quinta-feira, 28 de julho de 2011

Não há Casualidade em Deus


Não há Casualidade em Deus –
po Thomas Watson (1620-1686)

a.
A providência divina é predeterminada, mesmo que para nós pareça casualidade.

Uma segunda proposição é que essas providências, que para nós são eventuais e acidentais, são predeterminadas pelo Senhor. A queda de uma telha sobre a cabeça de alguém e o surgimento de um incêndio, o que nos parecem casuais, são, na verdade, ordenados pela providência de Deus. Tem-se um claro exemplo disso em 1 Reis 22.34: "Então, um homem entesou o arco e, atirando ao acaso, feriu o rei de Israel por entre as juntas da sua armadura". Esse acidente foi casual para o homem que entesou o arco, mas era divinamente ordenado pela providência de Deus. A providência de Deus dirigiu a flecha para que atingisse o alvo. As coisas que parecem acidentais, ou por acaso, são os canais dos decretos de Deus e a interpretação da sua vontade.

b. A providência divina deve ser considerada, mas não deve se tornar uma regra para nossas ações

Devemos considerar a providência de Deus em todos os aspectos de nossa vida, mas não devemos agir como que esperando apenas por ela. "Quem é sábio atente para essas cousas" (SI 107.43). É bom observar a providência, mas não devemos fazer dela nossa regra de vida. A providência é um diário do cristão, mas não sua Bíblia. As vezes, um motivo ruim predomina e se estabelece, porém, não deve ser apreciado por predominar. Não devemos pensar o melhor de algo que é pecado, simplesmente porque é bem-sucedido. Tais fatos não devem se tornar regra para o direcionamento de nossas ações.

c. A providência divina é irresistível, nada há que impeça sua realização.

Não há no caminho da providência de Deus nada que a embarace. Quando chegou o tempo da soltura de José, a prisão não mais pôde detê-lo. "O rei mandou soltá-lo" (SI 105.20). Quando Deus satisfez os judeus com liberdade de religião, Ciro, pela providência, baixou uma proclamação encorajando-os a irem a Jerusalém para construir o templo e adorar a Deus (Ed 1.2,3). Se Deus pretendia defender e proteger a pessoa de Jeremias no cativeiro, o próprio rei da Babilónia iria alimentar o profeta e dar ordens para que nada lhe faltasse (Jr 39.11,12).

d. A providência divina é plena de confiança, mesmo quando todas as circunstâncias parecem contrárias.

Deve-se confiar em Deus quando suas providências parecem contrárias às suas promessas. Deus prometeu dar a coroa a Davi, fazê-lo rei. Porém, a providência caminhava em direção contrária a essa promessa. Davi foi perseguido por Saul e ficou em perigo de morte, porém era dever de Davi confiar em Deus. Por favor, note que o Senhor, por intermédio das providências da cruz, sempre cumpre sua promessa. Deus prometeu a Paulo a vida de todos aqueles que estavam com ele no navio; mas, a providência de Deus parecia contrária a essa promessa, pois os ventos sopravam e o navio rachou e partiu-se em pedaços. E foi assim que o Senhor cumpriu sua promessa: boiando sobre os pedaços do navio, eles chegaram a salvo na praia. Confie em Deus quando as providências parecem contrárias às promessas.

e. As providências de Deus são um conjunto de vicissitudes, são entrelaçadas.

Na vida futura não haverá misturas: no inferno só haverá amargura, no céu, somente doçura. Porém, nesta vida, as providências de Deus são misturadas, há nelas tanto algo doce como algo amargo. As providências são como a coluna de nuvem de Israel, que conduzia o povo em sua marcha, que era escura de um lado e tinha luz do outro. Na arca estavam a vara e o maná, assim são as providências de Deus para seus filhos: há algo da vara e algo do maná. Dessa maneira, podemos falar, como Davi: "Cantarei a bondade e a justiça" (SI 101.1). Quando José estava na prisão, estava do lado escuro da nuvem; mas Deus estava com José, era o lado luminoso da nuvem. Os sapatos de Aser eram de bronze, mas seus pés eram banhados em azeite (Dt 33.24). Portanto, a aflição é o sapato de bronze que aperta, mas há graça misturada à aflição, por isso os pés estão banhados em azeite.

A mesma ação, se vier da providência de Deus, pode ser boa; mas se vier dos homens pode ser pecado Por exemplo, José vendido ao Egito por seus irmãos foi pecado, muito perverso, foi o fruto da inveja deles. Porém, como ato da providência de Deus foi bom porque, por causa disso, Jacó e toda a sua família foram preservados no Egito. Outro exemplo é a maldição de Simei sobre Davi. Simei amaldiçoou Davi, e isso foi perverso e pecaminoso, pois foi consequência de sua malícia. Porém, como sua maldição foi ordenada pela providência de Deus, foi um ato da justiça do Senhor para punir Davi e humilhá-lo por seu adultério e assassinato. A crucificação, como vinda dos judeus, foi um ato de ódio e de maldade contra Cristo. A traição de Judas foi um ato de cobiça. Porém, como cada um desses acontecimentos foi, também, um ato da providência de Cristo, então havia bondade neles. A morte de Cristo foi um ato do amor de Deus pelo mundo.

Fonte: Josemar Bessa

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