quinta-feira, 29 de março de 2012

Bênçãos do Temor de Deus


O que tornava a igreja primitiva diferente da igreja contemporânea? Certamente, eu não preciso convencer você de que essa diferença existe. Ao examinarmos o livro de Atos dos Apóstolos, essa diferença se torna nítida, mas não ao nosso favor.

Talvez o episódio de Ananias e Safira, relatado em Atos 5, possa esclarecer-nos esse fato. Deus parece ter feito do engano desse casal um exemplo singular, tornando-se a única ocasião no Novo Testamento em que Ele puniu alguém com a morte por causa de hipocrisia. Admiro-me quantos funerais nós teríamos, se Deus agisse de maneira semelhante em nossos dias. No entanto, não estamos empobrecidos pela falta daquele santo temor que acompanhou aquela disciplina e trouxe as diversas bênçãos que o acompanharam? Quando Deus tirou publicamente a vida daquele casal mentiroso, somos informados: “E sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a notícia destes acontecimentos”. Um forte temor piedoso permeou a igreja e a comunidade, assegurando o favor divino. Qual era a diferença? Eles aprenderam a temer a Deus, e nós temos esquecido como temê-Lo.

Resultados significativos surgiram desse acontecimento, começando com o aumento do poder de cura dos apóstolos. Curar era um dos “sinais do apostolado” outorgado por Cristo para autenticar seus representantes autorizados. Todavia, os homens escolhidos para essa honra não podiam exercer seu poder com a mesma eficácia em todas as ocasiões. Não devemos nos admirar disso, pois mesmo o poder de Cristo foi restringido diante da incredulidade (Mc 6.5). Isto não quer dizer que a falta de fé pode reduzir a onipotência. Entretanto, onde os homens deixam de crer, eles falham em apropriar-se humildemente; assim, poucos milagres acontecem. De maneira semelhante, o renovado temor de Deus que acompanhou a divina execução de Ananias e Safira trouxe uma fé renovada no poder de Deus e uma conseqüente ampliação do ministério de cura dos apóstolos. Quando contemplada de conformidade com este modelo, a severidade de Deus é vista como expressão de sua misericórdia — uma misericórdia realmente severa.

Uma renovada união entre os membros do corpo de Cristo foi outro resultado notável. A unidade da igreja primitiva, que parece admirável para nós hoje somente por causa de sua ausência relativa em nossos dias, foi uma das características mais importantes da igreja no seu início. O pecado destrói a unidade; e a hipocrisia gritante se torna uma ferramenta de Satanás para atacar a solidariedade da igreja. Deus, porém, sabe como restaurar as devastações causadas pelo pecado. A sua disciplina severa trouxe temor acompanhado, sem dúvida, por confissão e pureza nos corações, os quais, por sua vez, resultaram em um novo senso de amor e de unidade. A condição fragmentada da igreja de Cristo hoje é um testemunho silencioso de nosso reduzido nível de temor a Deus.

Talvez o resultado mais admirável foi a relutância das pessoas em unirem-se à igreja, uma relutância que foi acompanhada por um respeito mais intenso na comunidade. Em nossos dias, unir-se à igreja freqüentemente é mais fácil do que tornar- se membro de sociedades filantrópicas; e as pessoas aos milhares estão levianamente se tornando membros de igrejas, com o previsível resultado de que a igreja torna-se pouco respeitada. A igreja era altamente respeitada em dias quando pessoas que não possuíam a genuína experiência de conversão sentiram medo de unir-se a ela. Hoje, porém, quase todos podem se unir à igreja: esse é o motivo por que muitas igrejas não diferem do mundo. Não podemos encher nossas igrejas com pessoas não-convertidas e, ao mesmo tempo, ganhar o respeito do mundo. Quando a igreja se torna mundana e o mundo se torna igrejeiro, a igreja perde tanto o respeito quanto o poder de Deus. Está na hora de as igrejas seguirem o exemplo apresentado em Atos 5, o exemplo de disciplinar membros que estão vivendo em pecado público, e o exemplo de comportar-se de tal maneira que as pessoas de pretensões carnais temerão unir-se a ela. O moderno movimento de crescimento de igrejas nos ensina que estas devem se tornar mais atraentes às pessoas do mundo e reestruturar sua adoração, de modo que todos sintam-se confortáveis. A Bíblia nos ensina a nos tornarmos menos semelhantes ao mundo, para que tenhamos a aprovação e o poder de Cristo.

É interessante que o resultado final foi um aumento nas conversões e crescimento. As próprias coisas que alguns afirmam serem impedimento ao crescimento, na realidade aceleraram o crescimento. Uma vez mais, o caminho de Deus se revelou ser oposto ao caminho do homem. Temos de resolver em quem cremos: nos “experts” que mascateiam a sabedoria do mundo, ou na Bíblia, que é a sabedoria de Deus. Qual é a grande diferença entre aquela época e a nossa? Ora, estamos fazendo a igreja se tornar tão popular quanto possível, resultando na ausência de temor a Deus.

Naquela época, Deus se revelou como um poderoso Juiz que não tolera qualquer desrespeito pecaminoso; e isso resultou em grandes bênçãos para os crentes e para os incrédulos, ao mesmo tempo. Que tipo de abordagem você imagina que mais provavelmente produzirá resultados duradouros hoje?

Por Greg Barkman.

Um comentário:

  1. Excelente Post, retrata o triste retrato da Igreja Cristã Brasileira.. As pessoas deveriam sem sombra de dúvida servir nas Igrejas com mais tremor e temor a Deus.
    Paz e Graça.
    Elenice Rabelo.

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