mostrando boa mordomia sobre a terra, está demonstrando má mordomia sobre você.

Entendo que os ambientalistas são mordomos, mas de um tipo bem peculiar:

"Se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis." (Lucas 12.45-46)

- por Douglas Wilson

segunda-feira, 21 de março de 2016

Relato dos 23km na Ultra Trail Rota das Águas!


Hoje é segunda-feira. Estou um pouco dolorido. O corpo reclama em algumas partes, mas a mente está renovada. Nada melhor que muita trilha e barro para começar bem a semana!

Todo indivíduo, ao prestar algum serviço, deveria ter em mente o claro objetivo: proporcionar felicidade, segurança, descontração, resolução de problemas ou seja lá o que for. Não importa qual o serviço prestado - quem compra, quer ficar satisfeito. E eu fiquei satisfeito com o serviço recebido! Satisfeito com a presteza em responder dúvidas via Facebook e por proporcionarem uma solução para um problema financeiro que tive. Registro aqui os parabéns ao Maicon Cellarius, Débora Wanderck, Maurício Pamplona e Márcio Maciel

Vamos ao relato. 

Lá pela metade de janeiro deste ano, fiquei sabendo da primeira edição da Ultra Trail Rota das Águas (nas modalidades de 8km, 23km e 50km), que aconteceria na cidade de Gaspar/SC. Como prefiro correr aos sábados, fui logo conferindo se ela cairia neste dia e para minha felicidade, deu tudo certo. Assim, era tempo de treinar e focar nesta prova. Não, eu não sou profissional - mas até os mais mega-bancarés-amadores também precisam treinar, não é mesmo?

Chegando perto da data da prova (19/03/2016), me dou conta de que minha mochila de hidratação não vai muito longe e resolvo comprar outra. O sacrifício foi grande para comprar - ou achava coisa de péssima qualidade, ou custava 600 reais. Foi difícil, mas encontrei essa Mormaii por R$ 129,00 e em princípio, fiquei muito satisfeito.


Como a prova escolhida tinha a sido na distância de 23km e com um desnível positivo acima dos 1.100m, o jeito foi treinar subida de morro e fortalecimento no barro e em tudo quanto pudesse simular o dia da prova (veja aqui um vídeo).



No dia anterior da prova, aconteceu o tradicional congresso técnico, onde os atletas puderam escutar algumas particularidades da prova e retirar suas dúvidas. Foi bacana ver a preocupação da organização, especialmente por se tratar de um trajeto bastante alternativo e com muitas chances do atleta se perder. Creio que a explicação das fitas e do cal no chão foram valiosas (encontrei gente durante a corrida que não sabia disso - e se não tivesse dito a eles, alguns seguiriam reto nas marcações com cal).


Finalmente chega o dia da prova e o relógio toca: 05:15. A largada ficava a mais de 20km de minha casa e além disso, eu gostaria de ver o pessoal-monstro-indivíduos-diferenciados saindo às 07:00 - enquanto a minha seria às 08:00. Levanto, faço café, como as coisas de costume (nunca invente moda no dia da prova!), reviso a mochila nova e parto para o local! 


*Não, eu não levei todas essas bisnaguinhas, ok? 
No fim das contas nem precisaria ter levado.

Aqui, registro meus agradecimentos especiais à Capacitar - Gestão Empresarial, onde tenho orgulho e alegria de trabalhar! Uma empresa voltada à gestão de empresas e que tem prestado um excelente serviço na área de Consultoria Empresarial (nos mais variados ramos - gestão organizacional, administração financeira, análises, custos...). Se quiser entrar em contato, pode escrever nos comentários ou ligar para (47) 8476-3385 (meu número). E eles até forneceram uma camiseta personalizada para mim. :)


Após ver o pessoal dos 50km largando, já bateu aquela ansiedade por logo passar pelo pórtico e começar a corrida!


O bom de se chegar antes nas provas (e em qualquer lugar, na verdade) é que você pode se "ambientar" e bater um papo com o pessoal que vai correr com você. Não sei nos outros esportes, mas o companheirismo é fundamental na corrida e sem ele você está completamente perdido. Então passei aquela uma hora restante conversando com algumas pessoas, trocando experiências e se preparando para a prova. Ouvi vários indivíduos mais velhos e foi muito bom ver pessoas já com seus 50 anos (ou mais) começando a participar de provas em trilhas e morros!

Enfim. dada a largada em minha distância, já morro acima, resolvi passar alguns atletas que estavam à minha frente (eram 153 inscritos para os 23km), para não pegar o "trânsito" que logo iniciaria na primeira subida (já para matar) da prova.

Conforme avancávamos, uma coisa era certa: ainda bem que eu havia escolhido os 23km. A todo momento eu me agradecia por não estar nos 50km. rsrs As subidas eram íngremes demais, a ponto dos atletas subirem andando "em passos de lesma", respirando fundo e só olhando pra baixo. Foi realmente desafiador, mas foi tudo muito excelente. Abaixo, fotos feitas pela Foco Radical.




Chegando perto dos 8km de prova, bem fisicamente, mas "cansado" de ver e passar por tantas subidas, coloco a mão embaixo da mochila (que havia comprado dois dias antes da prova!) e constato: estou carregando uma piscina nas costas. No compartimento para água simplesmente abriu um pequeno furo e tudo que entrava, vazava. Resultado: mais de meia prova carregando uma mochila por causa das barras de cereais, chave do carro e celular - do contrário, não tinha serventia alguma! Foi uma grande decepção com a Mormaii e essa mochila (estou indo trocar a mochila daqui a pouco - se obter êxito e eu me lembrar, volto pra atualizar essa postagem. Editado 1: a loja ficou com a mochila e ficou de trocar ela. Editado 2: depois de 2,5 semanas, recebi outra e até melhor que a primeira - vídeo sobre ela).

Como disse acima, a corrida é feita de companheirismo. Creio que para quem disputa o pódio, existe uma rivalidade bem maior e não hajam tantas conversas pelo caminho, todavia, para quem estava correndo no mesmo ritmo que eu, o importante era fazer companhia pelo caminho e ir se ajudando mutuamente. Fiz várias "breves amizades" pelo trajeto. Constantes "vamos lá" ao próximo, "a piscina está chegando", "na chegada tem comida e cerveja" e outras palhaçadas eram ditas, a fim de minimizar o sofrimento e dar novo ânimo. Várias pessoas passaram por mim e perguntaram se eu estava bem, na hora em que parei para tentar colocar um esparadrapo no dedo que acabou ficando machucado. Foi uma prova "sozinha", mas cheia de pessoas, conversas e fraternidade.


Quando estava perto do fim da prova, pude ver o parque de longe (a prova teve o início e chegada na Cascata Carolina) e bateu uma forte dose de animação. Se eu vi o parque e a chegada era nele, estava muito perto. Ou não! Mal sabia que lá se iriam quase mais uma hora de prova. E para "piorar" a sensação de "quase lá", um tempo depois de avistar o parque, passei correndo pela frente da linha de chegada e vi os meus familiares sorrindo, incentivando e desejando bom fim de prova! Esposa, filho, irmão, pais e até a vó veio estimular! Com tanta animação e tão perto da chegada, achei, realmente, que era só dar mais "uma voltinha" e em questão de minutos estaria abraçando eles!


Por algum motivo que eu não sei explicar, os corredores pagam pra participar deste tipo de prova. Ou traduzindo, pagam para sofrer. rs Meus "minutinhos" que supostamente faltariam para a chegada, na verdade eram ainda pouco mais de meia hora, pois resolveram colocar uma baita subida e descida, justamente quando o atleta já está só no mental, porque o corpo quer parar há muito tempo!

Entretanto, dane-se a última subida! Dane-se a bolha no pé! Dane-se a mochila sem água! Dane-se tudo! Quando enxerguei a linha de chegada e percebi que estava há poucos segundos de encerrar o sofrimento e ao mesmo tempo explodir de alegria, tudo compensou! Foi aquele momento de "acabou! mas que pena que acabou! tem como começar de novo?!"




Não corro pela medalha, troféu ou suco ao final. Não corro porque uma hora o sofrimento acaba. Não corro só para manter o corpo "em dia". Nem corro só porque sempre fiz exercícios. Corro pela experiência que o esporte proporciona e pelas virtudes que ele agrega aos que se dedicam a ele. 

Meus sinceros agradecimentos, mais uma vez, ao pessoal da organização, os quais proporcionaram um excelente sábado, com uma significativa experiência a todos e certamente contribuíram para o amadurecimento mental e pessoal de muita gente! Muito obrigado!



segunda-feira, 7 de março de 2016

A curva da felicidade e o número de filhos


A melhor surpresa do mundo chegou-me em forma de vida: quando estava de “assunto despachado” (já ninguém sequer ousava perguntar quando é que vem o quarto, naquele jeito tão português de se meter na vida alheia), nada de fraldas ou chuchas pela casa, três filhos crescidos e respetiva parafernália infantil oferecida a perder de vista, eis que fiquei grávida outra vez. Faz hoje dois anos que a minha vida voltou ao rebuliço das noites mal dormidas, fraldas sujas, choros e febres. A melhor coisa do mundo.

Ter filhos faz mal à carteira (sobretudo em Portugal) mas tão bem à alma. Sei, por experiência própria, que os filhos multiplicam as alegrias e dividem as tristezas. Fazem disparar os decibéis, mas encolher as angústias. Subtraem-nos tempo, mas acrescentam capacidade de organização e superação. Fazem aumentar a carga de trabalhos mas relativizar as preocupações com o trabalho. Causam estrias, dores de costas, rugas e cabelos brancos, mas fazem-nos descobrir melhores versões de nós próprios, mais completas, mais generosas, mais bondosas.

Que me perdoe Pitágoras, mas tenho a certeza que em matéria de número de filhos, a soma das partes não é aritmética linear. A cada nova adição, a felicidade cresce mais do que o produto que lhe foi somado. Um mais um não é igual a dois. Dois mais um não é igual a três. E então três mais um não é mesmo igual a quatro. É muito mais, é muito melhor.

Os filhos são, de longe, os melhores ansiolíticos e anti-depressivos. Não sou só eu que o digo. No relatório sobre a satisfação de vida dos europeus do Eurostat - onde Portugal figura como sempre bastante abaixo da média europeia, apenas atrás da Bulgária e ao lado de países como Grécia, Hungria e Chipre – uma evidência ressalta: as famílias com três ou mais filhos são as mais felizes. Numa escala de 0 a 10, em que zero é o máximo da infelicidade e o 10 um êxtase, os homens sozinhos com menos de 65 anos foram os que se disseram menos satisfeitos com a vida (6,6 pontos), enquanto os agregados familiares com dois adultos e pelo menos três filhos estão no topo no ranking da alegria, com 7,4 pontos. Muitos outros trabalhos científicos conduzidos em países desenvolvidos apontam no mesmo sentido. A curva de felicidade entre os casais é sui generis - o segredo é não ter filhos, ou ter muitos, concluiu um estudo mais antigo (de 2011) da The State of Our Union (um observatório sobre o estado do casamento na América, bastante conservador, note-se). Um estudo da universidade Edith Cowan, em Perth (Austrália), divulgado no ano passado, conduzido por psicólogos durante cinco anos, concluiu que famílias com quarto ou mais crianças têm mais satisfação com a vida.

O quarto filho é em tudo igual ao primeiro. O mesmo entusiasmo pateta com as primeiras conquistas, a mesma alegria irracional a cada etapa normal do seu crescimento. Só que ao quarto filho já nos esquecemos das fraldas e das chuchas quando saímos, não metemos gorros em dias de vento e não ligamos nenhuma à introdução alimentar faseada nem às tosses com expetoração ou às febres abaixo dos 40ºC.

Perguntam-nos frequentemente, como é que damos conta do recado, se ambos trabalhamos. Dando, pois então. Com a enorme vantagem de termos emprego e uma vida confortável – quantos não têm a mesma sorte? E falhando, é certo, muitas vezes. Falhamos grandiosamente em todas as frentes – não somos os pais mais presentes do mundo, não somos os trabalhadores mais workhalic de Portugal, não somos os filhos e netos mais fantásticos, não somos os amigos mais divertidos para os copos. Mas falhamos o melhor que conseguimos. Procurando fazer a cada dia um bocadinho melhor, com a certeza que amanhã vamos descabelar-nos na mesma, berrar e violar muitas das bonitas regras dos livros de psicologia infantil.

- por Mafalda Anjos
Fonte: Visão

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...