quinta-feira, 30 de agosto de 2012

História da King James para Crianças Colorirem!



Amados, segue abaixo a história da Bíblia King James (ou também chamada de Versão Autorizada) para as crianças colorirem. Certamente é muito melhor do que muitas "revistas" infantis que temos por aí, onde se vê claramente o segundo mandamento sendo violado por conta de inúmeras figuras de "Jesus" e seres celestiais.

Abaixo de cada página possui alguma explicação em inglês, mas que pode ser traduzido sem problemas com a ajuda de algum dicionário.


*não me recordo de onde retirei e não consegui achar a fonte do material.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Download do Estudo Sobre a Modéstia Cristã no Vestir




Amados irmãos, segue abaixo o link (em .pdf) para download do estudo sobre a  A Modéstia Cristã no Vestir. Haveria um padrão nas Escrituras para as vestimentas? O que é nudez para a Bíblia?

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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Efésios 2.3 - Uma Vida de Trevas Sob o Pecado - Exposição em Efésios - Sermão pregado dia 26.08.2012



Efésios 2.3 - Uma Vida de Trevas Sob o Pecado
Exposição em Efésios - 
Sermão pregado dia 26.08.2012

"Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também" (Ef 2.3).

Na sentença anterior o apóstolo do Senhor escreveu e deixou delimitado que de fato houve um tempo em que os crentes de Éfeso (e, na verdade, também todos nós) andaram "segundo o curso deste mundo", realizando e tendo seus pensamentos inclinados somente para as obras das trevas e que são "segundo o príncipe das potestades do ar". Este príncipe, segundo as Escrituras, não está somente naqueles que frequentemente afirmam que fizeram um "pacto com o Diabo", mas sim em todos os "filhos da desobediência". Isto nos ensinou uma grande de verdade que é de que aqueles que estão afastados do Senhor, por natureza já são controlados pelo inimigo e tão somente desobedecem ao Senhor. Na verdade, tudo o que não regenerado faz é pecado, "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" (Rm 8.7).

Aqui, se faz necessário ressalvar que ainda que tal multidão seja controlada pelo pecado e se dedique exclusivamente às obras infrutíferas das trevas (Ef 5.11), ela está sob a soberania plena de Deus, pois assim como o Senhor amou a Jacó e odiou a Esaú (Rm 9.13), de igual modo, por alguma razão que não teve o Eterno por bem nos revelar, Ele mantém muitos homens em seus pecados para que a Sua glória seja manifesta - "Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer" (Rm 9.17-18). 

Surge-nos, desta maneira, a dúvida sobre os porquês de o Senhor deixar muitos homens em trevas constantes e por quais motivos Ele não os resgata para Seu reino e os torna Seus verdadeiros filhos. 

Antes de iniciarmos a verificação - pela graça de Deus -, precisamos ter em mente o dito apostólico: "Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" (Rm 9.20-21). Estas palavras que o Senhor teve por bem registrar a nós devem estar gravadas em nossos corações. Todas as inúmeras vezes em que intentarmos discutir com o Criador e desejarmos entender certos fatos incompreensíveis, que levemos tais palavras em nossas mentes e lembremos: "és pó e em pó te tornarás" (Gn 3.19). Nossas mentes finitas não conseguem alcançar a infinitude que é o Senhor - e esta é a razão pela qual precisamos nos achegar ao texto bíblico com grande contrição e pedir para que o Senhor nos agracie com Seu entendimento.

1. O porquê de o Senhor deixar os homens nas trevas

A primeira resolução que o apóstolo escreve é que "Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne". É preciso atentar para estas palavras a fim de perceber que quando o homem anda em trevas e segue os desejos da carne, ele nada mais realiza do que os desejos de seu próprio coração. Como lido anteriormente, Faraó havia sido levantado para oprimir o povo de Israel; entretanto, o fim último da vida daquele tirano era para que "o meu nome seja anunciado em toda a terra". Quando a prostituta Raabe acolheu os homens israelitas que foram espiar Jericó, ela mesmo testemunhou desta verdade, dizendo: "Bem sei que o SENHOR vos deu esta terra e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desfalecidos diante de vós. Porque temos ouvido que o SENHOR secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Siom e a Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes" (Js 2.9-10).

Assim como Faraó foi levantado naqueles tempos, muitos depois dele se levantaram contra o Senhor e Seu ungido (Salmo 2) com o intuito de destruírem o povo de Israel. Ademais, mesmo após a era apostólica muitíssimos foram os homens e mulheres que se insurgiram com a finalidade de erradicar o cristianismo por sobre a terra. Acontece, contudo, que tais vis e perversos seres, na verdade foram levantados à mesma semelhança de Faraó para tornar o Nome do Senhor conhecido entre os tempos, pois mesmo que muitos crentes tenham morrido em decorrência de atrocidades, já disse alguém que "O sangue dos mártires é a semente da igreja". [1

Desta forma é que se precisa entender a função dos não regenerados neste mundo: alguns ainda estão nestas condições para que a graça de Deus se manifeste e sejam salvos pela mão soberana; outros, entretanto, são criados para sucumbirem ao peso de seus próprios pecados e servem para glorificar ao Senhor e tornar o Seu nome conhecido, pois mesmo que vivam para o pecado, demonstram aos filhos do Senhor de que se não fora a graça e misericórdia do Altíssimo, ninguém se salvaria. Afinal, ao olhar para o ímpio, o que o cristão pode fazer, exceto pensar: "Em que sou diferente por natureza? Em que grau sou mais elevado? Há algo que me diferencie desta pessoa? Senhor, grato sou por Tua misericórdia e graça!"

Esta, então, é a razão do porque Ele ordena que muitos homens continuem em trevas: para que o Seu poder, glória, graça, misericórdia e bênçãos sem par brilhem sobre Seus filhos, os levem a O adorarem e reconhecerem que somente o Senhor é quem pode os libertar, pois em nada diferem por natureza do mundo caído, exceto que possuem o Espírito Santo e este os leva a um novo curso de vida - não mais sob a carne como os demais, mas sob o Espírito de adoção em Cristo Jesus (Ef 1.5).

2. O porquê do Senhor não resgatar tais homens

Neste ponto o pseudo-cristão concluirá que os homens são deixados em seus próprios pecados porque não se utilizaram do suposto livre-arbítrio que o Senhor concedeu a cada homem. Mas como já notamos vezes a fio, a natureza do homem é má, pecadora e em constante rebeldia para com a santidade de Deus - o que nos leva a compressão de que se o homem é livre, então ele o é somente para uma direção: o pecado e consequentemente o inferno. Se há uma direção em que o homem segue com grande facilidade e nem mesmo precisa ser impelido para isso é a desgraça, ruína e rebeldia contra a Lei de Deus.

Isto é o que Paulo diz quando afirma: "fazendo a vontade da carne e dos pensamentos". O fato de Deus não resgatar a muitos não O torna injusto, pois tais homens de fato desejam fazer a vontade da carne (o pecado) e os pensamentos malignos que continuamente perpassam suas mentes (Gn 6.5). Paulo já registrou a pergunta retórica (isto é, a pergunta que não tem a finalidade de ser respondida, pois a resposta é óbvia) e que responde a muitas indagamentos: "Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" (Rm 9.21).

Alguém poderia objetar dizendo que Deus, se assim é, criou pessoas que Ele não ama e precisa as suportar nesta terra e ver seus pecados continuamente serem feitos contra Ele mesmo. Para tais o mesmo apóstolo responde: "E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?" (Romanos 9.22-24). O fato do Senhor preparar alguns "para a perdição" não o torna injusto, como já dissemos. Na verdade, a injustiça está em Ele escolher alguns para a salvação! Isto sim é completamente injusto! Por que alguns e não todos? Por que os israelitas segundo a promessa e não todo o Israel? Por que em algum tempo apenas os israelitas e não os egípcios? Por que somente os judeus e não os gentios? 

A verdade, amados irmãos, é que a Palavra do Senhor intenta nos ensinar de que a salvação é somente pela graça do Senhor. Embora este seja um brado evangélico comum, muitos são os que subjetivamente pensam que contribuíram em alguma medida para a sua salvação e santificação. Note os termos que usam quando se referem à suas vidas e a dos demais não crentes. Frequentemente tais indivíduos dizem que "porque eu leio a Bíblia; porque eu oro; porque eu jejuo; porque eu vou à igreja; porque eu sigo ao Senhor; porque eu luto contra o pecado; porque eu, porque eu, porque eu..." Enquanto estes estão declamando seus supostos feitos benéficos e que "ajudaram" em suas salvações, o Senhor se aproxima e simplesmente declara: "Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2.13).

Somente é o Senhor que opera em nós "o querer como o efetuar". O que este magnífico texto nos ensina é que quando oramos, assim o fazemos porque o Senhor nos move; quando lemos as Escrituras, assim o fazemos porque o Senhor nos move; quando lutamos contra o pecado, assim o fazemos porque o Senhor nos move; quando buscamos a santificação de nossas vidas, assim o fazemos porque o Senhor nos move; quando proclamamos as boas novas do evangelho, assim  fazemos porque o Senhor nove. Aquele que ainda não conheceu a verdadeira graça do Senhor pode, então, estar pensando: "Mas se assim é, o meu pecado está na conta de Deus, pois se quando faço é Ele quem me move, quando não faço apenas realizo o que Ele ordenou". Para tais o apóstolo responde: "Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?" (Rm 9.19-20).

Nossa atitude não deve ser de averiguar o como e o porquê do Senhor ter por bem em Sua soberania que caíssemos em inúmeros pecados (assim como em Sua excelsa sabedoria aprouve que Adão e Eva pecassem), mas sim de lamentar nossas misérias como fez Davi: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado. Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares" (Sl 51.1-4).

3. O porquê do Senhor não tornar todos os homens em Seus filhos

Tendo exposto as razões pelas quais o Senhor deixa muitíssimos sob as trevas do pecado e tem por bem não os resgatar do estado de perdição em que se encontram, entendamos o motivo para que isso aconteça. Noutras palavras, busquemos compreender qual é a situação do homem natural diante do Eterno: "e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também".

No versículo anterior Paulo entregou a razão desta afirmação - "Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo" (Ef 2.2). Como já temos visto, houve um tempo em que os gentios eram completamente afastados do Senhor e por isso mesmo seguiam "o curso deste mundo". É deste ponto que Paulo parte para ensinar os crentes de Éfeso e lhes dizer que enquanto os homens seguem o curso natural de suas vidas eles são "filhos da ira". Notemos a diferença entre seguir o curso deste mundo e o modo pelo qual os cristãos são guiados: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (Jo 3.8). Enquanto o homem dominado pelo pecado segue tão somente suas concupiscências e desejos inflamados pelo maligno, o cristão verdadeiro é guiado pelo Espírito do Senhor, de modo que não segue seus próprios caminhos, e sim é guiado para onde Deus "quer" e conforme bem Lhe apraz.

Este também é um dos motivos para Paulo ter escrito que é em Cristo "Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça" (Ef 1.7), pois em harmonia completa com Hebreus que diz: "E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus" (Hb 9.22-24), era necessário que alguém morresse pelos filhos do Senhor - este foi o Filho do Deus, "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus" (1Pe 3.18).

Por fim, é mister reconhecermos a bênção que o apóstolo descreve aos irmãos de Éfeso. Após discorrer sobre toda miséria, perdição do homem e soberania de Deus, ele diz: "éramos por natureza filhos da ira". Isto nos ensina uma grande verdade que é o fato de os cristãos genuínos - aqueles verdadeiramente transformados pelo Senhor - não estarem mais sob a ira de Deus. Sim! Os crentes podem se regozijar porque o Senhor não está mais irado com eles! A ira do Senhor foi despejada sobre o justo, sobre o Filho do Deus vivo e que não merecia tal condenação - e se não formos jubilosos por este feito, certamente ainda estamos em trevas e em completa ruína.

E ainda mais, lemos de que quando Senhor pune os nossos pecados, nossas punições são para a salvação e santificação - ao passo que a dos ímpios é para sua condenação: "Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos... E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela" (Hb 12.6-8, 11).

Que possa o Senhor continuamente abrir os olhos de nosso entendimento (Ef 1.18) e nos fazer temer diante da situação dos ímpios e com mais sublime humildade que um homem regenerado por ter clamarmos pelas misericórdias diárias do Senhor (Lm 3.22-23). Que seja o Artífice bondoso para conosco e nos leve a proclamar aos homens que sem Cristo todos estão fadados ao pecado e suas ruínas já são certas, "porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5)

Nota:
[1] Frase atribuída a Tertuliano - séc. II.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Série: Homem e Mulher os criou - parte 22 - Homem e Mulher após a Queda - A Modéstia no Vestir (Aplicando corretamente o ensinamento) - Sermão pregado dia 26.08.2012



Série: Homem e Mulher os criou - parte 22 -
Homem e Mulher após a Queda – A Modéstia no Vestir 
(Aplicando corretamente o ensinamento)
Sermão pregado dia 26.08.2012

Uma vez delimitado os pressupostos e posteriormente explanado os mesmos, é necessário que compreendamos a forma prudente e mais próxima da Verdade que podemos aplicas em nossas vidas. Digo desta forma porque precisamos ser sinceros ao interpretar as Escrituras; quer dizer, não devemos afirmar algo que a Bíblia não diz ou forçar uma interpretação para tão somente satisfazer interesses próprios. Analisemos, portanto, a maneira correta de se aplicar o que estudamos até aqui.

O uso de calças pelos homens

Todo intérprete da Bíblia precisa ser justo com o que ela é, de modo que não afirme erroneamente certa questão. Assim, de pronto deixemos estabelecido que as Escrituras não são explícitas e não possuem uma regra ou versículo específico e literal que diga que todos os homens devem usar calças. Conforme vimos no estudo anterior, os sacerdotes do templo eram os únicos que utilizavam uma espécie de calção/calça por debaixo de suas túnicas, pois a roupa sacerdotal não deveria entrar em contato com a carne (tipificando que o pecado não pode entrar em contato com a justiça de Cristo que cobre os Seus filhos). Isto implica em dizer que não se deve obrigar (sem amor, inflexivelmente, de modo legalista e intransigente) os homens a usarem calças. Todavia, também não se deve estimular a rebeldia e incitar homens a usarem túnicas (ou saias), pois não faz o menor sentido este uso em nossa cultura (relembre do estudo passado para melhor compreensão). Como sabemos, nosso Senhor preza pela ordem e decência - "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1Co 14.40) -, devendo todos os cristãos, então, se portarem com prudência e de modo a não serem escândalo para outrem (Rm 14.21).

Importa também salientar que ainda que não seja explicitado nas Escrituras o uso de calças para os homens, temos a citação do versículo já referido que diz que os homens que eram sacerdotes usavam calção sob a túnica. O texto nos diz que enquanto a túnica era para a "glória e ornamento" (Êx 28.40), o calção servia "para cobrirem a carne nua" (v. 42). Como bem sabemos que hoje todos os cristãos são como que sacerdotes diante do Senhor (o chamado sacerdócio universal dos crentes - vide o livro de Hebreus) e tendo Cristo como sumo sacerdote, então temos uma certa luz de que homens podem usar calças, afinal, haja vista que hoje não nos cobrimos mais para a "glória e ornamento", permanece o que é típico de todos os tempos: cobrir a nudez - e esta pode ser feita por calções e calças.

A síntese da interpretação e aplicação quanto à vestimenta masculina é que ela é variável conforme as estações, cultura e necessidade (assim como em certa medida é a da mulher). Porém, isto não se traduz em dizer que os homens podem usar todo tipo de roupa. Assim, se depreende que a vestimenta masculina deve ser não justa ao corpo (lembremos das túnicas dados pelo Senhor aos primeiros pais), deve cobrir a parte superior do homem (do peito até a cintura) e também não deve ser menor que a altura do joelho, pois conforme vimos, o mostrar da coxa é vergonhoso e sinônimo de nudez para as Escrituras sagradas.

Mulheres devem usar somente saias e vestidos?

Notemos a palavra usada em nossa pergunta: "devem". Isto é, há alguma obrigação ou versículo que diga claramente que em todas as ocasiões as mulheres devem usar saias ou vestidos? Não, não há. Embora muitas pessoas e denominações desejem impor um padrão modesto para as mulheres, muitas falham em sua sinceridade para com o texto bíblico e acabam afirmando certas doutrinas e aplicações que são fruto da mera subjetiva humana e não possuem respaldo escriturístico.

Entretanto, surge uma pergunta: por que se diz que as mulheres devem ser exortadas em amor para que usem saias e vestidos? Observemos novamente a ênfase: "exortadas em amor". Em outras palavras, como não há uma ordem bíblica explícita para que sempre usem este tipo de vestimenta - por exemplo, até quando estão em casa apenas com o marido -, precisamos ser prudentes em não oprimir as mulheres com algo que a Palavra não ordena de modo direto. Olhemos, então, alguns indicativos (por amor) pelos quais as mulheres são estimuladas a usarem saia ou vestido em público (em casa e a sós com o marido (considerando um casal no qual o Senhor não lhes tenha dado filhos)  não haveria necessidade, embora aquelas que desejarem podem assim proceder):

1. As Escrituras silenciam quanto ao uso de calças por mulheres;
2. A história demonstra que a diferença entre homem e mulher sempre foi representada por homens de calça e mulheres de saia ou vestido. Consideremos os seguintes exemplos:
2.1A placa do banheiro. Realmente não devemos generalizar, mas creio que nenhum de nós encontrará alguém que já teve dúvidas quanto ao sinal indicativo do masculino e feminino às portas dos banheiros públicos e privados;
2.2O casamento. Aqui também não devemos traçar a régua sobre todos, mas desconheço algum casamento onde noivo e noiva estavam de calças, afinal, o vestido se tornou a "marca registrada" e feminina da mulher;
2.3Vestes típicas. Tomemos o exemplo da vestes alemãs, onde homens se trajam com calças e mulheres com longos vestidos. Também temos a tradição do Rio Grande do Sul, onde os homens usam a tradicional "bombacha" (larga para não marcar as pernas e revelar a forma do corpo) e as mulheres grandes vestidos;
2.4Fotos e imagens de pessoas mais velhas. Interessante é notar que na maioria das vezes em que se vê uma foto ou pintura de pessoas mais velhas (geralmente duas ou mais geração atrás), sempre o homem está de calças e a mulher está de vestido. Aqueles que ainda têm avós ou bisavós poderão conversar pessoalmente com eles e se certificarem de que isto é verdade;
2.5Bicicletas de antigamente. Talvez muitos não saibam, mas as bicicletas de antigamente possuíam proteção por fora dos aros para que quando a mulher andasse (pois usava saia ou vestido) sua vestimenta não enroscasse nos raios e a rasgasse;
3. É a vestimenta mais modesta e que cumpre o propósito principal da roupa: esconder a pele e não revelar a forma do corpo;
4. É a roupa que identifica a mulher e exalta sua feminilidade sem ser vulgar ou sensual.

Diante do exposto, se chega a conclusão de que embora não haja uma regra explícita para homens usarem calças e mulheres saias ou vestidos, os cristãos devem se pautar pela modéstia e buscarem utilizar as roupas que mais condigam com o padrão bíblico - e isto certamente implica em homens usarem calças (ou noutro contexto alguma túnica) e mulheres saias ou vestidos. Contudo, frisamos ainda outra vez que esta conclusão não dever ser descarregada - principalmente - sobre as mulheres em forma de obrigação desamorosa e legalista. Nossas irmãs, esposas e filhas devem ser levadas paulatinamente ao entendimento de que as saias e vestidos ajudam tanto a igreja (principalmente os homens) como a sociedade, de modo que com isto todos saem beneficiados (até mesmo segundo ginecologistas, a calça na mulher - principalmente as "jeans" - pode até mesmo trazer patologias devido a não transpiração nas áreas onde o tecido é mais junto ao corpo).

É medida que se impõem também convocar os maridos e filhos para que ajudem suas esposas e irmãs neste sentido. Os olhos perversos estão em boa quantidade nos homens, o que significa que precisamos alertá-las e orientá-las em amor, para que sejam bênção na vida dos demais em vez de pedra de tropeço. Também frisamos que as mulheres que eventualmente tiverem alguma dificuldade para com este ponto, não devem ser desprezadas ou tratadas como rebeldes, mas sim acompanhadas, exortadas e animadas a andarem em boa companhia de mulheres modestas. Para a dificuldade inicial em se trocar boa parte do que se vestia, talvez seja prudente começar "devagar" esta transição - quer dizer, primeiro se vai ao culto com vestes desta natureza e depois, conforme o entendimento vai se consolidando, se amplia para outros dias da semana até que usar este tipo de vestimenta seja perfeitamente tranquilo. Forçar o uso destas vestimentas só piorará a situação e incitará a rebeldia.

É igualmente preciso pontuar que não são todas as saias, vestidos (assim como as calças e camisetas masculinas) e blusas que se adéquam para a mulher modesta do Senhor. Muitas são as saias que são demasiadamente apertadas, outras que possuem um corte alto na parte de trás ou do lado da mesma (e que acabam revelando a coxa). Vestidos muito justos também devem ser evitados (assim como blusas, camisetes e camisetas), pois o intuito da vestimenta não é fornecer uma aula de anatomia, mas sim esconder a nudez e não ser pedra de tropeço.

Alguns podem, então, se perguntar: quer dizer que a mulher nunca pode usar uma calça? A resposta é que a calça pode ser usada, contudo, será um trabalho heróico achar uma calça feminina que seja de acordo com a modéstia que já delimitamos, pois ou são muito justas, ou feitas de algum tipo de material que "cola" na pele. Entretanto, nem sempre é errado usar calças - vejamos o exemplo de roupas de inverno, onde se pode usar uma calça e por cima um casacão que cobre até o joelho (tanto quando em pé como sentado). Uma roupa que se encaixa nesta descrição seria o sobretudo comprido (pois existem uns mais curtos, uma espécie de blazer feminino). Para o verão, as mulheres que fizerem questão de usarem calça, podem usar um "blusão" que vá também até o joelho. Assim, se percebe que o problema não é a calça em si, mas o que ela revela.

Vestes de banho

Tendo aprendido mediante o bom exame das Escrituras, a conclusão para vestes de banho é pacífica: não são lícitas para os cristãos. Homens e mulheres tementes a Deus, ainda que possam não concordar com a questão da saia e vestido, ao menos terão de considerar que as vestes de banho são absolutamente impróprias para eles, pois violam flagrantemente a modéstia e prudência cristã. Sejamos sinceros e respondamos a pergunta: que diferença há entre as vestes íntimas e as vestes de praia, por exemplo? Talvez a única seja que enquanto a primeira não foi feita para usar na água, a segunda foi. Algum cristão sairia de sua casa com vestes de banho (leia-se biquíni/maiô, calção de banho e sem camisa) e andaria pela cidade? Algum irmão teria coragem de chegar a uma reunião de oração e de repente tirar a camisa diante de outras mulheres? Alguma irmã seria tão ousada de ir à igreja ou ao mercado vestindo apenas suas vestes íntimas? Se não far-se-ia isto, da onde se retirou o ideal de que tais coisas são permitidas em uma praia ou clube, tão somente porque há um bocado de água à frente?

É preciso enfatizar que o problema das vestes de banho não está na criação de Deus, isto é, a praia em si mesma não é um lugar perverso, assim como cachoeiras, rios, lagos e piscinas. O problema reside na total imodéstia das vestes e no estrondoso perigo de se violar o sexto mandamento ("não adulterarás"), ainda que apenas visualmente. Uma curiosidade que poucos sabem é que antigamente algumas praias eram literalmente dividas ao meio ou possuíam áreas distintas para homens e mulheres. Atualmente uma cidade chamada Trieste (na Itália) retornou com esta prática e colocou um muro dividindo a praia - ainda que tenha sido apenas para restaurar "o antigo esplendor da época do imperador Francisco José da Áustria e Hungria". [1]

Deste modo se compreende que não há problema em alguma piscina particular os homens tomarem banho sozinhos (assim como as mulheres também sozinhas). O fato problemático é a junção dos sexos com vestes (se é que podemos chamar de vestes) imodestas e a completa fornicação e adultério visual que é incitado entre os presentes - além, é claro, de ferir as roupas descritas pelo Senhor. Este entendimento é calcado no versículo que diz: "Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar" (Jo 21.7). Se os apóstolos que eram todos homens estavam pescando sem roupa (ou apenas com pouquíssima, não sabemos ao certo) não foram repreendidos, nós também assim podemos proceder.

Vestes para esportes

Ainda que muitos esportes sejam lícitos em si mesmos, as roupas que são requeridas para suas realizações não condizem com a modéstia cristã. As Escrituras são claras em delimitar a modéstia para todas as áreas da vida. Portanto, toda vez que se for praticar algum esporte/atividade física, haverá de se necessário a verificação das roupas a serem usadas. Em um caso prático, não há problema algum em os homens jogarem futebol (onde comumente se usa um short's acima do joelho por causa da melhor mobilidade), desde que seja apenas entre eles e não tenham mulheres por perto. Para abrangermos todo o restante e não termos de citar uma infinidade de ocasiões, deixemos estabelecido que quando apenas um sexo está reunido, fica sob o critério dos "participantes" escolherem a roupa adequada - mas quando ambos os sexos estão reunidos, impera a ordem da modéstia e prudência bíblica que já pontuamos.

Joias, penteados, esmaltes, maquiagem...

Certamente que as Escrituras não estão a proibir que a mulher seja feminina, pois a própria Escritura revela diversas vezes onde as mulheres usaram brincos, braceletes e acessórios (Gênesis 24, por exemplo) - o Senhor, através do profeta Ezequiel declarou ao povo que Ele havia restaurado a sorte de Israel: "E te enfeitei com adornos, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço. E te pus um pendente na testa, e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça" (Ez 16.11-12). Contudo, toda esta beleza e misericórdia de Deus personifica pelos adereços foi pessimamente aceita pelo povo: "Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama, e prostituías-te a todo o que passava, para seres dele" (Ez 16.15).

Deste modo, o que se deve ter em mente com relação a este tipo de coisa é que não se deve exceder a indumentária feminina (mas também masculina) moderada, pois a tentação é grande para que se caia no orgulho e confie na suposta formosura exterior. O problema não são os brincos ou outros acessórios femininos, mas o motivo pelo qual se usa eles. Assim sendo, a mulher modesta pode usar com decência certas coisas, mas sempre tendo em mente que o fim último é glorificar a Deus em todas as coisas (1Co 10.31) e também que: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30). 

João Calvino comenta sobre 1Tm 2.9, 10 ("Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras"):

9. Que do mesmo modo. Conforme ele havia ordenado aos homens para que levantassem mãos puras, agora ele prescreve a maneira pela qual as mulheres devem se preparar para orar corretamente; e parece haver um contraste entre aquelas virtudes que ele recomendou e a santificação externa dos Judeus; para isso ele sugere que não há lugar profano, nem qualquer lugar onde ambos, homem e mulher, não podem se aproximar de Deus, desde que não sejam excluídos por seus vícios. Ele pretende abraçar a oportunidade de corrigir um vício de que as mulheres geralmente são propensas, e que talvez em Éfeso, sendo uma cidade de grandes riquezas e vastas mercadorias, especialmente abundavam; esse vício é a vontade e desejo de se vestir ricamente e abundantemente. Ele [o apóstolo] deseja, portanto, que suas roupas [das mulheres] sejam reguladas pela modéstia e sobriedade; para [mostrar] que o luxo e os gastos imoderados surgem do desejo de aparecer, quer por causa do orgulho, ou por se apartarem da pureza e simplicidade. E, portanto, é daí que deriva-se nosso dever de regular a moderação, pois desde que o vestir-se é uma questão indiferente (assim como todas as questões exteriores o são), é difícil estabelecer um limite fixo sobre o quão longe se pode ir. Os magistrados [governantes] podem de fato estabelecer leis pelas quais a vontade de se exceder em gastos supérfulos seja em alguma medida contida, mas mestres piedosos cujo trabalho é guiar as consciências, devem sempre manter em vista a finalidade pretendida pela lei. Isso, pelo menos, será concorde sem qualquer controvérsia, que tudo aquilo que no vestir-se não esteja de acordo com a modéstia e sobriedade, é certamente desapropriado. No entanto, devemos sempre começar com as disposições, pois onde reina a devassidão, não haverá pureza, e onde reina a ambição, ali não haverá modéstia no vestir-se exteriormente. Mas porque muitos hipócritas comumente aproveitam-se sobre todo tipo de desculpa que eles podem encontrar para ocultar suas disposições ímpias, nós temos a necessidade de tornar claro e comentarmos sobre aquilo que nossos olhos podem ver. Seria infâmia [vileza] negar a adequação da modéstia como sendo o ornamento virtuoso e peculiar das mulheres modestas ou o dever de todas observarem essa conduta - tudo que se opõe a essas virtudes é vã desculpa. Ele [o apóstolo] expressamente censura certos tipos de excesso [que vão além da modéstia], como cabelos ondulados, joias e anéis de ouro; não que o uso de ouro ou de joias seja expressamente proibido, mas que, onde quer que estas coisas estejam em proeminência, elas geralmente estão juntas e contornam-a [a mulher] das outras coisas malignas que eu mencionei, e surgem da ambição e falta de pureza.

10. Como convém às mulheres; é sem sombra de dúvidas que o vestir-se das virtuosas e piedosas mulheres deva diferir daquelas devassas prostitutas. O que ele [o apóstolo] estabeleceu como marcas de distinção e piedade, devem ser testemunhados nas obras e no vestir-se com pureza." [2]

A própria Bíblia relata a mulher da Babilônia como sendo alguém com total falta de modéstia em seus adornos: "E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição" (Ap 17.4).

Como membros da santa Igreja de Cristo, precisamos nos portar de modo que não sejamos confundidos ou imitemos o mundo vil em suas condutas e práticas libertinas. Somente com um firme regenerar do Espírito Santo é que conseguiremos aplicar um viver modesto em todas as áreas (neste ponto frisamos as vestimentas, mas outros pontos requerem também moderação - como comer, beber, comprar, construir...).

Que o Senhor nos dê graça para não cairmos nos erros dos escribas e fariseus, "porque dizem e não fazem" (Mt 23.3). Mas que também não erremos o alvo, passemos a nos orgulhar do que realizamos e nos achemos superiores aos demais irmãos em Cristo. Nossa oração deve ser para que a cada dia o bondoso Deus retire o coração de pedra e nos dê um coração que pulsa as verdades do evangelho.

"Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?" (Mt 6.25).

Nota:
[1] http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL1111228-6091,00-PRAIA+DE+TRIESTE+COLOCA+MURO+PARA+SEPARAR+HOMENS+E+MULHERES.html - acessado dia 14.05.2012.
[2CALVIN, John, Commentary on The First Epistle to Timothy, BakerBooks, pgs. 65-66 - tradução livre.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Homens que Dormem com Mulheres Mortas



Talvez muitos já tenham ouvido falar do vietnamita que dorme ao lado de sua esposa falecida há mais de nove anos. [1] Embora a situação descrita seja um tanto quanto estranha e os motivos pareçam não ser dos mais nobres, muitos homens têm feito algo semelhante ao exposto na reportagem.

Como é sabido dos cônjuges, o casamento é um pacto, uma aliança, um testamento, um voto que obriga cada parte ao consentimento mútuo, respeito, amor ao próximo e dedicação permanente pelo bem alheio que é igualmente seu. Entretanto, com grande tristeza se percebe que muitos homens estão sendo mais influenciados por Hollywood do que pelas Escrituras de nosso Senhor.

Homens têm casado e prometido para suas esposas que as amariam "na saúde e na doença, na alegria e na tristeza", mas quase nada realizam no cotidiano para que este voto seja cumprido. Muitos têm encarado o casamento como um acréscimo ao jogo de futebol semanal, viagem com os amigos, gastar dinheiro consigo mesmo e, então, por fim, ter também a devida benevolência de suas amadas. Para ser mais objetivo, muitos pensam que casar é apenas acrescer relação sexual a todas as atividades de solteiro que antes já executavam. A verdade, contudo, é que os que assim agem acabam por tratar suas esposas como se fossem "coisas" ou objetos de prazer momentâneo - e quando não obteem o que desejam são ávidos a reclamar e depositar todos os problema nela.

Não, eu não estou dizendo que nossas esposas não possuem defeitos e pecados que devem ser consertados e removidos da prática cristã, mas sim que é preciso que os homens reconheçam que o casamento envolve renúncia, abnegação da própria vontade e um viver de servo para com o cônjuge. Não, eu também não estou dizendo que os homens devem deixar de serem masculinos e passarem a ser vassalos do relacionamento - pois isso seria contrário às Escrituras (Gn 3.16). O que afirmo é que simplesmente não cabe ao casamento genuíno certas atitudes que comumente vemos em muitos homens.. Tais pessoas frequentemente desprezam suas amadas esposas (só as tratam assim na frente dos amigos) durante o dia, mas sempre desejam a "recompensa noturna".

Homens precisam compreender que a esposa não é, como dito acima, uma "coisa". Ela é um ser criado e divinamente formado pelo Senhor e feita para ser uma "ajudadora idônea" (Gn 2.18). No entanto, esta ajudadora é também chamada de "cerva amorosa, e gazela graciosa" (Pv 5.19). Igualmente é dito: "Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do SENHOR" (Pv 18.22). É demoníaco e mais fétido do que todo estrume do mundo a frase que diz que "a mulher é um mal necessário" - o homem que cunhou (e aqueles que a repetem!) esta frase nunca leu as Escrituras e certamente não é uma nova criatura em Cristo.

O objetivo desta presente admoestação é ser pontual e alertar muitos homens que estão tratando suas esposas como algo secundário em suas vidas e têm imposto sobre elas um peso de responsabilidade que mais se assemelha com o farisaísmo do que com nosso Senhor Jesus Cristo. Estes homens têm relegado suas esposas a objetos que fazem comida, limpam a casa, são obrigadas a trabalhar fora e ainda, ao fim do dia são forçadas a satisfazerem os desejos de seus maridos. Sim, elas também devem conceder a "devida benevolência" (1Co 7.3), mas esta é uma parte da vida a dois.

Assim, muitos homens têm tratado suas mulheres como criaturas inúteis para a alegria conjugal e sem qualquer sentido real para eles. O que eles têm feito nada mais é senão viver como solteiros, mas desejando as regalias e prazeres de casados. Ao contrário desdes homens, Isaque demonstrou algo sublime e essencial para a vida conjugal: "E aconteceu que, como ele esteve ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca sua mulher" (Gn 26.8 - grifo). Sim, os homens precisam fazer de suas esposas as melhores companheiras, as melhores amigas e terem magnífico prazer de estarem em suas doces companhias.

Que o Senhor desperte nossos homens e os façam compreender que o casamento é semelhante à entrega a Cristo: "e vivo, não mais eu" (Gl 2.20), mas para o bem da esposa, amando-a, respeitando-a, ensinando-a e tratando-a com bondade. Tais homens que desta forma não procedem, na verdade têm ido à cama e dormido como que com mulheres mortas, não cuidadas e que definham com o tempo do abandono.

Nota:

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sem Nova Natureza Emoções Religiosas não são Espirituais



Todas as emoções espirituais surgem de uma compreensão espiritual, na qual a alma vê a excelência e glória das coisas divinas. Essa visão espiritual tem um efeito transformador. "E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito" (II Cor. 3:18). Este poder transformador vem somente de Deus - do Espírito do Senhor.

As Escrituras descrevem a conversão em termos que implicam ou significam uma mudança de natureza: nascer de novo, tornar-se novas criaturas, levantar-se dos mortos, ser renovado em espírito e na mente, morrer para o pecado e viver para a retidão, descartando o homem velho e vestindo o novo, partilhar da natureza divina, e assim por diante.

Segue-se que se não há mudança real e duradoura nas pessoas que pensam estar convertidas, então sua religião não têm nenhum valor, não importa quais tenham sido suas experiências. A conversão é o volver do homem total do pecado para Deus. É claro que Deus pode impedir as pessoas não convertidas de pecar, todavia na conversão Ele volve o próprio coração e sua natureza do pecado para a santidade. A pessoa convertida se torna uma inimiga do pecado. O que, então, podemos pensar de alguém que diz ter tido uma experiência de conversão, mas cujas emoções religiosas logo morrem, deixando-o muito parecido com a pessoa que foi antes? Ele parece egoísta, mundano, tolo, perverso e não cristão como sempre. Isso fala contra ele mais alto do que qualquer experiência religiosa possa falar a favor dele. Em Jesus Cristo, não importam circuncisão ou incircuncisão, experiência dramática ou silenciosa, testemunho maravilhoso ou enfadonho. A única coisa que importa é uma nova criação.

E claro que devemos levar em conta o temperamento natural dos indivíduos. A conversão não destrói o temperamento natural. Se nosso temperamento faz com que sejamos inclinados a certos pecados antes de nossa conversão, muito possivelmente tenderemos aos mesmos pecados depois da conversão. Entretanto, a conversão fará alguma diferença até nesse ponto. Embora a graça de Deus não destrua as falhas de temperamento, pode corrigi-las. Se um homem antes de sua conversão era inclinado por seu temperamento natural à lascívia, bebedeira ou vingança, sua conversão terá um poderoso efeito sobre essas inclinações más. Ainda pode correr perigo desses pecados, mais que quaisquer outros, porém eles não dominarão sua alma e sua vida como fizeram antes. Não serão mais parte de seu verdadeiro caráter. De fato, arrependimento sincero fará com que uma pessoa odeie e tema particularmente os pecados dos quais foi exteriormente mais culpado.

por Jonathan Edwards (1703-1758)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Download do Estudo Sobre a Salmodia Exclusiva na Igreja




Amados irmãos, segue abaixo o link (em .pdf) para download do estudo sobre a Salmodia Exclusiva na igreja. Quais porções da Bíblia devemos cantar? É lícito compor cânticos? O que é o culto público?

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Link para download: Estudo - Salmodia Exclusiva

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Efésios 2.2 - A Cegueira Natural do Homem Pecador Exposição em Efésios - Sermão pregado dia 19.08.2012


Efésios 2.2 - A Cegueira Natural do Homem Pecador
Exposição em Efésios - 
Sermão pregado dia 19.08.2012

Esta pregação foi gravada em vídeo - para assistir, clique no link: 
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(antes da pregação há uma leitura de Mateus 24 e alguns comentários)


"Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Ef 2.2).

O apóstolo Paulo, neste ponto, continua a dar razões e a fundamentar a obra salvífica do Senhor na vida de todos os Seus eleitos. Até aqui creio que a exposição das Escrituras já tenha iluminado a muitos e os tenha feito entender que somente os chamados pelo Senhor é que possuem a bênção de serem chamados filhos de Deus e dignos de usufruírem da comunhão com Deus - não por suas obras, mas pela adoção em Cristo Jesus (Ef 1.5). O apóstolo incisivamente admoesta e anima os crentes de Éfeso para que não se esqueçam da obra do Senhor, pois assim como é comum ao coração pecador, frequentemente o homem quando recebe maravilhas e dádivas de Deus se orgulha no coração e crê que foi abençoado por algum ato heróico ou digno de ser apreciado pelo Altíssimo. O propósito de Deus ao guiar Paulo na escrita da presente sentença parece ser de reforçar a escravidão do homem natural ao "curso deste mundo", de modo que todo cristão compreenda que nada, senão a graça de Deus é quem pode retirar o homem de seu lamaçal de pecados e o fazer cônscio dos mistérios (Ef 1.9) e do conhecimento do Alto (Ef 1.17).

1. "Em que noutro tempo andastes". O apóstolo segue sua descrição fazendo um comparativo, explicando e apontando que em algum lugar, nalgum momento e em determinadas circunstâncias os crentes de Éfeso não haviam trilhado o mesmo caminho que agora seguiam. Observemos como somos informados de uma mudança de atitude - da velha para a nova vida (Rm 12.2). Homens e mulheres por natureza andam apenas sobre o espaçoso caminho "que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela" (Mt 7.13). O caminho do homem natural é contrário à Palavra de Deus, pois Ele mesmo testifica e compara a vida eterna  (e Ele mesmo!) como sendo uma porta estreita - "porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem" (Mt 7.14).

É necessário que compreendamos esta transição do antigo caminhar para a nova vida em Cristo Jesus; precisamos reconhecer que já andamos em outros tempos distantes do Senhor. Não é compreensível que alguma pessoa olhe para seu passado e não veja faltas em seu caminho e abundância de pecados, pois "onde o pecado abundou, superabundou a graça" (Rm 5.20). Muitos são os homens que apesar de se dizerem cristãos, quando falam de seus anos pretéritos demonstram pouco ou quase nenhum remorso pelo que fizeram - falam como se desde a sua pequenez tivessem sido "boas pessoas" e moralmente corretas diante da sociedade. O problema surge, então, que tais pessoas não veem esta transposição das trevas para a luz; para eles, parece que houve uma diferença da luminária a gás para a lâmpada elétrica - isto é, antes já eram bons e agora se dizem melhores ainda.

O cristão verdadeiro é aquele que antes de sua conversão apenas enxergava e vivia para um único fim: pecar e desagradar a Deus. Nosso Senhor foi inflexível quando afirmou que "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro" (Mt 6.24). Enquanto o coração do ser humano não é regenerado pelo poder transformador do Senhor, ele somente se inclina para as coisas más - "não há quem faça o bem, não há sequer um" (Sl 14.3; Rm 3.12). A vida afastada do Senhor, talvez, nem mesmo poderia ser chamado de vida, pois tais indivíduos estão como mortos vivos, são como corpos em decomposição e que pensam possuir plena saúde. Sendo verdade que o Senhor concedeu nova vida a todos os Seus filhos (Ef 2.1), então é igualmente verdadeiro que todos que não foram agraciados pelo Senhor ainda dormem em trevas profundas - "Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" (Mt 6.23).

Não devemos imaginar que a condição do homem natural seja melhor do que a de um cadáver pútrido e cujos vermes já não podem se alimentar pois toda a carne se foi. O homem natural é inimigo de Deus - "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tg 4.4). A condição do homem não regenerado - aquele cujos pés ainda andam pelo caminho no qual foi nascido em iniquidade - é de total contrariedade ao Senhor. Observemos que Paulo nos diz que "noutro tempo andastes", quer dizer, de fato houve um tempo em que um caminho diferente foi trilhado. Não é fruto de mentes teológicas o fato de se afirmar que o homem nasce envolto no pecado; não foram grandes homens que afirmaram ser o homem pecador - foi o próprio Senhor e de maneira mais do que abundante em Sua Palavra.

2. "segundo o curso deste mundo". Agora o apóstolo nos dá um indicativo do que o homem natural faz: ele segue os ditames deste mundo corrompido e que jaz no maligno (1Jo 5.19). Notemos dois pontos de grande relevância e importância espiritual para nós:

Em primeiro lugar, o Senhor nos informa que andávamos "segundo", isto é, de acordo, sob as diretrizes de alguém ou alguma coisa. Atentemos para este fato e entendamos que nunca alguém andou de forma autônoma, livre e desprovida de qualquer influência - ou se está sobre o domínio gracioso de Deus ou se é escravo do pecado. Em segundo lugar, o que o homem natural segue é "o curso deste mundo". Assim como quando um grupo de amigos se põem a descer alguma corredeira ou escalar alguma rocha e precisam se limitar ao que a natureza lhes oferece, também o homem comum segue apenas os rios contrários às Escrituras sagradas e continuamente busca chegar ao topo mais alto que puder de seu ego e satisfação própria - tudo para que se orgulhe de si mesmo e tenha algum contentamento passageiro em sua vida.

Amados irmãos, o curso deste mundo é extremamente perverso. O Egito não era um lugar agradável aos filhos do Senhor; o deserto lhes era por demais dificultoso e as batalhas eram árduas e traziam enormes angústias; todavia, haveriam de entrar em uma "terra que mana leite e mel" (Dt 26.9), e mais: "E eu vos dei a terra em que não trabalhastes, e cidades que não edificastes, e habitais nelas e comeis das vinhas e dos olivais que não plantastes" (Js 24.13). A terra prometida como prefiguração da cidade celestial era recheada de toda sorte de belezas e fonte daquilo que o homem necessitava para sua sobrevivência. Os israelitas sequer teriam de edificar cidades ou plantar vinhas, pois tudo já lhes estaria pronto. Este é, portanto, o motivo pelo qual também o Senhor disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também" (Jo 14.2-3). Tal quais aqueles benditos israelitas escolhidos pelo Senhor entraram em uma terra que não mereciam por suas obras e habitaram em lugares agradáveis (Sl 16), assim também nós aguardamos o dia em que todos os filhos do Criador serão levados para Seu seio e juntos rejubilarão eternamente.

Mas, ainda que toda esta beleza se vislumbre aos cristãos, é preciso não deixar escapar à mente de que este mundo somente pode nos levar a um lugar: o inferno. "Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova" (Mt 15.14). Os fariseus, cegos ao testemunho da graça de Deus (que é operante desde os dias após a queda de Adão e Eva) criam que suas obras os levariam aos braços do Pai e todos os acréscimos que haviam feito à Lei de Deus nada mais eram do que bons desdobramentos do entendimento acerca da Verdade. Aqueles homens, no entanto, não foram sequer uma vez louvados pelo Senhor; na verdade, lhes foi dado um péssimo adjetivo: "condutores cegos". Como que ainda para lhes aumentar a vergonha e ignomínia, Cristo lhes diz que "se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova". Este fato nos ensina que não somente o pregador contrário à Palavra de Deus está em inimizade contra Ele, mas que igualmente todos que o seguem, caso não sejam convertidos e tenham seus olhos abertos (Ef 1.18), juntos "cairão na cova".

3. "segundo o príncipe das potestades do ar". É preciso destacar que de modo algum o apóstolo está exaltando Satanás em posição de destaque. Na verdade, parece ser o intento do apóstolo o firmar na mente dos cristãos que o Inimigo não somente anda "De rodear a terra, e passear por ela" (Jó 1.7), mas que também está acima e é superior ao homem natural. Sim, as hostes infernais são absurdamente maiores e com poder muitíssimo mais elevado do que qualquer outro vil pecador. Entretanto, o intento de Paulo também não é assustar os cristãos, mas sim os admoestar para que não brinquem com as obras das trevas, não pensem que o pecado seja algo de pequena relevância e que, portanto, podem viver e transformar a graça do Filho em uma graça barata e desprovida de sacrifício eficaz.

Importante é atentar para que enquanto a Igreja do Senhor tem Cristo por "cabeça" (Ef 1.22) e possui a "sobreexcelente grandeza do seu poder" (Ef 1.19), os ímpios possuem o "príncipe" infernal como governante de seus corações e "curso deste mundo" como guia para a perdição. O caminho dos não regenerados é somente recheado de tristezas, amarguras, cóleras e devassidão constante. Até mesmo o aparentemente mais puro e educado civil de nossos dias, se tivesse seu coração perscrutado e desnudo diante de todos, se verificaria claramente que ele é um inimigo do Senhor, um membro das hostes bestiais e um soldado alistado para o batalhão de frente contra o Altíssimo - e assim como ocorreu com Urias que foi colocado onde "havia homens valentes" (2Sm 11.16) para logo perecer, também acontecerá a todo aquele que estiver contra o Altíssimo.

Não é também sem motivo que Paulo escreve que tais pessoas são dominadas pelo "príncipe". O intento do Senhor ao registrar isto parece ser o de promover a imagem de um povo escravizado em face de alguém supremamente poderoso. Assim como os egípcios escarneciam e forçavam dolosamente o povo israelita a realizar a cota diária de tijolos de barro, de igual maneira Satanás aflige todos os seus súditos e que vivem para o seu louvor. Sim, os ímpios não vivem com o sincero desejo de magnificar ao Senhor, "Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua língua" (Sl 5.9). O desejo dos ímpios, em seu íntimo, é sempre promover a maldade e impiedade por sobre a terra, pois como filhos rebeldes que são, muito se parecem com os filhos de Arão que estando longe do Senhor com seus corações resolveram brincar com coisas sagradas - "Porém Nadabe e Abiú morreram quando trouxeram fogo estranho perante o SENHOR" (Nm 26.61).

O motivo pelo qual aqueles dois irmãos morreram não foi devido a ser boas pessoas, mas sim porque "ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara" (Lv 10.1 - grifo meu). Infelizmente muitas são as pessoas que se assemelham àqueles dois rebeldes e que mesmo vivendo muito perto da graça de Deus e de Seu poder, intentam contra o Senhor e gritam: "Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas" (Sl 2.3). O homem natural, escravo do pecado e servo de suas concupiscências somente possui um desejo: realizar atos contrários ao Senhor. Observemos que embora Nadabe e Abiú estivessem incumbidos de realizar a manutenção do fogo do altar (Lv 1.7), realizaram algo que o Eterno não lhes ordenara fazer. Assim como eles, Ananias e Safira também pereceram ao ofertar ao Senhor com o coração distante (At 5), pois criam ser mais importante reter um parte do valor do que se entregarem totalmente ao Salvador.

4. "do espírito que agora opera nos filhos da desobediência". Estas são palavras que nos deveriam levar a um grande temor e espanto diante do Senhor. O fato de o Deus soberano declarar que um poder maior opera nos filhos rebeldes deveria nos levar a um magnífico, prudente e santo louvor diário em nossos corações - pois em que somos diferentes dos não regenerados? Acaso não nascemos também em iniquidade, não crescemos sob as rédeas deste mundo vil, não seguimos durante certo tempo o curso natural das forças malignas, não tentamos desesperadamente nos livrar do Senhor e fugir para longe de Sua presença? Se isto é verdade, por que ainda muitas vezes temos prazer na desgraça do ímpio? Por que olhamos para os milhões e bilhões de afligidos por esta terra e pensamos que ao menos fizemos alguma coisa para não merecermos tal condenação?

É preciso que reconheçamos que se Cristo não for nosso libertador, ainda que ouçamos semanalmente ou diariamente a Sua palavra sendo pregada e a tivermos na cabeceira de nossas camas, o lado de nossa mente e coração, se não Lhe aprouver nos salvar, estaremos perdidos: "E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas, Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados" (Mc 4.11-12) - triste realidade aqueles homens viviam e muitos ainda vivem. Mesmo percebendo as transformações nas vidas das pessoas e ouvindo a palavra de Deus, na verdade os ímpios veem somente grande ofuscação e ouvem apenas alguns ruídos, pois são "amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2Tm 3.2-5).

Novamente com grande temor olhemos para a afirmação que o Senhor faz, isto é, de que não é necessário ser um grande e vil estuprador ou  molestador de crianças para ser condenado ao inferno; não é preciso ser um terrorista ou homem bomba - tão somente basta que sejam "amantes de si mesmos". Nada mais é necessário para condenar um homem. Na verdade, pouquíssima coisa é imprescindível para que sejam considerados inimigos de Deus - tão somente precisam gostar de si mesmos. Aqui, porém, o Senhor não está se contradizendo e afirmando que não devemos cuidar de nós mesmos, mas sim que se alguém ama sua vidas mais do que ao Salvador, então na verdade se regozija mais em fazer sua vontade do que a de Deus. "Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á" (Mt 10.39; Mc 8.35; Lc 17.33; Jo 12.25).

Tais homens não podem dizer como o salmista, "Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração" (Sl 40.8), mas sim somente ressoar em uníssono como o povo obstinado que se recusava a dobrar-se diante do Todo Poderoso: "Assim diz o SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele" (Jr 6.16). 

Vemos, então, como as Escrituras são abundantes em proclamar que "Do SENHOR vem a salvação" (Jn 2.9). Muitos homens pervertidos e imersos em completa iniquidade, pela misericórdia do Senhor não são castigados com Sua ira e encontram boa pastagem em Seus verdes campos. Assim como a cidade de Nínive necessitava da proclamação do evangelho e do firme regenerar do Espírito de Deus, assim também nós necessitamos pregar a Palavra a todas "as nações" (Mt 28.19). Mas é mister recordarmos de que todas as nações significam desde já o nosso próximo, aquele que habita em nossas cidades e convive ao nosso lado. Sob hipótese alguma devemos esperar o chamado do Senhor para pregar a Sua palavra a toda criatura, pois Ele já nos ordenou mediante o firme regenerar em nossos corações que uma vez arraigados em Sua graça, necessário se faz proclamar esta grande e sublime verdade. 

Que seja o Senhor gracioso para com os perdidos neste dia, nos leve ao encontro destes que estão mortos, que seguem a via deste mundo corrompido e nos dê, portanto, um espírito humilde e excelsamente agradecido pela obra que começou em nossas vidas e na de todos os Seus filhos que se reúnem neste Dia do Senhor, pois "aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo" (Fp 1.6).

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Série: Homem e Mulher os criou - parte 21 - Homem e Mulher após a Queda - A Modéstia no Vestir (Vestes masculinas e femininas na Bíblia) - Sermão pregado dia 19.08.2012



Série: Homem e Mulher os criou - parte 21 -
Homem e Mulher após a Queda – A Modéstia no Vestir 
(Vestes masculinas e femininas na Bíblia)
Sermão pregado dia 19.08.2012


Este estudo bíblico foi gravado em vídeo - para assistir, clique no link: 
http://twitcam.livestream.com/bn1s8
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Para que não surja algum erro de interpretação nesta matéria (e nas anteriores), de pronto já deixemos registrado que quando afirmamos e demonstramos biblicamente que a nudez é odiosa ao Senhor, não estamos falando que Deus não consiga suportar diante de si pessoas sem roupa - caso contrário, o casamento seria prejudicado e até mesmo o nosso banho diário -, mas sim de que a nudez em público não é permitida sob nenhuma circunstância. Uma vez pontuado isto, é preciso estabelecer quais são os parâmetros pelos quais os cristãos devem se pautar a fim de se cobrirem segundo o que a Bíblia prescreve, afinal, como comumente se afirma, ela é o padrão de fé e conduta de todo filho de Deus.

É preciso ser sincero quando se lê as Escrituras para que não se afirme algo que ela não diz ou façamos inferências desprovidas de bom senso e que acabem violando a harmonia do texto sagrado. Em outras palavras, não podemos sair afirmando coisas que a Bíblia não diz, e, portanto, devemos ter todo o cuidado (sempre visando o amor – "não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine" (1Co 13.1).) ao realizarmos os desdobramentos do pensamento inicial. Isto implica em dizer que devemos ser honestos quando lemos as Sagradas Letras – se elas não ordenam, não podemos obrigar. Todavia, é igualmente verdade que não devemos esperar apenas por um texto que ordene expressamente, pois uma vez que toda a Escritura é divinamente dada por Deus (2Tm 3.16-17), então precisamos extrair os subsídios dela para que entendamos melhor as questões que muitas vezes não são tão claras em uma leitura superficial.

Homens devem usar túnicas?

Esta é geralmente a primeira dúvida que surge após o entendimento de que homens e mulheres devem se vestir com modéstia. Muitos se põem a perguntar: "Se todos devem se vestir como a Bíblia ordena, então, tanto homens como mulheres deveriam usar túnicas ou saias, pois é isto que se vê na criação". Todavia, precisamos estar cientes de que a Bíblia é, como diziam os nobres puritanos, "um corpo de divindade"; quer dizer, o cristão possui não apenas 1 ou 2 livros para nortear sua vida, mas sim 66 - a saber, a própria Escritura que é divinamente escrita por Deus (2Tm 3.16-17).

Em primeiro lugar, relembremos dos estudos passados e de quando havíamos pontuado sobre qual era o âmbito de atuação de cada um dos sexos - homens trabalhando fora e mulheres cuidando do lar. Como vimos, ainda que não seja inerentemente errado à mulher trabalhar fora (Pv 31, por exemplo), seus serviços são primariamente os de sua casa e de sua família: "As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver... Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada" (Tt 2:4-5). Se procurará em vão pelas Escrituras alguma autorização para as mulheres em vez de serem "boas donas de casa", se lançarem à carreiras empresariais e buscarem cargos de chefia em empresas. Nosso papel como cristãos é tão somente se pautar pelo que a Palavra nos diz. As Escrituras não são brandas ao dizerem que se esta ordem for violada, então a palavra de Deus será "blasfemada" no mundo. Em outras palavras, se os cristãos subverterem este mandamento e trocarem os papéis, Cristo será mal falado no mundo e Sua palavra cairá em descrédito entre os homens (ainda que isto não macule Sua glória).

Este entendimento também foi expresso por John D. Davis em seu Davis Dictionary of the Bible: "As mulheres jovens da família, especialmente nos primeiros tempos entre os nômades, cuidavam de ovelhas (Gn 29.6; Êx 2.16) e iam aos campos colher (Rute 2.3, 8); mas as principais funções das mulheres eram sobre a família. Elas traziam água do poço (Gn 24.13; Jo 4.7), moíam os grãos para o dia-a-dia (Mt 24.41), preparavam as refeições (Gn 18.6; 2Sm 13.8; Lc 10.40), fiavam lã e faziam roupas (1Sm 2.19; Pv 31.13, 19; At 9.36-39), ensinavam aos filhos as verdades da religião (Pv 1.8; 31.1; cp. 2Tm 3.15) e cuidavam da casa (Pv 31.27; 1Tm 5.14). A lei mosaica e também a opinião pública entre os hebreus garantiu às mulheres o gozo de muitos direitos... O espírito do Novo Testamento é igualmente contra à degradação da mulher. Ele [o Novo Testamento] insistiu de que o homem e a mulher devem ocupar suas respectivas áreas de atuação em mútuo respeito e dependência como indicado pelo Criador (Mc 10.6-9; Ef 5.31; 1Tm 2.12-15). A santidade e permanência da relação do casamento foram ensinadas e o divórcio só foi permitido para causas extremas (Mt 19.8, 9; 1Co 7.15; Ef 5.22-23)." [1]

Penso que com esta elucidação o assunto possa estar tomando forma e algumas dúvidas estejam sendo dirimidas. Assim, embora a mulher possa trabalhar, é de sumaríssima importância notar que o seu trabalho circunda, de alguma maneira, sempre em torno de sua casa. Salutar é também frisar a questão do divórcio (como já estudamos), pois sendo a mulher designada por Deus para cuidar da casa, que segurança haveria para ela se o divórcio pudesse acontecer a qualquer momento e por qual motivo que fosse? Não ficaria ela completamente desamparada e quase que sem sustento? Vemos, então, a bondade de Deus para com a mulher.

Faço questão de ainda pontuar que os espíritos espúrios que não concordam com isto e dizem que estamos em outro tempo, que se recordem que entre Gênesis e o Novo Testamento se passaram milhares de anos! Se fosse algo da época, por que motivos a igreja neotestamentária iria continuar com uma prática tão antiga?! Aliás, qual diferença é maior: da criação até o advento de Jesus ou do início do Novo Testamento até nossos dias? Portanto, se o Novo Testamento validou está prática concorde entre todo o povo de Israel (que havia sido ensinado pelo Senhor), quem somos para ultrajarmos os preceitos divinos? Por isto, irmãs, louvem ao Senhor pela grande bênção que possuem! Vocês não são obrigadas a sair de casa cedo e no frio, passar pelas intempéries e mazelas de empresas, grandes comparações lhes pressionando, levantarem peso excessivo, se estressarem com funcionários e colegas de trabalho, terem de voltar a noite para casa e sozinhas... O senhor, pela Sua graça, proporciona a cada uma de vocês uma vida muito mais tranquila (neste aspecto) do que a dos homens. Por que tentar imitar o sofrimento dos homens na labuta diária do trabalho (além da violação do que a Bíblia ensina), sendo que podem graciosamente cuidarem da casa, do marido, dos filhos e ajudar a sustentar a casa de inúmeras outras maneiras?

Em segundo lugar, uma vez que às mulheres está destinado o cuidado da casa, aos homens cabe a incumbência de manter financeiramente ela, e, por óbvio, para isto ele terá de despender muita força (que o Senhor nos capacite) e confiança no Senhor para sustentar os seus. De forma alguma e sob nenhuma circunstância razoável ele deve trocar seu papel com a esposa e em vez de ser o sustentador passar a ser o sustentado. O homem que deseja ser sustentado por sua esposa no lugar de ser o provedor do lar (como nos ensinam as Escrituras), nunca deveria ter se casado e deixado "o seu pai e a sua mãe" (Gn 2.24). O homem de Deus reconhece sua difícil e árdua missão em prover o sustento para o lar, ainda que "com dor... [viva] todos os dias da [s]ua vida" (Gn 3.17).

Feitas estas considerações, é plausível que a conclusão natural do pensamento seja: se homens e mulheres possuem atribuições diferentes na sociedade, então suas roupas devem condizer com o tipo de chamado para o qual foram designados. Por que haveriam os homens de ter as mesmas roupas que as mulheres?

Consideremos o seguinte:

1. Homens devem trabalhar fora e trazer o sustento para casa.
2. Nos tempos antigos, como um homem iria, por exemplo, andar a cavalo com uma túnica (a menos que a levantasse até a cintura, seria impossível - ou a túnica teria de ser muito grande no seu rodado)? Se a levantasse até a cintura, incorreria no que já pontuamos acerca do limite que é a coxa.
3. Antigamente, como se iria lutar com uma túnica longa? Seria possível ter boa maleabilidade com uma vestimenta daquelas?
4. Em nossos dias, como um homem faria para subir uma escada, correr e demais coisas com uma veste longa? Ao ter de defender sua família fisicamente, por exemplo, estaria apto para perseguir o inimigo ou correr com seus filhos no colo vestido desta forma?

Penso que as respostas para as perguntas acima sejam bastante evidentes e nos levem ao seguinte já exposto: homens precisam ter roupas diferentes das usadas pelas mulheres, pois sua vocação é outra. Todavia, poderiam haver apontamentos bíblicos que aprovassem esta conclusão? Pela graça do Senhor, sim.

- "Então o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Cinge agora os teus lombos como homem; eu te perguntarei, e tu me explicarás" (Jó 40.6-7).

"A mesma declaração é repetida em Jó 38.3, onde Mattew Poole comenta: 'Agora cinge os teus lombos; como os guerreiros, então se prepare para a batalha. Prepara-te para o combate comigo.' Assim como indicado na palavra de Deus sobre Jó nesta ocasião, cingir os lombos [nota minha: lombo é a parte de trás e superior da cintura - esta expressão é como dizer: "aperte seu cinto, prenda suas roupas, esteja pronto"] era sem variação um costume pertencente somente aos homens, pelo qual eles teriam 'suas longas vestes levantadas (que de outra maneira iria os travar e impedi-los' [citação de Matthew Henry]; enquanto por outro lado, podemos inferir a partir de Is 47.2-3 que para as mulheres, qualquer levantar da saia seria vergonhoso [nota minha: o autor parte da questão de que o padrão bíblico ideal para a mulher é se cobrir até os pés]. A palavra usada em Jó 38.3; 40.7 e em Deuteronômio 22.5 para 'homem' é גֶּ֫בֶר (geber), que quer dizer 'um homem valente ou guerreiro' [Strong Concordance] e a palavra usada em Deuteronômio 22.5 para 'mulher' é אִשָּׁה (ishshah), que é o feminino de Xya ((iysh), a palavra comum para todo homem. Portanto, a gramática hebraica na frase 'Não haverá traje de homem na mulher', nos mostra a especial proibição das mulheres realizarem este costume das atividades dos homens: as 'longas vestes que eles levantavam quando iam para seus negócios' [comentário sobre 2Reis 9.1 da Bíblia de Genebra - 1599], o manto mais curto, e as calças usadas como um revestimento externo de operários, soldados, marinheiros, cavaleiros, etc, antigamente e em muitas culturas modernas." [2]

Resumindo o dito deste autor, os homens levantavam suas vestes (até o limite da coxa) porque precisavam de mais mobilidade para o seu dia-a-dia. Eles levantavam as vestes e a prendiam com um cinto (por isto a expressão: "Cinge teus lombos").

Segundo Fred H. Wight, nos tempos antigos usava-se basicamente três roupas: a vestimenta interna (uma túnica junto ao corpo ou espécie de "camisão"), uma vestimenta por cima desta túnica interna (seria, então, como uma sobre túnica, um manto/capa por cima da túnica interna) e ainda uma vestimenta externa (uma espécie de manto por cima das outras vestes). [3]

Este manto externo era muito importante para aquele tempo, tanto que o Senhor havia proibido alguém de pegá-lo como penhor e não devolvê-lo até o fim do dia: "Se tomares em penhor a roupa do teu próximo, lho restituirás antes do pôr do sol, Porque aquela é a sua cobertura, e o vestido da sua pele; em que se deitaria? Será pois que, quando clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso" (Êx 22.26-27). A palavra para nós traduzida por "roupa", no hebraico é "Salmah" (hmlX) que significa "vestuário, vestuário exterior, capa, manto". [4] Esta lei ordenada pelo Senhor visava a proteção dos castigos da natureza ao homem - durante o dia esta capa/manto mantinha a temperatura interior do corpo, protegia do vento e do sol (ao contrário do que se pensa, em uma região muito quente é preferível se vestir com longas vestes, pois a função da roupa não é somente proteger dos raios solares, mas também faz com que a temperatura do corpo fique estável, afinal, a roupa age como que uma barreira para mais calor não entrar); a noite protegia do frio e era usado como uma coberta.

Wight comenta: "O conhecimento desta lei [nota minha: Êx 22.26-27] e de sua finalidade era auxiliar na compreensão de certas declarações de Cristo. Em uma ocasião Ele disse: 'e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica [veste interna/íntima] recuses' (Lc 6.29). Esta ordem é facilmente compreendida, pois a veste externa seria a mais facilmente apreendida por um assaltante... em outra ocasião Ele diz: 'E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica [veste interna], larga-lhe também a capa [veste externa]' (Mt 5.40). Um tribunal judaico não iria fornecer uma vestimenta exterior para julgamento, por causa da Lei de Moisés já estabelecida, mas poderia conceder uma roupa de baixo [nota minha: isto é, ao menos dariam uma roupa para que o homem não estivesse completamente nu diante dos demais]. Neste caso, Jesus defendeu o ir 'a segunda milha' como dando também a veste externa." [5]

Mas, surge a dúvida: da onde aprendemos que os homens utilizavam calças no tempo antigo? Para entendermos esta questão, é preciso compreender que não é inerentemente pecaminoso o homem usar longas vestes - o próprio anjo à beira do sepulcro de Cristo se vestia assim: "E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas" (Mc 16.5 - grifo meu). O problema é o motivo pelo qual o homem usa este tipo de roupa. Olhemos a advertência de Cristo: "E, ensinando-os, dizia-lhes: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças" (Mt 12.38; Lc 20.46 - grifo meu). Notemos que a aparente ênfase que Jesus dá não é às vestes compridas, mas sim que gostam "das saudações nas praças" (embora também fale das vestes). A questão, portanto, não são as longas vestes em si (pois são apenas um tipo de cobertura), mas sim o pecado do orgulho que elas trazem, pois por serem muitas vezes pomposas, incorre-se no perigo de ser desejado e cobiçadas as suas roupas. [6]

Em um segundo momento, precisamos lembrar qual era a função da túnica para os sacerdotes (pois sabemos que hoje o sacerdócio é universal- todos os crentes vivem diariamente diante do Senhor e possuem apenas um sumo sacerdote que é Cristo) era para lhes ser "para glória e ornamento" (Êx 28.40). No entanto, por baixo desta túnica eles usavam calções (v. 42) "para cobrirem a carne nua". Neste sentido, como não há mais aquele tipo de sacerdócio, não precisamos mais nos vestir "para a glória e ornamento", mas sim tão somente para cobrir a carne nua - mas respeitando os limites estabelecido pelo Senhor, pois o próprio v. 42 fala que os "calções de linho... irão dos lombos [parte superior da cintura, atrás nas costas] até as coxas".

Como o antigo Israel precisava de tipos e coisas físicas para lhes ensinar (vide o culto cheio de incenso, sacrifícios, toda sorte de coisas visualizáveis, palpáveis e tudo mais), os sacerdotes usavam estas roupas  "para glória e ornamento", a fim de representar o poder do Senhor que estava sobre eles (basta ver as 12 pedras do colete sacerdotal, por exemplo). Como no Novo Testamento o culto e a vida se distinguem espiritualmente, permanece apenas aquilo que é comum a todos: cobrir a pele nas formas e tamanhos estipulados pelo Eterno.

Com relação às vestes femininas

"A vestimenta das mulheres eram diferentes nos detalhes, e não na espécie. Elas também usavam túnica e manto. Podemos supor que em cada caso elas se vestiam um pouco mais elaboradas. Sem dúvida elas usavam longas túnicas e mantos mais compridos dos que os dos homens. E se assim era, pode-se dizer que elas tinham direito a isso, pois geralmente não apenas faziam suas próprias roupas, mas também a de seus senhores." [7]

Isto nos ensina que as vestes das mulheres devem ser distintivamente femininas e que transmitiam aos outros uma aparência de verdadeira mulher. Mulheres que desejam se vestir como homens (o contrário também procede) fazem abominação ao Senhor - não porque determinada roupa seja de homem (veremos melhor este ponto no próximo estudo), mas sim pela vontade deliberada de se assemelhar com o sexo oposto. Lemos perfeitamente nas Escrituras que "homem e mulher os criou", nos ensinando que deve haver uma clara distinção entre os sexos.

"E eis que uma mulher lhe saiu ao encontro com enfeites de prostituta, e astúcia de coração. Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa os seus pés" (Pv 7.10-11).

Embora não saibamos com perfeita exatidão qual eram as vestes das prostitutas, uma coisa é comum a praticamente todas as mulheres que não têm o Senhor como salvador e santificador de suas vidas: a imodéstia no vestir-se. Ainda que muitas mulheres não cristãs sejam razoavelmente modestas, frequentemente se verifica que estas possuem menos cuidado para com o modo de se vestirem. Isto é importante para nossa compreensão, pois a Bíblia expressamente condena os "enfeites de prostituta", isto é, vestes, acessórios e modos de andar que sejam provocantes e tenham apenas um intuito: chamar a atenção do sexo oposto (ou do mesmo). Notemos, no entanto, que aqui o autor de Provérbios corrobora com o que já dissemos anteriormente, pois não são apenas os enfeites que trazem o mal, mas sim que estes vêm acompanhados de "astúcia de coração". Tais quais muitos homens e mulheres hoje não conseguem ficar em casa e precisam sempre sair para uma festa, "balada" ou entretenimento sexual abominável, assim também eram aquelas prostitutas condenadas pelo Senhor: "Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa os seus pés."

"Por que muitas mulheres saem de casa com os ombros desnudos e seios à mostra...? Por que elas pintam o rosto, esticam o pescoço e usam todas as formalidades às quais são levadas por suas fúteis imaginações? É para honrar a Deus e adornar o evangelho? É para tornar o cristianismo atraente e fazer pecadores desejarem a salvação? Não, não; pelo contrário, elas o fazem para satisfazer suas próprias concupiscências... Creio também que satanás tem atraído mais pessoas ao pecado de impureza, por meio do esplendoroso desfile de roupas requintadas, do que poderia ter atraído sem a utilização de tais roupas. Fico admirado ao pensar que as vestes, no passado chamadas vestes de prostitutas certamente não eram mais sedutoras e tentadores que as roupas de muitas mulheres cristãs professas de nossos dias." [8]

Homens e mulheres do Senhor devem ressoar com Jó: "Fiz aliança com os meus olhos" (Jó 31.1). Precisam também recordar das palavras do salmista: "Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim" (Sl 101.3). Se estes homens resolveram não se contaminar mediante seus olhares, que diriam acerca das vestes que levam os olhos a pecar? O motivo pelo qual nós hoje precisamos também pactuar uma aliança com nossos olho é devido às vestes mais do que imodestas que estão em voga em nossos dias.

Olhemos, por fim, a maneira adequada de aplicarmos tudo isto que vimos até aqui (continua no próximo e último estudo)

Nota:
[1] Citado por Stephen Tanner em "Christian Clothing, Scripture Standards for Dress and Conduct", págs. 18-19 - tradução livre  (material disponível na internet)
[2] Ibid, pág. 26.
[3] Fred H. Wight em: http://www.baptistbiblebelievers.com/LinkClick.aspx?fileticket=4Yj3OA2xK_M%3D&tabid=232&mid=762 (acessado dia 10.08.2012) - tradução livre.
[4] Fonte: http://www.biblestudytools.com/lexicons/hebrew/kjv/salmah.html (acessado dia 10.08.2012).
[5] WIGHT, Ibid.
[6] Pode lembrar desta verdade (usar vestes longas ou até o joelho) a questão dos escoceses que usam o famoso kilt, que segundo pesquisas pela internet, no dia-a-dia, por uma questão de prudência, usam um short's por baixo.
[7] RADIN, Max, The Life of the People in Biblical Times, p. 131 (Philadelphia: The Jewish Publication Society of America, 1929), citado por Fred H. Wight em: http://www.baptistbiblebelievers.com/LinkClick.aspx?fileticket=4Yj3OA2xK_M%3D&tabid=232&mid=762 (acessado dia 10.08.2012) - tradução livre.
[8] BUNYAN, John, The life and Death of Mr. Badman. Citado por Jeff Polard em "Deus o Estilista", p. 74).

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