terça-feira, 31 de maio de 2011
Decisão do STF – DIREITO DE PECAR?!
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Desde a Eternidade Deus Tem um Plano Imutável
Deus é nosso refúgio e fortaleza (parte 1) - Sermão pregado dia 17.04.2011
Deus é nosso refúgio e fortaleza (parte 1) -
Sermão pregado dia 17.04.2011
Nosso texto: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.).” Salmos 46.1-3
Já tivemos a oportunidade de contemplarmos a beleza dos salmos (clique aqui para ler) e a grande devoção que os salmistas tinham para com a lei do Senhor. O presente salmo nos fala por figuras de linguagem, querendo comunicar-nos as maravilhas dos feitos do Senhor em meio ao seu povo.
É interessante notarmos a confiança que o salmista expressa com relação ao seu Senhor. Ele não o faz de maneira equivocada ou que dê margem a algum outro entendimento, mas é firme em sua declaração. A fonte de confiança do salmista era saber que Deus estava com seu povo.
Com esta aliança entre Deus e o seu povo, o salmista começa dizendo: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza” (v.1). Amados, essa é uma daquelas sentenças que não podemos deixar de analisar e meditar com muito cuidado e diligência. O salmista se refere ao Senhor como sendo o verdadeiro lugar de proteção e a verdadeira fortaleza em meio às dificuldades. Lembremos que naquela época as guerras eram comuns e constantemente arriscava-se a próprio vida para defender uma causa e/ou um povo. O salmista demonstra-nos a confiança que tinha no Senhor em quem confiava. Ele não pensa duas vezes ou escreve que “as vezes Deus é nosso refúgio e fortaleza”, mas é enfático e não se permite titubear diante da eminente proteção divina.
Martinho Lutero, impulsionado por tamanha admiração para com este salmo, escreveu uma de suas canções mais famosas: Castelo Forte. Hoje em dia, Lutero é um homem muito admirado e elogiado - contudo, penso que muitos dos que o elogiam não teriam a mesma ousadia que aquele homem teve. Certo estou de que não podemos comparar Lutero aos salmistas (pois eles foram muito além do que foi Lutero), mas ele - assim como tantos outros que deram sua vida pela evangelho - também pôde experimentar “a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2) em meio aos turbilhões e perseguições que sofreu por amor à causa de Cristo.
A continuação da sentença também é por demais valiosa: “Socorro bem presente na angústia” (v.1). Tal afirmação deve levar-nos aos tempos antigos, quando a angústia era (em muitos sentidos) muito maior do que a que temos hoje. Digo isso pois a medicina era precária, as construções eram rudimentares, as guerras eram constantes, as proteções para os guerreiros eram arcaicas; a vestimenta era limitada e a culinária não usufruía de tamanha variedade de como temos em nossos dias. Diante de tal cenário, somos levados a imaginar o quão confiante era o salmista perante Deus. Mesmo em face de tamanha precariedade, ele confiava em seu Senhor; ele sabia que o seu deus era “Deus... bem presente na angústia”.
O salmista passa agora a expor o que seguirá devido a essa confiança que ele e seu povo tinham no Senhor: ”Portanto não temeremos” (v.2). O povo de Israel foi um povo que presenciou muitos milagres, batalhas e outras conquistas sendo ganhas de maneira extremamente inusitada (vide o êxodo do Egito, o povo sendo sustentado em meio ao deserto, libertos da maldição que Balaão fôra incumbido de profetizar, Gideão e os 300 guerreiros, e tantos outros acontecimentos que poderíamos citar). O salmista sabia que devido ao seu Deus ser grande fonte de refúgio e fortaleza, eles não precisariam temer o mal.
A Bíblia de Estudos de Genebra comenta que: Na cosmovisão hebraica antiga, os mares também eram a morada de monstros (Sl 74,13; 89.9,10; Jó 7.12; 41.1; Is 27.1) e eram uma ilustração poética para indicar o mal. Por todos os Salmos e Profetas, Deus é retratado como triunfando sobre os mares (Sl 29.10; 77.16-20; 104.5-9; Dn 7; Na 1.4). A partir desta cosmovisão, vemos que o salmista ilustra sua dependência e confiança em Deus - mesmo que seu lugar seguro (aqui representado pelos montes) seja transportado para o meio do mal e ele seja atacado e perturbado – não importando o que pudesse lhe sobrevir.
Essa semana estive lendo o livro de Eclesiastes e conforme já havia comentado sobre ele (clique aqui para ler), confirmou-se novamente meu ponto de vista acerca dos escritos ali contidos.
O livro de Eclesiastes pode muito bem sintetizar o nosso pensamento para quando olhamos o mundo que nos circundeia. Quando conjecturamos que estamos entendendo alguns dos feitos do Altíssimo, nos deparamos com uma situação totalmente alheia às nossas previsões. Quando o orgulho abata-se sobre nós e passamos a dar lugar ao pecado da autonomia humana, nos sobrevêm tamanha angústia e impotência que quase desfalecemos diante do horror que nos é apresentado.
Cito Eclesiastes em meio ao salmo de hoje porque muitas vezes temos a tendência de querer entender a “mente” e o “coração” de Deus. Não nos damos por satisfeitos ao lermos a bíblia e depararmo-nos com mistérios inescrutáveis; queremos respostas, e elas precisam vir naquele exato momento. Mister é notar que não advogo em favor da ignorância intelectual - muito pelo contrário - mas é preciso saber quem somos em face da grandiosa mão de Deus.
O salmista nos alertará mais adiante acerca de nossa vontade desenfreada de perscrutarmos a mente divina. Veremos que é de grandiosa importância reconhecermos as palavras do escritor como belas e de profunda verdade. Mais do que nunca – em meio a esse mundo de trabalhos frenéticos, fast-foods, remédios para quase todas as doenças e um consumismo desenfreado – precisamos atentar para as doces palavras do salmista que dizem: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra” (v.10).
Amém.
sábado, 28 de maio de 2011
Uma defesa da apologética reformada
Uma defesa da apologética reformada -
por Cornelius Van Til
Um diálogo – Sr. White, Sr. Black, Sr. Grey
Temos, primeiro, o não-cristão, que cultua a criatura em vez do Criador. Vamos chamá-lo de Sr. Black. Poderá ser um tipo de pessoa bem “decente”. Em função da graça comum ele pode fazer muita coisa “boa”. Ainda assim, conquanto permaneça em seu estado de não-conversão, ele será tenebroso aos olhos de Deus.
Entretanto, temos um representante daqueles que, pela graça de Deus, tornaram-se adoradores do Criador-Redentor. Será o Sr. White. Certamente, ele está distante de ser aquilo que poderíamos esperar devido ao seu nome. Mas ele foi lavado no sangue do Cordeiro. Em Cristo, ele é alvo como a neve. O Sr. White é um cristão reformado.
Estranhamente, porém, há uma terceira parte, um arminiano, chamado Sr. Grey. Certamente, em Cristo, o Sr. Grey é tão alvo como o Sr. White. O primeiro, acha que o Sr. White é muito severo na avaliação do Sr. Black, mas ele próprio crê que o Sr. Black não seja assim tão tenebroso.
Sequer seria correto, política ou pedagogicamente, requerer que o Sr. Black fizesse uma virada de mente tão completa. Certamente, nem será necessário que tal revolução seja completa nos campos das ciências e filosofias. Muitos dos seguidores do Sr. Black têm defendido valentemente a existência de Deus contra o materialismo, o ateísmo e o positivismo. Até mesmo em teologia, muitos desses discípulos do Sr. Black saltaram em defesa quando Deus foi atacado pelos teólogos do Deus-está-morto. O Sr. Grey, portanto, tipifica o metódo de Aquino-Butler de defesa do cristianismo.
Vamos observar agora a diferença na maneira do Sr. White e do Sr. Grey abordarem o incrédulo Sr. Black com o Evangelho de Cristo.
Digamos que o Sr. Black esteja com dor de dente. Ambos, o Sr. White e o Sr. Grey são dentistas. O Sr. White crê em uma metodologia radical. Ele crê que o Sr. Black deveria ter toda cárie removida dos dentes, antes de obturá-los. O Sr. Grey é uma pessoa mais sensível e carinhosa. Ele não quer que o Sr. Black se sinta mal e, por isso, não quer que a broca penetre tão fundo no dente. Ele, certamente, retirará apenas uma parte da matéria deteriorada, e preencherá a cavidade.
Naturalmente, o Sr. Black achará tudo isso maravilhoso. Infelizmente, o dente do Sr. Black em breve continuará a deterioração. Ele retornará ao Sr. Grey, mas este jamais chegará a um procedimento radical. Por conseguinte, ele jamais resolverá o problema do dente do Sr. Black.
Suponha, agora, que, em vez de procurar o Sr. Grey, o Sr. Black tenha ido ao consultório do Sr. White. Este é radical, muito radical. Usa máquina de raios-X para diagnosticar as condições da boca do Sr. Black. Perfura o dente o quanto é necessário para remover toda a matéria deteriorada. A cavidade é preenchida. E o Sr. Black jamais precisa retornar por causa daqueles dentes.
Esta simples ilustração aponta para uma verdade básica. A Bíblia diz que o homem está espiritualmente morto em seus delitos e pecados. Os credos reformados falam de uma depravação total do homem. A única cura para a sua morte espiritual é a regeneração realizada pelo Espírito Santo, na base da morte expiatória de Cristo. É por meio da luz que a Escritura lança sobre a condição do homem natural que o Sr. White examina todos os seus pacientes. Ele poderá também ligar a luz da experiência, mas insistirá sempre que a experiência deva ser derivada, primariamente, da luz da Escritura. Assim, ele poderá apelar à razão ou à História, mas, de novo, somente da maneira que elas são vistas à luz da Bíblia. Ele nem mesmo toma a experiência, a razão ou a História para corroborar os ensinos da Escritura, mas a Bíblia para examinar todas essas operações. Para ele, a Bíblia e, portanto, o Deus da Bíblia, é como o sol do qual derivam a luz das lâmpadas de óleo, de gás e a lâmpada elétrica.
A atitude do arminiano, Sr. Grey, é bem diferente. Ele usa a Bíblia, a experiência, a razão ou a lógica como fontes de informação igualmente independentes sobre os próprios predicamentos e, portanto, os do Sr. Black. Isto não quer dizer que, para o Sr. Grey, a Bíblia, a experiência e a razão sejam igualmente importantes. Na verdade, não são. Ele sabe que a Bíblia é, de longe, a mais importante. Porém, não obstante, ele constantemente apela aos “fatos da experiência” e à “lógica” sem lidar primeiro com a própria ideia de fato e com a ideia de lógica, nos termos da Escritura.
A diferença é básica. Quando o Sr. White diagnostica o caso do Sr. Black, ele toma como máquina de raios-X, somente a Bíblia. Quando diagnostica o caso do Sr. Black, o Sr. Grey toma primeiro a máquina de raios-X da experiência, depois, a máquina de raios-X da lógica, e finalmente, a máquina de raios-X maior, a Bíblia. De fato, ele poderá tomar tais itens em qualquer ordem, mas sempre haverá de considerá-los como sendo fontes de informação independentes.
(…)
Entretanto, quando o cristão reformado, o Sr. White, tem consciência das riquezas da própria posição, e, realmente, tem a coragem de desafiar o Sr. Black, apresentando-lhe uma chapa de raios-X do seu interior tirada com uma máquina chamada Bíblia, ele enfrenta a acusação de “raciocínio circular”. Ele não apresenta nenhum “ponto de contato” com a experiência. Ele será, também, objeto de crítica do arminiano, por falar como se o cristianismo fosse irracional e por falhar em alcançar o homem das ruas.
(…)
1. Um testemunho consistente
A grande questão à qual desejamos nos referir, agora, é se os cristãos que abraçam a fé reformada também abraçam um método especificamente reformado de raciocínio quando se engajam na defesa da fé.
Essa questão abrangente não pertence meramente aos “cinco pontos do calvinismo”. Quando os arminianos atacam estas grandes doutrinas (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível, perseverança dos santos), nós, como calvinistas, estamos prontos para defendê-las. Cremos que estes cinco pontos são derivados diretamente da Escritura. Mas a questão, agora, em discussão é se, na defesa de qualquer doutrina cristã, os cristãos reformados usariam um método de sua própria construção.
Pode ser prontamente demonstrado que uma resposta negativa a tais questões não poderá ser mantida. Tome, por exemplo, a doutrina da expiação. A doutrina arminiana da expiação não é a mesma que a doutrina reformada da expiação. Ambos, arminianos e calvinistas, afirmam crer no sacrifício substitutivo. Mas o conceito arminiano de expiação substitutiva é colorido, e nós, como calvinistas, creríamos “descolorido”, segundo a visão do “livre-arbítrio”. Segundo a visão arminiana, o homem tem poder absoluto ou final para aceitar ou rejeitar a salvação que lhe é oferecida. Isso implica que a salvação oferecida ao homem é mera possibilidade de salvação.
Para ilustrar: suponha que eu deposite um milhão de reais em sua conta bancária. Ainda assim, fica ao seu critério crer que tal riqueza lhe pertença, e usá-la para cobrir o chão de sua casa com tapetes persas, em vez de fazê-lo com os velhos tapetes puídos que você tem agora. Assim, no esquema arminiano, a própria possibilidade das coisas não mais dependem exclusivamente de Deus, mas, em algumas áreas, dependem do homem. O efeito daquilo que Cristo fez por nós é feito dependente de nós. Não é mais certo dizer que, para Deus, todas as coisas são possíveis.
Fica óbvio, portanto, que os arminianos levaram para o seu protestantismo uma boa porção do levedo do catolicismo romano. O arminianismo é menos radical e menos consistente em seu protestantismo do que deveria ser.
Ora, o Sr. Grey, o evangélico, parece estar confortável quando tenta conquistar o Sr. Black, o incrédulo, à aceitação do “sacrifício substitutivo”. Ele pode firmar os pés em “chão comum” com o Sr. Black em termos daquilo que é possível ou impossível. Observe o Sr. Grey enquanto fala com o Sr. Black.
“Sr. Black, porventura já aceitou Jesus Cristo como seu salvador pessoal? Crê que ele morreu na cruz em seu lugar? Se não, certamente estará perdido para sempre.”
“Bem”, responde o Sr. Black, “acabei de receber uma visita do Sr White, falando sobre o mesmo assunto. Vocês parecem ter um ‘testemunho comum’ sobre a matéria. Ambos creem que Deus existe, que ele criou o mundo, que o primeiro homem, Adão, pecou, e que todos nós merecemos o inferno por causa do que esse homem fez, e daí em diante. Tudo isso me parece muito fatalista. Se, como você diz, eu sou uma criatura, então, não terei nenhum poder final para escolher. Não sou livre. E se não sou livre, então, não sou também responsável. Assim, se eu for para o inferno, será simplesmente porque seu ‘Deus’ assim determinou. Vocês, cristãos ortodoxos, matam a moralidade e todo progresso humano. Não quero ter nada com isso. Até logo!”
“Ei! Espere um pouco”, diz o Sr. Grey afobado. “Eu não tenho um ponto de vista em comum com o ponto de vista calvinista. Nós dois, sim, temos um testemunho comum contra o calvinismo quanto ao determinismo mencionado. É claro que você é livre. Absolutamente livre para aceitar ou rejeitar a expiação que lhe é oferecida. Você mesmo terá de torná-la real para a sua vida. Concordo com você, contra o calvinismo, dizendo que a ‘possibilidade’ é maior do que a vontade de Deus. Nem por um momento eu diria com os calvinistas que o conselho de Deus determina tudo o que se passa.”
“Além disso, calvinistas menos extremistas, como o Dr. J. Oliver Buswell, Jr., virtualmente concordam conosco. Observe o que Buswell disse: ‘Não obstante, nossas escolhas morais são escolhas em que nós mesmos somos causas últimas’. O próprio Dr. Buswell deseja ir além da ‘resposta meramente arbitrária’ de Romanos 9.20,21, que fala sobre o oleiro e o barro, para uma análise bem mais profunda do plano de Deus para a redenção em Romanos 9.14-19, em que Paulo faz um retrato de faraó, dizendo: ‘Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra’.”
“Eu entendo, então”, replica o Sr. Black, “que vocês, arminianos e calvinistas moderados, opõem-se ao determinismo regular e antiquado do calvinismo histórico das confissões reformadas? Alegro-me em ouvir isso. Dizer que todas as coisas já foram fixadas por Deus desde a eternidade é algo terrível! Dá-me calafrios! O que aconteceria com toda moralidade e decência, se todos os homens acreditassem em tal ensino? Porém, agora, vocês, arminianos e calvinistas abertos, juntaram-se a nós, para proclamar que a ‘possibilidade’ é independente da vontade de Deus. Vocês, assim, com toda a gente boa e com todos os teólogos liberais e neo-ortodoxos, como Barth, tornam possível a salvação para todos os homens”.
“Isso significa, é claro, que a salvação é possível também para aqueles que jamais ouviram falar de Jesus de Nazaré. A salvação, portanto, será possível até mesmo, sem a aceitação de sua expiação substitutiva mediante esse Jesus de quem você fala. Certamente, você não quer dizer, como os calvinistas, que Deus determinou os limites de todas as nações e indivíduos, e assim, no final das contas, determinou que alguns homens, de fato, milhões deles, jamais ouvissem esse evangelho.
“Além disso, se a possibilidade é independente de Deus, como vocês, evangélicos e calvinistas moderados, ensinam, então, eu não preciso ter medo do inferno. É bem possível, ainda, que nem exista inferno. O inferno, você há de concordar, é a tortura que um homem experimenta quando falha em atingir os próprios ideais morais. Assim, não acho que deva me preocupar, agora, com tal aceitação de Cristo como meu Salvador pessoal. Tenho todo o tempo do mundo.”
Pobre Sr. Grey. No fundo, ele realmente desejaria dizer algo sobre ter um testemunho em comum com os calvinistas. No fundo do coração, ele sabe que o Sr. White, o calvinista, e não o Sr. Black, o incrédulo, foi seu amigo verdadeiro. Mas ele assumiu um testemunho comum com o Sr. Black, contra o suposto determinismo do Sr. White, o calvinista, e assim, era-lhe dificultoso, depois disso, voltar a face e assumir um testemunho com o Sr. White, contra o Sr. Black. Ele não tinha nada inteligente para dizer. Seu método de defesa da fé o forçava a admitir que o Sr. Black estava basicamente certo. Ele não deu ao Sr. Black a oportunidade de conhecer o que supostamente deveria aceitar. Antes, seu testemunho havia confirmado o Sr. Black na crença de que não teria necessidade de aceitar a Cristo.
É verdade, é claro, que, na prática, o Sr. Grey é bem melhor em sua teologia e em seu método de representação do evangelho do que ele disse ser. Mas isso é porque, na prática, todo evangélico que realmente ama o Senhor é um calvinista no coração. Como poderia ele, orar a Deus por ajuda, se realmente cresse que haveria possibilidade de Deus não o ajudar? No fundo do coração, todo cristão verdadeiro crê que Deus controla todas as coisas. Porém, a respeito da expiação substitutiva, os calvinistas não podem ter um testemunho comum com os arminianos que tenham, contra ele, um testemunho comum com o incrédulo, sobre a mais importante questão de se Deus controla ou não todas as coisas que ocorrem.
Devemos nos lembrar de que o primeiro requisito para um testemunho efetivo é que a posição defendida seja inteligível. O arminianismo, quando consistentemente conduzido, destrói tal inteligibilidade.
O segundo requisito para um testemunho efetivo é o de que aquele a quem o testemunho é dado tem de entender substancialmente por que deveria abandonar sua posição para aceitar a que lhe é oferecida. O arminianismo, quando consistentemente conduzido, destrói a razão pela qual o incrédulo deveria aceitar o evangelho. Por que haveria o incrédulo de mudar sua posição se não lhe é mostrado o próprio erro? Por que deveria mudar sua posição para a do cristianismo se aquele que o incita à mudança, na verdade, o encoraja a pensar que está certo? Portanto, o calvinista, certamente, tem um melhor método de defender a doutrina da expiação substitutiva do que o do arminiano.
Fonte: Monergismo
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Somente teólogos liberais são moralmente liberais?
Quem pensar que somente os teólogos que usando o método histórico-crítico, ou outro método teológico de tradição liberal, apoiarão o homossexualismo, ou usarão a Bíblia para legitimizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo, está enganado. Sabemos que há quem negue o método hermenêutico crítico-histórico, e até sustente uma perspectiva conservadora e inerrante da Escritura Sagrada e, ao mesmo tempo adote incoerentemente uma interpretação de legitimização do homossexualismo, ou seja, que a relação ou união estável entre pessoas do mesmo sexo não é algo proibido na Escritura Sagrada.
Pode-se mencionar, por exemplo, o Dr. Marten Woudstra, falecido ministro da Christian Reformed Church, ex-professor de Antigo Testamento no Calvin Seminary e presidente da comissão de tradução da NIV - que é acusado de ter diluído a tradução onde os textos mencionam homossexualidade [acesse aqui]. Em outro site trás um artigo com o título: Homosexuals On the NIV Translating Committee que reforça a mesma acusação. É sabido da associação do Dr. Woudstra com os Evangelicals Concerned [grupo teologicamente conservador, porém gay nos EUA].
William L. Graig em seu livro "Apologética para questões difíceis da vida" (Edições Vida Nova) no capítulo onde discute sobre HOMOSSEXUALIDADE ele introduz o assunto mencionando uma situação em que um erudito em NT ao ser convidado para palestrar para os Evangelicals Concerned teve o seguinte diálogo: "As pessoas estavam realmente preocupadas a respeito do que você ia falar", disse o anfritrião após o encontro. "Por quê?" - ele perguntou surpreso - "Vocês sabem que não sou homofóbico!". Mas o anfitrião lhe tranquilizou: "Imagina! As pessoas não estavam preocupadas com isso!" E acrescentou: "Na verdade, elas estavam com medo de que você fosse defender o método histórico-crítico". [pág. 142). No site oficial dos Evangelicals Concerned cita-se vários teólogos e links de artigos e debates que tentam legitimizar favoravelmente a homossexualidade e a Bíblia.
Por isso, penso que o método crítico e o liberalismo teológico em suas diferentes e elásticas formas tendem a favorecer o homossexualismo, mas não negaria que teólogos conservadores, que endossem a doutrina da inerrância não cheguem por outras vias na mesma conclusão permissiva. Assim, não vejo de modo simplista e dualista a situação: teólogos liberais sempre serão favoráveis ao homossexualismo, enquanto que os conservadores serão contra!
Obviamente que todo teólogo interpretar o texto analisando a intencionalidade do autor, verificando a sintaxe, e examinando-o em seu contexto histórico poderá verificar que em nenhum lugar as Escrituras dão apoio ao homossexualismo. O intérprete pode até não concordar com o que a Bíblia diz, mas ele terá que reconhecer que ela não legitimiza a união estável entre pessoas do mesmo sexo!
P.S.* "The Bible does not speak clearly enough on this issue!" - A Bíblia não fala claramente acerca deste assunto!"
Fonte: Estudantes de Teologia
quinta-feira, 26 de maio de 2011
A Culpa não é minha - João Calvino
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Bancada evangélica pressiona e Dilma proíbe o kit gay
terça-feira, 24 de maio de 2011
Tenho medo de compartilhar minha fé - e agora?
segunda-feira, 23 de maio de 2011
A mulher cristã no mundo!
"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" - Sermão pregado dia 10.04.2011
"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" -
Sermão pregado dia 10.04.2011
Os versículos que antecedem nosso texto, falam de um homem que avisara o povo de Deus sobre determinadas condutas que vinham tendo diante do seu Senhor e alertava-lhes sobre a necessidade de retornarem aos caminhos do Senhor, haja vista já terem presenciado grandes bênçãos e benfeitorias divinas em seu favor.
Um dos propósitos do livro de Josué é ensinar às gerações futuras de Israel como servir ao Senhor nas batalhas, na distribuição da terra prometida entre as tribos e a renovação de sua aliança com Deus.
Antes de Josué proferir o famoso versículo - que há tempos atrás era comum encontrarmos em adesivos, camisetas, bonés, etc. - é importante notarmos que há um explicação a ser feita sobre o contexto que o cercava. Dentre muitas coisas que poderíamos salientar sobre essa passagem e os versículos anteriores do referido capítulo (1-15), gostaria de enfatizar 4 aspectos da narrativa de Josué:
1. O povo de Israel era indesculpável diante de Deus.
"Os vossos olhos viram o que eu fiz no Egito" (v.7). Josué diz àquele povo que eles muito bem sabiam o que havia lhes acontecido e as maravilhas que Deus havia operado em seu meio. Eles tinham testemunhado o constante cuidar do Senhor para com seu povo durante toda a sua jornada rumo à terra prometida.
Tal versículo nos é por demais importante, pois constantemente somos levados a nos esquecermos da história - tanto pessoal como eclesiástica. Em um primeiro momento podemos pensar que o fato de estarmos reunidos esta noite não abriga nada de especial e que desde sempre foi assim. Contudo, quando olhamos para as miríades de missionários que deram suas vidas pela causa do evangelho - aqui e em todo o mundo -, dos homens e mulheres que disseram que suas vidas não eram nada diante da gloriosa missão que lhes estava incumbida, acabamos entendemos que o simples culto dominical já é uma dádiva de Deus.
Talvez você conheça a história de Jim Elliot: Aquele missionário que tinha tudo para ser um grande homem na vida, pois era talentoso e dedicado aos estudos. Embora fosse tido como um homem promissor, sua verdadeira paixão estava em levar a palavra de Deus às tribos indígenas. Ele constantemente orava: "Consuma minha vida, Senhor. Eu não quero uma vida longa, mas sim cheio de Ti, Senhor Jesus. Satura-me com o óleo do teu Espírito...".
Após muita oração e a companhia de alguns amigos, ele resolve ir para os índios Quechua. Pouco tempo depois, Jim se lembra dos índios aucas (hoje conhecidos como Huaoranis) que tinham a fama de serem muito violentos e que não possuíam nenhum contato com o mundo exterior. Com o propósito de levar o evangelho aos índios huaoranis, o grupo começou a elaborar um plano que ficou conhecido como Operação Auca.
Pouco tempo depois o grupo resolve adentrar e estabelecer contato com aquela tribo. Ao chegarem na praia de seu acampamento, Nate e Jim avisaram aos outros que os aucas estavam vindo. Munidos de armas decidiram não utilizá-las. Pouco tempo depois chegaram os aucas e pouco esses cinco jovens puderam fazer. Seus corpos foram encontrados brutalmente perfurados por lanças e machados.
As esposas desses missionários, apesar da grande dor que sofreram, decidiram continuar com a missão, e algum tempo depois foram sucedidas na evangelização dos aucas. A tribo foi evangelizada e alguns anos mais tarde, o assassino de Jim Elliot, agora convertido ao Senhor Jesus e líder da igreja na aldeia batizou a filha de Jim e Elizabeth no rio onde seu pai tinha sido morto.
Jim Elliot procurou servir a Jesus com todas as suas forças e a maior parte de sua vida e de seu ministério é contado por sua esposa Elizabeth em dois livros publicados posteriormente. Sua célebre frase, encontrada em seu diário nos inspira a entregar sem reservas a nossas vidas nas mãos do Mestre: "Aquele que dá o que não pode manter, para ganhar o que não pode perder, não é um tolo".¹
Assim como Jim Elliot e seus amigos sabiam que viver para Cristo era o que mais lhes importava, também devemos ter a mesma e seguirmos as palavras de Paulo que dizem: "Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3.14).
2. Quando Deus guia seu povo, ele os abençoa.
"Porém eu não quis ouvir a Balaão; pelo que ele vos abençoou grandemente e eu vos livrei da sua mão" (v.10). Queridos, vemos aqui como Josué discorre dizendo ao povo o quanto Deus havia protegido-os de inúmeros ataques e maldições que os outros povos desejam lançar contra eles. Sabemos que Balaão havia sido chamado por Balaque, rei de Moabe (v.9), para lançar maldição sobre Israel - mas Deus não permitiu que tal coisa fosse feita.
Neste momento nos lembramos do Salmo 91.7,10 que diz: "Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda".
É por demais salutar que entendamos que o cristão não pode ser atingido por praga alguma feita contra ele. É totalmente estranho às Escrituras o fato de pessoas professarem a fé cristã e mesmo assim viverem temendo "forças ocultas" ou "trabalhos de macumba" feitos contra ela. Certo estou de que não devemos subestimar o inimigo - pois o único capaz de derrotá-lo é Deus e não nós -, contudo, nos deparamos com muitas pessoas na igreja que dizem crer num Deus soberano e onipotente em suas vidas, mas constantemente negam sua fé na prática, pois vivem temendo mais ao Diabo do que a Deus (já escrevi sobre isso - A quem devemos temer?).
3. Não são as armas humanos que conquistam a vitória.
"Não foi a espada e o arco que lhes deram a vitória" (v.12). Após discorrer sobre como eles haviam presenciado a mão protetora do Senhor, que havia os tirado do Egito, os havia protegido contra o inimigo e os havia feito vitoriosos diante de inúmeras batalhas, agora ele passa a instar-lhe para não confiarem em suas armas, tampouco acharem que estas foram a razão de sua vitória.
Lembremos de Gideão (posterior a Josué), quando derrotou o exército de midianitas - que ficavam invadindo a terra dos israelitas - de forma inesperada e ousada. O Senhor já havia dito a Gideão: "Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou" (Jz 7.2). Assim como o Senhor falou a Gideão e os seus, também salientou ao povo - por meio de Josué - para que não pensasse que a sua própria força havia sido a causa das suas conquistas.
Precisamos atentar para que, embora o homem seja responsável diante de Deus - e acredite, isso é muito, mas muito importante mesmo -, essa responsabilidade de modo algum fere a soberania do Senhor. Devemos levar cativo que nossa responsabilidade está subordinada à soberania plena de Deus sobre todos os eventos do mundo - quer sejam bons, quer sejam maus. Se não fosse assim, como José conseguiria ter controlado o curso de sua vida? De que modo Moisés conseguiria operar tantos milagres no Egito e abrir o mar Vermelho com sua própria força? Como Gideão teria vencido aquele exército que "subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em grande multidão que não se podia contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra, para a destruir" (Jz 6.5)?
O Salmo 20.7 nos diz qual a atitude de um crente diante das batalhas da vida: "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus". Assim como estes homens deveriam saber que suas forças não estavam em artifícios humanos, nós também devemos fazer o mesmo.
Paulo também expressou essa certeza ao dizer: "Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo" (1Co 15.10).
4. Devemos seguir ao Senhor acima de todas as coisas.
"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (v.15). Josué já havia dito ao seu povo: "Agora temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor. Se, porém, não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo" (v.14,15) . Josué aqui fala com ironia contra o povo de Deus, dizendo-lhes que restavam apenas duas opções: Servir aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates (v.15) ou servir ao deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo.
Vejamos que Josué lhes expõe duas opções ruins - não há o Deus verdadeiro para eles escolherem! Josué fala de tal modo para lhes mostrar a gravidade da situação em que estão e para que visualizassem que estão à beira da ruína.
O livro de Juízes retrata como foi a vida do povo de Israel após a morte de Josué. Nos é dito que constantemente eles "fizeram o que o Senhor reprova" (Jz 2.11; 3.12; 3.17; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1).
A passagem de hoje deseja mostrar-nos que mesmo que todos ao nosso redor venham a desviar-se e passem a seguir outros deuses - que "são vaidade... como a palmeira, obra torneada, porém não podem falar; certamente são levados, porquanto não podem andar" (Jr 10.3,5) - o verdadeiro cristão deve e permanecerá firme.
Que possamos crescer na sabedoria e confiança no Senhor, "para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente" (Ef 4.14).
Amém.
Nota:
[1]Clique para ler na íntegra: http://katalage.blogspot.com/2007/04/jim-elliot.html
domingo, 22 de maio de 2011
Não negociamos princípios! O desabafo de um pastor contra a tal da “homofobia”.
O desabafo de um pastor contra a tal da “homofobia” -
por Gilson Souto Maior Junior*
Para a tristeza de todos aqueles que amam a Palavra de Deus e buscam viver uma vida digna de modo sóbrio, justo e piedoso, no último dia 5 de maio o STF e seus nobres juízes decidiram de modo despótico algo que a maioria da população brasileira não aceita: a idéia de que um “casal” homossexual seja visto como uma unidade familiar. Não se viu o bem comum, mas apenas o bem de um grupo que deseja se sobrepor sobre os outros como se não houvesse leis que protegessem o ser humano. As leis devem cumprir seu papel de defender os bons costumes e a integridade do ser humano e não favorecer grupos exclusivos.
Nossa palavra não é contra os homossexuais. A Igreja é contra o homossexualismo! Ninguém em sã consciência deve tratar mal um homossexual, mas deve ajudá-lo segundo as Escrituras, pois Deus fez homem e mulher, estabelecendo um parâmetro familiar entre macho e fêmea, não entre pessoas do mesmo sexo (Gn. 2:24). Reiteramos nossa posição de forma clara já que nossa submissão é a Palavra de Deus em primeiro lugar, pois “... É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” (At. 5:29).
Sim, homossexualismo é pecado e desagrada a Deus, ou “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos” (1Co. 6:9). Nossa posição é contra aqueles “que praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os seqüestradores, para os mentirosos e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à sã doutrina” (1Tm. 1:10). Continuaremos a ensinar o que a Bíblia diz: “Não se deite com um homem como quem deita com uma mulher; é repugnante” (Lv. 18:22). No hebraico “deitar” significa “copular, um lugar onde se dorme e geralmente de conotação sexual entre homem e mulher”. Sim, a Bíblia é clara que “Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante...” (Lv. 20:13).
Sim, continuaremos manifestando nossa posição e não vamos nos calar, mesmo que nos ameacem. Vamos lutar pelo nosso direito de expressão, pois acreditar no que quiser é um direito essencial a cada ser humano. A consciência é foro íntimo, inviolável, sobre o qual outros não podem legislar. Mas muitos dos defensores do homossexualismo, em nome da “diversidade” querem tornar todos iguais e calar os “radicais”, os “conservadores”, os “fundamentalistas”, querem depreciar a fé e a consciência dos que não concordam, tentando pichá-los de “ignorantes” e “fora-da-lei”. Esquecem, entretanto, que faz parte da nossa humanidade termos nossas próprias ideias, convicções e crenças. E é daqui que procede a liberdade de expressão, que consiste no direito de alguém declarar o que acredita e os motivos pelos quais acredita de determinada forma e não de outra. Nesse direito está implícito o “contraditório”, que é a liberdade de crítica e posicionamento contrário às expressões ou manifestações de outras pessoas em qualquer área da vida. A liberdade de consciência diz respeito ao que cremos, intimamente, e a liberdade de expressão é a manifestação externa dessas crenças.
A liberdade de consciência e de expressão do pensamento é garantida pela Constituição, sendo garantida a inviolabilidade dessa condição de igualdade. Se todos são iguais, todos podem expressar suas ideias, pensamentos e crenças, desde que os direitos dos outros sejam respeitados. Ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, a Constituição diz que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (Art.5º - IV) e que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (Art.5º - VI). A liberdade de expressão religiosa é decorrente da liberdade de consciência e consiste no direito das pessoas de manifestarem suas crenças ou descrenças. Aqui se incluem adeptos das religiões, do ateísmo e do agnosticismo. Conforme o mesmo artigo “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política...” (VIII).
Portanto, não negociamos princípios. Somos contra o homossexualismo, não aceitamos a decisão do STF e não aceitamos chamar essas “uniões” de família. Somos fundamentalistas, porque cremos em fundamentos inabaláveis e eternos; somos conservadores sim, pois queremos conservar a célula mãe da sociedade, a família.
Querem nos chamar de radicais? Pois nos chamem, pois nosso compromisso é radical por Aquele que fez tudo por nós e morreu na cruz para pagar nossos pecados. Cremos na restauração do ser humano e continuaremos pregando que a homossexualidade é pecado, que os homossexuais precisam de conversão e que a graça de Deus é capaz de restaurá-los.
*Gilson Souto Maior Junior, pastor sênior da Igreja Batista do Estoril, professor de Antigo Testamento e Hebraico na Faculdade Teológica Batista de Bauru – Fateo.
Fonte: Blog dos Eleitos
sábado, 21 de maio de 2011
Só nos eleitos é a fé real e eficaz; nos réprobos, ela é apenas aparente e ineficaz
ela é apenas aparente e ineficaz - por João Calvino
Além disso, ainda que a fé seja o conhecimento da divina benevolência para conosco e a segura convicção de sua verdade, contudo não é de admirar que nos chamados justos, temporariamente, se desvaneça o senso do amor divino, o qual, embora seja afim à fé, entretanto difere muito dela. Declaro que a vontade de Deus é imutável e sua verdade é sempre consistente com a mesma. Contudo nego que os réprobos avancem até o ponto de penetrar essa secreta revelação que a Escritura reivindica só para os eleitos. Nego, porém, que eles ou apreendam a vontade de Deus, como é imutável, ou com real constância lhe abracem a verdade; por isso é que se detêm em um sentimento evanescente, como uma árvore, plantada não bastante funda para produzir raízes vivas, seca-se no decurso do tempo, ainda que por alguns anos simule não só flores e folhas, mas até mesmo frutos.
Enfim, assim como pela queda do primeiro homem pôde-se apagar de sua mente e de sua alma a imagem de Deus, assim também não é de admirar se a alguns réprobos Deus ilumine com os raios de sua graça, os quais, mais tarde, permite que se extingam. Tampouco coisa alguma impede que Deus a uns tinja levemente de conhecimento de seu evangelho, a outros infunda profundamente. Isto, contudo, devese manter: por mais exígua e débil que a fé seja nos eleitos, entretanto, uma vez que o Espírito de Deus lhes é o seguro penhor e selo de sua adoção [Ef 1.14], jamais se pode apagar de seus corações o que ele neles gravou. Quanto à iluminação dos réprobos, finalmente se dissipa e perece, sem que possamos dizer por isso que o Espírito engana a alguém, pelo fato de que não vivifica a semente que jaz em seu coração, de sorte que permaneça sempre incorruptível como nos eleitos.
Portanto, vou mais longe: uma vez que do ensino da Escritura e da experiência diária se faça patente que os réprobos são, por vezes, tocados pelo senso da graça divina, necessariamente se lhes desperta no coração certo desejo de amor mútuo. Assim, por certo tempo vicejou em Saul um afeto piedoso para que amasse a Deus, de quem, reconhecendo ser tratado paternalmente, era tomado de algum dulçor de sua bondade. Mas, uma vez que nos réprobos não se arraiga profundamente a convicção do paterno amor de Deus, não o amam plenamente como filhos; pelo contrário, são conduzidos por certa disposição mercenária. Ora, só a Cristo foi dado esse Espírito de amor, com esta condição: que o instile em seus membros; na verdade esta afirmação de Paulo não se estende para além dos eleitos: “Porquanto o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” [Rm 5.5]; isto é, esse amor que gera aquela confiança de invocação que abordei acima [Gl 4.6].
Assim vemos, por outro lado, que Deus se ira paradoxalmente com seus filhos a quem não deixa de amar; não que em si os deteste, mas porque os quer aturdir com o senso de sua ira, para que lhes humilhe a soberba da carne, sacuda-lhes o torpor e os provoque ao arrependimento. E assim concebem-no ao mesmo tempo não só irado contra eles, ou contra seus pecados, mas também propício para com eles; pois eles não fingidamente suplicam que lhes seja desviada sua ira, enquanto nele se refugiam com serena confiança. Com estas considerações, de fato fica evidente que alguns não estão a simular fé, os quais, no entanto, carecem da verdadeira fé. Ao contrário, enquanto são levados de súbito impulso de zelo, enganam-se a si próprios com uma opinião falsa. Nem há dúvida de que deles se assenhoreie a displicência, de sorte que não examinam devidamente o próprio coração, como seria de esperar. É provável que tais tenham sido aqueles em quem, conforme o testifica João, “Nem mesmo Jesus confiava neles, porque conhecia a todos; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” [Jo 2.24, 25].
Pois, se muitos não decaíssem da fé comum (chamo-a comum pela grande semelhança e afinidade da fé temporária com a fé viva e permanente), Cristo não teria dito aos discípulos: “Se permanecerdes em minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres” [Jo 8.31, 32]. Pois estava dirigindo a palavra àqueles que haviam abraçado seu ensino e os exorta ao progresso da fé, para que não viessem, por seu torpor, a extinguir a luz que lhes fora dada. Por isso Paulo reivindica a fé real exclusivamente para os eleitos [Tt 1.1], significando que muitos fenecem, porque não têm exibido a raiz viva. Assim também fala Cristo em Mateus [15.13]: “Toda árvore que meu Pai não plantou será desarraigada.”
Em outros, sua zombaria é ainda mais crassa, os quais não se acanham de querer enganar a Deus e aos homens. Contra essa espécie de homens, que profanam impiamente a fé com falaz pretexto, Tiago investe resoluto [Tg 2.14-26]. Tampouco Paulo requereria dos filhos de Deus “uma fé não fingida” [1Tm 1.5], a não ser pelo fato de que muitos arrogam para si ousadamente o que não têm, e com vã aparência enganam ou a outros, ou por vezes a si próprios. E assim ele compara a boa consciência a uma arca em que se guarda a fé, porquanto muitos, ao desviar-se daquela, tornaram-se náufragos no tocante a esta [1Tm 1.19].
Em: Institutas da Religião Cristã, 3,II,xii, Edição Clássica, Editora Cultura Cristã
Fonte: Blog dos Eleitos
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