Filipe Luiz C. Machado
-----
Talvez o título tenha espantado alguns, mas essa era - e é - a realidade de muitos cristãos. Com isso não pensem que estou condenando tal triplicidade, mas pelo contrário, aprovando! Ainda em tempo de argumentação - não quero que qualquer leitor entenda que estou advogando a bebedeira, mas sim que estou instando-os para que aproveitem a vida e façam tudo para a glória de Deus.
Ontem, dia 07 de julho de 2011, reuni-me (eu e minha esposa) com alguns amigos - leia-se irmãos em Cristo - que já se reuném habitualmente para comer, beber e conversar sobre teologia. Estou cônscio de que para alguns a palavra cerveja seja lida como "coisa do diabo", "aquela que faz pecar", "a palavra que não podemos proferir" ou ainda outro significado estranho às escrituras. Mas é clarividente a todos os cristãos que não se pode inferir princípios vivenciais que não sejam firmemente nortedos pelas sagradas escrituras.
O fato é que enquanto estávamos comendo, bebendo ou fazendo qualquer outra coisa, estávamos glorificando a Deus (1Co 10.31). Isso soa estranho para você? Se sim, por quê?
Concordo plenamente com a questão de que nosso país está quase que literalmente encharcado de bebidas fermentadas e destiladas e que elas tem levado muitos jovens à perdição. De forma alguma quero dizer que isso é pouca coisa, jamais! Também estou junto com aqueles que dizem que devemos evitar a bebida - ou ainda outra coisa - se isso fizer nosso irmão pecar (já preguei sobre isso, clique aqui para ler).
Contudo, é primordial que atentemos e cuidemos para não voltarmos ao que o gnosticismo pregava - e em alguns lugares ainda prega - que o espírito é bom (não o Espírito Santo, mas o espírito do entendimento comum) e o corpo físico é mau e que por causa disso devemos subjugá-lo à total negação de qualquer prazer "mundano". É contrário à bíblia e à sã doutrina a prática que diz que não podemos fazer nada de "mundano" - ou em outras palavras, exceto ler a bíblia, ficar em casa e orar o dia inteiro.
Certamente que a leitura e a prática da oração são indispensáveis para a vida do cristão - não há quem negue isso. Contudo, devemos levar uma vida que reflita nossa leitura e oração - "E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos" (Tg 1.22) - caso contrário, como poderíamos por em prática um cristianismo verdadeiro se ficássemos em caso o dia inteiro? Ou ainda, se álcool de fato é pecado, então praticamente todos os personagens bíblicos pecaram - e não me diga que o vinho bíblico era o suco de uva, por favor...
Há um erro muito grande que conseguiu se infiltrar na igreja que eu chamaria de "dualismo de natureza". Esse erro diz que o mundo tem duas naturezas: Uma criada e regida por Deus e outra - também criada por Deus - mas regida pelo Diabo. As coisas criadas e regidas por Deus seriam a natureza, a família, a igreja, saúde e outras coisas santificadas. As coisas regidas pelo Diabo seriam os esportes, as bebidas, a música e tudo quanto não se encaixe no padrão de santidade imposto por eles. Porém, Jesus já advertiu pessoas semelhantes ao dizer: "Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição" (Mc 7.9).
Amados, precisamos estar consciêntes de que de fato há muita - mas muita coisa mesmo! - que é errada e pecaminosa aos olhos de Deus. "Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina:Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos" (Pv 6.16.19). Porém, urge a necessidade de atentarmos para que muitas coisas que são ditas serem abominações para Deus, não passam de preceitos de homens - "Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens" (Mt 15.9).
A apóstolo Pedro já foi repreendio em sua visão sobre os animais puros e impuros aos olhos dos judeus e da lei. "Então uma voz lhe disse: "'Levante-se, Pedro; mate e coma'". Mas Pedro respondeu: 'De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo!' A voz lhe falou segunda vez: 'Não chame impuro ao que Deus purificou'" (At 10.13-15).
Também se faz notório que não demos razão ao pecado para que tenha liberdade em nossa vida, apenas porque - segundo alguns - "se tudo o que faço deve ser para a glória de Deus, então posso fumar uma 'baseado' para a glória de Deus, posso transar com minha namorada para a glória de Deus, posso faltar no culto dominical para a glória de Deus, posso desobedecer meus pais para a glória de Deus" e outras bizarrices mais. Precisamos ser maduros na fé ou então estaremos em um dos extremos; ou no legalismo ou no liberalismo.
Vemos, portanto, que aos olhos humanos muitas coisas são blasfemas - quem dirá cerveja, amigos e teologia juntos! - mas é mister que nos dobremos diante das sagradas escrituras, para que não imponhamos sanções sobre aquilo que o próprio Senhor não sancionou.
"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1Co 10.31).
Show de bola Filipão!
ResponderExcluirQue bom que você gostou de nosso encontro. Você é sempre bem vindo, assim como a Angela tem sido...
A consciência da massa auto-intitulada cristã; oprimida por uma visão dualista da vida; tem encarcerado muitas pessoas à falsa segurança de guetos gospels com suas instituições fundamentalistas religiosas e demagogas.
Quão bom seriam mais e mais pessoas dispostas a viverem em santidade de vida, em comunhão, em debates proveitosos para si e para orientção mútua; e tudo isso para a glória do Criador.
Quão bom seria, nas palavras de nosso irmão Jeison, mais "entusiastas da criação"! Quão bom seria se houvessem mais pessoas dispostas ao estilo de vida puritano (verdadeiro, e não de espantalhos pré-concebidos).
Eu tenho fé numa mudança de paradigma...
Abração Filipe. Te amo cara! Deus lhe bendiga!
Alberto Oliveira
Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor. Cantares 2:15
ResponderExcluirConsideramos isso como pequenos atos , mas pela sua frequência e quantidade, devastam as nossas vidas: "Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?" (1 Coríntios 5:6).
Anônimo, o que seus versículos fora de contexto tem a ver com o presente artigo?
ResponderExcluirFelipe bom dia! Lí o artigo como a outros que estão na sua página, gostei de muita coisa, mas este artigo em especial, não chegou a nenhuma conclusão, achei suas idéias confusas e cheias de idas e vindas, a final você é ou não a favor do cristão beber cerveja com os amigos e ainda falar das escrituras sagradas?
ResponderExcluir"Anônimo", sim, sou a favor do cristão beber cerveja e falar das Escrituras.
ExcluirNa verdade, não é que "eu" sou a favor, mas sim que a Bíblia relata ser isso algo lícito, desde que com moderação e para a glória de Deus (1Co 10.31).
Caro Filipe
ResponderExcluirA credito que outra abordagem interessante é a do prazer. Entendo que o prazer é bom, mas existe prazer que mesmo sendo bom mas traz culpa. Quando temos o Espírito Santo somos incomodados por isto. Existe uma visão teológica, talvez seja esta que você colocou, o dualismo, que delega ao diabo, uma espécie de fonte de alguns prazeres. Entendo que não existe fonte alguma no diabo, mas sim na carne que não se submete a vontade de Deus. A questão não é o álcool da cerveja ou do vinho e sim o coração em contato com o álcool. A boca fala do que o coração está cheio. O álcool tem o poder de dominar as nossas emoções. Quando estamos sem a influência alcoólica pensamos mais antes de falar. Um ser depressivo quando em contato com a bebida tem a sua condição liberada, pois o controle das emoções fica prejudicado. Um ser alegre e de bem com a vida em contato com o álcool vai rir muito mais. A questão é o autocontrole. Eu gosto de cerveja. Sempre gostei, mas hoje não tenho a mesma saúde de antes. Estou com cinquenta e quatro anos e sofro de enxaquecas. Mas quando posso compro umas cervejas artesanais, pois estas são diferenciadas e mesmo com álcool, são mais prazerosas o sabor. Não bebo frequentemente, pois como disse é um hábito meu, particular, sem público, pois não quero fazer ninguém tropeçar. Não sou pior por beber e nem melhor quando não bebo, pois não é nem a comida nem a bebida que nos recomenda a Deus, mas fujo do legalismo dualista e de tudo que liga o prazer ao diabo, ou a uma espécie de não santificação. Sou santo e bebo quando posso e quero,tal qual Jesus que era acusado de glutão e beberrão e afirmava que comia e bebia em público, mas para o religioso e neófito , tudo é motivo de escândalo.