quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Amando nossas esposas ainda quando solteiros


Ultimamente tenho meditado e conversado muito à respeito do matrimônio, razão pela qual decidi escrever sobre o assunto. Creio que a disposição de nos prepararmos para o casamento demonstra o quanto já amamos ou não nossas esposas. Na minha concepção a preparação para o casamento é, em si, um ato de amor consumado.
Como posso me preparar para amar a minha esposa desde já? Ou, mais especificamente, como posso amá-la hoje, mesmo sem conhecê-la? É sobre isso que pretendo discorrer.

Trabalhando duro:
Nos primeiros capítulos de Gênesis temos uma descrição clara dos papéis de homem e mulher no lar (tanto antes da queda quanto depois, suas funções são as mesmas). E nós, homens, fomos chamados para derramar nosso suor no trabalho (Gn 3.17). Através dele e pela graça de Deus (Sl 127.1,2) levaremos o sustento para nossas casas. Enquanto solteiros devemos nos esforçar arduamente em nossa profissão visando o futuro de nossa esposa e filhos.
Essa parte do trabalho é ponto pacífico, mas gostaria de tratar da questão braçal, daquilo que fazemos fora do ambiente de trabalho.
A vida cristã não é para preguiçosos (2 Ts 3.10), assim também o casamento. Não podemos nos esquecer de forma alguma que nosso “trabalho duro” não se resume às 8 horas diárias de nossas profissões. É triste ver homens SOLTEIROS que depois de um longo dia de trabalho só querem chegar em casa, sentar no sofá e relaxar! Temos que aprender desde já a não nos darmos descanso. Seremos responsáveis por resolver todos os problemas da casa, desde trocar uma lâmpada até fazer uma mudança inteira. Qualquer acidente no lar, reparos necessários, ajustes, levar o lixo para fora, carregar as compras, concertar um móvel (ou automóvel), furar uma parede, limpar o telhado, desentupir uma pia, etc… Tudo estará sobre os nossos ombros! Em nosso papel de maridos, NÃO HÁ ESPAÇO PARA PREGUIÇA! Então desde hoje precisamos aprender a ver o trabalho DURO E ÁRDUO como uma bênção de Deus, e nos deleitarmos nele sem murmuração alguma e muito menos preguiça ou “corpo mole”. Se hoje fugimos ou evitamos essas tarefas muito mais o faremos quando nos casarmos. Dessa forma traremos estabilidade, segurança e descanso para nossas esposas no futuro.
Estudando a Palavra:
Uma outra forma de demonstrarmos amor verdadeiro pelas nossas futuras esposas é nos esmerarmos desde já no estudo da Palavra de Deus sendo, desta forma, homens que manejam bem a palavra da verdade (2 Tm 2.15). Não seremos apenas provedores de nossos lares, mas também sacerdotes e profetas. Isso significa que teremos a responsabilidade diante de Deus de trazer o ensino de sua verdade primeiramente à nossa esposa e, posteriormente, aos nossos filhos. Devemos aproveitar ao máximo nosso tempo de solteiros para nos debruçarmos sobre a Bíblia firmando em nós os fundamentos de nossa fé.
Quanto mais literatura, melhor. Procurando bons comentários bíblicos, confissões de fé reformadas (principalmente a de Westminster), obras de nossos irmãos do passado (os pais da igreja, reformadores, puritanos) e também os do presente! Tudo isso, na medida do possível, debaixo de uma orientação pastoral firme para não nos deixarmos levar por doutrinas mirabolantes e formarmos uma teologia “Frankenstein”. Mas que façamos um arcabouço seguro, forte e harmônico do que toda a Bíblia nos traz.
Amando ao nosso próximo como a nós mesmos:
Uma das maneiras mais práticas de se preparar para amar nossas esposas é amando aqueles que nos rodeiam. O modo como nos relacionamos com os outros hoje será o modo como trataremos nossas esposas amanhã! Eu nunca me esqueço das palavras de meus pais durante minha disciplina, especificamente após ter pecado contra minha irmã. Eles confrontavam meu pecado aplicando-o, também, ao casamento. Sempre me perguntavam se era dessa forma que eu agiria com minha esposa! E eu, com toda a certeza, dizia: “É claro que não! Nunca agiria assim com a minha esposa”. Quanta ingenuidade e orgulho! E nisso muitos também se enganam… Se você, HOJE, não respeita seu próximo seja ele quem for não pense que o fará depois de colocar a aliança no dedo. Amando nosso próximo dia após dia estaremos exercitando em nós o mesmo sentimento que Deus teve para conosco em Cristo Jesus, com um amor sacrificial, que se coloca em posição inferior ao próximo (Fp 2.3), que não procura seus próprios interesses e não se exaspera (1 Co 13.4-7). Ao obedecermos com alegria este mandamento, muito mais o faremos com aquela que será osso dos nossos ossos e carne da nossa carne! A forma com que você se relaciona hoje com seu próximo será a forma como se relacionará com sua auxiliadora no futuro. Se você quiser amar sua esposa verdadeiramente no matrimônio, o faça hoje com aqueles com quem você convive.
Buscando o padrão de Mateus 5.3-9:
Bem-aventurados os humildes de espírito; os que choram; os mansos; os que têm fome e sede de justiça; os misericordiosos; os limpos de coração; os pacificadores.
Como não citar as bem-aventuranças? No início do sermão do monte, nosso Senhor Jesus nos traz uma dura e, ao mesmo tempo, consoladora palavra a respeito daqueles que pertencem ao reino dos céus. Dura porque sabemos que é um padrão muito acima daquilo que somos capazes; e consoladora porque sabemos que o Senhor nos dá graça para perseverarmos nesses caminhos. Todas essas características devem ser buscadas e almejadas por nós como cristãos, primeiramente. Sabendo que nosso Deus ouve nossas orações e não nega seu Espírito aos que o pedem de coração. Em desejarmos, buscarmos e praticarmos estas coisas encontraremos o favor do Senhor em nossas vidas espirituais particulares e, posteriormente, conjugal e familiar. Amamos nossas esposas ao forjarmos em nós desde já uma semelhança com nosso Salvador.
Buscando o padrão de Gálatas 5.16-26:
Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.
Praticamente todo cristão sabe de cabeça os frutos do Espírito, entretanto creio que nem todos vêem a real importância deles em nossas vidas porque não o enxergamos dentro do contexto em que está inserido. Esta passagem trata de mortificação do pecado! Porque é através dela que tais frutos são produzidos em nós. Precisamos destruir nossa carne crucificando-a da mesma forma cruenta e impiedosa que fizeram com nosso Salvador na cruz (e esta é a idéia contida no verso 24). Estamos em guerra! “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne”. Aquele que se der por desavisado será tragado repentinamente! Não podemos viver em paz com o pecado, antes, temos que tratá-lo com a mesma vileza com que ele nos assedia, usando de todos os meios de graça que o Senhor nos concedeu para tal. Esse processo de mortificação diária em nossas vidas produzirá tais frutos do Espírito em nós e em nosso futuro lar! Ao declararmos guerra contra o pecado desde já individualmente, estaremos nos firmando em uma vida prática de piedade que trará benefícios enormes à nossa futura esposa e filhos. Quão grande é tal prova de amor!
Buscando o padrão de 1 Timóteo 3.1-3:
Irrepreensível, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não dado ao vinho, não violento, cordato, inimigo de contendas, não avarento.
Nesta passagem estamos diante das qualificações necessárias a todo aquele que aspira ao episcopado (o ministério pastoral). Todas essas virtudes devem ser marcas características do homem que almeja pastorear a igreja de Cristo, mas creio que não seria insensato dizer que é um padrão para todo aquele que se diz filho de Deus. Se quisermos nos tornar homens intrépidos em nossa peregrinação, devemos proceder de tal forma. Homens com essas características são aqueles que lutam pela igreja de Cristo com unhas e dentes (sendo estes bispos ou não). Homens com essas qualificações são capazes de conduzir seus lares de acordo com a mente do nosso Senhor Jesus Cristo, com toda a humildade e verdade baseada no fundamento que jamais se abalará. Quão estável e agradável é o lar direcionado por alguém com todas essas virtudes. Com toda a certeza, o coração de sua esposa repousará tranquilamente em tal liderança.

“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim. Quem ama seu filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim” (Mateus 10.37)

Aquele que busca trabalhar e moldar sua masculinidade através destes princípios bíblicos está, primeiramente, amando a Deus acima de todas as coisas e em segundo lugar está amando e aprendendo a amar sua futura esposa mesmo que ainda não a conheça. Mas, é claro, devemos estar atentos para não invertermos os papeis: é o nosso relacionamento com Deus que irá nos moldar como maridos piedosos, é o nosso amor a Deus que irá gerar o amor ao nosso cônjuge. Porque tudo que foi abordado é, antes de mais nada, nossa obrigação vertical para com Deus.

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” (I Jo 4.20)

Se você busca todos essas virtudes já está se preparando para amar plenamente sua companheira e isso trará delícias ao relacionamento que, consequentemente, refletirá a verdade do evangelho. (Não são poucas as crises que se desencadeiam no casamento por conta da falta de preparação para o matrimônio. E refiro-me especificamente ao homem, pois se o lar não vai bem é sobre ele que repousa toda a responsabilidade).
“Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja”:
Por fim, temos um ensinamento claro nas Escrituras de que tudo que se refere ao relacionamento conjugal aponta primordialmente para a aliança entre Cristo e sua Igreja! Nós, como futuros maridos, devemos nos preparar o quanto antes para nosso casamento. Entretanto muitos podem objetar: “ah, essa preparação toda pode nunca redundar em nada, porque pode ser da vontade de Deus que eu nunca me case” ou “Essa preparação é tornar a esposa um ídolo em nossos corações”. E como réplica a tal argumento digo que, antes mesmo de sermos maridos em potencial, somos todos NOIVA DE CRISTO. Ao observarmos e andarmos de acordo com todas essas Palavras não estamos somente nos preparando para o nosso casamento daqui deste mundo, mas estamos em preparação para as bodas do Cordeiro, onde Cristo nos tomará para todo o sempre e seremos purificados por seu sangue, e assim passaremos toda a eternidade nesse casamento maravilhoso.
Então, no final das contas, ao nos esmerarmos arduamente para desposar aquela que amamos, estamos nos preparando para recebermos nosso Noivo. Ao amarmos nossa esposa (sendo ainda solteiros ou casados) estamos amando a Cristo. Porque o fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Ao dedicarmos nossos esforços na preparação de um relacionamento conjugal, estamos nos preparando para a volta de nosso NOIVO, Jesus Cristo. Deus guarde nossos corações para que não vejamos o casamento como um fim em si mesmo, mas como o relacionamento eterno de Jesus Cristo e sua igreja redimida. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36)
- por Israel Quaresma
Fonte: Inconformados

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