terça-feira, 31 de maio de 2011

Decisão do STF – DIREITO DE PECAR?!


Decisão do STF – DIREITO DE PECAR?!
por Rev. Josafá Vasconcelos

Estive lendo alguns blogs, de colegas, bem como manifestações de entidades religiosas de cunho evangélico, que apóiam a decisão do STF, sobre a união estável dos homossexuais, como sendo um direito legítimo de uma classe minoritária. Alegam que discordam do homossexualismo, mas que, os que escolheram essa opção devem usufruir da liberdade de existir como qualquer outro seguimento da sociedade. Confesso que até eu, a princípio, ponderei que fosse razoável pensar assim; contudo examinando as Escrituras, lendo esses pronunciamentos, acompanhando os debates e orando, vi que esse modo de pensar está totalmente errado e completamente contrário ao bom senso e ao que ensina a Palavra de Deus, pelas seguintes razões:

1. Por causa da Glória de Deus.

O pecado avilta a glória de um Deus santo. Deus é santo, e nada irá diminuir a Sua santidade. Nossos pecados não diminuem nem um milímetro da Sua glória, mas o propósito do diabo é o descontentamento de Deus por ver criaturas suas, tão preciosas, criadas à Sua Imagem, profanando Seu Nome diante da Sua face. Como podemos aceitar isso? Não podemos proibir homens e mulheres de serem homossexuais, prostitutas, viciados, alcoólatras, etc. e de afrontarem a Deus com sua práticas, mas podemos lutar para que não tenham as facilidades da lei para fazê-lo. Temos que lutar para impedir que a podridão avance; não é isso que o sal faz? Eles precisam saber que é porque amamos a Deus, acima de tudo, que não podemos concordar que continuem a blasfemar do Seu santo nome, do contrário, não poderíamos orar de sã consciência a oração do Pai Nosso, “Santificado seja o Teu Nome”. Cristo amou os pecadores, mas jamais negociou seu objetivo maior que era glorificar o Pai. A decisão do STF, avilta, insulta, afronta e depõe contra a glória de Deus.

2. Porque ninguém tem o direito de pecar.

Não existe tal direito. O pecado é uma ofensa ao Deus o Criador, é um insulto aos céus. O homem foi criado para a glória de Deus e para obedecer seus mandamentos, não havia outra opção no Éden e nem há agora, a única é obedecer, fora disso, morte! Não há tolerância da parte de Deus para os que rejeitam seus mandamentos. Os sofrimentos de Cristo, o cálice da Ira que Ele teve de beber, a agonia e o pavor da morte que sentiu no Getsêmani, mostram como Deus trata o pecado. Portanto, Ele não dá aos homens o direito de pecar, ao contrário, por causa do pecado, constitui-se inimigo do pecador, e não lhes dará sossego, serão atormentados o tempo todo pela, “norma da lei escrita em seus corações testemunhando-lhes a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-os…” , pelo Espírito Santo, que contende com o espírito do homem (Gn 6:3), pelos flagelos, que são conseqüência do próprio pecado, e até pelo Diabo, que acaba sendo um instrumento nas mãos de Deus, “peneirando-os” para ver se alguns deles, através do sofrimento, encontram arrependimento e sejam salvos no dia do juízo (1 Co 5:5); tudo Deus faz para atormentá-los, sem lhes dar trégua, a fim de saberem que ninguém têm o direito de viver na face da terra em rebeldia contra Ele. Essa aflição contínua, ainda é uma oportunidade misericordiosa da parte de Deus, na expectativa que se voltem para Ele, pois já há muito deveriam ser destruídos, como diz as Escrituras: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos…” (Lm 3:22). Por essa razão, não podemos apoiar nada que possa favorecê-los em seus pecados. Aprendemos muito com o Senhor Jesus sobre como devemos nos compadecer de pecadores, mas não encontramos nada na Bíblia que nos ensine a apoiar a institucionalização da prática do pecado. Ele disse a mulher pecadora, eu te perdôo, mas imediatamente disse. “VAI E NÃO PEQUES MAIS”.

3. Porque os amamos.

Se os amamos, aí é que devemos cooperar para o seu desconforto. A melhor forma de demonstrar nosso amor, é odiar e condenar aquilo que os subjuga e os destrói. Eu percebo que esses irmãos dos blogs, estão preocupados em não serem injustos com essas minorias, “descriminadas e desfavorecidas”, mas, seria o caso de favorecer para que pequem mais confortavelmente, com direitos garantidos? E seria essa a forma, de exercer piedade para com eles? Certamente que não. Ao contrario, os “amigos” que apóiam essa união infame, estão sendo cruéis e desalmados. Se você sabe que existe um inferno e crê que ele é um lugar de “trevas e ranger de dentes, onde seu bicho não morre e o fogo nunca se apaga…”, se você sabe que as escolhas que esses queridos fizeram os leva a passos largos para a perdição eterna num “lago que arde com fogo e enxofre” e, mesmo assim, deixa de advertí-los, e pior, apóia e favorece o que lhes aumentará o juízo: Sinto muito, mas você não os ama! Não seria melhor ser honesto e dizer a eles: “Eu amo vocês, estou pronto a ajudar e apoiar qualquer coisa que possa livrá-los dessa situação, mas de sã consciência, pelo que creio ser verdade absoluta, não posso cooperar com o seu pecado. O conforto desta união estável, e a solução que isso possa trazer para resolver todos os problemas temporais, lhes resultará em mais juízo e maior tormento na eternidade, dessa forma, sinto, eu os amo: não posso apoiar”?

4. Porque o Estado é Ministro de Deus.

Estão dizendo: “mas o Estado tem que regular o mal que já existe, não tem jeito”. Até citam textos, para justificar, como o de Salomão aceitando a condição das prostitutas ao julgar o caso do bebê de uma delas (formando doutrina de um fato descritivo) e o de José que teria sustentado os Sacerdotes de Osíris, (como se não fosse o segundo no reino, porque se fosse o primeiro os teria imediatamente expulsado) ou Daniel, que governou admitindo todos os problemas de um reino pagão, contudo, seja qual for a interpretação, não poderá contradizer o que está claro sobre qual é a vontade de Deus para o Estado.

Os Ministros do Supremo Tribunal, a Presidente e todas as autoridades constituídas em poder, deveriam saber, e se não sabem, temos profeticamente de ensiná-los, que eles são Ministros de Deus, por Ele instituídos para o bem da sociedade. Para promover o bem e reprimir o mal (Rm 13:1-7). É dever dos magistrados, exercer em nome de Deus toda autoridade contra tudo que ameaça a sociedade e não favorecer. Serão responsabilizados pela aprovação de leis como: Divórcio por qualquer motivo, legalização do aborto em caso de estupro, da maconha, etc.

Ora, a história é testemunha, de que grandes civilizações foram aniquiladas e desapareceram do mapa por causa da degradação moral, tendo o homossexualismo como o componente mais importante e fator predominante para a destruição daquelas sociedades. São tão inteligentes, tão cultos, e não aprenderam isso? Nós, no entanto, sabemos pela história e pelo relato bíblico o fim que tiveram Sodoma e Gomorra. Dessa forma, somos indesculpáveis e estaremos pecando se concordarmos com o Estado quando aprova, contra Deus, o direito de pecar, porque toda vez que isso acontece o Estado se torna em nome de Deus, ministro do pecado, e nós seus cúmplices.

Conclusão

Como Igreja, não podemos agir de modo contrário à vontade de Cristo o cabeça do corpo, cujo propósito maior, que lhe consumia a alma era fazer a vontade do Pai, “Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis”; “… disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”, “glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer”. Por isso não podemos negociar, por nada desse mundo, a Glória de Deus! É isso que deveria nos consumir também, afinal esse é o fim principal do homem, segundo o nosso Símbolo de Fé. Qualquer coisa que venha a ameaçar essa glória, mesmo que possa ferir ou magoar alguém muito querido, não pode extinguir o zelo em nosso coração pela glória de Deus.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Desde a Eternidade Deus Tem um Plano Imutável


Desde a Eternidade Deus Tem um Plano Imutável -
por A. A. Hodge (1823 - 1886)

Como Criador e Governador infinitamente inteligente e providente, Deus certamente teve um propósito definido com referência à existência e destino de tudo quanto criou, compreendendo em um só sistema todo-perfeito seu fim principal nesse particular e todos os fins e meios subordinados em referência a esse fim principal. E já que ele é um Ser eterno e imutável, seu plano certamente existiu em todos os seus elementos, perfeito e imutável, desde a eternidade. Visto ser Deus uma Pessoa infinita, eterna, imutável e absolutamente sábia, poderosa e soberana, certamente que seu propósito participa dos atributos essenciais de seu próprio ser. E visto que a inteligência de Deus é absolutamente perfeita e seu plano eterno; visto que seu fim último é revelado como que almejando unicamente sua própria glória, e toda a obra da criação e da providência é observada como a formar um sistema único, segue-se que seu plano é também único — uma intenção todo-compreensiva, provida de todos os meios e condições, bem como dos fins predestinados.

O plano de Deus compreende e determina todas as coisas e eventos de todo gênero que venham suceder.

Isso se faz infalível à luz do fato de que todas as obras de Deus, da criação e da providência, se constituem num sistema.

Nenhum evento é isolado, quer no mundo físico quer no mundo moral, quer no céu quer na terra. Todas as revelações super-naturais de Deus, e cada avanço da ciência humana, corroboram para tornar esta verdade conspicuamente luminosa. Daí a intenção original que determina um evento deve também determinar todos os outros eventos relacionados a ela, como causa, condição, ou conseqüente, direto e indireto, imediato ou remoto. Por isso, o plano que determina os fins gerais deve também determinar até mesmo o elemento mais minúsculo compreendido no sistema do qual esses fins são partes. As ações livres de agentes livres constituem um elemento eminentemente importante e efetivo no sistema de coisas. Se o plano de Deus não determinou eventos dessa classe, ele não poderia ter feito nada certo, e seu governo do mundo seria feito contingente e dependente, e todos os seus propósitos, falíveis e mutáveis.

As Escrituras expressamente declaram essa verdade:

a. De todo o sistema em geral. Ele "opera todas as coisas segundo o conselho de sua própria vontade". Ef 1.11.

b. Dos eventos fortuitos. Pv 16.33; Mt 10.29,30.

c. Das livres ações dos homens. "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor, que o inclina a todo o seu querer." Pv 21.1. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas." Ef 2.10. "Porque Deus é quem opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo sua boa vontade." Fp 2.13.

d. Das ações pecaminosas dos homens. "A este que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos." At 2.23. "Porque verdadeiramente contra o teu Santo Filho Jesus, que tu ungiste, se juntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que tua mão e teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer." At 4.27-28. Compare-se Gn 37.28 com Gn 45.7-8; Is 10.5.

Deve lembrar-se, contudo, que o propósito de Deus com respeito aos atos pecaminosos dos homens e anjos réprobos, em nenhum aspecto causa o mal nem o aprova, mas apenas permite que o agente mau o realize, e então o administra para seus próprios sapientíssimos e santíssimos fins. O mesmo decreto infinitamente perfeito e autoconsistente ordena a lei moral que proíbe e condena todo o pecado, e ao mesmo tempo permite sua ocorrência, limitando e determinando o canal preciso ao qual ele se confinará, o fim preciso ao qual se dirigirá e governando suas conseqüências para o bem. "Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para o bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida." Gn 50.20.

Esse propósito todo-compreensivo não é condicional, nem no todo nem em qualquer de seus elementos constituintes. Em nenhum aspecto sua presciência depende de eventos não compreendidos em e determinados por seu propósito. Ele é absolutamente soberano, dependendo somente do "sábio e santo conselho de sua própria vontade".

Uma distinção bastante óbvia deve sempre ser mantida em mente entre um evento ser condicionado a outros eventos, e o decreto de Deus, com referência a esse evento, ser condicionado. Os calvinistas crêem, como todos os homens deveriam, que todos os eventos no sistema de coisas dependem de suas causas e são pendentes de condições. Isto é, se um homem não semeou, também não colherá; se semeou, e todas as influências climáticas favoráveis agem, ele colherá. Se um homem crê, ele será salvo; se não crê, também não será salvo. Mas o propósito todo-compreensivo de Deus abarca e determina a causa e as condições, tanto quanto o evento interrompido nelas. O decreto, em vez de alterar, determina a natureza dos eventos e suas relações mútuas. Ele faz as ações livres, livres em relação aos seus agentes; e os eventos contingentes, contingentes em relação às suas condições. Enquanto que, ao mesmo tempo, ele faz todo o sistema de eventos, e muitos elementos envolvidos nele, infalivelmente futuros. Decreto absoluto é aquele que, enquanto pode determinar muitos eventos condicio-nais, determinando suas condições, ele mesmo não é interrompido em nenhuma condição. Decreto condicional é aquele que determina que certo evento acontecerá sob a condição que algum outro evento não decretado aconteça, a que evento não decretado o próprio decreto, tanto quanto o evento decretado, se acha pendente.

Os decretos de Deus são incondicionais.

Todos quantos crêem num governo divino concordam com os calvinistas em que os decretos de Deus relativos aos eventos produzidos por causas necessárias são incondicionais. O único debate se relaciona aos decretos que são concernentes às livres ações dos homens e dos anjos. Os socinianos e racionalistas mantêm que Deus não pode infalivelmente prever as livres ações, porque à luz de sua própria natureza elas são incertas até que sejam realizadas. Os arminianos admitem que ele infalivelmente as prevê, mas negam que ele as determine. Os calvinistas afirmam que ele as prevê como infalivelmente futuras, porque ele determinou que elas assim o fossem.

A veracidade do ponto de vista calvinista prova-se:

À luz do fato de que, como demonstrado supra, os decretos de Deus determinam todas as classes de eventos. Se cada evento que vem a lume é preordenado, é evidente que não há nada indeterminado sobre o qual o decreto pudesse ser condicionado.

Porque os decretos de Deus são soberanos. Isso é evidente — (a) Porque Deus é o eterno e absoluto Criador de todas as coisas. Todas as criaturas existem, e são o que são, e possuem as propriedades peculiares a elas, e agem sob as próprias condições em que agem, em obediência ao plano divino, (b) É diretamente afirmado na Escritura. Dn 4.35; Is 40.13-14; Rm 9.15-18; Ef 1.5.

O decreto de Deus inclui e determina os meios e condições dos quais os eventos dependem, tanto quanto dos eventos propriamente ditos: "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis." Ef 1.4. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é o dom de Deus." Ef 2.8. "Deus desde o princípio vos elegeu para a salvação, pela santificação do Espírito e fé da verdade." 2 Ts 2.13. No caso do naufrágio de Paulo, Deus primeiramente prometeu a Paulo que absolutamente nenhuma vida se perderia. At 27.24. Paulo, porém, disse, no versículo 31: "Se estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos."

As Escrituras declaram que a salvação de indivíduos está condicionada ao ato pessoal de fé, e ao mesmo tempo que o decreto de Deus com respeito à salvação dos indivíduos repousa tão-só em "o conselho de sua própria vontade", "seu próprio beneplácito". "Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)." Rm 9.11. "Sendo predestinados segundo o propósito daquele que opera todas as coisas segundo o conselho de sua própria vontade." Ef 1.11; 1.5; Mt 11.25-26.

Deus é nosso refúgio e fortaleza (parte 1) - Sermão pregado dia 17.04.2011

Deus é nosso refúgio e fortaleza (parte 1) -
Sermão pregado dia 17.04.2011

Nosso texto: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.).” Salmos 46.1-3

Já tivemos a oportunidade de contemplarmos a beleza dos salmos (clique aqui para ler) e a grande devoção que os salmistas tinham para com a lei do Senhor. O presente salmo nos fala por figuras de linguagem, querendo comunicar-nos as maravilhas dos feitos do Senhor em meio ao seu povo.

É interessante notarmos a confiança que o salmista expressa com relação ao seu Senhor. Ele não o faz de maneira equivocada ou que dê margem a algum outro entendimento, mas é firme em sua declaração. A fonte de confiança do salmista era saber que Deus estava com seu povo.

A aliança de Deus com seu povo é baseada no fato de que Deus está junto dos seus. Mas tal aliança também implica em responsabilidades para conosco. Sim, embora Deus seja plenamente onipotente - e nossa responsabilidade está subordinada à sua soberania - somos considerados responsáveis pelas atitudes que tomamos; o que se traduz em dizer que devemos atentar para as palavras de Paulo que dizem: ”Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1Co 10.12) Mas também podemos ter a certeza de que: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13).

Com esta aliança entre Deus e o seu povo, o salmista começa dizendo: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza” (v.1). Amados, essa é uma daquelas sentenças que não podemos deixar de analisar e meditar com muito cuidado e diligência. O salmista se refere ao Senhor como sendo o verdadeiro lugar de proteção e a verdadeira fortaleza em meio às dificuldades. Lembremos que naquela época as guerras eram comuns e constantemente arriscava-se a próprio vida para defender uma causa e/ou um povo. O salmista demonstra-nos a confiança que tinha no Senhor em quem confiava. Ele não pensa duas vezes ou escreve que “as vezes Deus é nosso refúgio e fortaleza”, mas é enfático e não se permite titubear diante da eminente proteção divina.

Martinho Lutero, impulsionado por tamanha admiração para com este salmo, escreveu uma de suas canções mais famosas: Castelo Forte. Hoje em dia, Lutero é um homem muito admirado e elogiado - contudo, penso que muitos dos que o elogiam não teriam a mesma ousadia que aquele homem teve. Certo estou de que não podemos comparar Lutero aos salmistas (pois eles foram muito além do que foi Lutero), mas ele - assim como tantos outros que deram sua vida pela evangelho - também pôde experimentar “a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2) em meio aos turbilhões e perseguições que sofreu por amor à causa de Cristo.

A continuação da sentença também é por demais valiosa: “Socorro bem presente na angústia” (v.1). Tal afirmação deve levar-nos aos tempos antigos, quando a angústia era (em muitos sentidos) muito maior do que a que temos hoje. Digo isso pois a medicina era precária, as construções eram rudimentares, as guerras eram constantes, as proteções para os guerreiros eram arcaicas; a vestimenta era limitada e a culinária não usufruía de tamanha variedade de como temos em nossos dias. Diante de tal cenário, somos levados a imaginar o quão confiante era o salmista perante Deus. Mesmo em face de tamanha precariedade, ele confiava em seu Senhor; ele sabia que o seu deus era “Deus... bem presente na angústia”.

O salmista passa agora a expor o que seguirá devido a essa confiança que ele e seu povo tinham no Senhor: ”Portanto não temeremos” (v.2). O povo de Israel foi um povo que presenciou muitos milagres, batalhas e outras conquistas sendo ganhas de maneira extremamente inusitada (vide o êxodo do Egito, o povo sendo sustentado em meio ao deserto, libertos da maldição que Balaão fôra incumbido de profetizar, Gideão e os 300 guerreiros, e tantos outros acontecimentos que poderíamos citar). O salmista sabia que devido ao seu Deus ser grande fonte de refúgio e fortaleza, eles não precisariam temer o mal.

Aqui o salmista usa uma hipérbole (figura de linguagem que usa o exagero para comunicar com mais ênfase o que deseja) para firmar na mente de seus leitores aquilo que ele quer transmitir: ”Ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza.” (v.2,3) O escritor comunica aos seus leitores que mesmo que algo extremamente difícil de acontecer, aconteça de fato, eles ainda sim não precisam temer cousa alguma, pois “o Senhor dos exércitos está conosco” (v.7). O salmista tinha plena ciência de que o Senhor era soberano sobre terra e céus (1Cr 16.23-36) e que nenhum dos Seus planos poderia ser frustrado (Jó 42.2 – já escrevi sobre isso, clique aqui para ler)

A Bíblia de Estudos de Genebra comenta que: Na cosmovisão hebraica antiga, os mares também eram a morada de monstros (Sl 74,13; 89.9,10; Jó 7.12; 41.1; Is 27.1) e eram uma ilustração poética para indicar o mal. Por todos os Salmos e Profetas, Deus é retratado como triunfando sobre os mares (Sl 29.10; 77.16-20; 104.5-9; Dn 7; Na 1.4). A partir desta cosmovisão, vemos que o salmista ilustra sua dependência e confiança em Deus - mesmo que seu lugar seguro (aqui representado pelos montes) seja transportado para o meio do mal e ele seja atacado e perturbado – não importando o que pudesse lhe sobrevir.

Essa semana estive lendo o livro de Eclesiastes e conforme já havia comentado sobre ele (clique aqui para ler), confirmou-se novamente meu ponto de vista acerca dos escritos ali contidos.

O livro de Eclesiastes pode muito bem sintetizar o nosso pensamento para quando olhamos o mundo que nos circundeia. Quando conjecturamos que estamos entendendo alguns dos feitos do Altíssimo, nos deparamos com uma situação totalmente alheia às nossas previsões. Quando o orgulho abata-se sobre nós e passamos a dar lugar ao pecado da autonomia humana, nos sobrevêm tamanha angústia e impotência que quase desfalecemos diante do horror que nos é apresentado.

Cito Eclesiastes em meio ao salmo de hoje porque muitas vezes temos a tendência de querer entender a “mente” e o “coração” de Deus. Não nos damos por satisfeitos ao lermos a bíblia e depararmo-nos com mistérios inescrutáveis; queremos respostas, e elas precisam vir naquele exato momento. Mister é notar que não advogo em favor da ignorância intelectual - muito pelo contrário - mas é preciso saber quem somos em face da grandiosa mão de Deus.

O salmista nos alertará mais adiante acerca de nossa vontade desenfreada de perscrutarmos a mente divina. Veremos que é de grandiosa importância reconhecermos as palavras do escritor como belas e de profunda verdade. Mais do que nunca – em meio a esse mundo de trabalhos frenéticos, fast-foods, remédios para quase todas as doenças e um consumismo desenfreado – precisamos atentar para as doces palavras do salmista que dizem: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra” (v.10).


Amém.

sábado, 28 de maio de 2011

Uma defesa da apologética reformada


Uma defesa da apologética reformada -

por Cornelius Van Til

Um diálogo – Sr. White, Sr. Black, Sr. Grey


Temos, primeiro, o não-cristão, que cultua a criatura em vez do Criador. Vamos chamá-lo de Sr. Black. Poderá ser um tipo de pessoa bem “decente”. Em função da graça comum ele pode fazer muita coisa “boa”. Ainda assim, conquanto permaneça em seu estado de não-conversão, ele será tenebroso aos olhos de Deus.

Entretanto, temos um representante daqueles que, pela graça de Deus, tornaram-se adoradores do Criador-Redentor. Será o Sr. White. Certamente, ele está distante de ser aquilo que poderíamos esperar devido ao seu nome. Mas ele foi lavado no sangue do Cordeiro. Em Cristo, ele é alvo como a neve. O Sr. White é um cristão reformado.

Estranhamente, porém, há uma terceira parte, um arminiano, chamado Sr. Grey. Certamente, em Cristo, o Sr. Grey é tão alvo como o Sr. White. O primeiro, acha que o Sr. White é muito severo na avaliação do Sr. Black, mas ele próprio crê que o Sr. Black não seja assim tão tenebroso.

Sequer seria correto, política ou pedagogicamente, requerer que o Sr. Black fizesse uma virada de mente tão completa. Certamente, nem será necessário que tal revolução seja completa nos campos das ciências e filosofias. Muitos dos seguidores do Sr. Black têm defendido valentemente a existência de Deus contra o materialismo, o ateísmo e o positivismo. Até mesmo em teologia, muitos desses discípulos do Sr. Black saltaram em defesa quando Deus foi atacado pelos teólogos do Deus-está-morto. O Sr. Grey, portanto, tipifica o metódo de Aquino-Butler de defesa do cristianismo.

Vamos observar agora a diferença na maneira do Sr. White e do Sr. Grey abordarem o incrédulo Sr. Black com o Evangelho de Cristo.

Digamos que o Sr. Black esteja com dor de dente. Ambos, o Sr. White e o Sr. Grey são dentistas. O Sr. White crê em uma metodologia radical. Ele crê que o Sr. Black deveria ter toda cárie removida dos dentes, antes de obturá-los. O Sr. Grey é uma pessoa mais sensível e carinhosa. Ele não quer que o Sr. Black se sinta mal e, por isso, não quer que a broca penetre tão fundo no dente. Ele, certamente, retirará apenas uma parte da matéria deteriorada, e preencherá a cavidade.

Naturalmente, o Sr. Black achará tudo isso maravilhoso. Infelizmente, o dente do Sr. Black em breve continuará a deterioração. Ele retornará ao Sr. Grey, mas este jamais chegará a um procedimento radical. Por conseguinte, ele jamais resolverá o problema do dente do Sr. Black.

Suponha, agora, que, em vez de procurar o Sr. Grey, o Sr. Black tenha ido ao consultório do Sr. White. Este é radical, muito radical. Usa máquina de raios-X para diagnosticar as condições da boca do Sr. Black. Perfura o dente o quanto é necessário para remover toda a matéria deteriorada. A cavidade é preenchida. E o Sr. Black jamais precisa retornar por causa daqueles dentes.

Esta simples ilustração aponta para uma verdade básica. A Bíblia diz que o homem está espiritualmente morto em seus delitos e pecados. Os credos reformados falam de uma depravação total do homem. A única cura para a sua morte espiritual é a regeneração realizada pelo Espírito Santo, na base da morte expiatória de Cristo. É por meio da luz que a Escritura lança sobre a condição do homem natural que o Sr. White examina todos os seus pacientes. Ele poderá também ligar a luz da experiência, mas insistirá sempre que a experiência deva ser derivada, primariamente, da luz da Escritura. Assim, ele poderá apelar à razão ou à História, mas, de novo, somente da maneira que elas são vistas à luz da Bíblia. Ele nem mesmo toma a experiência, a razão ou a História para corroborar os ensinos da Escritura, mas a Bíblia para examinar todas essas operações. Para ele, a Bíblia e, portanto, o Deus da Bíblia, é como o sol do qual derivam a luz das lâmpadas de óleo, de gás e a lâmpada elétrica.

A atitude do arminiano, Sr. Grey, é bem diferente. Ele usa a Bíblia, a experiência, a razão ou a lógica como fontes de informação igualmente independentes sobre os próprios predicamentos e, portanto, os do Sr. Black. Isto não quer dizer que, para o Sr. Grey, a Bíblia, a experiência e a razão sejam igualmente importantes. Na verdade, não são. Ele sabe que a Bíblia é, de longe, a mais importante. Porém, não obstante, ele constantemente apela aos “fatos da experiência” e à “lógica” sem lidar primeiro com a própria ideia de fato e com a ideia de lógica, nos termos da Escritura.

A diferença é básica. Quando o Sr. White diagnostica o caso do Sr. Black, ele toma como máquina de raios-X, somente a Bíblia. Quando diagnostica o caso do Sr. Black, o Sr. Grey toma primeiro a máquina de raios-X da experiência, depois, a máquina de raios-X da lógica, e finalmente, a máquina de raios-X maior, a Bíblia. De fato, ele poderá tomar tais itens em qualquer ordem, mas sempre haverá de considerá-los como sendo fontes de informação independentes.

(…)

Entretanto, quando o cristão reformado, o Sr. White, tem consciência das riquezas da própria posição, e, realmente, tem a coragem de desafiar o Sr. Black, apresentando-lhe uma chapa de raios-X do seu interior tirada com uma máquina chamada Bíblia, ele enfrenta a acusação de “raciocínio circular”. Ele não apresenta nenhum “ponto de contato” com a experiência. Ele será, também, objeto de crítica do arminiano, por falar como se o cristianismo fosse irracional e por falhar em alcançar o homem das ruas.

(…)

1. Um testemunho consistente

A grande questão à qual desejamos nos referir, agora, é se os cristãos que abraçam a fé reformada também abraçam um método especificamente reformado de raciocínio quando se engajam na defesa da fé.

Essa questão abrangente não pertence meramente aos “cinco pontos do calvinismo”. Quando os arminianos atacam estas grandes doutrinas (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível, perseverança dos santos), nós, como calvinistas, estamos prontos para defendê-las. Cremos que estes cinco pontos são derivados diretamente da Escritura. Mas a questão, agora, em discussão é se, na defesa de qualquer doutrina cristã, os cristãos reformados usariam um método de sua própria construção.

Pode ser prontamente demonstrado que uma resposta negativa a tais questões não poderá ser mantida. Tome, por exemplo, a doutrina da expiação. A doutrina arminiana da expiação não é a mesma que a doutrina reformada da expiação. Ambos, arminianos e calvinistas, afirmam crer no sacrifício substitutivo. Mas o conceito arminiano de expiação substitutiva é colorido, e nós, como calvinistas, creríamos “descolorido”, segundo a visão do “livre-arbítrio”. Segundo a visão arminiana, o homem tem poder absoluto ou final para aceitar ou rejeitar a salvação que lhe é oferecida. Isso implica que a salvação oferecida ao homem é mera possibilidade de salvação.

Para ilustrar: suponha que eu deposite um milhão de reais em sua conta bancária. Ainda assim, fica ao seu critério crer que tal riqueza lhe pertença, e usá-la para cobrir o chão de sua casa com tapetes persas, em vez de fazê-lo com os velhos tapetes puídos que você tem agora. Assim, no esquema arminiano, a própria possibilidade das coisas não mais dependem exclusivamente de Deus, mas, em algumas áreas, dependem do homem. O efeito daquilo que Cristo fez por nós é feito dependente de nós. Não é mais certo dizer que, para Deus, todas as coisas são possíveis.

Fica óbvio, portanto, que os arminianos levaram para o seu protestantismo uma boa porção do levedo do catolicismo romano. O arminianismo é menos radical e menos consistente em seu protestantismo do que deveria ser.

Ora, o Sr. Grey, o evangélico, parece estar confortável quando tenta conquistar o Sr. Black, o incrédulo, à aceitação do “sacrifício substitutivo”. Ele pode firmar os pés em “chão comum” com o Sr. Black em termos daquilo que é possível ou impossível. Observe o Sr. Grey enquanto fala com o Sr. Black.

“Sr. Black, porventura já aceitou Jesus Cristo como seu salvador pessoal? Crê que ele morreu na cruz em seu lugar? Se não, certamente estará perdido para sempre.”

“Bem”, responde o Sr. Black, “acabei de receber uma visita do Sr White, falando sobre o mesmo assunto. Vocês parecem ter um ‘testemunho comum’ sobre a matéria. Ambos creem que Deus existe, que ele criou o mundo, que o primeiro homem, Adão, pecou, e que todos nós merecemos o inferno por causa do que esse homem fez, e daí em diante. Tudo isso me parece muito fatalista. Se, como você diz, eu sou uma criatura, então, não terei nenhum poder final para escolher. Não sou livre. E se não sou livre, então, não sou também responsável. Assim, se eu for para o inferno, será simplesmente porque seu ‘Deus’ assim determinou. Vocês, cristãos ortodoxos, matam a moralidade e todo progresso humano. Não quero ter nada com isso. Até logo!”

“Ei! Espere um pouco”, diz o Sr. Grey afobado. “Eu não tenho um ponto de vista em comum com o ponto de vista calvinista. Nós dois, sim, temos um testemunho comum contra o calvinismo quanto ao determinismo mencionado. É claro que você é livre. Absolutamente livre para aceitar ou rejeitar a expiação que lhe é oferecida. Você mesmo terá de torná-la real para a sua vida. Concordo com você, contra o calvinismo, dizendo que a ‘possibilidade’ é maior do que a vontade de Deus. Nem por um momento eu diria com os calvinistas que o conselho de Deus determina tudo o que se passa.”

“Além disso, calvinistas menos extremistas, como o Dr. J. Oliver Buswell, Jr., virtualmente concordam conosco. Observe o que Buswell disse: ‘Não obstante, nossas escolhas morais são escolhas em que nós mesmos somos causas últimas’. O próprio Dr. Buswell deseja ir além da ‘resposta meramente arbitrária’ de Romanos 9.20,21, que fala sobre o oleiro e o barro, para uma análise bem mais profunda do plano de Deus para a redenção em Romanos 9.14-19, em que Paulo faz um retrato de faraó, dizendo: ‘Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra’.”

“Eu entendo, então”, replica o Sr. Black, “que vocês, arminianos e calvinistas moderados, opõem-se ao determinismo regular e antiquado do calvinismo histórico das confissões reformadas? Alegro-me em ouvir isso. Dizer que todas as coisas já foram fixadas por Deus desde a eternidade é algo terrível! Dá-me calafrios! O que aconteceria com toda moralidade e decência, se todos os homens acreditassem em tal ensino? Porém, agora, vocês, arminianos e calvinistas abertos, juntaram-se a nós, para proclamar que a ‘possibilidade’ é independente da vontade de Deus. Vocês, assim, com toda a gente boa e com todos os teólogos liberais e neo-ortodoxos, como Barth, tornam possível a salvação para todos os homens”.

“Isso significa, é claro, que a salvação é possível também para aqueles que jamais ouviram falar de Jesus de Nazaré. A salvação, portanto, será possível até mesmo, sem a aceitação de sua expiação substitutiva mediante esse Jesus de quem você fala. Certamente, você não quer dizer, como os calvinistas, que Deus determinou os limites de todas as nações e indivíduos, e assim, no final das contas, determinou que alguns homens, de fato, milhões deles, jamais ouvissem esse evangelho.

“Além disso, se a possibilidade é independente de Deus, como vocês, evangélicos e calvinistas moderados, ensinam, então, eu não preciso ter medo do inferno. É bem possível, ainda, que nem exista inferno. O inferno, você há de concordar, é a tortura que um homem experimenta quando falha em atingir os próprios ideais morais. Assim, não acho que deva me preocupar, agora, com tal aceitação de Cristo como meu Salvador pessoal. Tenho todo o tempo do mundo.”

Pobre Sr. Grey. No fundo, ele realmente desejaria dizer algo sobre ter um testemunho em comum com os calvinistas. No fundo do coração, ele sabe que o Sr. White, o calvinista, e não o Sr. Black, o incrédulo, foi seu amigo verdadeiro. Mas ele assumiu um testemunho comum com o Sr. Black, contra o suposto determinismo do Sr. White, o calvinista, e assim, era-lhe dificultoso, depois disso, voltar a face e assumir um testemunho com o Sr. White, contra o Sr. Black. Ele não tinha nada inteligente para dizer. Seu método de defesa da fé o forçava a admitir que o Sr. Black estava basicamente certo. Ele não deu ao Sr. Black a oportunidade de conhecer o que supostamente deveria aceitar. Antes, seu testemunho havia confirmado o Sr. Black na crença de que não teria necessidade de aceitar a Cristo.

É verdade, é claro, que, na prática, o Sr. Grey é bem melhor em sua teologia e em seu método de representação do evangelho do que ele disse ser. Mas isso é porque, na prática, todo evangélico que realmente ama o Senhor é um calvinista no coração. Como poderia ele, orar a Deus por ajuda, se realmente cresse que haveria possibilidade de Deus não o ajudar? No fundo do coração, todo cristão verdadeiro crê que Deus controla todas as coisas. Porém, a respeito da expiação substitutiva, os calvinistas não podem ter um testemunho comum com os arminianos que tenham, contra ele, um testemunho comum com o incrédulo, sobre a mais importante questão de se Deus controla ou não todas as coisas que ocorrem.

Devemos nos lembrar de que o primeiro requisito para um testemunho efetivo é que a posição defendida seja inteligível. O arminianismo, quando consistentemente conduzido, destrói tal inteligibilidade.

O segundo requisito para um testemunho efetivo é o de que aquele a quem o testemunho é dado tem de entender substancialmente por que deveria abandonar sua posição para aceitar a que lhe é oferecida. O arminianismo, quando consistentemente conduzido, destrói a razão pela qual o incrédulo deveria aceitar o evangelho. Por que haveria o incrédulo de mudar sua posição se não lhe é mostrado o próprio erro? Por que deveria mudar sua posição para a do cristianismo se aquele que o incita à mudança, na verdade, o encoraja a pensar que está certo? Portanto, o calvinista, certamente, tem um melhor método de defender a doutrina da expiação substitutiva do que o do arminiano.

Fonte: Monergismo

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Somente teólogos liberais são moralmente liberais?

Somente teólogos liberais são moralmente liberais? -
por Ewerton B. Tokashiki


Quem pensar que somente os teólogos que usando o método histórico-crítico, ou outro método teológico de tradição liberal, apoiarão o homossexualismo, ou usarão a Bíblia para legitimizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo, está enganado. Sabemos que há quem negue o método hermenêutico crítico-histórico, e até sustente uma perspectiva conservadora e inerrante da Escritura Sagrada e, ao mesmo tempo adote incoerentemente uma interpretação de legitimização do homossexualismo, ou seja, que a relação ou união estável entre pessoas do mesmo sexo não é algo proibido na Escritura Sagrada.

Pode-se mencionar, por exemplo, o Dr. Marten Woudstra, falecido ministro da Christian Reformed Church, ex-professor de Antigo Testamento no Calvin Seminary e presidente da comissão de tradução da NIV - que é acusado de ter diluído a tradução onde os textos mencionam homossexualidade [acesse aqui]. Em outro site trás um artigo com o título: Homosexuals On the NIV Translating Committee que reforça a mesma acusação. É sabido da associação do Dr. Woudstra com os Evangelicals Concerned [grupo teologicamente conservador, porém gay nos EUA].

William L. Graig em seu livro "Apologética para questões difíceis da vida" (Edições Vida Nova) no capítulo onde discute sobre HOMOSSEXUALIDADE ele introduz o assunto mencionando uma situação em que um erudito em NT ao ser convidado para palestrar para os Evangelicals Concerned teve o seguinte diálogo: "As pessoas estavam realmente preocupadas a respeito do que você ia falar", disse o anfritrião após o encontro. "Por quê?" - ele perguntou surpreso - "Vocês sabem que não sou homofóbico!". Mas o anfitrião lhe tranquilizou: "Imagina! As pessoas não estavam preocupadas com isso!" E acrescentou: "Na verdade, elas estavam com medo de que você fosse defender o método histórico-crítico". [pág. 142). No site oficial dos Evangelicals Concerned cita-se vários teólogos e links de artigos e debates que tentam legitimizar favoravelmente a homossexualidade e a Bíblia.

Por isso, penso que o método crítico e o liberalismo teológico em suas diferentes e elásticas formas tendem a favorecer o homossexualismo, mas não negaria que teólogos conservadores, que endossem a doutrina da inerrância não cheguem por outras vias na mesma conclusão permissiva. Assim, não vejo de modo simplista e dualista a situação: teólogos liberais sempre serão favoráveis ao homossexualismo, enquanto que os conservadores serão contra!

Obviamente que todo teólogo interpretar o texto analisando a intencionalidade do autor, verificando a sintaxe, e examinando-o em seu contexto histórico poderá verificar que em nenhum lugar as Escrituras dão apoio ao homossexualismo. O intérprete pode até não concordar com o que a Bíblia diz, mas ele terá que reconhecer que ela não legitimiza a união estável entre pessoas do mesmo sexo!

P.S.* "The Bible does not speak clearly enough on this issue!" - A Bíblia não fala claramente acerca deste assunto!"

Fonte: Estudantes de Teologia

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Culpa não é minha - João Calvino


A Culpa não é minha -
por João Calvino

A mente assim temperada para a reverência e a humildade não murmurará contra Deus por causa das calamidades que sobrevieram à humanidade em tempos passados; nem culpará a Deus por crimes que o homem cometeu, dizendo com Agamemnom na llíada:

"A culpa não é minha;

Os culpados são o Céu e o Destino."

O homem humilde de coração preferirá buscar a vontade de Deus, e cumpri-la mediante a ajuda do Seu Espírito.

Quanto aos eventos ainda futuros, aprendemos com Salomão que os propósitos do homem operam em harmonia com a providência de Deus; "O coração do homem traça o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos" (Prov. 16:9]. Estas palavras ensinam que os decretos eternos de Deus não nos impedem, de modo algum, de exercer providência por nós mesmos e de dispor todos os nossos negócios em sujeição à Sua vontade.

E isto não deixa de ser razoável. Pois Aquele que colocou limites à nossa vida também nos comissionou a cuidar dela, nos forneceu modos e maneiras de preservá-la, nos deu poder para prever perigos e nos ensinou a aplicar precauções e remédios. Nosso dever, portanto, é claro. Se Deus entregou a nós o cuidado da nossa própria vida, devemos zelar por ela; se fornece meios, devemos usá-los; se nos adverte de antemão dos perigos, não devemos temerariamente correr ao encontro deles; se fornece remédios, não devemos negligenciá-los.

Há homens que tiram conclusões falsas e temerárias após considerarem isoladamente a doutrina dos propósitos providenciais de Deus. Argumentam: "Por que um ladrão deve ser castigado, se despojou um homem que Deus determinou afligir com pobreza? Por que um assassino deve ser punido, se matou um homem cuja vida atingiu o limite determinado pelo Senhor? Se todos estes agentes estão sujeitos à vontade de Deus, por que devem ser castigados?" Mas nego que os criminosos estejam "sujeitos à vontade de Deus". Estão sujeitos às suas próprias concupiscências malignas.[1]

O coração do cristão, estando totalmente convicto de que todas as coisas estão sujeitas à ordenação de Deus, e de que nada acontece por acaso, sempre olhará em primeiro lugar para Ele; mas dará às causas secundárias seu lugar apropriado. Quanto aos homens, quer bons, quer maus, o cristão reconhecerá que seus planos, desejos, tentativas e poderes estão sujeitos ao controle do Senhor, e que Ele pode virá-los para onde Ele quiser, e frustrá-los quantas vezes quiser. Há muitas promessas que testificam muito claramente que a providência de Deus sempre cuida vigilantemente da segurança dos crentes; talvez baste citar os seguintes: "Confia os teus cuidados ao Senhor, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado (Sal. 55:22). "Ele tem cuidado de vós" (1 Ped. 5:7). "O que habita no esconderijo do Altíssimo, descansará à sombra do Onipoente." (Sal. 91:1). "Aquele que tocar em vós toca na menina do meu olho" (Zac. 2:8). "Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti." (Is. 49:15).

E assim, Cristo depois de asseverar que nem sequer um insignificante pardalzinho cai por terra sem nosso Pai consentir, diz-nos que temos mais valor do que muitos pardais, e que Deus, portanto, dispensa cuidados mais abundantes sobre nós, e que devemos descansar-nos na certeza de que os cabelos da nossa cabeça estão todos contados.

Além disso, as Escrituras testificam que todos os homens estão sob o poder de Deus, e que Ele pode ou torná-los bem dispostos para com Sua igreja ou evitar que sua malícia tome efeito. Ele deu aos israelitas graça aos olhos dos egípcios. Derrotou o conselho de Aitofel quando este ameaçava destruir a Davi. O diabo nada podia fazer contra Jó sem a permissão divina.

O conhecimento de tais verdades como estas nos torna gratos na prosperidade, pacientes na adversidade e maravilhosamente confiantes da nossa segurança futura. Em chegando a prosperidade, atribuímo-la à bondade de Deus, quer chegando a nós através da agência dos homens, quer através de outros canais. Quando os homens nos mostram bondade, consideramos que Deus inclinou seus corações para ajudar-nos; e quando temos colheitas abundantes, percebemos que Deus respondeu aos céus, os céus responderam à terra, e a terra respondeu ao seu produto (Os. 2:21-22).

Quando a adversidade nos sobrevém, erguemos nossos pensamentos a Deus, e o saber que Sua mão a enviou, torna-a mais eficaz para produzir a paciência, a submissão e a tranqüilidade da mente. Se José tivesse deixado que seus pensamentos permanecessem fixos na traição dos seus irmãos, nunca poderia ter reavido sua afeição por eles; mas quando considerou a providência de Deus, esqueceu-se o dano que lhe tinham feito, e disse: "Vós, na verdade intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. Não temais pois; e vos sustentarei a vós outros e a vossos filhos" (Gen. 45:8 e 50:19-21).

Mas embora a vontade de Deus seja a grande causa primária, assim como está escrito: "Eu formo a luz, e crio as trevas; faço a paz, e crio o mal; eu o Senhor, faço todas estas coisas" (Is. 45:7), nenhum homem piedoso fechará seus olhos às causas secundárias.

Na realidade, considerará um homem que lhe faz um ato de bondade como um agente utilizado pela bondade de Deus; mas também sentirá de todo o coração que está endividado para com o agente, e esforçar-se-á para demonstrar sua gratidão de modo apropriado e dentro das suas possibilidades. Se sofrer perda mediante sua própria negligência ou descuido, culpará a si mesmo, embora reconheça nisto a mão de Deus. Se alguém que foi entregue aos seus cuidados morrer devido doença, por causa da sua negligência, considerar-se-á culpado, embora saiba que a duração da vida é fixada pela determinação de Deus. Não fará abuso da doutrina da providência de Deus para apresentar desculpas por nenhum pecado.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Bancada evangélica pressiona e Dilma proíbe o kit gay


Bancada evangélica pressiona e Dilma proíbe o kit gay

A presidente da República, Dilma Rousseff, acaba de derrubar o programa do Ministério da Educação chamado de Kit gay pelos opositores - as bancadas evangélica e católica e, principalmente, o militar e deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ).

Em encontro há pouco no Palácio do Planalto com 20 deputados da Frente da Família, a presidente garantiu que o material não será distribuído pelo MEC às escolas públicas do país.

O chamado kit gay é composto por três filmetes e cartilhas, material bancado pelo MEC. Num dos pontos mais polêmicos, nos vídeos, há imagens de meninos de 12 anos se beijando na boca, o que os parlamentares consideraram uma ofensa à honra familiar e um incentivo à homossexualidade infantil. Os vídeos podem ser assistidos no http://www.fenasp.com/.

Segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, em declarações à imprensa, ele não acompanhou a confecção do material.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou, nesta quarta-feira, que a presidente Dilma Rousseff determinou a suspensão do material do Ministério da Educação (MEC) de combate à homofobia nas escolas, apelidado de "kit gay". "O governo entendeu que seria prudente não editar esse material que está sendo preparado no MEC. Daqui para frente que todo material que versará sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade", afirmou o ministro, em referência aos vídeos e cartilhas que compõem o kit.

De acordo com Carvalho, Dilma vai se reunir com os ministros da educação, Fernando Haddad, e da Saúde, Alexandre Padilha, para discutir sobre o material. "Não se trata de recuo. Se trata de um processo de consulta que o governo passará a fazer, como faz em outros temas também, porque isso é parte vigente da democracia", ressaltou.

Nessa terça-feira, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) e outros parlamentares da bancada evangélica da Câmara dos Deputados ameaçaram endossar a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para dar explicações sobre a multiplicação patrimonial. Porém, a ameça de usar Palocci como "moeda de troca" não teve adesão total dos deputados evangélicos. “Uma coisa [kit anti-homofobia] não tem nada a ver com a outra [caso Palocci]. Devemos convocar o ministro se acharmos que ele foi desonesto, não para tratar de um assunto que nada tem a ver com a nossa posição”, afirmou o deputado federal mineiro Lincoln Portela (PR).

Após reunião com a bancada evangélica, nesta quarta-feira, o ministro Gilberto Carvalho negou um possível "toma lá, da cá" entre o governo e os deputados. "Nós falamos que eles tomassem as atitudes que achassem consequentes com esse diálogo. Eles é que decidiram suspender aquelas histórias que estavam falando", afirmou.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Tenho medo de compartilhar minha fé - e agora?

Texto por
Trevin Wax
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O que fazer quando membros de sua igreja dizem que tem um desejo real de compartilhar de sua fé, mas ao mesmo tempo têm medo disso? Como ajudar essas pessoas a compartilharem o evangelho?

Eu vou começar fazendo um diagnóstico das razões específicas por que esses membros têm medo de testemunhar:

Alguns têm medo de testemunhar a um estranho, pois isso pode parecer desagradável e afastá-los do evangelho; outros se preocupam que, ao testemunhar para parentes e amigos, o relacionamento com eles pode mudar. Não querem correr o risco de ter seus relacionamentos quebrados. Alguns temem a rejeição; outros têm medo que possam não saber muito sobre cristianismo e não sabem dar respostas.

Uma vez que você diagnosticou a raiz do medo dessas pessoas, você pode começar a explicar porque o medo não deve atrapalhar o evangelismo. É recomendado começar com uma aproximação da tarefa evangelística com um certo temor mesmo. Afinal, estamos participando da tarefa sagrada, obedecendo nosso Senhor. Mas “ficar com medo” – seja qual for a razão - não é uma desculpa para não evangelizar. Por que não?

Primeiro, temos um mandamento de fazer discípulos. Cristo não deixa nenhuma lacuna em sua afirmação. É um mandamento a todos os cristãos. Não devemos evangelizar apenas depois de enfrentarmos nossos medos (isso pode nunca acontecer); devemos fazer discípulos apesar de nossos medos.

Em segundo lugar, devemos entender que temos pouco motivo para ficarmos com medo. A maioria dos não salvos não são hostis ao evangelho. De fato, uma pesquisa de Thom Rainer e de outros demonstra que um grande número de não cristãos estão abertos a escutarem a fé dos outros. Quando você falar mansa e graciosamente do evangelho, descobrirá que a maioria das pessoas reagem educadamente , mesmo se rejeitarem o seu chamado ao arrependimento.

Em terceiro lugar devemos fazer tudo em nosso poder para minimizar as razões de nosso medo. Se a falta de conhecimento é uma das razões que você tem medo de compartilhar o evangelho, então aprenda mais. Esteja pronto para responder e defender a sua fé. Mergulhe em assuntos apologéticos e tenha bons recursos a mão. Quando perguntado sobre algo que não sabe a resposta, simplesmente admita sua falta de conhecimento. Tudo bem se você disser: “Eu não sei. Deixe-me ver e depois te falo.”

Se você acha que compartilhar o evangelho pode danificar um relacionamento familiar, então considere as palavras de Cristo, que diz que o evangelho vai dividir famílias. Você deve fazer tudo para respeitar e amar incondicionalmente aqueles em sua família, mesmo que eles não aceitem as verdades do evangelho. Mas de certa maneira, o evangelho é ofensivo, e se o evangelho os dividir, que seja. Apenas tenha certeza que é a ofensa do evangelho que está causando essa divisão, e não a sua maneira ofensiva de apresentar o evangelho.

Cristãos que têm medo de participar de evangelismo são rápidos em reconhecer sua fraqueza humana. Em vez de negar essa fraqueza, nós deveríamos abraçar a verdade que realmente não temos poder algum de convencer os outros a confiar em Cristo.

Dependemos do poder convencedor do Espírito Santo. Nossos medos deveriam nos levar a ficar de joelhos em oração. Satanás ficaria com medo. Deus nos dará força se confiarmos em seu poder pra salvar.

Fonte: IPródigo

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A mulher cristã no mundo!


A mulher cristã no mundo! -
por Alfredo de Souza

Todos concordam que a macro cultura ocidental é responsável pela degeneração dos valores contidos no Evangelho, valores estes destinados à sociedade em geral. A invenção do ateísmo no século XIX demonstra até onde vai a depravação humana contra Deus conforme revelado na carta de Paulo aos Romanos, capítulos um e dois. Nesse mórbido contexto encontramos o que considero a mais nojenta ação humana contra a Lei divina: a relativização dos princípios imutáveis das Escrituras que adéqua o Evangelho às insanidades culturais. O sentido contrário é que deveria ser a regra: o Evangelho se impondo ao mundo.

Um exemplo disso é o papel da mulher na família e na sociedade. Antes de tudo quero reiterar minha total repulsa ao pecado do machismo onde o homem se acha no direito de apequenar a mulher diante da auto-afirmação masculina. Machismo é pecado e fere princípios básicos de relacionamentos conforme Gálatas 3: 28 e Efésios 5: 21 a 33, para citar apenas dois textos sagrados. Da mesma forma, o pecado do feminismo (aliás, todo “ismo” é pecado quando se coloca no lugar de Deus e da sua Lei) tem se alastrado mundo a fora, e a igreja, que caminha na retaguarda, tenta se adaptar em nome da política da boa vizinhança.

Fico estarrecido como o lugar funcional da mulher, segundo o mundo, está contaminando as igrejas, ruindo com a vontade de Deus. Vale lembrar que a família, segundo o Criador, é o microcosmo paradigmático ao mundo, isso mesmo, o lar cristão é o modelo para a igreja em geral e para a sociedade como um todo. Nesse sentido, quero refletir rapidamente sobre o papel da mulher crente na família, igreja e sociedade, Precisamos repensar qual é o modelo de Deus para a mulher nos dias de hoje. Vejamos três itens.
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1. A mulher deve criar os filhos e ser boa dona de casa: Eu sei que a sensação das pessoas que lêem um subtítulo como este é de desconforto e até mesmo indignação. Mas é exatamente isso que Paulo recomenda a Timóteo em seu ensino e pestoreio às mulheres:

“Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, criem filhos, sejam boas donas de casa e não dêem ao adversário ocasião favorável de maledicência.” (1 Tm 5: 14)

Embora a recomendação seja às jovens viúvas, o princípio aplicado é geral. Toda mulher cristã deve saber administrar o lar, conduzindo-o ordeiramente. É uma lástima ver que tantas médicas, engenheiras, advogadas, psicólogas, secretárias executivas etc. são incapazes de cozinhar, passar, proporcionar e manter sua casa limpa e bem cuidada. Tais mulheres descumprem uma ordem clara do Evangelho quanto ao seu papel no lar. Pior quando não dispõem de tempo para cuidar de seus filhos (quanto a este assunto específico veja aqui). Podemos concluir que uma mulher cristã que não é boa dona de casa, é uma esposa/mãe antibíblica.

2. A mulher deve se sujeitar ao marido: Este é outro princípio que foi corroído pelo pecado social. O princípio de autoridade é claro em sua determinação funcional, lembrando que este princípio foi estabelecido pelo modelo da criação (1 Tm 2: 9 – 15). Paulo fala claramente sobre isso a Tito no tocante ao ensino e pastoreio:

“Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.” (Tt 2: 3 – 5)

O motivo da submissão é simples, para que as Escrituras não sejam difamadas. Todavia, é triste assistir à imitação (por parte da igreja e de seus lares) dos modelos sociais que até colocam uma mulher no lugar de maior autoridade da nação (sobre isto leia aqui e aqui). Se alguém duvida desta distorção, basta ver os cargos que as mulheres estão exercendo nas igrejas locais, e não me refiro às “pastoras”, “presbíteras” ou “episcopisas” (vulgarmente chamadas de “bispas”), eu me refiro aos púlpitos e às salas de aulas repletas de varões como alunos que possuem uma mulher à frente. Eu me refiro também ao cargo de presidência das sociedades domésticas e dos ministérios cujo rol inclui o gênero masculino.

São sutilezas amainadas pela contextualização secular. Paulo é enfático neste assunto ao ensinar que qualquer atitude que coloque em cheque a autoridade do homem sobre a mulher, por mais simples ou inofensiva que possa parecer, deve ser radicalmente banida. Ou seja, se em uma cultura, a mulher coloca em jogo a autoridade do marido pelo simples ato de perguntar algo em público na igreja, então ela deve permanecer calada e fazer perguntas somente em casa (1 Co 14: 34, 35; 1 Tm 2: 11 – 15).

É bom lembrar que as solteiras e viúvas devem possuir um homem que exerça autoridade sobre a sua vida. Esse alguém pode ser o pai, o irmão mais velho, o pastor etc.

3. A mulher deve ser recatada em seu traje: Esse assunto é complicadíssimo dentro da igreja. Sempre tenho ensinado ao meu rebanho que a mulher deve ser atraente, mas nunca sensual. O problema é que quanto mais as roupas diminuem de tamanho, comprimindo o corpo, mais a igreja se adapta a isso. É deprimente ver mulheres crentes vulgarizarem o corpo numa calça saint-tropez, numa blusa curta de alcinha, num vestido apertado que marca a roupa íntima ou numa mini-saia que mais revela do que esconde. Quanto a isso temos:

“Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas).” (1 Tm 2: 9, 10)

O que Paulo está dizendo é que nenhuma mulher crente pode se vestir como as vulgares ou prostitutas da sociedade. Isso deve ser um imperativo numa sociedade que sexualiza crianças de até quatro ou cinco anos de idade.
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Será que esses itens supracitados chocam a nossa mente? A impressão que deixam é que são estruturados no radicalismo intransigente e arcaico? Em minha opinião, se alguém que se diz crente pensa assim é porque está longe do padrão da Palavra de Deus. Além do que, a própria sociedade laica deveria seguir este modelo na íntegra por se tratar de um padrão divino a todos.

Muitos cristãos têm se levantado contra as leis que favorecem a união homossexual ou contra a PLC 122/2006 ou outras decisões que escandalizam e golpeiam o coração e a mente do fiel. Tais lutas são legítimas e coerentes com o espírito do Evangelho. Mas eu creio que o problema na igreja é muito mais sutil e muito mais profundo, age como um câncer silencioso e assintomático que corrói a igreja por dentro. E nisto muitos estão em silêncio ou simplesmente estão de acordo.

Reafirmo que a família cristã é o modelo para a igreja que, por sua vez, é o correto modelo para a sociedade. Nós é que deveríamos estar na vanguarda sem abrir mão dos valores divinos. Mas o que percebemos é que as igrejas estão no final da fila tentando se adaptar ao mundo, ao mesmo tempo em que correm lamentavelmente atrás do prejuízo.

Que Deus nos fortaleça em nossas convicções e que a sua misericórdia continue pairando sobre nós.

Sola Scriptura.

"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" - Sermão pregado dia 10.04.2011


"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" -
Sermão pregado dia 10.04.2011

Nosso texto: "Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Js 24.15).

Os versículos que antecedem nosso texto, falam de um homem que avisara o povo de Deus sobre determinadas condutas que vinham tendo diante do seu Senhor e alertava-lhes sobre a necessidade de retornarem aos caminhos do Senhor, haja vista já terem presenciado grandes bênçãos e benfeitorias divinas em seu favor.

Um dos propósitos do livro de Josué é ensinar às gerações futuras de Israel como servir ao Senhor nas batalhas, na distribuição da terra prometida entre as tribos e a renovação de sua aliança com Deus.

Antes de Josué proferir o famoso versículo - que há tempos atrás era comum encontrarmos em adesivos, camisetas, bonés, etc. - é importante notarmos que há um explicação a ser feita sobre o contexto que o cercava. Dentre muitas coisas que poderíamos salientar sobre essa passagem e os versículos anteriores do referido capítulo (1-15), gostaria de enfatizar 4 aspectos da narrativa de Josué:

1. O povo de Israel era indesculpável diante de Deus.

"Os vossos olhos viram o que eu fiz no Egito" (v.7). Josué diz àquele povo que eles muito bem sabiam o que havia lhes acontecido e as maravilhas que Deus havia operado em seu meio. Eles tinham testemunhado o constante cuidar do Senhor para com seu povo durante toda a sua jornada rumo à terra prometida.

Tal versículo nos é por demais importante, pois constantemente somos levados a nos esquecermos da história - tanto pessoal como eclesiástica. Em um primeiro momento podemos pensar que o fato de estarmos reunidos esta noite não abriga nada de especial e que desde sempre foi assim. Contudo, quando olhamos para as miríades de missionários que deram suas vidas pela causa do evangelho - aqui e em todo o mundo -, dos homens e mulheres que disseram que suas vidas não eram nada diante da gloriosa missão que lhes estava incumbida, acabamos entendemos que o simples culto dominical já é uma dádiva de Deus.

Talvez você conheça a história de Jim Elliot: Aquele missionário que tinha tudo para ser um grande homem na vida, pois era talentoso e dedicado aos estudos. Embora fosse tido como um homem promissor, sua verdadeira paixão estava em levar a palavra de Deus às tribos indígenas. Ele constantemente orava: "Consuma minha vida, Senhor. Eu não quero uma vida longa, mas sim cheio de Ti, Senhor Jesus. Satura-me com o óleo do teu Espírito...".

Após muita oração e a companhia de alguns amigos, ele resolve ir para os índios Quechua. Pouco tempo depois, Jim se lembra dos índios aucas (hoje conhecidos como Huaoranis) que tinham a fama de serem muito violentos e que não possuíam nenhum contato com o mundo exterior. Com o propósito de levar o evangelho aos índios huaoranis, o grupo começou a elaborar um plano que ficou conhecido como Operação Auca.

Pouco tempo depois o grupo resolve adentrar e estabelecer contato com aquela tribo. Ao chegarem na praia de seu acampamento, Nate e Jim avisaram aos outros que os aucas estavam vindo. Munidos de armas decidiram não utilizá-las. Pouco tempo depois chegaram os aucas e pouco esses cinco jovens puderam fazer. Seus corpos foram encontrados brutalmente perfurados por lanças e machados.

As esposas desses missionários, apesar da grande dor que sofreram, decidiram continuar com a missão, e algum tempo depois foram sucedidas na evangelização dos aucas. A tribo foi evangelizada e alguns anos mais tarde, o assassino de Jim Elliot, agora convertido ao Senhor Jesus e líder da igreja na aldeia batizou a filha de Jim e Elizabeth no rio onde seu pai tinha sido morto.

Jim Elliot procurou servir a Jesus com todas as suas forças e a maior parte de sua vida e de seu ministério é contado por sua esposa Elizabeth em dois livros publicados posteriormente. Sua célebre frase, encontrada em seu diário nos inspira a entregar sem reservas a nossas vidas nas mãos do Mestre: "Aquele que dá o que não pode manter, para ganhar o que não pode perder, não é um tolo".¹

Assim como Jim Elliot e seus amigos sabiam que viver para Cristo era o que mais lhes importava, também devemos ter a mesma e seguirmos as palavras de Paulo que dizem: "Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3.14).

2. Quando Deus guia seu povo, ele os abençoa.

"Porém eu não quis ouvir a Balaão; pelo que ele vos abençoou grandemente e eu vos livrei da sua mão" (v.10). Queridos, vemos aqui como Josué discorre dizendo ao povo o quanto Deus havia protegido-os de inúmeros ataques e maldições que os outros povos desejam lançar contra eles. Sabemos que Balaão havia sido chamado por Balaque, rei de Moabe (v.9), para lançar maldição sobre Israel - mas Deus não permitiu que tal coisa fosse feita.

Neste momento nos lembramos do Salmo 91.7,10 que diz: "Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda".

É por demais salutar que entendamos que o cristão não pode ser atingido por praga alguma feita contra ele. É totalmente estranho às Escrituras o fato de pessoas professarem a fé cristã e mesmo assim viverem temendo "forças ocultas" ou "trabalhos de macumba" feitos contra ela. Certo estou de que não devemos subestimar o inimigo - pois o único capaz de derrotá-lo é Deus e não nós -, contudo, nos deparamos com muitas pessoas na igreja que dizem crer num Deus soberano e onipotente em suas vidas, mas constantemente negam sua fé na prática, pois vivem temendo mais ao Diabo do que a Deus (já escrevi sobre isso - A quem devemos temer?).

3. Não são as armas humanos que conquistam a vitória.

"Não foi a espada e o arco que lhes deram a vitória" (v.12). Após discorrer sobre como eles haviam presenciado a mão protetora do Senhor, que havia os tirado do Egito, os havia protegido contra o inimigo e os havia feito vitoriosos diante de inúmeras batalhas, agora ele passa a instar-lhe para não confiarem em suas armas, tampouco acharem que estas foram a razão de sua vitória.

Lembremos de Gideão (posterior a Josué), quando derrotou o exército de midianitas - que ficavam invadindo a terra dos israelitas - de forma inesperada e ousada. O Senhor já havia dito a Gideão: "Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou" (Jz 7.2). Assim como o Senhor falou a Gideão e os seus, também salientou ao povo - por meio de Josué - para que não pensasse que a sua própria força havia sido a causa das suas conquistas.

Precisamos atentar para que, embora o homem seja responsável diante de Deus - e acredite, isso é muito, mas muito importante mesmo -, essa responsabilidade de modo algum fere a soberania do Senhor. Devemos levar cativo que nossa responsabilidade está subordinada à soberania plena de Deus sobre todos os eventos do mundo - quer sejam bons, quer sejam maus. Se não fosse assim, como José conseguiria ter controlado o curso de sua vida? De que modo Moisés conseguiria operar tantos milagres no Egito e abrir o mar Vermelho com sua própria força? Como Gideão teria vencido aquele exército que "subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em grande multidão que não se podia contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra, para a destruir" (Jz 6.5)?

O Salmo 20.7 nos diz qual a atitude de um crente diante das batalhas da vida: "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus". Assim como estes homens deveriam saber que suas forças não estavam em artifícios humanos, nós também devemos fazer o mesmo.

Paulo também expressou essa certeza ao dizer: "Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo" (1Co 15.10).

4. Devemos seguir ao Senhor acima de todas as coisas.

"Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (v.15). Josué já havia dito ao seu povo: "Agora temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor. Se, porém, não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo" (v.14,15) . Josué aqui fala com ironia contra o povo de Deus, dizendo-lhes que restavam apenas duas opções: Servir aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates (v.15) ou servir ao deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo.

Vejamos que Josué lhes expõe duas opções ruins - não há o Deus verdadeiro para eles escolherem! Josué fala de tal modo para lhes mostrar a gravidade da situação em que estão e para que visualizassem que estão à beira da ruína.

O livro de Juízes retrata como foi a vida do povo de Israel após a morte de Josué. Nos é dito que constantemente eles "fizeram o que o Senhor reprova" (Jz 2.11; 3.12; 3.17; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1).

A passagem de hoje deseja mostrar-nos que mesmo que todos ao nosso redor venham a desviar-se e passem a seguir outros deuses - que "são vaidade... como a palmeira, obra torneada, porém não podem falar; certamente são levados, porquanto não podem andar" (Jr 10.3,5) - o verdadeiro cristão deve e permanecerá firme.

Que possamos crescer na sabedoria e confiança no Senhor, "para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente" (Ef 4.14).

Amém.


Nota:
[1]Clique para ler na íntegra: http://katalage.blogspot.com/2007/04/jim-elliot.html

domingo, 22 de maio de 2011

Não negociamos princípios! O desabafo de um pastor contra a tal da “homofobia”.


Não negociamos princípios!
O desabafo de um pastor contra a tal da “homofobia” -

por Gilson Souto Maior Junior
*

Para a tristeza de todos aqueles que amam a Palavra de Deus e buscam viver uma vida digna de modo sóbrio, justo e piedoso, no último dia 5 de maio o STF e seus nobres juízes decidiram de modo despótico algo que a maioria da população brasileira não aceita: a idéia de que um “casal” homossexual seja visto como uma unidade familiar. Não se viu o bem comum, mas apenas o bem de um grupo que deseja se sobrepor sobre os outros como se não houvesse leis que protegessem o ser humano. As leis devem cumprir seu papel de defender os bons costumes e a integridade do ser humano e não favorecer grupos exclusivos.

Nossa palavra não é contra os homossexuais. A Igreja é contra o homossexualismo! Ninguém em sã consciência deve tratar mal um homossexual, mas deve ajudá-lo segundo as Escrituras, pois Deus fez homem e mulher, estabelecendo um parâmetro familiar entre macho e fêmea, não entre pessoas do mesmo sexo (Gn. 2:24). Reiteramos nossa posição de forma clara já que nossa submissão é a Palavra de Deus em primeiro lugar, pois “... É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” (At. 5:29).

Sim, homossexualismo é pecado e desagrada a Deus, ou “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos” (1Co. 6:9). Nossa posição é contra aqueles “que praticam imoralidade sexual e os homossexuais, para os seqüestradores, para os mentirosos e os que juram falsamente; e para todo aquele que se opõe à sã doutrina” (1Tm. 1:10). Continuaremos a ensinar o que a Bíblia diz: “Não se deite com um homem como quem deita com uma mulher; é repugnante” (Lv. 18:22). No hebraico “deitar” significa “copular, um lugar onde se dorme e geralmente de conotação sexual entre homem e mulher”. Sim, a Bíblia é clara que “Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante...” (Lv. 20:13).

Sim, continuaremos manifestando nossa posição e não vamos nos calar, mesmo que nos ameacem. Vamos lutar pelo nosso direito de expressão, pois acreditar no que quiser é um direito essencial a cada ser humano. A consciência é foro íntimo, inviolável, sobre o qual outros não podem legislar. Mas muitos dos defensores do homossexualismo, em nome da “diversidade” querem tornar todos iguais e calar os “radicais”, os “conservadores”, os “fundamentalistas”, querem depreciar a fé e a consciência dos que não concordam, tentando pichá-los de “ignorantes” e “fora-da-lei”. Esquecem, entretanto, que faz parte da nossa humanidade termos nossas próprias ideias, convicções e crenças. E é daqui que procede a liberdade de expressão, que consiste no direito de alguém declarar o que acredita e os motivos pelos quais acredita de determinada forma e não de outra. Nesse direito está implícito o “contraditório”, que é a liberdade de crítica e posicionamento contrário às expressões ou manifestações de outras pessoas em qualquer área da vida. A liberdade de consciência diz respeito ao que cremos, intimamente, e a liberdade de expressão é a manifestação externa dessas crenças.

A liberdade de consciência e de expressão do pensamento é garantida pela Constituição, sendo garantida a inviolabilidade dessa condição de igualdade. Se todos são iguais, todos podem expressar suas ideias, pensamentos e crenças, desde que os direitos dos outros sejam respeitados. Ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, a Constituição diz que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (Art.5º - IV) e que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (Art.5º - VI). A liberdade de expressão religiosa é decorrente da liberdade de consciência e consiste no direito das pessoas de manifestarem suas crenças ou descrenças. Aqui se incluem adeptos das religiões, do ateísmo e do agnosticismo. Conforme o mesmo artigo “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política...” (VIII).

Portanto, não negociamos princípios. Somos contra o homossexualismo, não aceitamos a decisão do STF e não aceitamos chamar essas “uniões” de família. Somos fundamentalistas, porque cremos em fundamentos inabaláveis e eternos; somos conservadores sim, pois queremos conservar a célula mãe da sociedade, a família.

Querem nos chamar de radicais? Pois nos chamem, pois nosso compromisso é radical por Aquele que fez tudo por nós e morreu na cruz para pagar nossos pecados. Cremos na restauração do ser humano e continuaremos pregando que a homossexualidade é pecado, que os homossexuais precisam de conversão e que a graça de Deus é capaz de restaurá-los.


*Gilson Souto Maior Junior, pastor sênior da Igreja Batista do Estoril, professor de Antigo Testamento e Hebraico na Faculdade Teológica Batista de Bauru – Fateo.

Fonte: Blog dos Eleitos

sábado, 21 de maio de 2011

Só nos eleitos é a fé real e eficaz; nos réprobos, ela é apenas aparente e ineficaz


Só nos eleitos é a fé real e eficaz; nos réprobos,
ela é apenas aparente e ineficaz
- por João Calvino

Além disso, ainda que a fé seja o conhecimento da divina benevolência para conosco e a segura convicção de sua verdade, contudo não é de admirar que nos chamados justos, temporariamente, se desvaneça o senso do amor divino, o qual, embora seja afim à fé, entretanto difere muito dela. Declaro que a vontade de Deus é imutável e sua verdade é sempre consistente com a mesma. Contudo nego que os réprobos avancem até o ponto de penetrar essa secreta revelação que a Escritura reivindica só para os eleitos. Nego, porém, que eles ou apreendam a vontade de Deus, como é imutável, ou com real constância lhe abracem a verdade; por isso é que se detêm em um sentimento evanescente, como uma árvore, plantada não bastante funda para produzir raízes vivas, seca-se no decurso do tempo, ainda que por alguns anos simule não só flores e folhas, mas até mesmo frutos.

Enfim, assim como pela queda do primeiro homem pôde-se apagar de sua mente e de sua alma a imagem de Deus, assim também não é de admirar se a alguns réprobos Deus ilumine com os raios de sua graça, os quais, mais tarde, permite que se extingam. Tampouco coisa alguma impede que Deus a uns tinja levemente de conhecimento de seu evangelho, a outros infunda profundamente. Isto, contudo, devese manter: por mais exígua e débil que a fé seja nos eleitos, entretanto, uma vez que o Espírito de Deus lhes é o seguro penhor e selo de sua adoção [Ef 1.14], jamais se pode apagar de seus corações o que ele neles gravou. Quanto à iluminação dos réprobos, finalmente se dissipa e perece, sem que possamos dizer por isso que o Espírito engana a alguém, pelo fato de que não vivifica a semente que jaz em seu coração, de sorte que permaneça sempre incorruptível como nos eleitos.

Portanto, vou mais longe: uma vez que do ensino da Escritura e da experiência diária se faça patente que os réprobos são, por vezes, tocados pelo senso da graça divina, necessariamente se lhes desperta no coração certo desejo de amor mútuo. Assim, por certo tempo vicejou em Saul um afeto piedoso para que amasse a Deus, de quem, reconhecendo ser tratado paternalmente, era tomado de algum dulçor de sua bondade. Mas, uma vez que nos réprobos não se arraiga profundamente a convicção do paterno amor de Deus, não o amam plenamente como filhos; pelo contrário, são conduzidos por certa disposição mercenária. Ora, só a Cristo foi dado esse Espírito de amor, com esta condição: que o instile em seus membros; na verdade esta afirmação de Paulo não se estende para além dos eleitos: “Porquanto o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” [Rm 5.5]; isto é, esse amor que gera aquela confiança de invocação que abordei acima [Gl 4.6].

Assim vemos, por outro lado, que Deus se ira paradoxalmente com seus filhos a quem não deixa de amar; não que em si os deteste, mas porque os quer aturdir com o senso de sua ira, para que lhes humilhe a soberba da carne, sacuda-lhes o torpor e os provoque ao arrependimento. E assim concebem-no ao mesmo tempo não só irado contra eles, ou contra seus pecados, mas também propício para com eles; pois eles não fingidamente suplicam que lhes seja desviada sua ira, enquanto nele se refugiam com serena confiança. Com estas considerações, de fato fica evidente que alguns não estão a simular fé, os quais, no entanto, carecem da verdadeira fé. Ao contrário, enquanto são levados de súbito impulso de zelo, enganam-se a si próprios com uma opinião falsa. Nem há dúvida de que deles se assenhoreie a displicência, de sorte que não examinam devidamente o próprio coração, como seria de esperar. É provável que tais tenham sido aqueles em quem, conforme o testifica João, “Nem mesmo Jesus confiava neles, porque conhecia a todos; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” [Jo 2.24, 25].

Pois, se muitos não decaíssem da fé comum (chamo-a comum pela grande semelhança e afinidade da fé temporária com a fé viva e permanente), Cristo não teria dito aos discípulos: “Se permanecerdes em minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres” [Jo 8.31, 32]. Pois estava dirigindo a palavra àqueles que haviam abraçado seu ensino e os exorta ao progresso da fé, para que não viessem, por seu torpor, a extinguir a luz que lhes fora dada. Por isso Paulo reivindica a fé real exclusivamente para os eleitos [Tt 1.1], significando que muitos fenecem, porque não têm exibido a raiz viva. Assim também fala Cristo em Mateus [15.13]: “Toda árvore que meu Pai não plantou será desarraigada.”

Em outros, sua zombaria é ainda mais crassa, os quais não se acanham de querer enganar a Deus e aos homens. Contra essa espécie de homens, que profanam impiamente a fé com falaz pretexto, Tiago investe resoluto [Tg 2.14-26]. Tampouco Paulo requereria dos filhos de Deus “uma fé não fingida” [1Tm 1.5], a não ser pelo fato de que muitos arrogam para si ousadamente o que não têm, e com vã aparência enganam ou a outros, ou por vezes a si próprios. E assim ele compara a boa consciência a uma arca em que se guarda a fé, porquanto muitos, ao desviar-se daquela, tornaram-se náufragos no tocante a esta [1Tm 1.19].

Em: Institutas da Religião Cristã, 3,II,xii, Edição Clássica, Editora Cultura Cristã

Fonte: Blog dos Eleitos

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...