terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Aprendendo a Refutar Heresias


Pelo termo heresias, quero enfatizar todo ensinamento contrário à sã doutrina, à reta verdade ensinada na Bíblia Sagrada. Um problema, porém, surge: o que é a Verdade? Como cristãos, precisamos saber o que a Bíblia fala sobre todos os assuntos, de maneira a poder andar como Cristo andou, afinal, "Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou" (1Jo 2.6).

O primeiro ponto para se refutar heresias é, portanto, conhecer a Verdade - e isto advém de duas maneiras concomitantes: estudo diligente da Palavra e oração. Esqueça qualquer "método" que fuja a esta parceria, pois firmemente somos informados de que a mera intelectualidade, para nada serve se não estiver em Cristo, "porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5). 

Se o querido leitor não conhece a Verdade e não estudou suficientemente bem, com o devido respeito, digo: não tente refutar heresias, quer dizer, acautele-se quanto à debates e discussões teológicas. Estude primeiro (e muito), para depois intentar defender suas bases. Triste coisa é conversarmos com certos crentes que, mesmo tendo lido e estudado muito parcamente, creem que seus "achismos" conseguem convencer a todos acerca de suas posições.

O segundo ponto para se refutar heresias, diz respeito a, em vez de se atacar a forma com que a heresia de afigura como um todo (afirmativa, negativa, imperativo...), compreender qual o ponto fraco e por onde se pode começar a desmanchar a farsa. Explico com um exemplo real.

Algo infelizmente comum nos círculos pentecostais é o dizer de que piercings, a depender de onde são postos, atraem demônios ou quando menos, abrem "brechas" na vida espiritual, isto é, se a joia for posta na língua, a "brecha" será no falar; se for na sobrancelha, a "brecha" será no olhar, se for na orelha, a "brecha" será para o inimigo sussurrar... e por aí segue. Embora este motivo dado para se ser contra o piercing seja ridículo, muitos acabam não colocando tais joias, não por causa dos motivos bíblicos, mas temendo abrirem "brechas" em suas vidas, com medo de que inimigo poderá se apoderar se seus sentidos. Como refutar, então, isto? A resposta é bastante simples, rápida e efetuada em seis passos.

1. Peça a base bíblica para tal proibição com base em "brechas". Aquele que estiver condenando o piercing por estes motivos acima, precisa, necessariamente, indicar na Escritura de onde está tirando a ideia de que objetos em certos lugares dão "brechas", afinal, se "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça" (2Tm 3.16), então a proibição deve ser pautada pela Bíblia.

Mas vamos conjecturar, apenas, que tal pessoa possua alguns versículos bíblicos que deem, em princípio, ensejo a tais "brechas". Se isso acontecer, siga o segundo passo.

2. Pergunte sobre qual é o contexto em que o versículo está inserido, ou seja, questione para quem, quando e como aquela carta foi escrita, de modo que não se tire o texto para pretexto. 

Se tal pessoa souber informar o contexto e parecer que tal versículo de fato dá margem para se interpretar tais "brechas", vá para o terceiro passo.

3. Indague sobre como foi que tal pessoa descobriu que piercings abrem tais brechas, quer dizer, por que é válido somente para piercings e não para um corte de cabelo, por exemplo?

Este escritor, certa vez, ouviu a seguinte resposta para a pergunta acima: "o piercing, em certas regiões, é usado para invocar demônios, de modo que não podemos os imitar". Esta resposta é comum, geralmente circundando a questão com base em alguma religião afastada ou numa localidade remota, onde certas pessoas têm determinadas práticas e se utilizam deste objetos.

Se isto acontecer com você, siga o quarto passo.

4. Uma vez que a base para tal pessoa proibir o uso do piercing é a prática de um povo remoto, a questione da seguinte forma: "não existem povos que usam panelas de barro para cozinhar oferendas a ídolos e outras pessoas que usam tambores para 'invocar demônios'? Isso significa que panelas de barro e tambores seja coisas proibidas para os cristãos?" 

Creio que o desfecho seja óbvio. Entretanto, se tal pessoa ainda conseguir ter uma resposta para estas perguntas, temos o penúltimo passo.

5. Questione tal pessoa assim: "a Escritura nos afirma que podemos comer carnes sacrificadas a ídolos, certo (1Co 10.25-31)? Se posso comer carnes que, sabidamente forma oferecidas a ídolos, afinal, 'sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só' (1Co 8.4), ou seja, mesmo que alguém, em algum lugar, se utilize de carnes para rituais contrários à Bíblia Sagrada, eu posso fazer bom uso, como pode ser que, somente devido ao fato de certo povos usarem piercings para outros fins ilegítimos, isto tornar o objeto mal por si mesmo?"

Se ainda assim tal pessoa tiver uma resposta, coisa que duvido acontecer, resta um "trunfo".

6. Faça a seguinte observação: "tendo em vista que, segundo você diz, não podemos usar nada que, alguém, em algum lugar ou algum povo utilize para práticas não cristãs, quais são os objetos que podemos utilizar? Isto é, existe alguma coisa que podemos usar? Ademais, tal pensamento não nos levaria a crer que maldições se 'grudam' em objetos, sendo que a Bíblia é clara em dizer que isto não acontece?"

Desta forma, querido leitor, se percebe que, para refutar uma heresia, basta a dividir em partes, desconstruindo aos poucos o erro, a fim de melhor debater sobre cada pormenor. Não procure refutar tudo de uma vez só, pois além de causar confusão, certamente você esquecerá de algo.

Cristo seja convosco.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Qual é o pecado cometido contra o Espírito Santo?


Dentre os muitos assuntos controversos no seio cristão, certamente o "pecado contra o Espírito Santo" é um dos que mais agita os ânimos e causa discussões, muitas vezes intermináveis. Inúmeras pessoas têm tecido os mais diversos comentários sobre o que seria o pecado imperdoável, como, por exemplo, se vê em alguns exemplos retirados da internet:

- suicídio; 
- negar a trindade; 
- todo e qualquer pecado pelo qual o pecador não se arrepende;
- presunção de salvação;
- incorrer no mesmo erro muitas vezes;
- ateísmo;
- não acreditar na misericórdia de Deus.

Como se pode notar, toda sorte de obstinações e rebeldias são colocadas como sendo o pecado imperdoável. Entretanto, como veremos a seguir, o contexto em que os versículos se encontra é muito claro em demonstrar qual é este pecado, de maneira que podemos, seguramente, ter o devido conhecimento por meio da leitura bíblica, não havendo necessidade alguma de ser grande erudito ou conhecedor supremo de certas minúcias bíblicas.

Boa parte dos erros de interpretação decorrem do fato dos leitores não atentarem para o contexto imediato do texto, quer dizer, se o texto está falando de árvores frutíferas e as relacionando com a saúde que proporcionam, a conclusão não pode ser contrária ao contexto, ou seja, ninguém pode o ler e concluir, a título de ilustração, que a saúde advém da maldade do homem - isto seria completamente descabido, pois em momento algum o texto se refere a isso.

Tendo o ponto acima como pressuposto, precisamos relembrar qual o contexto do versículo. 

Ora, é muito cristalino que nosso Mestre está efetuando milagres e o povo questionando, "Não é este o Filho de Davi?" (Mt 12.23). Mas, enquanto estes se maravilhavam, os fariseus assim diziam: "Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios" (Mt 12.24). Cristo, então, lhes demonstra claramente a estupidez do pensamento, afirmando logicamente que, "Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá." (Mt 12.25). Isto é, o Filho lhes mostrava que não era sequer crível crerem que Ele estava expulsando demônios pelo poder do príncipe deles, afinal, "E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?" (Mt 12.26).

O que Cristo estava dizendo é que se Ele expulsava os demônios com o poder dos demônios, estaria havendo uma completa contradição, porque "como pode alguém entrar na casa do homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o valente, saqueando então a sua casa?" (Mt 12.29). Noutras palavras, para que o poder do Senhor libertasse o cativo, era necessário, primeiro, expulsar o espírito mal que habitava na pessoa, a fim dela ser livre e seguir a Deus. E para não sobejar dúvidas quanto à oposição de Cristo com relação aos fariseus, assim disse: "Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Mt 12.30).

Após este desenrolar, então, é que Cristo afirma que existe um certo pecado que não será perdoado: "Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro" (Mt 12.31-32).

O texto, portanto, se torna fácil de entender, pois o pecado a que o Cristo se refere tem ligação com o que os fariseus estavam falando - e o que estavam dizendo? "Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios" (Mt 12.24).

Desta forma, podemos, seguramente, concluir que o pecado contra o Espírito Santo, consiste em se atribuir uma obra nitidamente divina e vinda de Deus, ao Diabo. Este pecado é cometido quando alguém é iluminado e, vendo a obra nítida do Senhor, se recusa a prestar honra ao Criador, como lemos em Hebreus: Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério" (Hb 6.4-6). Tais pessoas cometem este pecado porque, nas palavras do apóstolo, "tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu" (Rm 1.21). Estes que cometem tamanho horror, sabem que determinada obra vem do Senhor, mas porque interiormente são profanos e blasfemos, atribuem as bem-aventuranças ao Diabo.

Em casos práticos, é dizer que a mudança de vida ocorrida em determinada pessoa (para o bem), em verdade vem do Diabo ou que as bênçãos recebidas por outrem, na verdade foram operadas pelo inimigo. É ter ciência do poder sobrenatural de Deus, mas se recusar a dobrar-se diante do Eterno e Soberano.

Ademais, o pecado contra o Espírito Santo não é perdoado por se assemelhar à chegada ao nível máximo da perversidade contra Deus, como vemos: "E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia" (Gn 15.16 - grifado agora) - quando tal medida fosse completa, a descendência de Abraão mataria os amorreus e habitaria na terra prometida. O mesmo entendimento se evidencia na pena de morte aos crimes bárbaros (assassinato, estupro, premeditação, tocaia...) e aos de blasfêmia no caso de um Estado cristão, pois diante do Senhor nada pode ser mais grave do que atribuir ao maligno a autoria das benesses divinas.

Por fim, para que nenhum crente tenha dúvidas, a Escritura nos afirma que este pecado não pode ser cometido por um verdadeiro cristão, afinal, assim temos a promessa: "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo" (Fp 1.6).

Assim sendo, querido leitor, não vague por bosques obscuros e de falha interpretação bíblica, pois uma vez que toda a Escritura é inspirada e útil para o ensino (2Tm 3.16-17), ela mesma deve fornecer uma resposta objetiva para todos os fieis em Deus, de maneira que todos são instruídos na clara e perfeita Palavra.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Teologia, Sexo, Drogas e Rock 'n roll!


Confesso: o título desta postagem foi para chamar sua atenção. Não, não fiz isto para enganar qualquer pessoa, e sim para demonstrar como que nossos pressupostos nos levam à conclusões erradas.

Neste vídeo, ainda que com defeitos e erros de expressão, busquei demonstrar, brevemente, como que as pré-concepções que temos, muitas vezes, nos prejudicam no entender das mais variadas questões. Por exemplo: quando você leu "Teologia, Sexo, Drogas e Rock 'n roll" - o que pensou? Quais foram suas impressões sobre este título? Acaso você cogitou que este autor estaria se desviando da fé? Porventura pensou que teologia e sexo são coisas antagônicas? Perpassou sua mente que usar drogas é algo contrário à Escritura? Você chegou a expressar o pensamento comum de que "rock é coisa do diabo"?

O modo como você chega ao texto ou à conversa irá determinar a maneira como você enxerga a situação. Continuando a ilustrar, eu recebo não muitos comentários neste blog, mas quando recebo alguns, não raro eles são completamente fora do escopo do artigo tratado, quer dizer, o texto está falando sobre a soberania de Deus e a depravação do homem, e, como que "de repente", surge alguém comentando algo mais ou menos assim: "Ora, vem Senhor Jesus!". Bem, em que pese o venerável respeito por tal comentário e eu concorde com este anseio expressado, tal escrita não possui qualquer ligação com o texto em questão, me levando a perguntar se de fato tal pessoa conseguiu entender o texto postado. Aqui, nesta postagem, não é diferente. 

Ora, teologia é algo bom e necessário para todos os crentes (clique aqui), entretanto, possivelmente você relacionou a palavra "sexo" com algo pervertido, sendo que o mesmo, dentro do casamento, é algo extremamente santo! Ademais, a palavra "drogas", talvez, lhe trouxe à mente a imagem de pessoas se drogando nas ruas ou indivíduos bebendo nos bares, quando, em verdade, a palavra "drogas" nada mais é - sendo usada para este caso - do que os medicamentos que usamos (basta lembrar que antigamente as farmácias eram chamadas de "drogarias"). Nesta senda, a expressão inglesa rock 'n roll, quem sabe, fez você pensar em jovens pulando em shows e mexendo suas cabeleiras freneticamente, o que não foi meu intento, pois por esta expressão quis enfatizar a boa música que atende pelo título de "rock", nada tendo a ver com as práticas que circundam estes e outros círculos músicas.

Portanto, "Teologia, Sexo, Drogas e Rock 'n roll" é algo que pode ser muito pervertido pelos homens (falsas doutrinas, sexo fora dos padrões bíblicas, drogas ilícitas e atitudes errôneas quanto à musicalidade), mas que se bem compreendidos, podem ser algo muito santo e usado para a glória de Deus (1Co 10.31).

Desta forma, meu intento com esta brevíssima postagem é para que você, querido leitor, aprenda a lidar com os pressupostos, de maneira que seja mais apto a dialogar e ler segundo a intenção proposta pelo autor. Quando estiver conversando com alguém, questione o que determinada palavra ou expressão significa para ela, afim de que possa ter a ciência correta a respeito daquilo que se está buscando expressar. Não leia qualquer texto sem antes entender o que as palavras significa para quele autor.

"Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo" (Pv 25.11).

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

É correto dizer "Jesus te ama" para todo mundo?


Durante toda a minha existência, desde o berço até os dias de hoje, sempre estive rodeado de crentes. Em verdade, nasci em família cristã e desde a tenra idade frequento a Igreja do Senhor, de modo que possuo uma certa experiência em relações cristãs.

Fato é que, em que pese o venerável respeito pelos irmãos que se esmeram na evangelização externa (é um dever todos, ok?), algo passou a me incomodar após entender o cerne do evangelho, a saber, a expressão corriqueiramente utilizada: "Jesus te ama". Na entrega de folhetos, em uma conversa no ônibus ou em uma explanação andando na rua, frequentemente os crentes, no afã de falaram do amor de Deus, afirmam que Jesus ama aquela pessoa com quem estão conversando. Hoje mesmo, caminhando com minha esposa, fui abordado por um crente entregando folhetos e dizendo "Jesus te ama".

Todavia, seria esta uma prática bíblica? O que diz a Escritura sobre o amor de Deus? Analisemos, ainda que brevemente, estas questões.

1. O que devemos falar aos não cristãos

Quando olhamos o padrão bíblico de evangelismo, isto é, de exposição sobre o que é e no que consiste o evangelho, percebemos um claríssimo padrão, ou seja, a seguinte sequência: 1. a criação do mundo e a queda do homem; 2. a Lei de Deus e as consequências do homem que as quebra; 3. a iminente condenação que paira sobre os pecadores; 4. o refúgio que há em Cristo; 5. a necessidade de, uma vez transformado, andar em novidade de vida.

Observe todas as passagens bíblicas que relatam a exposição do evangelho e você verá como, invariavelmente, esta sequência quase sempre se desenrola, pois é necessário que o homem primeiro entenda o estado em que se encontra, para, posteriormente, compreender, por meio do Espírito Santo, que precisa arrepender-se de seus pecados e achegar-se a Cristo. Noutras palavras, o homem só saberá o que é limpeza e santidade, após contemplar a sua própria sujeira e vileza.

Entretanto, diferentemente do que muitos crentes costumam dizer, em nenhum lugar da Bíblia Sagrada nós encontramos algum oráculo do Senhor usando a expressão "Jesus te ama". Isto é algo muito sério e deveria ser levado em alta consideração por todos nós, pois se algo não é usado/permitido, então necessariamente é proibido (veja Dt 12.32).

A razão pela qual a expressão "Jesus te ama" não é empregada, tem seu fulcro na questão de que Deus não ama todos os homens - isto é, nem todos são alvos do Seu amor paternal. Considere os seguintes versículos:

- Deus só amou a Noé e sua família: "E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor [...] Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus" (Gn 6.5-9 - grifado agora);
- Deus está irado com os que não se dobram diante d'Ele: "Deus é juiz justo, um Deus que se ira todos os dias. Se o homem não se converter, Deus afiará a sua espada; já tem armado o seu arco, e está aparelhado. E já para ele preparou armas mortais; e porá em ação as suas setas inflamadas contra os perseguidores "(Sl 7.11-13);
- Deus manifesta sua ira contra toda a impiedade: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça" (Rm 1.18);
- Deus enviou seu Filho para morrer exclusivamente por Sua Igreja: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (Ef 5.25 - grifado agora).

É bastante verdade que o Senhor conclama os homens ao arrependimento, afinal, existem inúmeros exemplos por toda a Escritura - mas isto é bem diferente de dizer que o Senhor ama todos os homens.

Desta forma, o problema com a expressão "Jesus te ama", é que ela pressupõe que Cristo morreu por todos os homens da terra, indiscriminadamente - o que não pode ser verdade (clique aqui para ler sobre isso). Tal expressão faz com que as pessoas tenham a errônea ideia de que Jesus foi o substituto por todos os pecadores, entretanto, como já dito, isto não pode sequer ser verdade, haja vista, por exemplo o versículo de Efésios 5.25 acima citado, bem como a conclusão lógica, porque se Ele morreu por todos, logo, todos estão definitivamente perdoados, o que implicaria que todos irão para o céu - mas a Bíblia diz o contrário.

2. O que a Escritura diz sobre o amor de Deus

A Escritura é muito explícita: "Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda" (Jo 15.16). Nenhum homem, por natureza, escolhe ao Senhor, pois sua natureza é má e seus pensamentos são somente em oposição em senhorio de Deus. 

Vemos, outrossim, como a expressão bíblica "porque Deus amou ao mundo de tal maneira" (Jo 3.16) é assustadoramente mal compreendida por inúmeros crentes (clique aqui para ler o entendimento correto), os levando a proferirem coisas que nem mesmo Cristo falou ou os apóstolos ousaram pronunciar - ou acaso poderíamos encontrar alguma ocasião em que os apóstolos chegaram às cidades e usaram a expressão "Jesus ama a todos vocês"? Evidente que não. O que eles falavam? "Arrependei-vos" - sempre isso; ou desta forma: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações" (Tg 4.8).

A proclamação bíblica do amor de Deus nunca é condicionada a afirmação de que Jesus morreu por determinada pessoa, pois isto é assaz temeroso de se fazer, pois não se sabe se, de fato, Cristo morreu por aquela pessoa e, consequentemente, a ama. Jesus afirmou que não realizava milagres em determinadas cidades, pois a incredulidade dos tais era demais (Mt 13.58), assim como afirmou que não foi às cidades de Tiro e Sidom, mesmo sabendo que lá os tais se arrependeriam (Lc 10.13). Se Ele não demonstrou amor por todos, como podemos afirmar o contrário?

Portanto, qual a conclusão? Somente uma: devemos proclamar o arrependimento a todas as pessoas, sem quaisquer escrúpulos, convidando todas a entrarem às bodas do Cordeiro (Lc 14.23), porém, usando expressões teologicamente corretas, pois se alguém afirmar que "Jesus ama determinada pessoa", está afirmando que Cristo efetivamente ama aquela pessoa e a irá salvar, afinal, não podemos crer em um Deus que quer salvar, mas que não consegue - "Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande?" (Lm 3.37). E se tal expressão for usada, que seja para aqueles crentes que demonstram sua devoção por meio dos frutos do Espírito Santo.

Desta forma, evangelize arduamente, entretanto, sem usar "Jesus te ama", porque Ele ama, somente, os Seus eleitos, pelos quais se entregou: "Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai" (Jo 10.14-18).

"A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em sinceridade" (Ef 6.24).

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Cristo e a Igreja Maradoniana


Assisti, há algumas semanas atrás, um pequeno documentário que relatava a existência da Igreja Maradoniana - isto mesmo, uma "Igreja" que, literalmente, adora o jogador argentino Diego Maradona. Relato o que sucedeu:

O documentário relatava a paixão que os "devotos" tinham pelo "mestre", pela habilidade com que desenvolveu seu jogo. Chegavam, inclusive, a atribuir supostos milagres ao ídolo. Milhares de pessoas reverenciavam a Diego Maradona em todo o mundo, inclusive com uma espécie de "culto", onde era lido a Bíblia Sagrada desta "Igreja", a saber, a biografia de Maradona.

Havia, também, um ritual de iniciação para se pertencer a tal "Igreja", dentre eles o juramento de colocar o nome Diego em um dos filhos ou acrescentar como segundo nome em todos os filhos masculinos (não me recordo com exatidão), bem como se manterem fieis ao esporte chamado de futebol. 

Ademais, existia uma espécie de "batismo" para ingressar na "Igreja", o qual consistia em uma repetição dramática do famoso gol de Maradona contra a Inglaterra na copa de 1986 - aquele em que Maradona fez com o gol a mão (clique aqui). 

Diante destes fatos, assistindo a tudo isso, me sobreveio o seguinte pensamento: como pode ser possível que alguém acredite que um jogador de futebol é um divindade? Existe alguma plausibilidade racional para se dedicar tempo a "adorar" um ícone do esporte? Qual a razão para tantas milhares de pessoas crerem que um homem já envolvido em tantos escândalos pode ser um deus?

Após uma breve reflexão sem encontrar uma resposta plausível, eis a conclusão surgida: estes pensamentos que estou tendo, na verdade, são os mesmos pensamentos que os do tempo de Jesus Cristo tiveram, pois eles olharam para o filho de José e Maria e lembraram do seu passado, da criança brincando, ensinando no templo, quem sabe ajudando seu pai nos afazeres do trabalho. E, então, como que de repente, pessoas estão adorando este menino Jesus que se dizia ser maior do que Moisés e até mesmo que era filho de Deus. Certamente tais pessoas ficaram perplexas! Um homem, anteriormente menino, agora sendo venerado por muitos, a ponto de largaram suas religiões anteriores!

Não sem motivo, então, que muitos se escandalizaram por causa de Jesus Cristo, a ponto do próprio dizer: "bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim" (Mt 11.6).

Ao final do documentário, longe de uma indignação barata para com os que "adoram" a Maradona, entendi ser preferível a compaixão, afinal, não fosse o Senhor ter me libertado, eu poderia estar venerando tal homem (ou outro qualquer) ou, se fosse no tempo de Cristo, talvez eu estivesse entre os fariseus e demais do povo que não reconheceram Jesus como Senhor e Salvador, crendo que seria uma perda de tempo adorar um homem que se dizia o Salvador...

Portanto, conclamo a você, querido leitor, para que, quando se deparar com fatos aparentemente esdrúxulos, reflita sobre onde e como você estaria, se não fosse o Senhor ter nos libertado. 

"Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós" (Jo 15.16) - louvado seja Deus pela bendita eleição!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Pregando Cristo a partir do Decálogo


Se toda a Escritura testifica de Cristo, a lei de Deus certamente não pode ser uma exceção. Conforme estudamos a lei no contexto do seminário, então, nada pode ser mais importante do que estudar seu testemunho de Cristo. Ministros do Evangelho precisam aprender como pregar Cristo a partir da lei.

De fato, a lei carrega testemunho de Cristo de diversas maneiras, algumas da quais eu devo discutir nos seguintes pontos.

1. O Decálogo apresenta a justiça de Cristo. Quando dizemos que Cristo foi o cordeiro perfeito de Deus e o exemplo perfeito de vida Cristã, estamos dizendo que ele obedeceu perfeitamente à lei de Deus. Ele nunca colocou nenhum deus antes de seu Pai. Ele nunca adorou ídolos ou tomou o nome de Deus em vão. Ao contrário dos fariseus, ele nunca violou a lei do Sabbath (Sábado). Assim, o decálogo nos diz como Jesus era. Ele nos mostra seu caráter perfeito.

2. O Decálogo mostra nossa necessidade de Cristo. A lei de Deus nos convence do pecado e nos leva a Jesus. Ela nos mostra que estamos separados de Cristo. Nós somos idólatras, blasfemos, quebradores do Sabbath (Sábado), e assim por diante.

3. O Decálogo mostra a justiça de Cristo. Nele somos santos. Deus nos vê em Cristo, como detentores da lei.

4. O Decálogo mostra como Deus quer que rendamos graças por Cristo. No decálogo, obediência segue a redenção. Deus diz a Seu povo que Ele lhes libertou do Egito. A lei não é algo que eles devem guardar para merecer redenção. Deus já os redimiu. Guardar a lei é uma maneira que eles agradecem a Deus pela salvação outorgada livremente.  Assim, a Confissão de Heidelberg expõe a lei sob a categoria de gratidão.

5. Cristo é a essência da Lei. Este ponto está relacionado com o primeiro, mas não é bem a mesma coisa. Aqui eu gostaria de dizer que Jesus não é apenas um guardador perfeito da lei (de acordo com sua humanidade), mas que de acordo com sua divindade ele é aquele a quem nós honramos e adoramos quando guardamos a lei;

(a) O primeiro mandamento nos ensina a adorar Jesus como o único e verdadeiro Senhor, Salvador e Mediador (Atos 4:12, 1 Tm 2:5)

(b) No segundo mandamento, Jesus é a imagem perfeita de Deus (Col 1:15, Heb 1:3). Nossa devoção a ele se opõe a adoração de qualquer outra imagem.

(c) No terceiro mandamento, Jesus é o nome de Deus, e todo joelho se dobrará diante desse nome (Fil 2:10-11; cp Is 45:23)

(d) No quarto mandamento, Jesus é o nosso descanso sabático. Em sua presença, nós cessamos nossos deveres e ouvimos sua voz. (Lucas 10:38-42) [1]

(e) No quinto mandamento, nós honramos Jesus que nos trouxe como seus “filhos” (Heb 2:10) para a glória.

(f) No sexto mandamento, nós o honramos como a vida (João 10:10, 14:6; Gal 2:220; Col 3:4), Senhor da Vida (Atos 3:15), aquele que deu sua própria vida para que pudéssemos viver (Mc 10:45).

(g) No sétimo mandamento, nós o honramos como nosso noivo que se entregou para nos purificar, para nos tornar sua noiva pura e imaculada (Efésios 5:22-33). Nós o amamos como nenhum outro.

(h) No oitavo mandamento, nós honramos Jesus como nossa herança (Efésios 1:11) e como aquele que prove todas as necessidades para seu povo neste e mundo e no vindouro.

(i) No nono mandamento, nós o honramos como a verdade de Deus (João 1:17, 14:6), em quem todas as promessas de Deus são Sim e Amém (2 Cor 2:20)

(j) No décimo mandamento, nós o honramos como nossa suficiência completa (2 Cor 3:5, 12:9) para atender tanto nossas necessidades externas quantos renovar os desejos dos nossos corações.

- por John Frame

Nota:
[1] Leia mais sobre este assunto - clique aqui.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Perdão Exclui a Punição pelo Pecado?


Um certo vídeo (clique aqui) tem gerado toda sorte de problemas com relação a determinada doutrina cristã, a saber, a doutrina da retribuição pelo mal cometido. Como se pode verificar no mesmo, uma mãe, encontrando o assassino de seu filho [1], possivelmente após o inquérito policial ou após alguma audiência judicial, diz que ele está perdoado. Ela afirma de modo a expressar algo bíblico, isto é, o amor que deve ser concedido, afinal, primeiro fomos perdoados pelo Senhor.

Todavia, este vídeo tem sido disseminado a fim de propagar a errônea de que o perdão de pecados exime o malfeitor da pagar por sua culpa. Noutras palavras, muitos crentes o tem divulgado para mostrar que o amor não faz necessário haver punição pelo crime - o que é uma completa inverdade.

Assim, ainda que mui brevemente, iremos analisar o que a Escritura nos diz sobre o perdão e punibilidade pela transgressão.

1. O perdão de pecados

A Bíblia assim afirma: "Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete" (Mt 18.21-22).

Observamos que há um mandamento muito específico: perdoar. É preciso notar, porém, que o texto fala mais especificamente sobre perdoar "meu irmão", isto é, outro crente que nos fez mal. E qual o motivo para o cristão perdoar seus irmãos que lhe maltrataram? A resposta vem em seguida dos referidos versículos, quando o Senhor profere a parábola do servo que possuía muitas dívidas para com o seu senhor, mas que as teve totalmente quitadas e, assim, deveria ter a mesma atitude para com o próximo. 

Outro texto, agora falando sobre cristãos e incrédulos, assim afirma: "Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam" (Lc 6.27-28). Se percebe, então, que há uma diferença entre o perdão concedido ao irmão em Cristo e o amor que devemos ter para com os nossos inimigos. Não é possível "conceder" o perdão aos inimigos na mesma medida que para com o cristão, tendo em vista que, neste sentido da palavra, os inimigos não são cristãos e por isso não estão sob a bênção de Deus e sob Sua guarda, de modo que o que devemos para com eles é demonstrar o amor do Senhor em lhes expor a necessidade de arrependimento e conclamando para que sejam guiados até Cristo. 

Trocando em miúdos, devemos perdoar os irmãos em Cristo e demonstrar o amor que Deus teve para conosco na relação com os incrédulos, lhes mostrando a verdade e conclamando ao arrependimento. Embora a expressão "perdoar um incrédulo" denote que o cristão não está mais levando em consideração o que foi lhe feito, teologicamente não é uma expressão adequada, ainda que não seja totalmente reprovável a utilizar.

Desta forma, aprendemos que, de modo geral, temos de demonstrar amor para com o próximo, tal qual a mulher do vídeo aparentou fazer.

2. A punição pelo pecado

A Escritura nos fornece claro entendimento sobre o que é pecado: "Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei" (1Jo 3.4). Não resta qualquer dúvida: pecado é tudo o que transgride a Lei, isto é, todas as ordenanças e mandamentos do Senhor.

Como se pode verificar no vídeo elencado, houve um assassinato, uma clara violação ao sexto mandamento: "Não matarás" (Êx 20.13). E qual é a penalidade bíblica para quem comete este pecado [2]? A resposta é clara: "Se alguns homens pelejarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, porém não havendo outro dano, certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e julgarem os juízes. Mas se houver morte, então darás vida por vida, Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe" (Êx 21.22-25).

Ao contrário do que muitos pensam, esta lei do Senhor quanto à pena de morte para quem retira a vida de outrem sem motivo, não foi abolida [3]. Inúmeros são os casos bíblicos para a pena de morte, incluindo o estupro, por exemplo (Dt 22.26). Com relação às cidades refúgio, como é de cediço conhecimento, elas serviam tão somente para os crimes cometidos com culpa, isto é, sem dolo (ausência de intenção), de modo que se alguém premeditasse o mal contra o próximo e lá se escondesse, seria retirado e morto: "Mas, havendo alguém que odeia a seu próximo, e lhe arma ciladas, e se levanta contra ele, e o fere mortalmente, e se acolhe a alguma destas cidades, Então os anciãos da sua cidade mandarão buscá-lo; e dali o tirarão, e o entregarão na mão do vingador do sangue, para que morra" (Dt 19.11-12). [4]

Por que o assassino (o tema aqui tratado) é punido com a morte? Porque chegou ao grau máximo da perversidade, pois tirou a vida de alguém feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27). O fato de alguém ser punido com morte, não invalida entretanto, o perdão conferido e até mesmo a vida eterna, como se verá abaixo.

3. O perdão não exclui o a punição

O próprio salmista afirma como que o Senhor, embora perdoe, muitas vezes vinga os feitos dos homens: "Tu os escutaste, Senhor nosso Deus: tu foste um Deus que lhes perdoaste, ainda que tomaste vingança dos seus feitos" (Sl 99.8 - grifado agora).

Um outro texto muito evidente, que demonstra como a punição não exclui o perdão, ou seja, que a pessoa deve ser punida, mesmo sendo perdoada, é o do ladrão da cruz, onde aquele homem, após cometer grande pecado e transgressão social, foi salvo por Cristo, ainda que o Senhor não o tenha retirado da cruz.

Portanto, após esta apertada síntese, podemos concluir que no caso do vídeo comentado, bem fez a mulher em demonstrar amor ao próximo, mas isso não significa que aquele homem deva ser absolvido do seu crime e tendo o direito a continuar a viver, pois se estivéssemos em um país com leis cristãs, ele teria de ser executado - o que não invalidaria possível salvação no intercurso entre a sentença e a execução da mesma.

Esta doutrina é muito forte para você? Tenha a certeza de que também a é para mim. Roguemos, então, juntos ao Senhor, a fim de termos intrepidez de fazer como os apóstolos: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (At 5.29).

p.s.: não se esqueça de ler as notas abaixo.

Notas:
[1] Como trabalhador na área do Direito, sei que não é apropriado fazer juízo de valor sem conhecer o caso, por isso, parto do pressuposto de que o elemento em tela é o verdadeiro assassino, mas considero a possibilidade de não ser, afinal, não conheço as minúcias do processo.
[2] O versículo, no original, é melhor traduzido como "Não assassinarás", isto é, "não tirarás a vida sem motivo".
[3] Leia este texto: Por que a mulher adúltera não morreu?
[4] Sobre este assunto, tratando acerca do "vingador de sangue", é melhor explanado em meu livro: Armas, Defesa Pessoal e a Bíblia. Querendo, você pode o adquirir neste site.
[5] Alguns textos eu recomendo para você que possui dúvidas neste assunto:

Podemos Legislar a Moralidade?
A Lei Civil do Antigo Testamento: Você é dispensacionalista nisso?
Quando matar não é nem crime nem pecado

Se você lê em inglês, adquira estes dois livros: "The Death Penalty on Trial", de Ron Gleason e "Punishment by Death", de George B. Cheever.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A Salvação Através da Substituição


A salvação através da substituição estava incorporada na primeira promessa em relação à semente da mulher e ao calcanhar ferido. A vitória sobre o nosso grande inimigo, por meio da sujeição do próprio Deus aos ferimentos causados por esses inimigo, foi proclamada naquele exato momento. A vestimenta de nossos primeiros pais, feita com aquilo que havia passado pela morte, preferivelmente às folhas de figueira, as quais não haviam passado pela morte, demonstrou o princípio da substituição como o princípio pelo qual Deus começou a agir em Seu tratamento com o homem caído. 

A oferta de Abel revelou a mesma verdade, principalmente quando contrastada com a de Caim. Por aquilo que tornou Abel aceitável, e o fez aceito, foi a morte de uma vítima como um substituto para ele mesmo; e aquilo que tornou Caim odioso, e fez com que fosse rejeitado, foi a ausência dessa morte e desse sangue. As primícias mortas foram aceitas por Deus, de modo simbólico, como o substituto de Abel, abatido no altar, até que Ele viesse, "a semente da mulher", "nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos" (Gl 4.4-5)

- por Horatius Bonar (1808-1889)
Fonte: A Justiça Eterna - Como o Homem será Justo Diante de Deus? Ed. Fiel, pág. 27

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

10 Maneiras de ser um Advogado para a Glória de Deus


"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1Co 10.31).

1. Lembre-se que a ira do homem não produz a justiça de Deus (Tg 1.20);

2. Lembre-se que, antes de tudo, é preciso obedecer a Lei de Deus (Is 8.20);

3. Lembre-se acerca de defender o necessitado e a ninguém buscar oprimir injustamente (Zc 7.10);

4. Lembre-se de não perverter o juízo e ter balanças desonestas (Mq 6.11; Pv 11.1);

5. Lembre-se de que, uma vez ser pecaminoso defender a violação dos mandamentos é Deus, é igual pecado advogar a absolvição de qualquer delinquente, como se a lei dos homens fosse maior que a Lei de Deus (Mt 24.35);

6. Lembre-se que, sob certas circunstâncias, mais valor tem a coisa material do que a formal, isto é, não se atenha, sempre, ao "como", e sim ao "que", não buscando eximir o culpado sob alegações formais, ainda que tipificadas em lei e seguintes do due process of law (Dt 25.1);

7. Lembre-se da diferença entre legalidade, moralidade e licitude (Ez 45.10); [1]

8. Lembre-se que a mentira pertence aos filhos do Diabo (Jo 8.44);

9. Lembre-se, sobretudo nos casos onde seu cliente "é culpado", que a outra parte é uma criatura de Deus (na personalidade jurídica, entenda-se a pessoa dos sócios, se for o caso) e, portanto, tem o direito de receber o que lhe é devido - assim, busque, quando puder, a conciliação (Mt 5.24);

10. Lembre-se do dever imperioso de, em vez de temer um despacho ou sentença contrária ao interesse pleiteado, temer ao Senhor (Lc 12.5).

Nota:
[1] Sobre este tema, talvez você queira ler este artigo.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Uma palavra reformada sobre a reunião de Natal e seus enfeites


Já tivemos a oportunidade, em outro momento (clique aqui), de discursar acerca da festividade natalina e outras instituições não ordenadas pela Escrituras. Naquela ocasião, mencionamos o porquê não comemorar o natal: pois não foi instituído pelo Senhor, de maneira que devemos nos pautar por aquilo que é ordenado (Dt 12.32). Vimos, porém, que o fato de ganharmos presentes, em si, não é qualquer mal, não devendo os cristãos caírem em um fascismo ignorante.

Entretanto, ainda algumas dúvidas têm surgido e extremos têm sido cometidos por cristãos, ainda que movidos por um princípio de piedade e zelo ao Senhor. Explico.

Alguns cristãos, no afã de seguirem a pura doutrina cristã, têm caído no erro de atribuírem maldade a atividades simples, como o estar em família em determinada época, por exemplo. Citando outro caso, alguns afirmam que certos objetos são como que passíveis de maldição, isto é, não que afirmem que o mal se une ao objeto, mas que o objeto, em si, na ocasião festiva, se torna mal.

Com respeito, então, a todos estes, precisamos, para a correta progressão do reino de Deus, aparar algumas arestas e consertar alguns equívocos.

1. Estar com a família não é o mesmo que participar de sacrifício aos deuses

Recente, um irmão em Cristo me procurou com dúvidas sobre se deveria ir ao "encontro de natal" de sua família. A pergunta foi feita devido ao nobre irmão crer, num primeiro momento, que se fosse até a reunião de família, por ocasião marcada para o "natal", estaria se envolvendo em uma comunhão com o paganismo e seria partícipe de comidas sacrificadas aos ídolos.

Respondi, então, em resumo, que, em primeiro lugar, estar com a família é diferente de participar de um culto pagão. Vejamos a implicação de afirmarmos que estar em família, no dia de natal (sabendo, sempre, que a festa, não as pessoas, é o motivo não bíblico), é algo errado: existe alguma pessoa que, para toda e qualquer ocasião, pergunta qual o motivo de tal confraternização estar acontecendo? Pense no seguinte exemplo: sexta-feira, fim de tarde e alguns colegas de seu trabalho lhe convidam para beber alguma cerveja, tomar um café ou se você for do sexo feminino, comprar algumas coisas, tomar um suco... não importa - você pergunta a eles, sempre, qual a motivação interior que os leva a desejar estar reunido? Quer dizer, você pergunta se há alguma intenção de consumismo desenfreado ou o porquê e onde tal pessoa usará o que vai comprar? A resposta é clara: evidente que não. Bem, se assim é, ou seja, não há recusa para estar com alguns conhecidos, pouco importando o motivo que os leve até lá, por que seria pecaminoso estar reunido com a família? 

Em segundo lugar, sobre comer alimentos sacrificados a algum "espírito pagão", temos o exemplo do apóstolo Paulo, o qual afirmou ser plenamente lícito comer qualquer coisa que se vende no mercado, conforme lemos: "Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência" (1Co 10.25-27 - grifo acrescentado). É nítida a explanação: não há nenhum alimento imundo para o crente, mesmo que seja comido junto com descrentes, "Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude". Dois capítulos antes, o apóstolo havia afirmado: "Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só" (1Co 8.4). Portando, mal algum se apega aos alimentos de "natal" ou de qualquer outra festividade. Se no açougue houver promoção de carne, somente porque é algum dia onde o restante das pessoas não a come, apenas para ilustrar, compre com graças e faça um bom churrasco! Contudo, também alerta sobre o perigo do escândalo: "Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude. Digo, porém, a consciência, não a tua, mas a do outro" (1Co 10.28-29).

O que aprendemos sobre isso? Ora, fica claro que não há qualquer mal intrínseco em se estar com a família e muito menos em se comer algo "oferecido ao espírito natalino", porque conforme clarividentemente lemos, "o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só", significando que ninguém pode oferecer coisa alguma para outra divindade, afinal, há somente um Deus. Todavia, se o crente tiver a ciência de que isto irá escandalizar outro crente, então que evite esta prática; isto é, se o crente perceber que se ele for até a reunião de família, por ocasião do natal (que, em verdade, é somente um motivo para estarem juntos) e algum crente se escandalizar em demasia, após tentar ensinar este crente, talvez seja melhor não ir.

O melhor, como acabei dizendo ao irmão, é que ele vá até a reunião em família e leve uma palavra genuinamente cristã, convocando todos ao arrependimento e falando de Cristo.

2. Objetos inanimados não se tornam malignos na época natalina

Recentemente, também, conversando com outro irmão em Cristo, o mesmo me indagou sobre os enfeites de "natal" - as tradicionais "bolinhas", pinheiros e tudo quanto o mais faz parte do natal (evidente que, para o crente, com exceção do "papai noel" - não pela figura em si, e sim, principalmente, pelas crianças que acabam acreditando que os presentes advém do "bom velhinho"). Tal irmão afirmava que o crente não deveria ver beleza alguma em tais objetos, pois eles seriam elementos do "espírito pagão". Acontece, porém, que há um grande disparate para quem pensa assim, porque levando este pensamento adiante, então outros "objetos", ainda que comestíveis, deveriam ser rechaçados, afinal, só os encontramos no "natal": bolachas pintadas, panetones, ginberbread, bolos característicos... Percebe-se, assim, que é uma completa falácia repudir uma "bolinha de natal", mas ir ao supermercado e comprar um panetone!

De mais a mais, com o mais ilustre respeito aos que podem discordar, tal pensamento de atribuir maldade aos objetos, muito se assemelha ao pentecostalismo, o qual crê em objetos amaldiçoados. Novamente, levemos este entendimento errôneo adiante e teremos que, para todas as coisas, realizar uma pesquisa sobre como surgiu aquele objeto - por exemplo, ao comprar uma determinada camiseta no tempo de "natal", o cristão deveria realizar uma busca sobre qual foi o motivo que levou a empresa a fabricar tal peça de vestuário, sob pena de estar, como a dita "bolinha de natal", usando um objeto "pagão"; ou ainda: no tempo de "páscoa", o cristão não deveria comer nenhum chocolate, pois de "tão santo que ele crer ser", não pode se contaminar (exceto depois de passado o tempo pagão). Ora, evidente, então, que tal questão não merece mais arrazoado.

Desta forma, podemos, seguramente, concluir com o deságue das santas palavras: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (1Co 10.32). Se pendurar um "pisca-pisca" na janela for levar algum irmão seu a se escandalizar (mesmo buscando o ensinar na sã doutrina), melhor, então, se abster por causa desta irmão mais fraco; se o "pinheiro" for criar, em sua casa, algum espírito místico entre os seus, igualmente, o evite, a fim de trazer maior benefício cristão.

"Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova" (Rm 14.22).

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cristo: A Mortificação do Pecado


Toda lascívia (desejo mau) é um hábito depravado, que continuamente inclina o coração para o mal. Em Gênesis 6:5, temos uma descrição de um coração no qual o pecado não foi mortificado: "era continuamente mau todo desígnio do seu coração". Em todo homem não convertido, há um coração que não foi mortificado e que está cheio de uma variedade de desejos ímpios, e cada um desses desejos está continuamente clamando por satisfação.

Concentrar-nos-emos apenas na mortificação de um desses desejos. Este desejo (pense no pecado que mais lhe atrai) é uma disposição forte, habitual, e profundamente enraizada, que inclina a vontade e os sentimentos para certo pecado em particular. Uma das grandes evidências de tal desejo mau é a tendência para se pensar nas diversas maneiras de gratificá-lo (veja Rom. 13:14). Este hábito pecaminoso (ou seja, a lascívia ou desejo mau) opera violentamente. "Fazem guerra contra a alma" (1 Ped. 2:11) e buscam tornar a pessoa um "prisioneiro da lei do pecado" (Rom. 7:23). Ora, a primeira coisa que a mortificação efetua é o enfraquecimento deste desejo mau, de modo que se torna cada vez menos violento nos seus esforços para provocar e seduzir a pecar (veja Tiago 1:14,15).

A esta altura, é preciso que se faça uma advertência. Todos os desejos maus têm o poder de seduzir e provocar alguém a pecar, porém parece que não têm, todos eles, o mesmo poder. Há pelo menos duas razões pelas quais alguns desejos maus parecem ser muito mais fortes do que outros:

a)      Um desejo mau pode ser mais forte do que outros na mesma pessoa e também mais forte do que o desejo numa outra pessoa. Há muitas maneiras pelas quais este poder e vida extras são dados, mas especialmente isso ocorre por meio da tentação.

b)      A ação violenta de alguns desejos maus é mais óbvia do que a de outros. Paulo sublinha uma diferença entre impureza e todos os outros pecados. "Fugi da impureza! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo" (1 Cor. 6:18). Isso significa que pecados dessa natureza são mais facilmente discerníveis do que outros. Contudo, uma pessoa com um amor desordenado pelo mundo pode estar debaixo do poder desse desejo mau (embora esse poder não seja tão óbvio) tanto quanto outro homem que é cativado por um desejo mau ou por uma imoralidade sexual.

A primeira coisa, então, que a mortificação efetua é um enfraquecimento gradual dos atos violentos do desejo mau, de modo que seu poder para impelir, despertar, perturbar e deixar a alma perplexa seja diminuído. Isso é chamado de crucificar "a carne, com as suas paixões e concupiscências" (Gál. 5:24). Esta linguagem é muito gráfica, como se pode ver na seguinte ilustração:

Pense num homem pregado numa cruz. A princípio o homem se esforçará, lutará e clamará com grande intensidade e poder. Depois de certo tempo, à medida em que vai perdendo sangue, seus esforços se tornam fracos e seus gritos baixos e roucos. Da mesma maneira, quando um homem se propõe a cumprir seu dever de mortificar o pecado, há uma luta violenta; todavia à medida em que a força e a energia do desejo mau se esvai, seus esforços e gritos diminuem. A mortificação radical e inicial do pecado é descrita em Romanos, capítulo 6, e especialmente no versículo 6:

"Sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho homem" - para qual propósito? - "para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos ao pecado como escravos".

Sem esta mortificação inicial e radical, realizada mediante união com Jesus Cristo, como descrita em Romanos, capítulo 6 (no próximo capítulo diremos mais sobre isto), uma pessoa não pode fazer progresso na mortificação de um único desejo mau. Uma pessoa pode dar pauladas no mau fruto de uma árvore má até ficar esgotada, porém enquanto a raiz permanecer forte e vigorosa nenhum grau de espancamento impedirá que a raiz produza mais frutos maus. Esta é a tolice que muitas pessoas praticam quando se dispõem com todo fervor a quebrar o poder de qualquer pecado em particular, sem realmente atacar e ferir a raiz do pecado (como acontece quando um cristão é unido a Jesus Cristo).

- por John Owen (1616-1683)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O Perigo da Fé Presumida


Por trás de todas essas falsas esperanças está o pecado da soberba. A pessoa que tem uma forma de religião presume que seu cumprimento de obrigações religiosas o colocará nas boas graças de Deus. A pessoa supersticiosa presume que é do seu interesse praticar certos ritos e gestos religiosos, e a pessoa farisaica presume que ela é boa o suficiente para ir ao céu pelos seus próprios méritos.

Uma pessoa presunçosa é aquela que toma as coisas por certo. Em questões de religião, ela é uma pessoa que pensa que pode confiar nas suas próprias ideias não averiguadas sobre Deus. Ela baseia sua "fé" em vagas noções sobre a bondade de Deus. Ela faz as pazes consigo mesma ao ignorar a evidência das Escrituras e reprimindo sua consciência. A presunção não tem limites. Ela pode se desfazer do inferno simplesmente ao considerá-lo como uma ideia pouco atraente e consegue transformar o céu num lugar onde os ímpios descansam em paz. A esperança que a presunção oferece é tão real quanto o pote de ouro no fim do arco-íris, isto é, esperança nenhuma.

Ao enfrentar decisões importantes na vida, a maioria das pessoas é sábia o bastante para não presumir nada. Quando elas estão doente, consultam o médico; quando estão comprando uma casa, chamam uma avaliador; quando estão comprando um carro usado; pedem para um bom mecânico examiná-lo. No entanto, quando se diz respeito à questão mais importante de todas - o destino eterno delas - muitas pessoas estão preparadas para confiar nas suas próprias presunções e não fazem nenhum esforço para descobrir a verdade. A explicação para esse comportamento tolo não é difícil de encontrar. Não é preciso engolir o orgulho para consultar o médico, o avaliador ou o mecânico. Todavia, o cristianismo lida com questões de pecado e culpa. E visto que a pessoa presunçosa se considera tão bem-informada como qualquer outra pessoa, ela não admitirá sua necessidade de orientação sobre a salvação. Seu próprio bom senso, pensa ela, é tão bom quanto o de qualquer outra pessoa e é só isso que importa.

O pecado da presunção impediu que os israelitas entrassem na terra prometida. Quando chegou a hora de capturar a terra, eles se recusaram a confiar em Deus; em vez disso, confiaram em seu próprio discernimento. Entretanto, quando ouviram qual seria seu castigo (nem um deles jamais veria a terra), mudaram de ideia e decidiram atacar. "Por que transgredis o mandado do Senhor?" indagou Moisés. "Pois isso não prosperará. Não subais, pois o Senhor não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos." Contudo, persistiram e sua presunção levou a uma derrota humilhante (Números, capítulo 14). Essas coisas foram escritas para o nosso conhecimento - nossa "terra prometida" não será ganha ao seguirmos nossos próprios planos presunçosos, e sim ao confiarmos na Palavra de Deus (Hebreus 4.1-3).

- por Frank Allred
Fonte: Como Posso Eu ter Certeza? Ed. PES, págs. 77 e 78.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Estudos na Confissão de Fé de Westminster (1647)



Todos os domingos às 08:00, transmitimos ao vivo os estudos na Confissão de Fé de Westminster. Você pode ver os que já foram gravados - clique aqui.

Nós utilizamos a versão genuinamente original da Confissão. Você pode a baixar neste site.

Cristo seja convosco!

sábado, 21 de setembro de 2013

Artigos sobre a família – Uma cosmovisão Cristã (parte 4 - final)


Um chamado à ação na Família

Ações Gerais

Por causa das convicções acima mencionadas, chamamos a todos os homens e mulheres que confessam a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor pessoal, que se junte a nós para:

1. examinar seriamente estas afirmações e negações à luz da Palavra de Deus, para ver se são verdadeiras, e nos informar diretamente sobre aqueles pontos nos que creem que nós nos distanciamos das Escrituras ou da lógica;
2. reexaminar nossas próprias teorias e práticas educativas, e pedir a Deus que nos mostre onde estamos caindo;
3. arrepender-nos de todos os pecados conhecidos, confessando-os e abandonando-os, pedindo perdão tanto a Deus, quanto a todos aqueles que temos ofendido, e depois fazendo toda a restituição possível.
4. pedir a Deus que encha a todo Seu povo com o poder capacitador do Espírito Santo, para que façamos que nossas vidas pessoais e nossas teorias e práticas educativas sejam em maior conformidade com Sua vontade revelada, em uma base permanente e consistente
5. buscar direção de nossos irmãos e autoridades da igreja local, quanto a como podemos mutuamente apoiar e nos influenciar para que nossas práticas educativas glorifiquem a Deus.

Depois de ter lidado com nossos pecados e fracassos pessoais, e termos feito responsáveis de dar contas com a Bíblia e ante nossos irmãos agora nos comprometemos a:

1. influenciar a todos os cristãos e organizações cristãs com os quais trabalhamos, a considerar seriamente nossas afirmações e negações, com a meta de registrar suas respostas;
2. influenciar àqueles no campo da família que estão de acordo com nossas afirmações e negações a implementar estas propostas em seu trabalho;
3. mobilizar e conectar nossos recursos Cristãos e trabalhar de maneira coordenada com as outras esferas profissionais, tanto ou dentro fora da Aliança para o Avivamento,  para ver a conduta do Corpo de Cristo e da nação mudadas para que se aproximem mais da visão da realidade e da moralidade que nos são apresentadas nas Sagradas Escrituras.

Ações Específicas

Para estes fins nos comprometemos às seguintes ações específicas:

1. Colocando a disposição este documento junto com uma lista curta de leituras de livros pertinentes, por autores Bíblicos, para toda igreja no mundo que creia na Bíblia, e estimular aos líderes das igrejas locais a treinar seus membros nestes princípios essenciais da família Bíblica;
2. Aplicando a disciplina eclesiástica cada vez que os membros de uma congregação se envolverem em pecados relacionados especialmente com a família, tais como a fornicação, o divórcio fácil, a falta de submissão das esposas, o abuso da autoridade por parte dos esposos, o abuso dos cônjuges, a desobediência dos filhos, o abuso infantil, a falta de apoio por parte do esposo, o abandono, o incesto, a homossexualidade, ou a falta deliberada de crianças por qualquer outra razão que não seja um chamado especial de Deus;
3. Incitando as juntas diretivas das igrejas a solicitar a renúncia ao líder de todos os pastores, anciãos, evangelistas, membros de equipe de trabalho na igreja e nas organizações para eclesiástica, músicos Cristãos, e outros líderes que não cumprem com os requerimentos escriturísticos para a liderança do Corpo de Cristo (1 Timóteo 3), particularmente em administrar bem seus próprios lares, ou que passaram por um divórcio antibíblico e não provaram sua contrição e arrependimento, até que suas vidas estejam em conformidade com a Escritura;
4. Exortando a todos os Cristãos a se unirem na cidade, estado e em escala nacional em oposição a qualquer intenção ímpia por parte do governo civil de tirar os direitos paternos ordenados por Deus sobre seus próprios filhos. (Devem tomar todos e cada um dos meios institucionais, por parte do indivíduo e da igreja institucional, para oporem-se a qualquer ataque contra o direito básico, essencial e fundamental dos pais de conceber, controlar, educar, criar, guiar e disciplinar a seus próprios filhos. As igrejas devem estar dispostas a perder seu status de isenção de impostos sobre este tema, e os pais Cristãos devem estar dispostos a serem presos, se for necessário, ao batalhar contra esta possessão última do poder por parte dos devotos do estatismo idólatra);
5. Fazendo qualquer ação que podemos, dentro dos nossos limites Bíblicos e Constitucionais, para reajustar a legislação do município, do estado e da legislação federal, com respeito aos assuntos familiares, com o propósito de fazer que estejam em conformidade à visão Bíblica da realidade e moralidade, especialmente perseguindo o recomeço de fortes  leis com respeito ao apoio às crianças, o adultério, a homossexualidade, a prostituição, o treinamento com atos sexuais, a pornografia, o abuso sexual, o incesto, o estupro, o aborto, o infanticídio e o divórcio;
6. Animando aos pastores, anciãos, e equipe de trabalho na igreja a persuadir e ensinar aos pais que Deus os tem como responsáveis por desenvolver uma maturidade espiritual e o entendimento Bíblico de seus próprios filhos e que não podem delegar esta obrigação primeira ou totalmente à Igreja ou às escolas Cristãs;
7. Guiando e socorrendo, e insistindo às Igrejas a guiar e socorrer aos pais no cumprimento de suas funções como cabeças espirituais de suas famílias;
8. Desafiando a Igreja a reconsiderar sua visão do cuidado dos anciãos, e insistir que os filhos e os netos assumam a primeira responsabilidade de cuidar dos idosos inválidos, em suas próprias casas e como membros de suas próprias famílias, antes que recorram às casas de retiro;
9. Ensinando que quando as crianças são abandonadas ou ficam órfãs, ou seus pais estejam presos, devem ser cuidados preferencialmente por parentes, amigos ou pela Igreja, antes do governo civil, instituições ou albergues de menores;
10. Pedindo contas às Igrejas evangélicas cada vez que, de maneira antibíblica e inescusável, aceitam o divórcio fácil, e insistir para que adotem atitudes e práticas Bíblicas (A taxa de divórcios entre aqueles que frequentam igrejas evangélicas está crescendo e aproximando cada vez mais a taxa que existe entre os não cristãos. Deve-se lançar uma campanha massiva para educar as congregações, para chamar aos divorciados e recasados de maneira antibíblica ao arrependimento, a exercer a disciplina eclesiástica nos casos antibíblicos de divórcio e novo matrimônio, e ajudar a restabelecer pastores divorciados – que devem renunciar a seu ministério pastoral – em carreias alternativas.  O avivamento e a reforma não virá até que a Igreja resolva seus divórcios ímpios e reverta sua excessiva taxa de divórcios);
11. Ajudando a cada igreja local a estabelecer, por si, somente, ou em cooperação com outras congregações locais, seu próprio centro de crises de gravidez e um programa antiabortos (Esta não é uma obrigação menos  requerida para os Cristãos de hoje nos Estados Unidos do que foi a oposição Cristã ao Holocausto de Hitler na Alemanha, também ao risco de prisão e morte.);
12. Chamando à Igreja evangélica a educar aos pais e a seus adolescentes em conhecimento, sabedoria, respeito e responsabilidade  pela sua sexualidade para preparar aos jovens para reverter a tendência para a fornicação entre os adolescentes Cristãos.

- por The Coalition on Revival, Inc.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Artigos sobre a família – Uma cosmovisão Cristã (parte 3)


O Aborto e o infanticídio, a eutanásia e a discriminação no tratamento médico

35. Afirmamos que toda a vida humana é santa e tem um valor intrínseco dado por Deus – além de ser medida pela habilidade humana – porque traz a imagem de Deus, sem consideração de raça, idade, gênero, status pré-natal, ou impedimento físico ou mental (Mateus 6:25;10:31; Gênesis 2:7;9:5,6, Salmo 139:14, Jeremias 1:5).

Negamos que o valor da vida humana deva ser medido por sua “qualidade”; que o aborto sob demanda, o infanticídio, a eutanásia ou a discriminação no tratamento médico contra os deficientes, ou muito jovem, ou o muito velho seja justa em algum momento; e que alguma raça ou gênero tenha um valor intrínseco maior que  algum outro.

36. Afirmamos que todo ser humano começa a vida a partir do momento da concepção; que o zigoto, o embrião e o feto devem, portanto, receber plena proteção da lei (Salmo 139:14, 15; Jeremias 1:5; Êxodo 21:22-25); que matar o zigoto, o embrião ou o feto, por meio do aborto ou alguma outra forma de violência é assassinato; que a remoção do zigoto, o embrião ou o feto do ventre está justificada unicamente quando deixar a criança no ventre da mãe pode matar a mãe e a criança; que a Igreja deve fomentar a investigação para melhorar as oportunidades de sobrevivência para um bebê que tenha sido removido desta maneira; e que nenhuma criança deve ser privada de alimentação ou de cuidado médico necessário depois do nascimento por razão alguma (Deuteronômio 5:17).

37. Afirmamos que os homens e as mulheres já velhos têm valor aos olhos de Deus e têm o mesmo direito à vida dado por Deus como as outras pessoas, e que a “eutanásia” -  tirar a vida de uma pessoa seja através da ação positiva ou do descuido – é, portanto, assassinato.

Negamos que a vida deva ser valorizada pela sua utilidade na sociedade; que as pessoas velhas, ainda aqueles severamente incapacitadas, sejam pessoas sem valor; e que os idosos devam ser usados para experimentos médicos sem seu consentimento.

A família e a Igreja

38. Afirmamos que os filhos  dos crentes devem receber sua instrução espiritual básica dos seus próprios pais, com a ajuda dos membros de mais idade da família e da Igreja; que os filhos dos não crentes devem ser providos da oportunidade de receber instrução espiritual por parte da Igreja com aprovação paterna; que os adultos recebam sua preparação para os papeis na igreja por meio da  administração de sucesso de sua própria família; e que os adultos solteiros podem beneficiar-se ao serem recebidos nos grupos familiares da Igreja como uma forma de ministrar e ser ministrados (Deuteronômio 6:7;11:19; 1 Timoteo 3:4; Tito 1:6; 2:3-5; Salmo 68:6).

Negamos que as igrejas devam substituir aos pais Cristãos ou à casa no treinamento; que os programas da igreja devam interferir na vida familiar fundamentada Biblicamente; e que as igrejas devam estimular o cuidado infantil institucionalizado para crianças com pais capazes.

39. Afirmamos que as igrejas devem buscar estabelecer anciãos que sejam escrituralmente qualificados como modelos razoáveis de Cristo nas relações familiares, que sejam capazes de treinar a outros na liderança familiar, que convidem regularmente a sua casa  aos membros de seu rebanho, e que sejam responsáveis de treinar aquelas famílias sob seu cuidado nas qualidades que lhes capacitem para  tornarem-se líderes da igreja (1Timoteo 3:1-5; Tito 1:6-9; Efesios 5:25-33; 6:4).

Negamos que somente o treinamento institucional seja suficiente qualificação para dirigir a Igreja de Cristo; que o treinamento para a liderança deva excluir a família do homem; que as famílias sejam um impedimento para o ministério; e que as igrejas devam demandar ou esperar que os homens casados passem tempo excessivo longe de suas casas (1 Timóteo 3:4; Tito 1:6; 2:3-5).

A família e o Estado

40. Afirmamos que Deus da à família responsabilidades civis, incluindo dar a luz aos filhos, alimentá-los, treiná-los e prover suas necessidades, o mesmo que prover as necessidades físicas, proteger a vida e cuidar dos membros incapacitados da família, e ajudar aos necessitados da comunidade através da hospitalidade e atos de misericórdia; e que toda família cristã deve esforçar-se  para cumprir estas responsabilidades, e se necessitar de ajuda, deve buscá-la primeiramente nos ramos familiares e depois na Igreja (Gênesis 1:27, 28; Deuteronômio 5:19; 6:7; 11:19; 2 Coríntios 9:7; 1 Timóteo 5:4, 8, 16; 3:2; Provérbios 31:20).

Negamos que o estado tenha algum direito de minar ou eliminar a justa autoridade dos pais em uma família ou que deva reivindicar o  papel de educador, provedor, ou protetor das crianças ou outros membros da família, exceto em casos judicialmente comprovados de abuso, descuido, abandono ou petição da família.

41. Afirmamos que Deus dá ao magistrado o poder de castigar as más ações e de fomentar a boa conduta; que os crimes que ocorrem na família devem ser castigados justamente; e que o estado deve promover um ambiente social, econômico e físico que propicie a vida familiar (Romanos 13;4,4). Negamos que o Estado tenha o direito de estabelecer padrões extrabíblicos com  respeito a quem pode se casar, quem pode ter filhos, como as crianças devem ser disciplinadas e educadas, e como os esposos e as esposas ou outros membros da família podem se relacionar um com os outros; que Deus conceda aos governos civis o direito de restringir sua liberdade econômica através de uma política de impostos que fomente a ruína (incluindo o roubo às viúvas e órfãos por meio dos impostos à herança), leis opressivas com respeito ao uso da terra, ou o favoritismo para as grandes corporações; ou que o Estado deva legalizar ou financiar o aborto, o infanticídio ou a eutanásia.

42.  Afirmamos que o abuso sexual e a privação deliberada por parte dos pais de refúgio, vestimenta, alimentação, sono, ou de cuidado médico essencial para as crianças, colocando em risco, deste modo, suas vidas e sua saúde física, devem ser tratados como uma agressão ilegal ou como intenção de assassinato e os ofensores devem ser castigados, portanto, pelo governo civil e ser disciplinados pela Igreja. Negamos que o Estado  tenha algum direito de impor padrões não realistas sobre as famílias; que as assim chamadas, ofensas de “abandono emocional”, “abuso emocional”, “abandono educativo”, etc., que formam o grosso dos relatórios confirmados de “abuso e abandono infantil”, sejam, de fato, crimes contra as crianças; que o Estado tenha algum direito de administrar penas criminais ou usurpar a custódia em casos de negligência, exceto quando a vida ou a saúde física da criança estão, obviamente, em perigo; e que o Estado deva, alguma vez, administrar penas criminais ou usurpar a custódia em casos onde a única acusação diz respeito à saúde mental, visto que, o Estado não pode mandar quais crenças ou atitudes particulares são saudáveis ou aceitáveis.

Negamos, ainda, que a negligência involuntária, causada pela pobreza ou outras circunstâncias incontroláveis devam ser tratadas em alguma ocasião como crime, e que também as famílias pecaminosas sejam mais ajudadas com as ameaças de retirar os seus filhos, ao contrário da oração, instrução piedosa e ajuda amorosa.

43. Afirmamos que o estupro é um pecado e um crime, não importando quem seja a vítima, mas especialmente quando é cometida contra uma criança, e que os estupradores devem ser julgados como criminosos (Deuteronômio 22:23-27; Levítico 18).

Negamos que o incesto seja meramente um “tabu” social; que os assim chamados estupros “não violentos” ou estupro “em encontros” (cometidos durante um estupro) não sejam crimes; que os pais devam ser condenados como abusadores sexuais na ausência de evidências convincentes; que o governo civil deva consentir em uma “caça às bruxas” contra o abuso sexual, solicitando relatórios anônimos ou acusando pessoas sem evidência convincente; que o governo deva plantar a desconfiança dos pais nas mentes das crianças inocentes (Deuteronômio 18:15); que os pais que demonstrem seu carinho para com seus filhos devam ser tratados como criminosos; que os abraços, beijos e outras formas de afeto por parte dos pais que não envolvam estimulação sexual sejam abuso sexual; e que os estupradores devam receber aconselhamento, palavra de honra, ou sentenças de prisão em vez da punição dita pela Bíblia.

44. Afirmamos que a pena para os crimes genuínos contra as crianças caem somente sobre o autor, não sobre outros membros da família ou à vítima. Negamos que as crianças devam ser retiradas da custódia do cônjuge que não é o ofensor.

45.  Afirmamos que as palmadas Bíblicas podem causar contusões temporais e superficiais ou machucados que não constituem abuso infantil, mas que a brutalidade comprovada contra uma criança que resulte na desfiguração permanente ou em feridas sérias deve ser castigada pela lei (Êxodo 21:23, 24; Provérbios 13:24; 22:15; 23:13, 14). Negamos que o direito e a responsabilidade de administrar disciplina dê alguma vez aos pais o direito de ferir seriamente a seus filhos.

Continua...


- por The Coalition on Revival, Inc.

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...