quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A invasão da Psicologia na Igreja


A invasão da Psicologia na Igreja -
por William MacDonald

A nossa época é caracterizada por uma influência da psicologia secular na igreja. Ao contrário do que vemos em 2 Timóteo 3.16-17, a Bíblia já não é suficiente para servir de base aos nossos relacionamentos de ajuda. Precisamos da psicoterapia. Já não contamos com o Espírito Santo para produzir as mudanças necessárias nas vidas dos crentes. Os anciãos já não são competentes para aconselhar. Têm que enviar os crentes aos psicoterapeutas… Tudo isto apesar de Deus nos ter dado na Sua Palavra e pelo Espírito Santo, tudo quanto precisamos “no que diz respeito à vida e piedade” (2 Pedro 1.3)

Durante gerações, os crentes levaram os seus problemas ao Senhor, em oração. Hoje, devem consultar um psiquiatra ou um psicólogo. Os jovens rapazes já não são encorajados a pregar a Palavra. Doravante a palavra de ordem é: “praticai a relação de ajuda psicológica”.
A relação de ajuda profissional tornou-se algo sagrado. Não há ousadia para denunciá-la por haver sempre inevitavelmente alguém para defendê-la. Que há então de tão errado nesta terapia? Deixem-me enumerar onze pontos que revelam o que não está correto:

1- A atenção da pessoa é dirigida sobre ela própria e não sobre Jesus Cristo. Isto é um erro muito grave. Não há vitória em nós mesmos. O exame da pessoa em si não é um remédio. Os bons marinheiros não lançam a âncora no interior do navio. Precisamos de Alguém maior que nós e esse Alguém é Jesus Cristo. Mais cedo ou mais tarde, devemos perceber que ocuparmo-nos com o Senhor é o caminho da vitória na vida cristã (2 Cor 3.18).

O dramaturga norueguês Ibsen conta o seguinte acerca duma visita que Peter Gynt fez num hospital psiquiátrico: todas as pessoas pareciam normais, ninguém parecia louco. Falavam de forma racional dos seus projetos. Quando o Peter falou disso a um médico, este respondeu:
“Eles são loucos. Falam de forma sensata, mas tudo está centrado sobre eles mesmos. A verdade é que eles estão obcecados de forma inteligente sobre eles mesmos. É o “eu”, de manhã, ao meio dia e durante a noite. Aqui ninguém pode escapar ao “eu”. Andam sempre com ele, até mesmo em sonhos. Oh sim rapaz, estas pessoas falam de forma sensata, mas não há dúvidas que estas pessoas estão loucas.”

2- A psicologia moderna está baseada na sabedoria do homem e não na de Deus. É a opinião dos homens em vez da autoridade da Palavra de Deus. A diversidade das opiniões humanas vê-se no fato de haver mais de duzentos e cinqüenta sistemas de psicoterapias e mais de dez mil técnicas (incluindo as que podem ajudar os animais domésticos), cada uma delas advoga superioridade em relação às demais. Don Hillis afirma que, “esta tendência contém no mínimo um perigo: a razão humana substitui a Palavra de Deus para resolver os problemas emocionais e espirituais. As respostas racionais que não estão fundamentadas em princípios espirituais, podem trazer algum alívio temporal, mas com o tempo, os resultados podem ser decepcionantes e até prejudiciais.”

3- Muitos problemas, provavelmente a maior parte daqueles para os quais as pessoas precisam de ajuda, são os causados pelo pecado: lares desfeitos, famílias divididas, conflitos interpessoais, preocupações, drogas, álcool, assim como algumas depressões. Para todos estes problemas, o que é preciso não é a voz de uma psicoterapeuta, mais o poder da cruz de Cristo. Somente o Salvador pode dizer: ”Os teus pecados te são perdoados, vai em paz.” [ Ou, sua vida chegou até aqui pelas escolhas que fez]

4- Muitas vezes, as curas modernas para a alma procuram transferir a responsabilidade sobre outrem. O pecado é uma doença, ou então o problema é causado por meio da pessoa. Há que repreender os pais por causa da conduta inaceitável dos filhos. Como conseqüência, as pessoas estão aliviadas de toda a responsabilidade pessoal. O pastor John MacArthur fala de uma mulher que se dizia obrigada a viver uma vida imoral desde há anos: ”O conselheiro sugeriu que a sua conduta era o resultado de mágoas infligidas por um pai passivo e uma mãe demasiado autoritária.”

Henry Sloane Coffin, um dos maiores pastores da historia americana avalia precisamente a situação: “a psicologia atual oferece mais um motivo para as pessoas se justificarem. Homens e mulheres que são examinados, arranjam maneira de se emancipar descarregando nomes horríveis que os religiosos enérgicos associaram ao pecado, para os rebatizar por nomes despidos de toda e qualquer idéia de culpa. Desta forma, as pessoas são mal adaptadas ou introvertidas em vez de desonestas e egoístas. Um homem de cinqüenta anos, cansado da sua mulher, envolve-se com uma jovem com metade da sua idade. O terapeuta diz-lhe que sofre de um “espasmo de volta à adolescência”, em vez de o colocar perante a verdade: «Não cometerás adultério».”

5- A psicoterapia trabalha em completa contradição com o Espírito Santo, colocando a ênfase na importância de ter uma boa imagem de si mesmo. O Espírito santo procura convencer os pecadores da sua culpabilidade e trazê-los ao arrependimento. Procura restaurar os crentes desviados e levá-los a confessarem o seu pecado. Toda e qualquer forma de estima de si mesmo que não está baseada no perdão dos pecados e na posição do homem em Cristo está completamente errada.

6- Há também, o aspecto financeiro do problema. O pastor e teólogo James Montgomery Boice comenta: “Atualmente estamos perante este fenômeno: pessoas pagam a outras pessoas simplesmente para que estas as ouçam… é precisamente o que fazem os psiquiatras, os psicólogos e os conselheiros profissionais. É um comércio que representa milhões de dólares. Isto não quer dizer que os conselheiros informem ou guiem as pessoas na maior parte dos casos. Na verdade, o que fazem é ouvir. São pagos para fazer o que as pessoas de determinada época faziam voluntariamente.”

Quando uma mulher se queixou que vinte anos de consultas não lhe tinham valido nada, um amigo perguntou:
- Já pediu ajuda na Igreja?
- Não, o que a igreja quer é somente o nosso dinheiro.
- Quanto pagou ao seu psicólogo?
- Num salário mensal de dois mil e quatrocentos dólares, paguei sessenta dólares por semana durante um período de vinte anos.”
Sessenta dólares por semana, isto é duzentos e quarenta dólares por mês, o que significa dez por cento do seu ordenado. Ela dava o dízimo do seu ordenado ao psicólogo, mas recusava dá-lo à igreja. E mais, ela admitiu não estar melhor.
Outra senhora insurgiu-se contra o que ela chamava “os dois pesos, duas medidas” do seu psicanalista. “Durante seis anos, visitei o meu psicanalista cinco vezes por semana e privei-me de muitas coisas para ter com que pagar. Quando estava doente e faltava a uma consulta, ele tomava uma atitude curiosa. Insistia em dizer que a minha doença era uma espécie de vingança psicossomática e que era o meu sub-consciente que resistia ao tratamento. É evidente que cada vez que lá ia tinha que pagar. Por outro lado, quando se ausentava durante um mês inteiro de férias, em Agosto, deixando-me desorientada, só e em pânico, com uma série de problemas não resolvidos, era suposto eu aceitar que as suas férias não interrompiam o tratamento.
O famoso psicólogo Rollo May, um dos maiores porta-vozes da profissão desde os seus princípios até aos anos 50, queixa-se de que a psicoterapia cedeu à tentação de fazer dinheiro e de explorar as pessoas. Ele diz o seguinte: “a psicoterapia tornou-se um negócio em que se tem clientes e onde se ganha dinheiro.” Vários praticantes sublinham que para que o tratamento seja eficiente, deve haver um sacrifício financeiro por parte do “paciente”. Este último não teria qualquer respeito pelo tratamento se este fosse barato demais. Não admira que se brinque com o assunto dizendo: o neurótico constrói castelos em Espanha, o psicopata vive neles e o psicoterapeuta recebe deles as rendas”.

7- Por vezes as pessoas pagam uma fortuna para serem examinadas por psicólogos, quando na verdade precisavam de consultar um clínico geral. Depois de ter tido várias sessões de “aconselhamento” durante dois anos, um escritor queixava-se de uma visão embaçada quando lia. O terapeuta falou-lhe da “falta de concentração como um sintoma típico nas pessoas com falsas angústias”. Como lhe era difícil continuar a pagar ao psicólogo, o paciente resolveu consultar um oftalmologista. Este último disse-lhe que um par de óculos resolveria certamente a tal síndrome, o que terminou por comprovar-se.

8- Conselheiros cristãos pretendem selecionar os melhores ensinamentos de homens não regenerados tais como Freud, Rogers, Maslow e Jung e misturá-los aos da Bíblia. Eis um casamento profano. Num congresso sobre a relação de ajuda cristã em 1988, Jay Adams, dizia: “Peço-vos de todas as minhas forças que abandonem a tarefa inútil de que falei: a de tentar integrar idéias ímpias à verdade Bíblica. Pensem nos milhões de horas que foram perdidos desde há uma geração nesta tarefa desesperada. Porque não há resultados visíveis? Vou dizer-vos: é porque isto está errado…a relação de ajuda procura mudar as pessoas. Mas saibam que transformar as pessoas é tarefa de Deus.”

9- Até mesmo na maior parte das sessões de aconselhamento cristão, baseado na psicologia, a oração não é reconhecida como uma “técnica” válida. No melhor dos casos é tolerada, no pior é negligenciada. Bem poucos conselheiros tomaram suficiente tempo para orar com os seus pacientes. Estamos nós prestes a crer que a oração é apenas de importância secundária quando se trata de problemas da vida? Estaríamos nós enganados durante todos estes anos passados ao pensar que se aceitarmos a vontade de Deus, Ele atenderá às nossas orações?

10- Em muitas igrejas os ensinamentos não são outros que psicologia, com uma capa de vocabulário bíblico. As pessoas pedem pão, e recebem uma pedra.

11- Para falar claro, a psicologia não tem demonstrado sucesso evidente e em muitos casos, ela tem sido prejudicial. Durante os últimos anos, alguns autores corajosos lançaram o alarme no que respeita à relação de ajuda psicológica. Os opositores puseram estes livros de lado com um ar altivo, ou então, acusaram os autores de quererem criar divisões, ou outros tipos de perturbação.
No entanto, devem agora fazer face ao fato de que profissionais não cristãos emitem sérias dúvidas e alguns desencantos no que respeita à psicoterapia. O doutor Szasz, professor de psiquiatria na Universidade do Estado de New York, foi desde há anos, um porta voz crítico. Qualifica a psiquiatria de pseudo-ciência, assim como a astrologia e a alquimia. Chama as doenças mentais de mitos, sugerindo que é uma etiqueta cômoda para camuflar e tornar mais agradável o amargo dos conflitos morais nas relações humanas. Defende que nenhum comportamento anormal é doença e que por conseguinte o tratamento não incumbe ao médico.

Vai mesmo mais longe. Diz mesmo que provavelmente a maior parte dos tratamentos psicoterapêuticos são nocivos para os ditos pacientes. “Todas estas intervenções e proposições deveriam se consideradas como más até prova do contrário:”
O psicólogo clínico Bernie Zilbergeld diz que “geralmente é tão útil para o paciente falar como uma pessoa comum como com um profissional de psicologia”.

Jeffrey Masson diplomado do Toronto Psychoanalytic Institute, e membro do International Psychoanalytic Association, é director do projecto no Sgmund Freud Archives. No prefácio do seu livro intitulado: Against Therapy, escreveu: “Este livro explica os motivos que me levam a crer que a psicoterapia, sob as suas mais diversas formas, é má. Ainda que critique vários psicoterapeutas e várias terapias, o meu objetivo primário é demonstrar que a idéia em si de psicoterapia está errada.”

O doutor Hans J. Eysenck, professor de psicologia na Universidade de Londres, descobriu que 70 a 77% dos “pacientes” neuróticos saram ou melhoram consideravelmente o seu estado, com ou sem a ajuda da psicoterapia. É uma questão de alívio espontâneo.

O Hobart Mowrer, professor de psicologia da universidade de Illinois, disse: “À medida que decorriam as décadas deste século, tomamos progressivamente consciência do grande postulado de Freud, segundo o qual a responsabilidade de todo o comportamento pode ser atribuído a outros e que o objetivo da vida não era de proceder moralmente mas sim libertarmo-nos de todo e qualquer sentimento de culpabilidade. Esta teoria levou-nos de mal a pior!”

A pretensão que diz que a psicoterapia tem uma elevada taxa de sucesso não está baseada em fatos. Nos estudos Cambridge-Somerville, jovens delinqüentes eventuais que tinham seguido tratamentos psicológicos tornaram-se piores que os candidatos do grupo de controle que não tinha recebido qualquer tratamento.

É preciso notar também que na psicoterapia encontramos o efeito psicossomático ou placebo. “A melhoria tão esperada, alimentada com a pessoa de um psicoterapeuta que afirma poder resolver o problema, acaba por fazer acreditar ao paciente que houve resultados positivos ainda que na verdade não haja.”

Que podemos concluir de tudo isto? Só há uma conclusão possível: “um grande movimento revolucionário que prometia explicar de maneira científica todas as neuroses e curar a maior parte delas” não passou de um engano. Enquanto profissionais seculares admitem que os sucessos espetaculares e as curas são praticamente inexistentes, a igreja mobiliza-se cada vez mais em volta da psicoterapia, em vez da Bíblia, como se a psicologia fosse um remédio universal para resolver os problemas de tensões nervosas, ansiedade e outros.

Citemos Don Illis uma vez mais, ”é tempo para a igreja fazer um exame de consciência, quando os crentes precisam de ajuda e se voltam para os psicólogos e psiquiatras mais do que para a igreja. Deveríamos interrogar-nos seriamente quando os jovens cristãos pensam poder fazer mais para o mundo ao tornarem-se psicólogos ou psiquiatras, do que pastores e evangelistas”.

Há um lugar para a relação de ajuda, mas deve ser bíblica. Não deve pôr de fora nem a Bíblia, nem o Espírito Santo, nem a oração. Não deve desculpar o pecado ou descarregar as pessoas da sua responsabilidade pessoal.

*William MacDonald foi presidente do Emmaus Bible College nos E.U.A. Teólogo e um prolífico autor de mais de 84 livros publicados. Jamais aceitou seus direito autorais sobre seus próprios livros, investindo-os no reino.

Fonte: Web Evangelista

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Fábrica de Monstros

Fábrica de monstros - por Avelar Jr.

Semanas atrás, o SBT exibiu uma matéria que tratou de uma menina conhecida por “missionarinha”, que, supostamente, curava pessoas num templo comandado por seu pai, que dizia-se “pastor”. Na reportagem, via-se claramente uma criança utilizada e moldada segundo o modelo imposto e emulado por pessoas religiosas e ávidas por sinais e maravilhas (e dinheiro também?) de que Deus a usaria para realizar prodígios de cura. A criança, em entrevista, dizia perante as câmeras que era “feliz”, que “gostava” do que fazia e que era “uma criança normal”, com um discurso quase que mecânico programado.

O pior de tudo o que foi exibido é que, depois de os declarados instantaneamente “curados” irem à frente – para o êxtase geral dos fiéis que lotavam o templo e, na certa, o gazofilácio daquele ministério também – pudemos observar tristes resultados: uma grande piora no quadro clínico de uma senhora que tinha esporões nos pés, sofria grandes dores e não podia andar direito; e o falecimento de um rapaz por complicações de um câncer que atingia os órgãos internos, que lhe causava dores abdominais e que o havia motivado a buscar sarar-se.

Coisas assim têm um impacto arrasador na fé das pessoas e no testemunho cristão. Assim, entrevistado por Roberto Cabrini, âncora do programa, que buscava explicações para essas sessões de curas que não davam certo, o pastor culpou a fé das pessoas, buscando afastar de si parte da responsabilidade pelas melhoras que não ocorreram. Foi de uma infelicidade funesta. Entretanto, isso não se trata de um evento isolado, mas de algo que já virou "feijão com arroz" no meio dito “evangélico”.

Mas o que tem causado essa busca desenfreada por milagres? De um lado há pessoas carentes que não têm mais a quem recorrer por não terem atendidas as suas orações e buscam qualquer coisa em que se apegar; de outro, pessoas que sabem utilizar essa situação em benefício próprio, incentivando a convicção de que todos obterão tudo o que querem, ignorando e deixando os outros ignorarem os desígnios soberanos de Deus para cada pessoa. Ainda existem aqueles que querem milagres como condição para crer e aqueles cuja fé só se sustenta por aquilo que vê. Temos um sistema de impiedade quase perfeito.

(Alguém aí se lembra dos fariseus que exigiam milagres de Jesus e foram repreendidos por ele? E dos adoradores das bestas prodigiosas do Apocalipse? E dos alertas quanto aos falsos profetas e falsos cristos que fariam sinais para enganar as pessoas? É importante lembrar que "cristos" significa "ungidos". Logo, prezada galera do "não-toqueis-nos-meus-ungidos", nem todo "ungido de Deus" é, de fato, um ungido de Deus, ok? Existe charlatanismo também e sintam-se devidamente alertados por Jesus!)

Há meio que um círculo vicioso em tudo isso, visto que a “fé” (não me refiro aqui à fé bíblica, mas à crença de que tudo vai ser como queremos se tivermos força de vontade: uma filosofia parecida com aquela do livro “O Segredo” que já se instalou há muito tempo no seio de algumas comunidades da igreja) se torna uma droga moral que causa dependência:

“Eu vou à igreja porque Deus vai fazer milagres”, não para escutar a palavra de Deus, servir ou ter comunhão com os irmãos; “eu vou contribuir porque eu quero restituição, quero muito mais do que eu dou”, não porque eu me sinta grato pelo que Deus me deu, pelo que tem feito em minha vida; “eu participo da obra de Deus porque vejo o poder de Deus agindo maravilhosamente”, não porque tenho obrigação de obedecer e servir, ou porque serviço deva ser algo que se brote naturalmente de um coração transformado por Deus; “eu contribuo, participo de campanhas e frequento os cultos porque, se não o fizer, eu posso ser castigado, empobrecido, amaldiçoado ou ver minha situação piorada, também porque eu posso ser mal visto pelos outros crentes e repreendido ou censurado pelo pastor”; “eu espero milagres do jeito que eu quero e quando eu quero justamente porque contribuí e cri, porque já paguei a Deus adiantado” (leia-se: “dei dinheiro à igreja ou aos líderes humanos dela” – vulgo: “semeei”, “plantei uma semente”); “eu não aceito um 'não' como resposta porque agora eu sou ‘filho do Rei’ e ‘decreto’, tenho ‘direitos a exigir’”, não porque o Rei é soberano e eu não, não porque o Rei é Senhor e eu servo...

E assim vamos rolando na esteira de uma linha de produção ideológica de “monstros”, que se autoalimenta de sua própria ambição e orgulho. Monstros criados e mantidos assim não podem ser comparados à igreja de Cristo porque não expressam o caráter e o espírito de Cristo ou de seus discípulos. Os discípulos de Cristo sempre estiveram junto dele por quem ele era, e não apenas pelo que ele fazia. O que ele fazia apenas testificava de quem ele era: o Salvador prometido por Deus, não um milagreiro errante ou um mágico de rua, digo, "de templos". Todavia não é essa a mentalidade que parece prevalecer no meio evangélico. E isto me assusta horrores!

Hoje temos um clube de viciados em sinais, de caçadores de recompensas, vampiros espirituais, mercenários que não se preocupam em arriscar a própria alma... O que me traz à lembrança que...

“Tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” – 1 João 2.16,17.

E que os crentes em Deus (e ilustre-se Deus aqui como: “um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas” + ”um terremoto” + “um fogo” – 1Reis 19) não estão preparados realmente para crer em Deus (e ilustre-se Deus aqui como: “uma voz mansa e delicada” que diz “Que fazes aqui?”; Ou mesmo como “...O meu escolhido [de Deus]... [Que] promulgará o direito para os gentios. [Que] não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. [Que] não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; [Que,] em verdade, promulgará o direito. [Que] não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina.” – trechos de 1Reis 19 e de Isaías 42).

O que temos é mais uma multidão que quer encher a barriga de pão e peixe enquanto deixa os aflitos e feridos de lado e que não poderá resistir ao ouvir o Senhor dos senhores dizer-lhes: “Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes... O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem... Quereis vós também retirar-vos?” – João 6.

Dificilmente encontraremos os bem-aventurados que após ouvirem algo assim dirão: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.” – João 6.

Será que vamos ter que sair mesmo peregrinando por aí com uma lanterna procurando aqueles que, mesmo no sofrimento e nas maiores dificuldades da vida, sorrirão de felicidade e de gratidão ao Mestre, que, tomando-lhes pelas mãos, sussurra... “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”? – 2Co 12.9.

Se depender do que estamos vendo na prática, porque a lei da oferta e da procura está incentivando a produção de monstros e da "fé monstruosa" a pleno vapor, algum cristão aí me empresta algumas pilhas, por favor?

***
Avelar Jr é professor de Escola Bíblica Dominical (sim, elas ainda existem em algumas igrejas, e funcionam!) e colunista do Púlpito Cristão

Fonte: Púlpito Cristão

domingo, 21 de novembro de 2010

[VÍDEO] Uma Vida não Desperdiçada

No centro do livro de Jeremias - o imutável pivô de sua vida e livro. "Durante vinte e três anos... tem vindo a mim a palavra do Senhor, e, começando de madrugada, eu vo-la tenho anunciado; mas vós não escutastes". Por 23 anos, Jeremias levantava-se de madrugada e ouvia o que Deus lhe dizia. Durante todos estes anos, levantando-se da cama bem cedo, ele transmitia estas palavras ao povo. Por 23 anos, o povo, indolente e preguiçosamente, nada ouviu...

Fonte: Josemar Bessa

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Precisamos de um louvor "velho"


Texto por - Isaltino Gomes Coelho Filho

Vivemos mesmo numa época de ignorância, de obscuridade intelectual e de irracionalismo. Infelizmente, a ignorância tem se tornando jóia cultivada neste país, e os mais pensantes são cada vez mais postos de lado. Quando um político de expressão nacional diz que livro é como academia de ginástica: a gente olha e foge, é porque a coisa ficou feia mesmo. O pior é que a ignorância é cultivada com arrogância. Parece que quanto mais ignorante, mais digno de crédito. E a espiritualidade evangélica tem se distanciado do pensar, que tem sido cada vez mais visto como ato carnal, quando não diabólico. A ignorância está em alta. Está difícil ser evangélico, também, hoje, a quem é pensante.

Ouvi no noticiário televisivo: um rapaz de vinte e poucos anos, gaúcho, estudante de Teologia na Bolívia, desapareceu nos Andes, quando fora escalar uma montanha de 6.300 metros. O rapaz não tem experiência alguma de alpinista, e ainda assim foi sozinho porque, segundo a mãe, queria ter uma experiência com o Espírito Santo, queria encontrar o Espírito Santo. Como achou que ele é boliviano e mora nos Andes foi fazer a escalada.

Com todo respeito: o que leva a uma pessoa a sair do Rio Grande do Sul onde há bons seminários, passando pelo Paraná, onde também os há, e ir estudar Teologia na Bolívia? Respeitosamente: desde quando a Bolívia tem expressão em ensino teológico? Este jovem não tinha um pastor que o orientasse? E o que leva alguém, sem experiência alguma, a escalar sozinho uma montanha de 6.300 metros para encontrar o Espírito Santo? De onde lhe veio a idéia de que numa montanha encontraria o Espírito? E como convertido e aparentemente vocacionado, ainda não encontrara o Espírito? O que ensinaram a este jovem na igreja e depois no seminário? Sei que a família está sofrendo e que é hora de consolar, mas não posso deixar de dizer: quanta gente tonta, sem noção das coisas, e usando a espiritualidade como pretexto para a falta de juízo! Mas isto é reflexo do cristianismo que pregamos e cantamos hoje em dia. Cantamos autênticos absurdos teológicos e que se chocam contra a Bíblia, e ficamos por isto mesmo. As pessoas não pensam no que cantam, mas se apenas o ritmo é bom, agitado e as faz sentirem-se bem.

Temos um cristianismo cada vez mais sem Cristo, e cada vez mais com o Espírito Santo, sendo que por Espírito Santo as pessoas entendem uma experiência extra-sensorial. Porque uma experiência com o Espírito aproxima mais de Cristo, pois esta é sua missão. O evangelho está se tornando um ajuntamento de sentimentos, sensações, experiências místicas. Culpo um púlpito que não é exegético e corinhos ingênuos e até tolos. Os muitos corinhos que enxameiam nossa liturgia nos fazem cantar tantas inconveniências que fico abismado que pessoas razoavelmente lúcidas em sua vida secular cantem aquelas letras. Boa parte delas é confusa, sendo difícil ligar uma linha à outra. Pessoas que são professores cantam tantos erros de português, em que “tua” e “sua”, que são pessoas diferentes, se misturam e por vezes nem se sabe quando se fala de Deus ou de alguma outra pessoa. Raramente se fala de Jesus, e quando se fala dá para notar que Jesus é cada vez mais um conceito para dentro qual as pessoas projetam seus sonhos de consumo ou de classe média, que o Redentor e Salvador. A linguagem é horrorosa: mergulhar nos teus rios, beber nos teus rios, voar nas asas do Espírito, subir o monte de Sião, estar apaixonado por Jesus, subir acima dos querubins, uma série de expressões que não fazem sentido algum. Mas os compositores estão acima da crítica, mesmo quando fazem coisas ridículas, como andar de quatro em público. E quem canta os tais corinhos se sente bem. E também não aceita correção. Quem tenta corrigi-los em suas heresias e tolices é vaidoso, carnal, fossilizado, etc. O que vale não é se o que se canta é certo, mas se faz bem. As pessoas querem se sentir bem e ter alguma experiência. O conteúdo do que se canta é irrelevante. Sendo honesto: não agüento mais cantar corinhos! Chamem-me de vaidoso ou pernóstico, que não fará diferença, mas a maior parte dos corinhos, mesmo que na nova semântica se chamem pomposamente de louvor, é uma ofensa a quem sabe ler e interpretar um texto e tem uma noção mínima de conteúdo da Bíblia.

“Eu tenho a força”, bradava He-Man. Uma força mística, não divina, mas uma energia cósmica. Parece-me que é essa força espiritual que as pessoas buscam. Eles não querem aprofundamento no evangelho nem estudar a Bíblia. Eles querem sensações e experimentar uma força. O evangelho está se diluindo no esoterismo que grassa no mundo atual.

Esta é uma palavra especial aos pastores e ministros de música, que julgo eu, são as pessoas mais responsáveis pelo que acontece e que podem mudar a situação. Quero alinhavar algumas sugestões e lhes peço, respeitosamente, que pensem nelas.

1. FUJAM DO COPISMO

Chacrinha dizia que “na televisão nada se cria, tudo se copia”. No cenário evangélico também. Há uma usina produtora de corinhos, de forma comercial, que massifica nossas igrejas. Nossos jovens cantam as mesmas coisas vazias em todos os lugares. Em várias igrejas se vê a mesma deselegância de adolescentes robustas, saltitando, num monte de véus, no que pretende ser uma coreografia, mas que mostra gestos descoordenados e deselegantes. Chega a ser triste de ver as pessoas saltitando sem habilidade e com uns gestos que nada têm a ver com o ritmo da música. E a gente fica sem saber o que fazer: se olha as jovens pulando, se pensa no que está cantando, se nota as figuras do multimídia, ou os erros de português das letras, ou ainda o embevecimento do chamado “grupo de louvor”, que volta atrás, repete uma estrofe (quando há estrofe), tremelica a voz, faz ar de quem está sentindo dor. Mas é o padrão na maior parte das igrejas. Parece um shiboleth. Quem não faz assim corre risco de ser execrado. Porque os detentores da verdade litúrgica inovadora são fundamentalistas: fora do modelo deles não há louvor nem espiritualidade. Mas eu pergunto: é preciso fazer tudo igual? Convencionou-se que sim, porque ser antiquado é uma ofensa inominável. E para alguns, fora do padrão corinhos e danças tudo é velharia e não há espiritualidade.

Se você é líder e não concorda, diga que não concorda. Não ceda por medo. Há pastores que têm medo de perder o pastorado e cedem a direção do culto aos jovens. Eles cantam, cantam, e depois se sentam e se desligam do resto da atividade, quando não saem do templo. Há um descompasso entre o que se cantou e o que se prega. Porque se canta um evangelho muito diluído. Há pastores que têm medo de perder o rebanho, massificado por este padrão, e o usam. Tenho ido a igrejas em que pastores ficam alheios aos corinhos (recuso-me a chamá-los de “louvor”), mas dizem-me candidamente: “Eu não gosto, mas o pessoal gosta”. Ele deixa de ser o orientador do povo e passa a ser um garçom que serve o que o povo gosta. Ministro de música também age assim. E também está errado. Se estudou música e passou por um seminário deve ter uma proposta de liturgia menos medíocre e que atenda a todas as faixas etárias da igreja. É sua responsabilidade. Nossos cultos estão sendo empobrecidos pelos corinhos. A música é de baixa qualidade e as letras são aguadas. Os corinhos são cada vez mais efêmeros. Ministro de música, não copie a pobreza musical e intelectual dos corinhos. Pensar não é pecado. E ser inteligente também não é. Se os “levitas” podem discordar dos que chamam depreciativamente de “conservadores”, por que nós, conservadores, não podemos discordar dos “mediocrizadores” da música evangélica?

2. O QUE A BÍBLIA DIZ?

Tudo na igreja deve ser submetido ao crivo da Bíblia, inclusive o que se canta. Os compositores não estão escrevendo uma nova revelação e estão sujeitos ao crivo da Bíblia. Devem ser humildes e não pensarem de si como oráculos de Iahweh. Quem queira subir o monte santo de Sião deve ler Hebreus 12.22-29 e ver que ele é um símbolo do evangelho, da igreja de Deus, e que cada crente já está nele. O monte Sião não tem nada para nós. Quem queira subir acima dos querubins deve ler Isaías 14 e verificar que alguém quis fazer isto no passado e foi expulso do céu. Quem cante “Quero ver a tua face, quero te tocar”, deve se lembrar que Deus disse a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33.20).

As primeiras declarações de fé da igreja foram expressas em cânticos. Muitas afirmações litúrgicas do Novo Testamento foram expressões teológicas que firmaram os cristãos. Lutero firmou a Reforma com suas pregações, seus escritos, mas muito mais com seus cânticos. São cânticos que ficam na mente e muita gente está subindo o monte porque canta isto. A igreja precisa cantar sua fé e sua fé está na Bíblia. Toda letra de cântico deve ser submetida ao crivo bíblico. O certo não é o que a pessoa sente nem se o que ela canta lhe faz bem. O certo é o que está de acordo com a Bíblia.

O conteúdo do evangelho foi muito definido: Cristo crucificado. Mas pouco se cantam Cristo e a sua cruz. Precisamos cantar o ensino da Bíblia. “Doce canto vem no ar com a primavera, Flores lindas vão chegar com a primavera, Lírios, dálias e alecrins, Violetas e jasmins, O sol vai brilhar, passarinhos vão cantar, Com a primavera”. O que isto tem a ver com Cristo, com a salvação, com a segurança dos salvos?

Temos abandonado a Bíblia como fonte de doutrina, trocando-a por revelações e sonhos de gurus. Temo-la abandonado como inspiradora de modelo gerencial para a igreja, assumindo padrões de administração humana. Muita pregação, mesmo com ela sendo lido, é apenas emissão de conceitos culturais, e sendo ela mero pretexto para o discurso. E temo-la deixado de lado como balizadora do que cantamos. A função do cântico não é distrair as pessoas nem fazê-las sentir-se bem no culto, mas ensinar as grandes verdades de Deus. O culto deve ser doutrinador, sim. Preguei num congresso de jovens em Manaus, e deselegantemente, o dirigente tomou a palavra após minha fala e disse: “Não me interesso por doutrina, e sim por Jesus”. Pedi o microfone de volta e fiz uma pergunta: “Sem doutrina, que Jesus você tem?”.

Com nossos cânticos atuais, não temos Jesus. Em muitos deles temos um espírito de grupo, uma cultura grupal ou um Espírito que mais se parece com a Força de He-Man que com o Espírito Santo. É preciso subordinar tudo ao crivo da Bíblia. O evangelho está se tornando cada vez menos bíblico e mais sentimental. Porque está faltando Bíblia.

3. NÃO DESPREZE SUA HERANÇA TEOLÓGICA E LITÚRGICA

O terceiro aspecto que abordo é este: não despreze sua herança teológica e litúrgica. Há uma tradição que engessa e que fossiliza. Mas há uma tradição que enriquece e que dá balizamento. O evangelho não começou agora. A igreja não surgiu há alguns poucos anos. Os momentos de louvor e adoração não foram criados agora. Muitos deles, no passado, deixaram marcas profundas de avivamentos que impactaram a sociedade.

Até agora caí de tacape e borduna nos corinhos, sem abrir espaço para reconhecer que alguns sejam bons. Foi de propósito. Creio que consegui um pouco de atenção. Creio que há cânticos bons e que trazem conceitos espirituais seguros. São coerentes, biblicamente falando. E respeitam a herança teológica do protestantismo. Porque este critério também tem valor: os cânticos estão reafirmando nossa fé ou modificando a nossa fé? Infelizmente, a maioria me deixa desconfortado: não os canto porque não expressam minha fé, a fé em que fui criado, a “bendita fé de nossos pais”, como diz um hino.

Nós temos um passado e não podemos fugir dele. A ignorância do passado leva a cometer os mesmos erros cometidos. Houve uma longa luta para firmar o cânon do Novo Testamento, e precisamos lembrar que é ele que interpreta o Antigo. Muita gente tem cantado o Antigo Testamento, mas nós somos cristãos. Nós cantamos a fé em Cristo. Se o Antigo Testamento é pregado, deve ser interpretado pelo Novo. Se o Antigo é cantado, deve ser interpretado pelo Novo. Estão querendo rejudaizar o evangelho, questão que a igreja já resolvera em Atos 15 e contra a qual Paulo escreveu a sua mais dura carta, a epístola aos gálatas. Somos filhos do Novo Testamento, e não do Antigo. Somos filhos dos evangelhos e das epístolas, e não de Salmos, embora Jesus os usasse. Mas seu próprio jeito de usar os salmos nos orienta: ele os reinterpretou em sua pessoa. Cantemos Jesus, cantemos a fé cristã e não meras sensações, cantemos a cruz, o túmulo vazio, o perdão dos pecados. Cantemos a Igreja, e não Israel. Somos cristãos e não judeus. Cantemos que “a cruz ainda firme está e para sempre ficará”.

Somos salvos pela graça por meio da fé em Cristo. Não somos salvos pelo Espírito Santo nem por uma experiência litúrgica. O Espírito é uma pessoa e não sensações: “O Espírito Santo se move em você com gemidos inexprimíveis” é algo sem sentido. Ele geme por nós, em oração, com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). Mas não se move dentro de nós, com gemidos. O ponto central do evangelho é Cristo e sua cruz. Este é nosso tesouro teológico, herança à qual devemos nos agarrar. Qualquer cântico que deslustre isto, que diminua Jesus, que esmaeça a cruz, é blasfêmia. Não quero cânticos de auto-ajuda. Quero Jesus e sua cruz. Quem tem Jesus não precisa de muletas emocionais. Quero cânticos bíblicos, de acordo com a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd 3).

CONCLUSÃO

Sei que foi uma palestra dura. Não vou me desculpar porque o que eu disse é o que eu creio. Sim, estou cansado da ditadura litúrgica que me parece associada a um fundamentalismo: só nós sabemos o que é espiritual e vocês estão fora, são do passado, são frios, são formais. Eu me recuso a cantar bobagens com roupagem espiritual. E desafio vocês a restaurarem a liturgia com conteúdo, com ensino. Desafio-os a não cederem à força da pobreza litúrgica que nos avassala.

Há algo mais comovente e com mais conteúdo que “Castelo Forte”, “Aleluia”, “Amazing Grace”? Por que a ditadura dos corinhos? Por que, no natal, sou obrigado a cantar que quero voar nas asas do Espírito? Que os compositores de corinhos componham música de boa qualidade com letras de conteúdo, e ajustada às épocas, também. Os corinhos são monocromáticos. Dizem sempre a mesma coisa. Nunca ouvi um exortando à confissão de pecados, falando do natal, da dedicação de crianças, da semana da paixão, de missões, da Bíblia como Palavra de Deus. Tudo é igual: louvar, adorar, contemplar, sentir-se bem. Não permitam a monocromia, que é sinal de pobreza.

Escrevi, tempos atrás, um artigo intitulado “Quero uma igreja velha”. Esta palestra é um desabafo e um pedido de ajuda: “Socorro, quero um culto velho”. Com a Bíblia exposta, com solenidade, com cânticos com nexo, com os grandes hinos de nossa fé, com Cristo e sua cruz brilhando. Sim, estou cansado da liturgia atual, que é pobre e alienante.

*Isaltino Gomes Coelho Filho é autor de vários livros, Bacharel em Teologia, Filosofia e Psicologia e mestre em Educação e Teologia. **Texto Pregado no Encontro de Músicos, na PIB de Manaus, 15.11.2008

Fonte: Ministério Beréia

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A importância da Renúncia

Texto por
Angela E. P. Machado
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“E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe. Então, ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude. E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me. Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.” Marcos 10.17-22

Neste breve texto, vemos o reflexo daquilo em que os judeus acreditavam. Pensavam eles que as riquezas eram um sinal da aprovação de Deus e que os ricos teriam maiores possibilidades de serem salvos, ou seja, de alcançarem a vida eterna. Jesus, porém afirma nos versículos seguintes (23 e 24), após o diálogo com o jovem rico, que dificilmente um rico é salvo. Podemos entender que isso se dá mediante ao orgulho gerado pelos bens materiais, pelo apego demasiado a estes e aos benefícios gerados pelo mesmo. O jovem rico queria a salvação, mas não o sujeitar-se à vontade de Deus. Apesar de cumprir alguns mandamentos, ele rejeitou o mais importante deles, que consiste em amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento (Mateus 22:37). Assim também as Igrejas estão repletas de pessoas buscando a salvação, mas que em seu coração rejeitam o Senhorio de Deus em suas vidas, negando a necessidade de renunciarem.

Por renúncia compreende-se o entregar-se totalmente a Deus, colocando-O em primeiro lugar em sua vida, tendo-O não apenas como Salvador, mas também como Senhor. É dispor-se a escutar e a obedecer a voz de Deus, é deixar para segundo plano as suas próprias vontades e desejos. A renúncia posta em prática demonstra que entendemos a mensagem, que fomos tocados pelo Espírito Santo, que realmente amamos a Deus e que estamos nos tornando verdadeiramente seguidores de Cristo; fazendo assim, o seu querer, que é a mensagem do evangelho. Em Mateus 16:24-25 o próprio Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmos se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.” A renúncia é fruto da vontade de Deus em nossas vidas.

Devido ao orgulho, muitas vezes nós é penoso deixar de realizar a vontade própria e fazermos a vontade de Deus, mas ao final, é compensador, pois sabemos que estamos obedecendo à vontade do Criador Soberano. Obedecer e renunciar são as primícias da vida cristã. Nada pode suceder-se bem se não renunciarmos nossa vontade por amor a Deus. Nada em nós é significantemente bom quando comparado ao que Deus fez e faz por nós a cada momento.

A falta de renúncia é desobediência, que além de repercutir de forma negativa sobre nosso relacionamento com Deus, também nos leva ao nanismo espiritual, que de igual modo nos levará a sermos pseudo-cristãos travestidos de pseudo-piedade. Não podemos nos esquecer que o futuro nos reserva um prestar de contas a Deus pelos nossos atos e omissões. Mediante esse fato, somos indagados: Quem (ou o quê) vem ocupando o primeiro lugar em nossa vida? Deus, sua lei e seus princípios ou os fúteis entretenimentos que nos levam à perdição, ofertados por este mundo?

Que possamos estar alertas e dar ouvidos as palavras de Eclesiastes 11.9,10 que diz: “Sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade.”

Deus nos abençoe.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Satanás é Ministro da Ira Divina


Satanás é Ministro da Ira Divina -
por João Calvino

A impiedade é um mal secreto, ( “por isso Deus os entregou...” Rm 1.24) daí o apóstolo fazer uma demonstração muito enfática a fim de patentear que eles não podem escapar sem justa condenação, visto que esta impiedade era seguida dos efeitos que provam a manifesta evidência da IRA do Senhor. Entretanto, se a ira do Senhor é sempre justa, segue-se que tem havido algo neles que era digno de condenação. Paulo, portanto, agora usa estes sinais para provar a apostasia e deserção dos homens, benevolência ao lançá-los de cabeça para baixo na destruição e ruína de todo gênero. Ao comparar os vícios de que eram culpados com a impiedade de que os acusara anteriormente, ele mostra que estavam sofrendo castigo proveniente do justo juízo de Deus. Visto que nada nos é mais precioso do que nossa própria honra, é o cúmulo da cegueira não hesitarmos em atrair desgraça sobre nós mesmos. Portanto, é um castigo muitíssimo justo para a desonra praticada contra a Majestade divina.

Este é o tema que o apóstolo desenvolve no fim do capítulo, porém lida com ele de várias formas, pois o requeria considerável de ampliação.

Em resumo, pois, o que o apóstolo está dizendo significa que a ingratidão humana para com Deus é injustificável. O próprio exemplo deles prova sem rodeios que a ira de Deus contra eles é sem misericórdia. Porque jamais teriam se precipitado, como bestas, em tão detestáveis atos de luxúria, se porventura não tivessem incorrido no ódio e inimizade de Deus em sua Majestade. Portanto, visto que o vício mais flagrantes é praticado em todos os lugares, ele conclui que as provas indubitáveis da vingança divina são evidentes na raça humana. Ora, se esta vingança divina nunca age sem motivo ou de forma injusta, Paulo nos afirma que é evidente deste fato que essa destruição, não menos certa do que justa, ameaça a humanidade toda.

É totalmente desnecessário, aqui, entrar numa infindável discussão sobre como Deus entrega os homens à vida de iniqüidade. É deveras certo que ele não só PERMITE que os homens caiam em pecado, aprovando que vivem assim, fingindo não ver sua queda, mas também ORDENA por seu justo juízo, de modo que são forçosamente conduzidos a tal loucura, não só por seus desejos maus, mas também pelo Diabo.

Paulo, pois, adota o termo ENTREGAR em concordância com o constante uso da Escritura. Aqueles que acreditam que somos levados a pecar tão-somente pela PERMISSÃO divina provocam forte violência contra esta palavra, pois Satanás é o MINISTRO DA IRA DIVINA, bem como seu ‘EXECUTOR’, ele também se acha fortemente armado contra nós, não simplesmente na aparência, mas segundo as ordens do JUIZ.

Deus, contudo, não deveria ser tido na conta de cruel, nem somos nós inocentes, visto que o apóstolo claramente mostra que somos entregues ao seu poder somente quando merecemos tal punição. Só uma exceção se deve fazer, a saber: que a CAUSA do pecado, as raízes do que sempre reside no próprio pecador; não tem origem em Deus, pois resulta sempre verdadeiro que “A tua ruína, ó Israel, vem de ti, e só de mim o teu socorro” (Os 13.9).

Ao conectar os desejos perversos do coração humano com a IMPUREZA, o apóstolo indiretamente nos dá a entender o fruto que o nosso coração produzirá ao ser entregue a si mesmo. A expressão “entre eles mesmos” – é enfática, pois de modo significativo expressa quão profundas e indeléveis são as marcas da conduta depravada que trazem impureza a seus corpos.

Fonte: O Calvinista

domingo, 7 de novembro de 2010

Vamos interrogar o texto

Vamos interrogar o texto -
por John Piper

Se a Bíblia é coerente, então entender a Bíblia significa compreender a forma como as coisas se ajustam mutuamente. Tornar-se um teólogo da Bíblia significa ver cada vez mais peças que se ajustam mutuamente num glorioso mosaico da divina vontade. E praticar exegese significa interrogar o texto sobre a forma como muitas proposições são coerentes na mente do autor. Se nós vamos alimentar o nosso povo, devemos sempre avançar no nosso entendimento de verdade bíblica. E para avançarmos no nosso entendimento da verdade bíblica, devemos preocupar-nos pelas afirmações bíblicas.

Deve incomodar-nos que Jaime e Paulo não parecem escarnecer. Apenas quando estamos perturbados e aborrecidos é que pensamos muito. E se nós não pensarmos muito sobre a forma como as afirmações bíblicas se ajustam mutuamente, nunca iremos penetrar na sua raiz comum nem descobrir a beleza da verdade divina unificada. O resultado final é que a nossa leitura da Bíblia se tornará insípida, iremos ficar fascinados pela “literatura secundária”, os nossos sermões serão como o trabalho duvidoso de “vendedores em segunda mão” e as pessoas terão fome. “Nós nunca pensamos até sermos confrontados com um problema”, afirmou John Dewey. Ele estava certo. E é por isso que nós nunca pensamos muito sobre a verdade bíblica antes de sermos perturbados com a sua complexidade.

Devemos adquirir o hábito de estarmos sistematicamente perturbados por coisas que, ao primeiro olhar, não fazem sentido. Ou, colocando de outra forma, devemos interrogar o texto sem cessar. Uma das maiores honras que recebi enquanto ensinava em Bethel foi quando os assistentes de ensino no departamento da Bíblia me deram uma T-shirt com as iniciais de Jonathan Edwards na frente com as seguintes palavras nas costas: “Fazer perguntas é a chave para o entendimento.”

Mas existem algumas forças fortes que se opõem à nossa interrogação incansável e sistemática de textos bíblicos. Uma dessas forças é aquela que consome muito tempo e energia numa pequena porção das Escrituras. Fomos ensinados na escola (de forma muito errónea) que existe uma correlação directa entre ler muito e aquisição de conhecimento. Mas na verdade não existe correlação positiva nenhuma entre a quantidade de páginas lidas e a qualidade de conhecimento adquirido. Muito pelo contrário. Exceto no que se refere a poucos génios, o conhecimento diminui à medida que tentamos ler cada vez mais. O conhecimento ou entendimento é o produto de meditação intensiva, que produz dores de cabeça, sobre dois ou três versículos e sobre a forma como eles se ajustam mutuamente. Este tipo de reflexão e meditação é provocado quando interrogamos o texto. E você não pode fazer isso com pressa. Portanto, devemos resistir à pressa enganadora de esculpir com detalhes a nossa arma bibliográfica. Demore duas horas a fazer dez perguntas a Gálatas 2:20 e você vai ganhar cem vezes a compreensão que teria obtido depois de ler 30 páginas do Novo Testamento ou qualquer outro livro. Vá devagar. Interrogue. Pondere. Rumine.

Uma outra razão pela qual é difícil gastar horas a experimentar as raízes da coerência consiste em que é hoje fundamentalmente pouco popular sistematizar e procurar a harmonia e unidade. Esta busca nobre tornou-se difícil porque tem sido descoberta tanta harmonia artificial por defensores impacientes e nervosos da Bíblia.

Mas se a mente de Deus é verdadeiramente coerente e não confusa, então a exegese deve pretender ver a coerência da revelação bíblica e a unidade profunda da divina verdade. A não ser que nos dediquemos para sempre à superfície das coisas (satisfeitos por descobrirmos “tensões” e “dificuldades”) então devemos resistir a modas atomizadas (e basicamente anti-intelectuais) no estabelecimento teológico contemporâneo. Existe muito descrédito de erros passados e muito pouca construção em andamento.

Uma terceira força que se opõe ao esforço de interrogar a Bíblia é o seguinte: Fazer perguntas é o mesmo que colocar problemas e nós temos sido desencorajados durante toda a nossa vida de encontrarmos problemas no Livro Sagrado de Deus. É impossível respeitar muito a Bíblia, mas é muito possível respeitá-la de forma errada. Se nós não perguntarmos seriamente como é que textos diferentes se ajustam mutuamente, então somos ou super-humanos (e olhamos toda a verdade num relance) ou indiferentes (e não nos incomodamos em conhecermos melhor a verdade).

Mas eu não considero que alguém que seja indiferente ou super-humano possa ter um respeito adequado pela Bíblia. Portanto, a reverência pela Palavra de Deus exige que nós façamos perguntas e coloquemos problemas que nós acreditemos que existem respostas e soluções que irão recompensar o nosso trabalho com “tesouros novos e antigos” (Mat. 13:52). Devemos treinar o nosso povo que não é irreverente ver dificuldades no texto bíblico e pensar muito sobre a forma como elas podem ser resolvidas.

Eu não acuso o meu irmão de 6 anos, Benjamim, de irreverência quando ele não consegue perceber o sentido de um versículo da Bíblia e me faz perguntas sobre isso. Ele começou agora a aprender a ler. Mas será que as nossas capacidades de ler são perfeitas? Algum de nós pode compreender a leitura da lógica de um parágrafo e ver a forma como cada parte se relaciona com todas as outras e a forma como todas se ajustam mutuamente para fazer um ponto unificado? Muito menos o pensamento de uma epístola inteira, quanto mais o Novo Testamento ou a Bíblia! Se nós nos preocuparmos com a verdade, devemos interrogar incansavelmente o texto e adquirir o hábito de nos incomodarmos com as coisas que lemos.

Isto é apenas o contrário de irreverência. É aquilo que fazemos se imploramos a mente de Cristo. Nada nos envia mais profundamente aos conselhos de Deus do que vermos aparentes discrepâncias teológicas na Bíblia e pensarmos sobre elas dia e noite até que se ajustem num sistema emergente de verdade unificada. Por exemplo, há um ano lutei durante dias sobre a forma como Paulo conseguiu afirmar por um lado, “Não sinta ansiedade sobre nada” (Phil. 4:5) mas por outro lado dizer (com aparente impunidade) que a sua “ansiedade por todas as igrejas” era uma pressão diária sobre ele (2 Cor. 11:28). Como conseguiu ele afirmar “Regozije-se sempre” (1 Thess. 5:16), e “Chore com aqueles que choram” (Rom. 12:15)? Como conseguiu ele dizer para agradecermos “sempre e por tudo” (Eph. 5:20) e depois admitir “Tenho uma grande pena e uma angústia incessante no meu coração” (Rom. 9:2)? Mais recentemente perguntei o que significa aquilo que Jesus disse em Mateus 5:39 para dar a outra face quando lhe batessem, mas disse em Mateus 10:23, “Quando eles te perseguirem numa cidade, foge ...”? Quando você foge e quando suporta as dificuldades e oferece a outra face? Também tenho pensado em que sentido é verdade que Deus é “lento em zangar-se” (Ex. 34:6) e em que sentido “A Sua ira é rapidamente acesa” (Ps. 2:11).

Existem centenas e centenas de discrepâncias deste tipo nas Sagradas Escrituras e nós desonramos o texto quando não as vemos e quando não as analisamos. Deus não é um Deus de confusão. A sua língua não é bifurcada. Existem resoluções profundas e maravilhosas para todos os problemas. Ele tem-nos chamado para uma infinidade de descobertas de modo que todas as manhãs durante as eras vindouras nós devemos irromper em novas canções de glorificação. Em 2 Timóteo 2:7 Paulo dá-nos uma ordem e uma promessa. Ele ordenou, “Pensem no que eu digo.” E ele prometeu, “Deus te dará compreensão de tudo. Como é que se ajustam mutuamente a ordem e a promessa? O título “para” dá a resposta. “Pensem .... porque Deus irá recompensá-lo pela sua compreensão.”

A promessa não é feita a todos. É feita para aqueles que pensam. E nós não pensamos até sermos confrontados com um problema. Por isso, irmãos, vamos interrogar o texto.

Fonte: Cristão Peregrino

sábado, 6 de novembro de 2010

Ideias erradas sobre crescimento espiritual


Ideias erradas sobre crescimento espiritual -
por John MacArthur Jr.

O crescimento espiritual não tem nada a ver com a nossa posição em Cristo
, Deus nos vê através de Seu Filho como se já fossemos perfeitos. Somos completos nEle, conforme Colossenses 2:10. Foram-nos dadas "todas as cousas que conduzem à vida e à piedade" (II Pedro 1:3). Somos novas criaturas (II Coríntios 5:17).

O crescimento espiritual nada tem a ver com o favor de Deus. Deus não nos ama mais à medida em que nos tornamos mais espirituais. Às vezes os pais ameaçam seus filhos: "Se você fizer isso, Deus não vai mais gostar de você". Que ridículo! O amor de Deus não é condicionado ao nosso comportamento. Quando ainda éramos fracos, injustos, pecadores e inimigos (Romanos 5:6-10), Deus provou Seu amor por nós enviando-nos Seu Filho para morrer pelos nossos pecados. Deus não nos ama mais apenas porque crescemos.

O crescimento espiritual nada tem a ver com o tempo. Não se mede crescimento espiritual pelo calendário. É possível uma pessoa ser cristã durante meio século e ainda permanecer um bebê espiritual. A revista Time fez uma reportagem sobre uma pesquisa realizada entre universitários que freqüentaram a Escola Dominical durante muitos anos. De acordo com eles, Sodoma e Gomorra eram amantes, os Evangelhos foram escritos por Mateus, Marcos, Lutero e João; Eva foi criada de uma maçã, e Jezabel era a jumenta do rei Acaz. Talvez pessoas aposentadas respondessem de maneira ainda pior!

O crescimento espiritual nada tem a ver com o conhecimento. Uma pessoa pode conhecer muitos fatos, ter muitas informações, mas isso não é o mesmo que ter maturidade espiritual. A não ser que o conhecimento resulte na sua conformidade a Cristo, ele será inútil. Para ter valor, este conhecimento tem que
transformar a vida.

O crescimento espiritual nada tem a ver com atividade. Algumas pessoas pensam que crentes maduros são aqueles que estão sempre ocupados. Mas a ocupação no trabalho da igreja não resulta em maturidade cristã, e nem a substitui. Pode até ser um obstáculo ao que é realmente vital e importante na vida do crente. No capítulo sete de Mateus, lemos sobre um grupo que clamará por aceitação da parte de Cristo baseado em obras maravilhosas. Mas Ele os lançará fora. Ocupação não resulta em salvação — menos ainda em maturidade.

O crescimento espiritual nada tem a ver com prosperidade. Algumas pessoas dizem: "Veja só como Deus tem me abençoado. Tenho dinheiro, uma casa maravilhosa, um bom carro e um emprego seguro. Deus tem me abençoado porque eu O tenho honrado." Não acredite nisso. Deus pode ter permitido que você tivesse sucesso — ou até você mesmo pode ter forçado a situação — mas isso não é sinal de crescimento espiritual. Veja II Coríntios 12:7-10.

Minha definição de crescimento espiritual é: prática aliada a posição. Em Cristo sua posição é perfeita. E absoluta. E agora, Deus quer que você reflita essa posição numa experiência progressiva, que é relativa. Tal crescimento é essencial. Pode ser chamado pelo nome que quiser: seguir a justiça (I Timóteo 6:11); ser transformado (Romanos 12:2); aperfeiçoar a santidade (II Coríntios 7:1); prosseguir para o alvo (Filipenses 3:14); ou ser edificado e confirmado na fé (Colossenses 2:7). Este é o alvo de todo crente.

O crescimento espiritual não é místico, sentimental, devocional, psicológico ou resultado de truques secretos. Vem através da compreensão e da prática de princípios dados pela Palavra de Deus. Suas bênçãos infindas encontram-se num depositário divino facilmente aberto por uma série de chaves muito especiais.

Fonte: Cinco Solas

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O retorno é necessário

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Constantemente houve-se falar a respeito da desigualdade social, injustiças morais e outros danos banais. Percebe-se que em quase todos os casos a culpa, ou melhor, o dolo, está no outro, na outra sociedade, em outrem; porém jamais em nós. Afirmamos que a causa primária de tamanha desigualdade e perversão social, moral e porque não, filosófica, é problema do Estado, daqueles que deveriam cuidar do "bem-comum", dos progenitores da sociedade, daqueles que vindicam para si poderes de controlar e supervisionar todos, dos detentores de condições viáveis para construir um "mundo melhor".

É devido a esse pensamento individualista e egocêntrico, fato marcante da sociedade moderna e pós-moderna, que estamos no que poderíamos chamar de o mais baixo patamar em que já estivemos. Nunca tivemos tantos bens materiais e estivemos tão infelizes! Jamais se consumiu tais quantidades de tudo e de todos e se beneficiou-se tão pouco! Perceba caro leitor, que a "modernização" tem nos levado a verdadeiros caminhos sem saída. Se continuarmos consumindo, desmatando, escavando, explodindo e construindo como estamos, as reservas se esgotarão brevemente. Se por outro lado resolvermos parar bruscamente o "sistema", incorreremos em grandiosos desastres humanos, tais qual alto índice de desemprego, aumento do índice de pobreza e tantos os resultados desastrosos.

Em Romanos 3.10 lemos que, "como está escrito: Não há justo, nem um sequer.". Paulo estava alertando aos judeus romanos que de nada valia ser judeu no tocante à salvação; pois independentemente de raça e cor, todos os homens são injustos e destinados à Ira Divina. Perante Deus, todos são injustos e não-merecedores de qualquer graça e misericórdia. Com isso, Paulo lhes dava um grande alerta quanto ao perigo de se apoiar em pensamentos e filosofias humanas. Não que essas sejam sem nenhum valor humano; mas sim que o real valor, o verdadeiro sentido vivencial encontra-se em Cristo. Nada há para se acrescentar a morte vicária de Cristo. Não podemos sequer objetar algum ponto alternativo para nossa salvação ou que possa ajudar Deus a nos salvar. Paulo compreendia muito bem essa posição, por isso fez questão de ressaltá-la em toda sua carta aos romanos

Na Reforma Protestante foi cunhado o famoso "5 Solas", ou traduzindo, "5 Somentes". São eles: Sola fide (somente a Fé), Sola scriptura (somente a Escritura), Sola Christus (somente Cristo), Sola gratia (somente a Graça), Soli deo glória (somente Tua Glória). Vemos que nada de "novo" havia na Reforma Protestante. A "novidade" foi o retorno às antigas práticas cristãs, tão enfatizadas por Jesus, seus discípulos e todos quanto foram usados soberanamente por Deus. A Reforma Protestante não desejou criar um novo caminho, mas alertar com grande tremor e temor que havia-se desviado grandemente dos caminhos do Senhor. Estava-se pregando uma salvação baseada em indulgências, salvação meritória baseada nas boas obras praticas aqui na Terra. Pela soberania e graça divina, um dia Lutero perdeu sua base moral e ética (baseada na tradição católica) quando leu Romanos 5.1,2 que diz: "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus".

Assim como lutero, precisamos retornar a origem. Com origem, certamente não quero dizer que devemos voltar a era medieval e praticarmos a "santa inquisição", matarmos os hereges e coisas mais, mas há-se grandiosa urgência quanto ao retorno ao teocentrismo, haja vista que todos os sistemas humanos falharam até agora e certamente continuarão a falhar. Aliás, ponto esse já expresso em Genesis 6.5: "Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração". A época em que presidiu a Igreja Católica Apostólica Romana como mandante da história, foi de grande terror e terrível afastamento dos fieis ensinos escriturísticos. Graças damos a Deus que levantou homens como Lutero, Zwínglio, Calvino e tantos outros que não se conformaram com esse mundo, mas transformaram-se "pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Romanos 12.2.

Sou desejoso de que assim como nos tempos de Lutero, voltemos a sã doutrina. Sou ansioso por uma igreja que partilhe dos princípios inegociáveis e diligentemente cumpridos pela igreja primitiva; a saber, que “se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações." Atos 2. 42. Nada é mais importante ao cristão do que estar em plena sintonia com as Escrituras. Nenhuma valia há para a salvação humana em métodos, técnicas cartesianas e em 12 Passos para Seguir Jesus. Não encontramos em meio à bíblia sequer um versículo que nos inste a buscarmos sabedoria humana, pelo contrário, somos levados a crer que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" Provérbios 9.10. Louvado seja Deus porque o executar de Seus planos não depende do ser humano, mas unicamente de seu beneplácito; conforme está escrito: "Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia." Romanos 9.16

Que Deus nos abençoe.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ética ou Ambição - O que deveria vir primeiro?


Ética ou Ambição - O que deveria vir primeiro? -
por Stephen Kanitz

Ambição é tudo o que você pretende fazer na vida. São seus objetivos, seus sonhos, suas resoluções para o novo milênio. As pessoas costumam ter como ambição ganhar muito dinheiro, casar com uma moça ou um moço bonito ou viajar pelo mundo afora. A mais pobre das ambições é querer ganhar muito dinheiro, porque dinheiro por si só não é objetivo: é um meio para alcançar sua verdadeira ambição, como viajar pelo mundo. No fim da viagem você estará de volta à estaca zero quanto ao dinheiro, mas terá cumprido sua ambição.

As pessoas mais infelizes que eu conheço são as mais ricas. Quanto mais rico, mais infeliz. Nunca me esqueço de um comentário de uma copeira, na casa de um empresário arquimilionário, que cochichava para a cozinheira: "Todas as festas de rico são tão chatas como esta?" "Sim, todas, sem exceção", foi a resposta da cozinheira.

De fato, ninguém estava cantando em volta de um violão. Os homens estavam em pé numa roda falando de dinheiro, e as mulheres numa outra roda conversavam sobre não sei o que, porque eu sempre fico preso na roda dos homens falando de dinheiro.

Não há nada de errado em ser ambicioso na vida, muito menos em ter "grandes" ambições. As pessoas mais ambiciosas que conheço não são os pontocom que querem fazer um IPO (sigla de oferta pública inicial de ações) em Nova York. São os líderes de entidades beneficentes do Brasil, que querem "acabar com a pobreza do mundo" ou "eliminar a corrupção do Brasil". Esses, sim, são projetos ambiciosos.

Já ética são os limites que você se impõe na busca de sua ambição. É tudo que você não quer fazer na luta para conseguir realizar seus objetivos. Como não roubar, mentir ou pisar nos outros para atingir sua ambição. A maioria dos pais se preocupa bastante quando os filhos não mostram ambição, mas nem todos se preocupam quando os filhos quebram a ética. Se o filho colou na prova, não importa, desde que tenha passado de ano, o objetivo maior.

Algumas escolas estão ensinando a nossos filhos que ética é ajudar os outros. Isso, porém, não é ética, é ambição. Ajudar os outros deveria ser um objetivo de vida, a ambição de todos, ou pelo menos da maioria. Aprendemos a não falar em sala de aula, a não perturbar a classe, mas pouco sobre ética. Não conheço ninguém que tenha sido expulso da faculdade por ter colado do colega. "Ajudar" os outros, e nossos colegas, faz parte de nossa "ética". Não colar dos outros, infelizmente, não faz.

O problema do mundo é que normalmente decidimos nossa ambição antes de nossa ética, quando o certo seria o contrário. Por quê? Dependendo da ambição, torna-se difícil impor uma ética que frustrará nossos objetivos. Quando percebemos que não conseguiremos alcançar nossos objetivos, a tendência é reduzir o rigor ético, e não reduzir a ambição. Monica Levinski, uma insignificante estagiária na Casa Branca, colocou a ambição na frente da ética, e tirou o Partido Democrata do poder, numa eleição praticamente ganha, pelo enorme sucesso da economia na sua gestão.

Definir cedo o comportamento ético pode ser a tarefa mais importante da vida, especialmente se você pretende ser um estagiário. Nunca me esqueço de um almoço, há 25 anos, com um importante empresário do setor eletrônico. Ele começou a chorar no meio do almoço, algo incomum entre empresários, e eu não conseguia imaginar o que eu havia dito de errado. O caso, na realidade, era pessoal: sua filha se casaria no dia seguinte, e ele se dera conta de que não a conhecia, praticamente. Aquele choro me marcou profundamente e se tornou logo cedo parte da ética na minha vida: nunca colocar minha ambição na frente da minha família.

Defina sua ética quanto antes possível. A ambição não pode antecedê-la, é ela que tem de preceder à sua ambição.

Fonte: www.kanitz.com.br

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

É errado falar palavrão?

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Antes de adentrarmos na questão de ser certo ou não falar palavrão, mister é notarmos que "palavrão" é uma fenômeno de ordem costumeira. Por ser costumeira, entende-se que varia conforme o local onde é encontrado e diz respeito aos costumes e práticas da sociedade onde está inserido. Por exemplo, a palavra "chato" que outrora remetia ao piolho do púbis, passou a significar popularmente alguém "importuno, maçante" (Dic. Aurélio), a expressão "casa do caralho", que nada mais era do que a pequena cesta no alto dos mastros das caravelas, veio a ser um sinônimo pejorativo e ofensivo. Também na língua portuguesa (de Portugal) lemos "puto", que para eles significa "criança", já para nós brasileiros, tem significado totalmente diferente. Observamos portanto que não há como generalizarmos o "palavrão", visto que este é um constante variável.

O apóstolo Paulo em Efésio 4.29 escreveu: "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.". Citando Regina Lopes, "a palavra torpe é a tradução do termo grego 'sapros' que significa podre, decadente, usada para indicar peixe, carne ou vida vegetal estragados, ou seja, figuradamente, mau, corrupto, imoral, dando a idéia de torpeza."

Temos neste versículo, portanto, não apenas uma simples ordem de não falar uma palavra "feia" aos olhos de determinada comunidade, mas muito mais que isso! Paulo nos alerta para que não projetemos em forma de palavra coisa alguma que não "transmita graça aos que ouvem". Certamente Paulo não se comunicava apenas falando em "salmos, hinos e cânticos espirituais" (Colossenses 3.16). Por ser humano, usava palavras do dialeto da comunidade onde estava inserido. Porém, devemos salientar que Paulo não se corrompia com a linguagem desenfreada que certamente muitos utilizavam. Ao exortar os efésios para que transmitissem apenas aquilo que fosse "para edificação, conforme a necessidade", certamente não implicava que Paulo estava estimulando-os a tornarem-se iguais ao povo que os rodeava. Se este fosse o caso, certamente ele não teria dito aos romanos que "porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente" (Romanos 11.36), tampouco teria deixado de alertá-los dizendo: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (12.2).

Vemos que para Paulo, a essência da vida cristã não está na simples observância de certas palavras, mas sim que tudo que o cristão faz, deve refletir e magnificar a obra de Deus; deve expressar ao mundo a grandeza de Seu nome! Nada é mais importante do que espalharmos uma paixão por Cristo em tudo que acontece em nossas vidas, e isso certamente se traduz em gestos e em palavras benditas. Que Deus nos fortaleça dando-nos intrepidez, para que assim como o salmista, possamos proclamar em uníssono:

"Repudiarei todo mal. Odeio a conduta dos infiéis; jamais me dominará!" Salmos 101.3

Que Deus nos abençoe!

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...