Sermão pregado dia 29.07.2012
"Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro" (Ef 1.21).
Cada declaração de Paulo nos soa de modo semelhante e sempre intenta nos fornecer basicamente três coisas: Deus é soberano, o homem é pecador, mas Deus enviou seu Filho para morrer por Seus escolhidos. Esta tríade é praticamente repetida (com mais ou menos intensidade) por toda a Escritura, afinal, os cristãos precisam reconhecer como o salmista: "Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura" (Sl 16.9). Contudo, um homem só pode ficar realmente alegre e jubiloso após passar por dificuldades e reconhecer sua extrema miséria. A própria natureza vivencial nos ensina isto, pois quantas são as vezes que precisamos perder alguma quantia de dinheiro, bater o carro, ter um ente querido da família adoecido ou até mesmo se ver sem esperança na própria vida, para, então, reconhecermos que "não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece" (Rm 9.16)?
É neste prisma da necessidade de reconhecermos nossas debilidades para repousarmos seguros, que o apóstolo Paulo (dirigido pelo Senhor) escreve as palavras do presente versículo. Observemos, com a bênção do Senhor, a grande exaltação da soberania divina sobre absolutamente tudo que existe.
Após termos analisado no versículo anterior que Cristo foi ressuscitado e posto "à sua direita nos céus" (Ef 1.20), agora temos o início de uma grande declaração e mais do que poderosa atuação do Senhor. Notemos como a palavra que inicia o presente versículo tenciona forçar nossas mentes para que imaginemos algo superior, mais elevado, maior e mais poderoso do que a normalidade das coisas. Paulo faz eco às palavras anteriores e escreve para completar a declaração, pois se Cristo foi posto "à sua direita nos céus", então necessariamente Ele está "Acima" de todas as coisas que existem.
Entretanto, as Escrituras nos fornecem sobre quais coisas Cristo foi posto como por cabeça ("E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade" - Cl 2.10): "Acima de todo o principado" (grifo meu).
Infelizmente muitos têm lido a palavra principado e entendido que o Senhor está apenas acima dos demônios e anjos da esfera celestial. É verdade que a palavra pode denotar também estes seres, no entanto, principado possui a conotação de ser acima de toda a origem, de todo magistrado, líder e qualquer regra. O Senhor deseja nos ensinar que por mais poderoso que seja um juiz, desembargador, ministro do Supremo Tribunal Federal ou o próprio presidente (e ainda toda sorte de homens com riquezas e poderes), todos eles estão "abaixo" em comparação com Cristo que está "Acima". Relembremos do grandioso Salmo: "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor, e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam" (Sl 2:6-12).
O salmista afirma que o Rei (Cristo, o Senhor) está "sobre o meu santo monte de Sião", isto é, reina poderosamente sobre todos os filhos do Senhor. Mas Deus não somente constituiu a Cristo como superior sobre os judeus, e sim disse: "Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão". Os próprios não cristãos também estão sob o cetro de justiça do Senhor; para estes diz a palavra, terríveis coisas acontecerão: "Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro". Todavia, em Sua grande misericórdia, o Eterno conclama para que os poderosos nesta terra ponderem consigo mesmos se, à vista da poderosa "vara de ferro" que não deixará "pedra sobre pedra" (Mt 24.2; Mc 13.2; Lc 21.6), não lhes é melhor ser prudentes e se dobrarem diante do Altíssimo: "Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor, e alegrai-vos com tremor". Mas não basta que os poderosos simplesmente digam que servirão ao Senhor, pois eles precisavam fazer como nos tempos antigos donde o salmista escreve: ir e beijar a mão do Rei, como sinônimo de submissão - "Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira".
A palavra do Senhor é por demais evidente e dever-nos-ia causar grande temor ao lermos estas palavras: "quando em breve se acender a sua ira". Outro versículo corrobora com este entendimento: "Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder, se apressam a chegar" (Dt 32.35). Naquele momento sublime descrito por Moisés em Deuteronômio, não precisaria haver muita coisa para que o Senhor se irasse, tão somente bastaria "resvalar o seu pé" e "o dia da sua ruína está próximo". Para os homens que não se dobram diante do Senhor e de Seu poder, daqueles que negam Sua soberania e acham que podem alcançar a salvação por si mesmos, o Eterno lhes decreta que a Sua ira e justiça "se apressam a chegar". O apóstolo Pedro compreendeu bem isto quando disse: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia" (2Pe 3.9).
Homens e mulheres neste mundo estão brincando com Aquele que é "Acima de todo o principado". Homens, mulheres, adultos, jovens e crianças têm temido e venerado mais a homens ímpios do que ao Senhor dos Exércitos. O mundo inteiro teme receber uma citação judicial em casa para ir perante o juiz e ter de responder por seus atos; teme que seja pego na "malha fina" do imposto de renda; teme que o professor não lhe ajude a passar de ano na faculdade; teme o próprio chefe do emprego e suplica para que não o mande embora... Mas poucos, muitos poucos, são aqueles que temem o Senhor Todo Poderoso e que tem poder mais do que suficiente para reduzir o homem ao pó da terra - "No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás" (Gn 3.19). Assim como Ele prometeu que esmigalharia todos os gentios (naquele tempo quando eles ainda não tinham acesso ao Senhor), hoje a Sua ira se aproxima e também reduzirá ao pó da terra todos que pervertem os Seus caminhos.
Os homens têm sua curta vida de prazeres e delícias nesta terra, mas sequer compreendem que o seu destino é a morada de todos os viventes, conforme lemos abundantemente em Eclesiastes. Precisamos resgatar estar lembrança de que o Senhor é acima tudo aquilo que julgamos ser mais poderoso do que nós. Estas palavras de Jesus Cristo deveriam estar diariamente em nossa fronte, colada em nossas paredes da casa e no vidro de nossos carros: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo" (Mt 10.28). Temer ao Senhor é princípio da sabedoria (Pv 9.10).
Como o salmista ficou quando percebeu que sua fé se enfraquecia diante do avanço e prosperidade dos ímpios? "Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos" (Sl 73.2). Ele não brincou, mas sim ele temeu ser tragado. Este santo homem registrou que diante de tão grande crescimento dos ímpios ele foi tentado a imaginar que o Senhor não estava com ele e por isto "os meus pés quase que se desviaram"; acrescenta ainda que "pouco faltou para que escorregassem os meus passos". O salmista, demonstrando sua extrema fraqueza, nos diz que porque tinha "inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios" (Sl 73.3), seus "pés quase que se desviaram". Devemos, então, fazer a pergunta: o que foi que deteve aquele homem de cair em suas misérias e abandonar o Senhor e Poderoso Criador? Eis a resposta fornecida por ele mesmo: "Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles. Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição" (Sl 73.17-18).
A glória, o poder, a soberania e a repentina destruição que estão sobre os ímpios ("tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição") levou o salmista a exclamar e dizer que havia entendido o porquê dos ímpios florescerem nesta terra, terem muitas vezes do bom e do melhor - "Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores" (Sl 73.19). Contudo, que grande tristeza, na verdade, é o que estes homens possuem. Possuem ouro e prata nesta terra, mas colherão esterco e vermes por todo o corpo no porvir. Seus pagamentos se restringem a esta terra, suas alegrias suas passageiras, suas emoções são falsas e suas afeições inclinadas somente para as trevas. A inconstância dos ímpios é certa e em breve seus pés vacilarão e não haverá quem possa salvá-lo; nem mesmo a mais farta conta bancária poderá livrá-los da repentina destruição.
Amados irmãos, é desta mesma forma que precisamos olhar para "a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos" (Ef 1.19). É necessário que tenhamos esta convicção de que o poder do Senhor é acima de todo principado, mas não somente deste, mas até mesmo sobre todo o "poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia". Outro salmo se mostra grandioso para nós: "Adorai ao SENHOR na beleza da santidade; tremei diante dele toda a terra" (Sl 96.9). O que o salmista está explicitando é que devemos adorar o Senhor segunda a Sua santidade, Sua determinação e isto deve nos levar a tremer diante d'Ele! Ora, como poderemos tremer diante do Senhor se não O tivermos como Soberano e "Acima de todo o principado"?
Muito antes de Jesus nascer, o Senhor já havia tocado na vida do profeta Isaías para que dissesse: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Is 9.6). É mister que olhemos e percebamos que Isaías é idêntico ao que Paulo nos disse: "o principado está sobre os seus ombros". Cristo é o menino que nasceu e que possui sobre seus ombros o poder, a primogenitura e domínio sobre os "séculos dos séculos e para sempre" (Sl 145.1). Talvez, que outro versículo poderia ser citado para demonstrar este grandioso poder, do que "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn 1.1)? Cristo reina soberanamente sobre tudo e todos, de modo que antes de todas as coisas existirem, Ele já existia - "E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.14). Diferentemente do homem vil e que é levado como a onda no mar (Tg 1.6), o Senhor sempre é em si mesmo e não depende de outrem para deter o controle sobre todas as coisas.
Qual de nós poderia ser igual a esta grandeza? Olhemos o contraste entre um ser soberano, eterno, imutável, invisível (mas real!) e nós - "Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece" (Tg 4.14). Entre o Senhor cujo poder é tão grande e é chamado de o Senhor dos Exércitos, denotando poder, justiça e plena capacidade para arquitetar o seu poderia militar, e nós - "Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer" (Lc 17.10). Enquanto o Senhor é tudo, nós somos nada. Enquanto Ele reina "de eternidade em eternidade" (Sl 106.48), não somos melhores e mais duradouros nesta terra do que a neblina "que aparece por um pouco, e depois se desvanece".
O homem que crê possuir certa bondade em si mesmo, certamente nunca recorreu às Escrituras para ler: "Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa" (Os 6.4). Assim como os pés do salmista quase haviam resvalado, mostrando o quão frágil e debilitado era diante do Altíssimo, assim também nossa bondade "cedo passa". O Senhor que é eterno, diz a respeito de nós: "E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas" (Cl 2.13). A grandeza do Criador é tão sublime, que Ele traz pessoas da morte para vida. Enquanto diante de um cadáver nos vemos completamente incapazes e nem mesmo todo o dinheiro deste mundo poderia trazer a pessoa amada de volta, para o Senhor, todas as coisas são possíveis - "Porque para Deus nada é impossível" (Lc 1.37). Ele é quem traz o morto em seus pecados para a vida com Seu Filho e isto só é possível graças à Sua excelsa grandeza e soberania.
E para que ninguém pensasse que o reino de Deus é somente deste mundo e que fosse limitado a esta esfera terrena, o apóstolo afirma que Ele está acima de todas as coisas, "não só neste século, mas também no vindouro". Aqui se evidencia o porquê de Paulo ter afirmado no versículo 3 que nossas bênçãos são "espirituais" e estão "nos lugares celestiais em Cristo". Cristo precisa ser onipotente sobre todas as coisas que existem por Sua criação, caso contrário não poderíamos esperar uma firme recompensa nos céus; afinal, se Ele fosse tão somente soberano sobre este mundo (ou o no porvir), então não haveria motivos para vivermos uma verdadeira vida cristã, pois se de um momento para o outro, Cristo, supostamente, poderia perder Seu trono nos céus, todos nós seríamos perdidos de Sua mão - o que contrariaria o próprio dito do Messias: "E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão" (Jo 10.28). O Senhor também só poderia ter dito, "Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar" (Jo 14.2) se verdadeiramente fosse o dominador e guardador de toda a Sua criação.
Tentemos também olhar para a grandiosa afirmação que Jesus faz: "se não fosse assim, eu vo-lo teria dito". Quer dizer, Cristo afirmou que de fato há muitas moradas e existe um lugar preparado para todos os Seus filhos adotados por Ele mesmo (Ef 1.5). "E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho" (Jo 14.3-4). Graciosamente o Senhor declara que virá "outra vez... para que onde eu estiver estejais vós também". O grandioso Senhor sobre todas as coisas, mais do que maravilhosamente declara a todos os seus filhos: porque Eu estou acima de todas as coisas, de todos os principados e dominadores deste mundo, virei novamente e buscarei todos aqueles que estiverem marcados com o Meu sangue.
Que hoje possamos exclamar com contrição e alegria em nosso coração: "A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém" (1Pe 5.11).
Cada declaração de Paulo nos soa de modo semelhante e sempre intenta nos fornecer basicamente três coisas: Deus é soberano, o homem é pecador, mas Deus enviou seu Filho para morrer por Seus escolhidos. Esta tríade é praticamente repetida (com mais ou menos intensidade) por toda a Escritura, afinal, os cristãos precisam reconhecer como o salmista: "Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura" (Sl 16.9). Contudo, um homem só pode ficar realmente alegre e jubiloso após passar por dificuldades e reconhecer sua extrema miséria. A própria natureza vivencial nos ensina isto, pois quantas são as vezes que precisamos perder alguma quantia de dinheiro, bater o carro, ter um ente querido da família adoecido ou até mesmo se ver sem esperança na própria vida, para, então, reconhecermos que "não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece" (Rm 9.16)?
É neste prisma da necessidade de reconhecermos nossas debilidades para repousarmos seguros, que o apóstolo Paulo (dirigido pelo Senhor) escreve as palavras do presente versículo. Observemos, com a bênção do Senhor, a grande exaltação da soberania divina sobre absolutamente tudo que existe.
Após termos analisado no versículo anterior que Cristo foi ressuscitado e posto "à sua direita nos céus" (Ef 1.20), agora temos o início de uma grande declaração e mais do que poderosa atuação do Senhor. Notemos como a palavra que inicia o presente versículo tenciona forçar nossas mentes para que imaginemos algo superior, mais elevado, maior e mais poderoso do que a normalidade das coisas. Paulo faz eco às palavras anteriores e escreve para completar a declaração, pois se Cristo foi posto "à sua direita nos céus", então necessariamente Ele está "Acima" de todas as coisas que existem.
Entretanto, as Escrituras nos fornecem sobre quais coisas Cristo foi posto como por cabeça ("E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade" - Cl 2.10): "Acima de todo o principado" (grifo meu).
Infelizmente muitos têm lido a palavra principado e entendido que o Senhor está apenas acima dos demônios e anjos da esfera celestial. É verdade que a palavra pode denotar também estes seres, no entanto, principado possui a conotação de ser acima de toda a origem, de todo magistrado, líder e qualquer regra. O Senhor deseja nos ensinar que por mais poderoso que seja um juiz, desembargador, ministro do Supremo Tribunal Federal ou o próprio presidente (e ainda toda sorte de homens com riquezas e poderes), todos eles estão "abaixo" em comparação com Cristo que está "Acima". Relembremos do grandioso Salmo: "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto: o SENHOR me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro. Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor, e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam" (Sl 2:6-12).
O salmista afirma que o Rei (Cristo, o Senhor) está "sobre o meu santo monte de Sião", isto é, reina poderosamente sobre todos os filhos do Senhor. Mas Deus não somente constituiu a Cristo como superior sobre os judeus, e sim disse: "Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão". Os próprios não cristãos também estão sob o cetro de justiça do Senhor; para estes diz a palavra, terríveis coisas acontecerão: "Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro". Todavia, em Sua grande misericórdia, o Eterno conclama para que os poderosos nesta terra ponderem consigo mesmos se, à vista da poderosa "vara de ferro" que não deixará "pedra sobre pedra" (Mt 24.2; Mc 13.2; Lc 21.6), não lhes é melhor ser prudentes e se dobrarem diante do Altíssimo: "Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor, e alegrai-vos com tremor". Mas não basta que os poderosos simplesmente digam que servirão ao Senhor, pois eles precisavam fazer como nos tempos antigos donde o salmista escreve: ir e beijar a mão do Rei, como sinônimo de submissão - "Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira".
A palavra do Senhor é por demais evidente e dever-nos-ia causar grande temor ao lermos estas palavras: "quando em breve se acender a sua ira". Outro versículo corrobora com este entendimento: "Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder, se apressam a chegar" (Dt 32.35). Naquele momento sublime descrito por Moisés em Deuteronômio, não precisaria haver muita coisa para que o Senhor se irasse, tão somente bastaria "resvalar o seu pé" e "o dia da sua ruína está próximo". Para os homens que não se dobram diante do Senhor e de Seu poder, daqueles que negam Sua soberania e acham que podem alcançar a salvação por si mesmos, o Eterno lhes decreta que a Sua ira e justiça "se apressam a chegar". O apóstolo Pedro compreendeu bem isto quando disse: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia" (2Pe 3.9).
Homens e mulheres neste mundo estão brincando com Aquele que é "Acima de todo o principado". Homens, mulheres, adultos, jovens e crianças têm temido e venerado mais a homens ímpios do que ao Senhor dos Exércitos. O mundo inteiro teme receber uma citação judicial em casa para ir perante o juiz e ter de responder por seus atos; teme que seja pego na "malha fina" do imposto de renda; teme que o professor não lhe ajude a passar de ano na faculdade; teme o próprio chefe do emprego e suplica para que não o mande embora... Mas poucos, muitos poucos, são aqueles que temem o Senhor Todo Poderoso e que tem poder mais do que suficiente para reduzir o homem ao pó da terra - "No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás" (Gn 3.19). Assim como Ele prometeu que esmigalharia todos os gentios (naquele tempo quando eles ainda não tinham acesso ao Senhor), hoje a Sua ira se aproxima e também reduzirá ao pó da terra todos que pervertem os Seus caminhos.
Os homens têm sua curta vida de prazeres e delícias nesta terra, mas sequer compreendem que o seu destino é a morada de todos os viventes, conforme lemos abundantemente em Eclesiastes. Precisamos resgatar estar lembrança de que o Senhor é acima tudo aquilo que julgamos ser mais poderoso do que nós. Estas palavras de Jesus Cristo deveriam estar diariamente em nossa fronte, colada em nossas paredes da casa e no vidro de nossos carros: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo" (Mt 10.28). Temer ao Senhor é princípio da sabedoria (Pv 9.10).
Como o salmista ficou quando percebeu que sua fé se enfraquecia diante do avanço e prosperidade dos ímpios? "Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos" (Sl 73.2). Ele não brincou, mas sim ele temeu ser tragado. Este santo homem registrou que diante de tão grande crescimento dos ímpios ele foi tentado a imaginar que o Senhor não estava com ele e por isto "os meus pés quase que se desviaram"; acrescenta ainda que "pouco faltou para que escorregassem os meus passos". O salmista, demonstrando sua extrema fraqueza, nos diz que porque tinha "inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios" (Sl 73.3), seus "pés quase que se desviaram". Devemos, então, fazer a pergunta: o que foi que deteve aquele homem de cair em suas misérias e abandonar o Senhor e Poderoso Criador? Eis a resposta fornecida por ele mesmo: "Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles. Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição" (Sl 73.17-18).
A glória, o poder, a soberania e a repentina destruição que estão sobre os ímpios ("tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição") levou o salmista a exclamar e dizer que havia entendido o porquê dos ímpios florescerem nesta terra, terem muitas vezes do bom e do melhor - "Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores" (Sl 73.19). Contudo, que grande tristeza, na verdade, é o que estes homens possuem. Possuem ouro e prata nesta terra, mas colherão esterco e vermes por todo o corpo no porvir. Seus pagamentos se restringem a esta terra, suas alegrias suas passageiras, suas emoções são falsas e suas afeições inclinadas somente para as trevas. A inconstância dos ímpios é certa e em breve seus pés vacilarão e não haverá quem possa salvá-lo; nem mesmo a mais farta conta bancária poderá livrá-los da repentina destruição.
Amados irmãos, é desta mesma forma que precisamos olhar para "a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos" (Ef 1.19). É necessário que tenhamos esta convicção de que o poder do Senhor é acima de todo principado, mas não somente deste, mas até mesmo sobre todo o "poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia". Outro salmo se mostra grandioso para nós: "Adorai ao SENHOR na beleza da santidade; tremei diante dele toda a terra" (Sl 96.9). O que o salmista está explicitando é que devemos adorar o Senhor segunda a Sua santidade, Sua determinação e isto deve nos levar a tremer diante d'Ele! Ora, como poderemos tremer diante do Senhor se não O tivermos como Soberano e "Acima de todo o principado"?
Muito antes de Jesus nascer, o Senhor já havia tocado na vida do profeta Isaías para que dissesse: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz" (Is 9.6). É mister que olhemos e percebamos que Isaías é idêntico ao que Paulo nos disse: "o principado está sobre os seus ombros". Cristo é o menino que nasceu e que possui sobre seus ombros o poder, a primogenitura e domínio sobre os "séculos dos séculos e para sempre" (Sl 145.1). Talvez, que outro versículo poderia ser citado para demonstrar este grandioso poder, do que "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn 1.1)? Cristo reina soberanamente sobre tudo e todos, de modo que antes de todas as coisas existirem, Ele já existia - "E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.14). Diferentemente do homem vil e que é levado como a onda no mar (Tg 1.6), o Senhor sempre é em si mesmo e não depende de outrem para deter o controle sobre todas as coisas.
Qual de nós poderia ser igual a esta grandeza? Olhemos o contraste entre um ser soberano, eterno, imutável, invisível (mas real!) e nós - "Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece" (Tg 4.14). Entre o Senhor cujo poder é tão grande e é chamado de o Senhor dos Exércitos, denotando poder, justiça e plena capacidade para arquitetar o seu poderia militar, e nós - "Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer" (Lc 17.10). Enquanto o Senhor é tudo, nós somos nada. Enquanto Ele reina "de eternidade em eternidade" (Sl 106.48), não somos melhores e mais duradouros nesta terra do que a neblina "que aparece por um pouco, e depois se desvanece".
O homem que crê possuir certa bondade em si mesmo, certamente nunca recorreu às Escrituras para ler: "Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa" (Os 6.4). Assim como os pés do salmista quase haviam resvalado, mostrando o quão frágil e debilitado era diante do Altíssimo, assim também nossa bondade "cedo passa". O Senhor que é eterno, diz a respeito de nós: "E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas" (Cl 2.13). A grandeza do Criador é tão sublime, que Ele traz pessoas da morte para vida. Enquanto diante de um cadáver nos vemos completamente incapazes e nem mesmo todo o dinheiro deste mundo poderia trazer a pessoa amada de volta, para o Senhor, todas as coisas são possíveis - "Porque para Deus nada é impossível" (Lc 1.37). Ele é quem traz o morto em seus pecados para a vida com Seu Filho e isto só é possível graças à Sua excelsa grandeza e soberania.
E para que ninguém pensasse que o reino de Deus é somente deste mundo e que fosse limitado a esta esfera terrena, o apóstolo afirma que Ele está acima de todas as coisas, "não só neste século, mas também no vindouro". Aqui se evidencia o porquê de Paulo ter afirmado no versículo 3 que nossas bênçãos são "espirituais" e estão "nos lugares celestiais em Cristo". Cristo precisa ser onipotente sobre todas as coisas que existem por Sua criação, caso contrário não poderíamos esperar uma firme recompensa nos céus; afinal, se Ele fosse tão somente soberano sobre este mundo (ou o no porvir), então não haveria motivos para vivermos uma verdadeira vida cristã, pois se de um momento para o outro, Cristo, supostamente, poderia perder Seu trono nos céus, todos nós seríamos perdidos de Sua mão - o que contrariaria o próprio dito do Messias: "E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão" (Jo 10.28). O Senhor também só poderia ter dito, "Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar" (Jo 14.2) se verdadeiramente fosse o dominador e guardador de toda a Sua criação.
Tentemos também olhar para a grandiosa afirmação que Jesus faz: "se não fosse assim, eu vo-lo teria dito". Quer dizer, Cristo afirmou que de fato há muitas moradas e existe um lugar preparado para todos os Seus filhos adotados por Ele mesmo (Ef 1.5). "E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho" (Jo 14.3-4). Graciosamente o Senhor declara que virá "outra vez... para que onde eu estiver estejais vós também". O grandioso Senhor sobre todas as coisas, mais do que maravilhosamente declara a todos os seus filhos: porque Eu estou acima de todas as coisas, de todos os principados e dominadores deste mundo, virei novamente e buscarei todos aqueles que estiverem marcados com o Meu sangue.
Que hoje possamos exclamar com contrição e alegria em nosso coração: "A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém" (1Pe 5.11).