segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Carta ao Giovani - Um crente que usa o celular durante o culto


*A presente carta é de gênero fictício, embora contenha situações da vida real.

Olá, Giovani. 

Como você já deve ter lido, a Bíblia afirma que não devemos repreender o rebelde, aquele indivíduo orgulhoso e que não deseja aprender, mas, sim, ao sábio, pois este ama ser guiado na sã doutrina - "Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará" (Pv 9.8). Desta forma, quero crer que a presente carta é dirigida a você como sendo sábio, alguém prudente, mas que atualmente tem tido uma certa atitude que não condiz com a vida cristã.

Veja, querido Giovani, que tenho reparado (assim como outras pessoas) em sua atitude durante o culto ao Senhor. Embora demonstre interesse pela Palavra, muitas vezes quando os olhos se voltam para você, vejo que estás de cabeça baixa, mas não para orar ou meditar, e sim para utilizar o seu celular. É bem verdade que este dispositivo móvel é uma grande bênção e em situações excepcionais pode ser utilizado durante o culto, para o caso de uma chamada de emergência ou uma mensagem que necessite de resposta imediata; creio, porém (e tenho certas testemunhas que corroboram este entendimento), que não seja o seu caso.  Certamente não estou me referindo a usar o celular para gravar o culto ou mesmo como o antigo bloco de anotações, e sim às atividades frívolas e que não condizem com o culto ao Senhor. Deixe-me explicar melhor.

A Bíblia, sob a égide do Novo Testamento, afirma que não existe mais um santo lugar para adorar ao Senhor, como Jesus disse àquela mulher: "crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai" (Jo 4.21). Assim, o local onde junto congregamos, não se torna mais santo do que o seu quarto, pois "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4.24), seja onde você estiver, afinal, "quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1Co 10.31). Entretanto, não é porque o local deixe de ter alguma santidade maior, que isto enseje razão para brincarmos durante o culto.

Sei que ainda você não leu o Antigo Testamento inteiro, embora já devesse ter lido, pois há alguns tempo você professa a fé Cristo, mas importa notar que durante as cerimônias daquele tempo, havia uma santíssima reverência do povo à palavra pregada, às admoestações e exortações. No Novo Testamento também, como, por exemplo, quando o autor escreve aos Hebreus no capítulo 12, versículos 18 até 29. Note que aquele autor se dirige aos crentes judeus e diz que os antepassados "não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte será apedrejado ou passado com um dardo. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo" (Hb 12.20-21). Durante a manifestação de Deus no Monte Sinai, ninguém deveria tocar no monte, sob pena de ser morto. Todavia, diz o autor que agora, "chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos" (Hb 12.22), isto é, se anteriormente o povo não poderia tocar no monte, agora a Igreja chegou como que àquele monte, à cidade do Deus vivo e à Jerusalém celestial, isto é, a realidade do que aquilo era a sombra!! Note, ademais, como há uma firme admoestação ao povo: "Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus" (Hb 12.25). E finaliza dizendo: "Porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hb 12.29).

Perceba, desta forma, que conquanto não estejamos mais diante do Monte Sinais em chamas, a mesma visão que fez Moisés dizer "Estou todo assombrado, e tremendo" (Hb 12.21), é a que hoje fala por meio dos presbíteros, isto é, dos pastores. Tanto é verdade, que logo adiante na mesma carta, o autor escreve dizendo: "Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil" (Hb 13.17). Certamente que não estou dizendo que você deve obedecer cegamente ao que ouve do púlpito, porque é um dever de todo o crente examinar a Escritura, a fim de saber "se estas coisas eram assim" (At 17.11), mas subsiste o dever imperioso de atentar para o momento do culto, pois o vosso pastor cuida de sua vida.

Neste mister, Giovani, lembre-se que o dever de obedecer ao pastor, não é o fim, mas o meio. Quer dizer, quando Jesus diz que quando fizemos o bem à família da fé (1Tm 5.8), "a mim o fizeste" (Mt 25.40), se depreende o entendimento de que quando recebemos algo de alguém - o que inclui a pregação da palavra -, estamos recebendo o próprio Senhor, conforme Ele registra em Sua Palavra: "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores [...] Querendo o aperfeiçoamento dos santos [...] Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo" (Ef 4.11-13 - grifado agora).

Entenda, amado irmão, que uma vez que a Igreja do Senhor deve ser unida para mútua cooperação (Ef 4.1-7), você deve cessar com suas mensagens de celular, jogos e demais distrações durante o culto, pois muito embora, como já dito, você não esteja em um local mais santo do que os demais, quando você se reúne com os irmãos, se empenha em juntos louvarem ao Senhor e d'Ele aprenderem mais. Assim, é uma ofensa a Deus que ordenou pastores para edificação de Seu povo, quando você faz pouco caso da pregação. Ainda neste deságue, sua distração com o celular, além de lhe prejudicar, atrapalha outros irmãos que pretendem prestar a atenção no culto.

Por fim, mas não menos importante, jamais se esqueça, sem querer se reduntante, que o culto não termina quando acaba, ou seja, ainda que o pastor tenha cessado sua pregação e até mesmo todos já tenham se despedido, é a partir deste momento que começa, talvez, uma das partes mais importante do culto: o viver aquilo que se ouvir, porque assim somos instados: "sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Tg 1.22).

Que Deus lhe abençoe e lhe encaminhe ao firme temor do Senhor.

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