quarta-feira, 20 de março de 2013

O Sermão Puritano


Os puritanos insistiam que o sermão deveria estar cheio de demonstrações de outras partes da Escritura, de forma que fosse bíblico. A estrutura do sermão era de tal forma que o fazia lógico e fácil de memorizar. O intenso desejo destes pregadores puritanos era fazer um sermão aplicativo com o propósito de que fosse transformador. Outra preocupação dos puritanos era que o sermão fosse direto, claro e concreto na sua apresentação.

O estilo de pregação anglicano, na época, era muito “florido” e poético, mas não comunicava aos ouvintes, em contraste com o estilo de pregação simples e direta que os puritanos desenvolveram. O propósito deste estilo de sermão puritano não era ser simples como um propósito em si mesmo, mas por amor à comunicação do Evangelho. Era na realidade uma filosofia de comunicação. Era um método que os capacitava a transmitir a mensagem na língua inglesa (numa língua conhecida) atingindo o povo em geral.

Alguém disse: “O sermão puritano não era uma espada de brinquedo, era um instrumento agudo, penetrante e capaz de ferir a alma”. Se o propósito era atingir as pessoas com o sermão, então elas deveriam ser capazes de entendê-lo e lembrá-lo. Foi através do estilo simples e direto de pregar que os puritanos conseguiram isso. Era o propósito do pregador encontrar-se com o povo nivelando-se com ele. Uma vez que os ouvintes entendessem o sentido do texto, os puritanos desejavam que eles sentissem a verdade expressa no texto. É verdade que eles usaram o método de retórica, mas nunca como um propósito em si mesmo para deixar as pessoas admiradas, mas como um veículo para comunicar a verdade ao coração. Quando falamos de um estilo simples e direto não devemos pensar que era um sermão sem qualquer adorno. O que contribuísse para a edificação do povo, os puritanos achavam que era útil, desde que não ultrapassasse as normas bíblicas. O que não contribuísse para edificação era considerado como vaidade e, por isso, deixado de lado.

A rejeição do estilo elaborado e florido da pregação anglicana advinha do fato da congregação não entendê-lo. O pregador puritano estava disposto a usar qualquer instrumento lícito que servisse como um meio para alcançar o fim que tinha em vista. E este fim era que a pessoa sentisse o poder e a realidade daquilo que o pregador falava. Por isso os pregadores puritanos usavam ilustrações da vida cotidiana, da natureza, da vida na fazenda, no lar, na loja e contavam até estórias populares, provérbios e ditos do povo do campo.

William Perkins, que foi o principal arquiteto deste método chamado de “novo método reformado de pregação”, foi também responsável e usado por Deus para que este estilo fosse adaptado e usado pelos demais pregadores puritanos. O seu livro “A Arte de Profetizar” tinha duas seções principais: (a) a preparação do sermão e (b) a proclamação do sermão. Na seção de proclamação ele coloca os princípios de uma pregação simples e direta.

Vejamos de forma breve o que Perkins diz: “Nós mantemos que na proclamação do sermão o pregador deve deixar de lado a sabedoria humana e pregar em demonstração do Espírito”. Diz ainda que a sabedoria humana deve estar oculta dentro do conteúdo do sermão e na sua entrega. Dizia isto porque “a pregação da Palavra é o testemunho de Deus e a confissão do conhecimento de Cristo e não da habilidade humana”. Dizia ainda: “Os ouvintes não deveriam ter uma fé dependente da habilidade humana, e, sim, do poder da Palavra de Deus”. Com a expressão “demonstração do Espírito” Perkins se refere à congregação que está julgando a manifestação do Espírito através das palavras do pregador. Então, a pregação tem de ser espiritual e cheia da graça.

A exposição espiritual é marcada por palavras que são simples e claras de tal forma que elas expressam a majestade do Espírito Santo. Para ser entendida pelo povo a pregação deve ser simples. Perkins se opunha a citações longas do latim e grego no sermão. William Perkins era contra o contar estórias ridículas e pueris. A pregação que é cheia da graça se manifesta quando a graça do coração se torna evidente no sermão. O sermão cheio da graça de Deus inclui: (1) a graça que vem de uma vida santa e (2) a graça do ministério. A graça de uma pessoa é a santidade do seu coração e uma vida que não pode ser questionada. Mesmo que isso não seja o que faz um pastor, na realidade é algo muito necessário.

A graça do ministério inclui três coisas:

(1) capacidade de ensinar;
(2) autoridade para ensinar e
(3) zelo no ensinar.

Perkins diz que na entrega do sermão a demonstração do Espírito se manifesta no uso da voz e do corpo. A voz tem de ser alta o suficiente para ser ouvida por todos; moderada quando se está entregando a doutrina; mais fervente e veemente quando no momento da exortação. Deve haver sempre seriedade nos gestos corporais.

O pregador não deve se fazer de palhaço ou de tolo no púlpito. A melhor maneira de se aprender a pregar desta forma, diz Perkins, é observar modelos de pregação.

Podemos ver estas coisas de forma simples para que os pregadores apliquem em seus sermões:
1) Estilo simples.
2) Entrega espiritual.

- por Joseph Pipa

Um comentário:

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