sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cerveja, Amigos e Teologia!

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Talvez o título tenha espantado alguns, mas essa era - e é - a realidade de muitos cristãos. Com isso não pensem que estou condenando tal triplicidade, mas pelo contrário, aprovando! Ainda em tempo de argumentação - não quero que qualquer leitor entenda que estou advogando a bebedeira, mas sim que estou instando-os para que aproveitem a vida e façam tudo para a glória de Deus.

Ontem, dia 07 de julho de 2011, reuni-me (eu e minha esposa) com alguns amigos - leia-se irmãos em Cristo - que já se reuném habitualmente para comer, beber e conversar sobre teologia. Estou cônscio de que para alguns a palavra cerveja seja lida como "coisa do diabo", "aquela que faz pecar", "a palavra que não podemos proferir" ou ainda outro significado estranho às escrituras. Mas é clarividente a todos os cristãos que não se pode inferir princípios vivenciais que não sejam firmemente nortedos pelas sagradas escrituras.

O fato é que enquanto estávamos comendo, bebendo ou fazendo qualquer outra coisa, estávamos Linkglorificando a Deus (1Co 10.31). Isso soa estranho para você? Se sim, por quê?

Concordo plenamente com a questão de que nosso país está quase que literalmente encharcado de bebidas fermentadas e destiladas e que elas tem levado muitos jovens à perdição. De forma alguma quero dizer que isso é pouca coisa, jamais! Também estou junto com aqueles que dizem que devemos evitar a bebida - ou ainda outra coisa - se isso fizer nosso irmão pecar (já preguei sobre isso, clique aqui para ler).

Contudo, é primordial que atentemos e cuidemos para não voltarmos ao que o gnosticismo pregava - e em alguns lugares ainda prega - que o espírito é bom (não o Espírito Santo, mas o espírito do entendimento comum) e o corpo físico é mau e que por causa disso devemos subjugá-lo à total negação de qualquer prazer "mundano". É contrário à bíblia e à sã doutrina a prática que diz que não podemos fazer nada de "mundano" - ou em outras palavras, exceto ler a bíblia, ficar em casa e orar o dia inteiro.

Certamente que a leitura e a prática da oração são indispensáveis para a vida do cristão - não há quem negue isso. Contudo, devemos levar uma vida que reflita nossa leitura e oração - "E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos" (Tg 1.22) - caso contrário, como poderíamos por em prática um cristianismo verdadeiro se ficássemos em caso o dia inteiro? Ou ainda, se álcool de fato é pecado, então praticamente todos os personagens bíblicos pecaram - e não me diga que o vinho bíblico era o suco de uva, por favor...

Há um erro muito grande que conseguiu se infiltrar na igreja que eu chamaria de "dualismo de natureza". Esse erro diz que o mundo tem duas naturezas: Uma criada e regida por Deus e outra - também criada por Deus - mas regida pelo Diabo. As coisas criadas e regidas por Deus seriam a natureza, a família, a igreja, saúde e outras coisas santificadas. As coisas regidas pelo Diabo seriam os esportes, as bebidas, a música e tudo quanto não se encaixe no padrão de santidade imposto por eles. Porém, Jesus já advertiu pessoas semelhantes ao dizer: "Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição" (Mc 7.9).

Amados, precisamos estar consciêntes de que de fato há muita - mas muita coisa mesmo! - que é errada e pecaminosa aos olhos de Deus. "Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina:Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos" (Pv 6.16.19). Porém, urge a necessidade de atentarmos para que muitas coisas que são ditas serem abominações para Deus, não passam de preceitos de homens - "Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens" (Mt 15.9).

A apóstolo Pedro já foi repreendio em sua visão sobre os animais puros e impuros aos olhos dos judeus e da lei. "Então uma voz lhe disse: "'Levante-se, Pedro; mate e coma'". Mas Pedro respondeu: 'De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo!' A voz lhe falou segunda vez: 'Não chame impuro ao que Deus purificou'" (At 10.13-15).

Também se faz notório que não demos razão ao pecado para que tenha liberdade em nossa vida, apenas porque - segundo alguns - "se tudo o que faço deve ser para a glória de Deus, então posso fumar uma 'baseado' para a glória de Deus, posso transar com minha namorada para a glória de Deus, posso faltar no culto dominical para a glória de Deus, posso desobedecer meus pais para a glória de Deus" e outras bizarrices mais. Precisamos ser maduros na fé ou então estaremos em um dos extremos; ou no legalismo ou no liberalismo.

Vemos, portanto, que aos olhos humanos muitas coisas são blasfemas - quem dirá cerveja, amigos e teologia juntos! - mas é mister que nos dobremos diante das sagradas escrituras, para que não imponhamos sanções sobre aquilo que o próprio Senhor não sancionou.

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1Co 10.31).

6 comentários:

  1. Show de bola Filipão!
    Que bom que você gostou de nosso encontro. Você é sempre bem vindo, assim como a Angela tem sido...

    A consciência da massa auto-intitulada cristã; oprimida por uma visão dualista da vida; tem encarcerado muitas pessoas à falsa segurança de guetos gospels com suas instituições fundamentalistas religiosas e demagogas.
    Quão bom seriam mais e mais pessoas dispostas a viverem em santidade de vida, em comunhão, em debates proveitosos para si e para orientção mútua; e tudo isso para a glória do Criador.
    Quão bom seria, nas palavras de nosso irmão Jeison, mais "entusiastas da criação"! Quão bom seria se houvessem mais pessoas dispostas ao estilo de vida puritano (verdadeiro, e não de espantalhos pré-concebidos).
    Eu tenho fé numa mudança de paradigma...

    Abração Filipe. Te amo cara! Deus lhe bendiga!
    Alberto Oliveira

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  2. Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor. Cantares 2:15
    Consideramos isso como pequenos atos , mas pela sua frequência e quantidade, devastam as nossas vidas: "Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?" (1 Coríntios 5:6).

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  3. Anônimo, o que seus versículos fora de contexto tem a ver com o presente artigo?

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  4. Felipe bom dia! Lí o artigo como a outros que estão na sua página, gostei de muita coisa, mas este artigo em especial, não chegou a nenhuma conclusão, achei suas idéias confusas e cheias de idas e vindas, a final você é ou não a favor do cristão beber cerveja com os amigos e ainda falar das escrituras sagradas?

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    Respostas
    1. "Anônimo", sim, sou a favor do cristão beber cerveja e falar das Escrituras.

      Na verdade, não é que "eu" sou a favor, mas sim que a Bíblia relata ser isso algo lícito, desde que com moderação e para a glória de Deus (1Co 10.31).

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  5. Caro Filipe
    A credito que outra abordagem interessante é a do prazer. Entendo que o prazer é bom, mas existe prazer que mesmo sendo bom mas traz culpa. Quando temos o Espírito Santo somos incomodados por isto. Existe uma visão teológica, talvez seja esta que você colocou, o dualismo, que delega ao diabo, uma espécie de fonte de alguns prazeres. Entendo que não existe fonte alguma no diabo, mas sim na carne que não se submete a vontade de Deus. A questão não é o álcool da cerveja ou do vinho e sim o coração em contato com o álcool. A boca fala do que o coração está cheio. O álcool tem o poder de dominar as nossas emoções. Quando estamos sem a influência alcoólica pensamos mais antes de falar. Um ser depressivo quando em contato com a bebida tem a sua condição liberada, pois o controle das emoções fica prejudicado. Um ser alegre e de bem com a vida em contato com o álcool vai rir muito mais. A questão é o autocontrole. Eu gosto de cerveja. Sempre gostei, mas hoje não tenho a mesma saúde de antes. Estou com cinquenta e quatro anos e sofro de enxaquecas. Mas quando posso compro umas cervejas artesanais, pois estas são diferenciadas e mesmo com álcool, são mais prazerosas o sabor. Não bebo frequentemente, pois como disse é um hábito meu, particular, sem público, pois não quero fazer ninguém tropeçar. Não sou pior por beber e nem melhor quando não bebo, pois não é nem a comida nem a bebida que nos recomenda a Deus, mas fujo do legalismo dualista e de tudo que liga o prazer ao diabo, ou a uma espécie de não santificação. Sou santo e bebo quando posso e quero,tal qual Jesus que era acusado de glutão e beberrão e afirmava que comia e bebia em público, mas para o religioso e neófito , tudo é motivo de escândalo.

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