quarta-feira, 31 de março de 2010

No Dia da Mentira, pregue a verdade

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Como de costume e já marcado no calendário social, amanhã é o tradicional Dia da Mentira. Dia este em que você não pode afirmar nada, afinal, neste dia tudo que se fala é uma mentira em potencial. Com certeza essa data mentirosa não chega a atrapalhar o andamento das cidades nem dos círculos sociais, visto que já está arraigada (infelizmente) neste mundo vil - mas creio que mais do que brincadeiras, no Dia da Mentira as pessoas deveriam ouvir a verdade.

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Estamos vivendo em dias de uma pluralidade de ideias e pensamentos sem igual. Em todo lugar pode-se encontrar novos ensinamentos, filosofias para uma vida bem sucedida e diferentes rituais que trazem as mais inusitadas sensações. Todos dizendo que são "a verdade", ou pelo menos parte dela.

Pode-se dizer que por a Igreja estar envolvida na sociedade, infelizmente acaba sendo afetada pelos modismos e diferentes pensamentos provenientes da pluralidade social e religiosa. É triste olharmos para dentro de nós (Igreja) e vermos que muitos há muito tempo já se desviaram da sã doutrina; tudo em nome do crescimento e do reconhecimento alheio, afinal, vale tudo para alcançar as multidões.

Parece não haver mais absolutos para a igreja cristã atual. Tudo pode ser relativizado, até mesmo o mais objetivo e claro ensinamento escriturístico bíblico. Não mais a chamam de Sagradas Escrituras, agora é apenas Palavra de Homens que viveram com Jesus. Esqueceram-se do sagrado, profanaram o ensinamento e apartaram-se de Deus. A Bíblia parece ter sido repensada e remodelada para o século 21, um tempo onde absolutos não tem mais créditos, nem valor.

É necessário que preguemos a sã e correta doutrina; que sejamos arautos do Senhor em meio a um mundo que está indo de mau a pior. Mas qual é a doutrina correta? Poderíamos resumir dizendo que a correta doutrina é aquela que coloca Deus em seu devido lugar, dando-lhe total e absoluto controle sobre tudo e todos que criou e que nós, criaturas feitas a sua imagem e semelhança, carecemos de sua total graça e misericórdia para nos mantermos vivos e alcançarmos a salvação. E é por isso que devemos lutar. Não por nome de pessoas ou tipos de pensamentos, mas sim pela verdade revelada através da bíblia.

Aproveite que neste dia não "existem" absolutos e fale a verdade. Afirme que Jesus ressuscitou para nos trazer vida, que padeceu pelos pecados de todos os Seus, que Sua graça é tão maravilhosa que torna-se irresistível. Seja de fato um(a) cristão(ã) e mostre que você confia no único Deus, cuja sabedoria e poderes são insondáveis e inimagináveis. Exponha a bíblia e diga ás pessoas que há um Deus absoluto, imutável e que n'Ele reside toda a verdade.

No Dia da Mentira, pregue a verdade.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Devolve-me a alegria da Tua salvação

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Sl 51.12 "Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito pronto a te obedecer."

Foram com essas palavras que Davi ser achegou até Deus após ter cometido o adultério com Bate-Seba. São palavras bonitas e animadoras. Porém mais do que apenas palavras bonitas, elas são palavras que expressam profundas e necessárias verdades para nossas vidas.

Antes de analisarmos mais a fundo, é prudente que façamos um breve resumo acerca da ocasião anterior que levou Davi a escrever este Salmo. Embora Davi houvesse escrito o Salmo 51 naquela ocasião e todo este seja importante para nós, gostaria de hoje me ater apenas ao versículo 12.

Davi era Rei de Israel. Governava o povo de Deus e era tido como homem de batalha perante seus inimigos. Deus era com ele em suas batalhas e sua vida mostrava profunda devoção ao Senhor dos Exércitos, o Senhor que livrava o povo de seus inimigos. Em 2Samuel 11 vemos o relato do adultério cometido por Davi. Diz o texto que Davi havia se levantado, ido passear pelo terraço do palácio e lá avistara uma mulher muito bonita tomando banho. Mandou então que alguém perguntasse por seu nome e ficou sabendo que se tratava de Bate-Seba, esposa de Urias, o hitita. Por fim, Davi adultera com ela, engravida-a e planeja e conclui o assassinato de Urias, marido de Bate-Seba. E diz a palavra de Deus que isso "desagradou ao Senhor"(v. 21) . No cap. 12 lemos então que o profeta Natã é enviado pelo Senhor (cap. 12) até Davi, para que lhe diga o que haveria de suceder com ele dali por diante. Davi então entristecido, arrependido e profundamente abalado, escreve o Salmo 51.

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Conforme vimos na trajetória de Davi, podemos resumir os fatos em:

1. Davi desejou a mulher do próximo (1Samuel 11.3);
2. Planejou a morte do marido de Bate-Seba (1Samuel 11.15);
3. Se arrependeu (1Samuel 12.13);
4. Pediu para que Deus renovasse sua alegria (Salmo 51.12).

Mesmo que a ordem dos fatos tenha sido essa, creio que não foi assim que se sucedeu no coração de Davi. Embora, a ordem das ações de Davi tenha sido a apresentada, alguns fatores nos levam a pensar que em seu coração foi diferente.

Davi era humano, e como humano era propenso ao erro e ao pecado. Se formos analisar nossa vida, veremos que as vezes em que pecamos mais "grosseiramente"(que levam a maiores consequencias morais e sociais), foram as vezes em que estávamos menos próximos do Senhor. Geralmente pecamos de maneira distinta quando já vínhamos de um período de afastamento de Deus. Desconheço alguém que tenha afirmado que seu relacionamento com Deus estava ótimo (se é que podemos dizer assim) e após tal afirmação, sai e adultera com outra pessoa. De um modo geral, quando viramos as costas para Deus e decidimos pecar livremente, isso nada mais é do que um reflexo de como andava nosso relacionamento com o Senhor.

Isso significa que se estamos junto do Senhor não pecaremos? Em hipótese alguma! Porém, assim como diz Pv 16.6, "pelo temor do Senhor, os homens se desviam no mal". Ou seja, estar com Deus não é garantia de não pecar, mas é garantia de temer a Deus e se desviar do mal.

No momento em que Davi executava o ato do adultério, ele estava sem o devido temor do Senhor no seu coração. Ele havia deixado de lado a lei do Senhor e seus preceitos morais. Com isso, após concluir o adultério e o assassinato, Davi estava repleto de culpa. E podemos ter a certeza de que não era apenas uma culpa como a que nós muitas vezes sentimos, como sendo um simples "eu sei que errei, me Jesus perdoa". O Salmo 51 nos mostra um homem profundamente amargurado e angustiado por ter desagradado ao Senhor. Sua culpa e remorso eram tão grandes que conseguiram tirar a "alegria da salvação" de seu coração.

Como anda sua consciência hoje? Será que assim como Davi, você também precisa resgatar a alegria da sua salvação? Talvez os pecados que o rodeiam sejam tão grandes que você se veja envolto de tamanha culpa, parecendo impossível aos seus olhos voltar e ter novamente a alegria pelas coisas do Senhor. Se essa é sua situação, gostaria de lhe citar 4 pontos que o ajudarão a resgatar essa alegria.

1. Devolve-me Senhor!

Devolve-me Senhor! Não consigo me livrar desse sentimento de culpa e pecado que me afligem! Necessito que o Senhor venha até mim, pois eu não consigo ir até o Senhor, afinal, perdi a alegria e estou sem forças. Essas deveriam ser nossas palavras diante do abismo que o pecado cria em nós e que nos afastam de Deus.

O primeiro passo é reconhecer que perdeu a alegria pela salvação e que ela só voltará caso Deus haja com misericórdia sobre a sua vida.

2. Mas devolve-me o que? A alegria da tua salvação!

Davi estava terrivelmente despedaçado em sua moral. Havia adulterado, assassinado, desagradado ao Senhor e seu filho havia morrido em virtude de seu pecado. Sua culpa era gigantesca e sua vida se encontrava em completa ruína!

É de igual modo que eu e você nos encontramos sem Deus, totalmente consumidos pela culpa e incapazes de recuperar a alegria pela salvação. O pecado deveria criar em nós um sentimento de remorso monstruoso, capaz de sugar todas nossas forças e possíveis virtudes. Mas infelizmente não é assim que acontece, e se hoje você faz coisas que sabe que desagradam ao Senhor e não sente nenhum remorso por isso, gostaria de lhe dizer: algo está muito errado com você! Assim como Davi, você também precisa renovar a alegria pela salvação.

3. Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me.

Somente Deus pode fazer com que nós estejamos firmes e prontos para lhe obedecer. Davi não pediria a Deus para sustentá-lo se ele achasse que por suas próprias forças conseguiria se manter de pé. Assim também o homem pecador (e todos nós somos) não tem nenhuma condição em si mesmo de se achegar até Deus e n'Ele permanecer firme. Em Rm 3.18 lemos que "aos seus olhos é inútil temer a Deus".

A vontade natural do ser humano é fugir de Deus, voltar-se para o pecado, para as coisas que dão prazer à carne. A não ser que Deus sustente sua vida e a guarde, com toda a certeza você se afastará d'Ele, afinal "aos seus olhos é inútil temer a Deus".

4. Sustenta-me com um espírito pronto a obedecer.

Obedecer ao Senhor é o reflexo de um espírito que é sustentado por Ele. Mas como que muitos de nós ainda tentam obedecer a Deus sem sequer se preocupar com aquilo que Deus quer? Queremos obedecer, mas não sabemos por onde começar; porque não lemos a bíblia, não nos dedicamos a meditação da palavra e não conhecemos verdadeiramente a Deus. Ninguém poderá dizer "devolve-me a alegria da salvação" se não tiver compreendido o que é a salvação e o que ela realmente significa em sua vida.

Só aprenderemos e entenderemos o que Deus quer de nós se meditarmos na lei do Senhor de dia e de noite (Sl 1.2). Uma leitura superficial da bíblia torna-nos superficiais e faz-nos cristãos anões na fé. Já uma leitura profunda e dada a meditação, torna-nos profundos e faz-nos conhecedores da verdade revelada em Deus.

Meu desejo é que assim como Davi, possamos olhar para dentro de nós e avaliarmos nossa situação. Se estivermos bem, que demos graças a Deus e continuemos louvando a sua santa misericórdia que nos sustenta. Caso contrário, repetiremos as palavras de Davi e diremos: "Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito pronto a te obedecer."

Que Deus nos abençoe!

quarta-feira, 24 de março de 2010

A salvação depende da liberdade?

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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A questão da liberdade humana sempre causou confusão e discórdia entre os pensadores. Podemos pensar que liberdade é a ausência de deveres e obrigações ou também pensarmos que é a livre vontade de escolher em não cumprir determinadas regras. Mas afinal, o que vem a ser liberdade?

De acordo com o Dicionário Aurélio, "faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação. Estado ou condição de homem livre." Liberdade portanto significa ser livre de tudo e de todos.

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Frequentemente tem se falado dentro de nossas igrejas que o homem é livre para decidir e tomar suas decisões. Tal afirmação não deixa de ser verdadeira até certo ponto, porém no tocante à salvação, tal afirmação torna-se uma faca de dois gumes. Afirmar que o homem é livre para decidir sobre sua salvação é ferir e tratar com desdém a necessidade do Espírito Santo na vida do crente. Afinal, se o homem é livre, pode muito bem escolher se achegar até Deus por sua livre e espontânea vontade. Neste pensamento, o Espírito Santo estaria apenas observando a atitude do possível crente a sua frente, morrendo de vontade de entrar em sua vida e de transformá-la para a glória de Deus, mas ainda isso não lhe é possível, pois o indivíduo ainda não pronunciou o "sim" de sua permissão a Deus.
Vamos agora pensar como cristãos. Se somos de fato livres, estamos isentos de toda e qualquer influência externa, passando assim a agir conforme nossa própria vontade e determinação. Nada nos guia, nos controla ou exerce poder; apenas o eu interior é que comanda o que iremos ou não fazer. Seguindo este pensamento, surge-nos uma dúvida que não podemos deixar passar: como conheceremos a Deus se ele não se mostrar a nós? Há chance de imaginarmos por nós mesmos o Deus real e então o seguirmos? Há possibilidade do ser humano encontrar Deus em seu trono por suas próprias forças? Aqueles que defendem a liberdade humana para a salvação, incorrem no infeliz veredicto: o Espírito Santo deixa de ser necessário. Afinal, decretar a liberdade humana é descartar a necessidade de uma nova vida mediante o sangue de Cristo e o seu Espírito Santo.

"Mas pera aí!" alguns podem dizer, "não estamos excluindo Cristo e seu Espírito de nossas vidas, apenas dizemos que podemos nos achegar até ele se assim desejarmos". Porém como veremos a seguir, nem desejar tal coisa é possível para os que estão afastados de Deus.

Segundo o relato da queda do homem descrito em Gn 3, vemos que o homem após pecar foi condenado a morte. O Senhor havia dito anteriormente, "Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão". Como sabemos pela narrativa bíblica, homem e mulher comeram e juntos morreram; não apenas fisicamente, mas também espiritualmente. Paulo compreendeu muito bem essa questão quando relatou em Ef 2.1 "Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados".

Desde o começo das Sagradas Escrituras até o seu fim (se é que podemos chamar de fim), o homem é descrito como sendo uma criatura caída e destituída de boas obras. É descrito como alguém enredado pelo pecado e que não tem a mínima vontade em si mesmo de se voltar para Deus. A narrativa nos mostra que para tais indivíduos, Deus é algo tão distante e aparentemente inútil, que ele sequer pensa nisso. O simples pensar em Seu nome Santo e em Sua santidade já causa repulsa e horror. O pecado cega o entendimento e faz com que o pecador seja destituído de qualquer ato de aproximação para com Deus. "Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" Rm 3.23

Conforme Paulo escrevia acerca de nossas transgressões e pecados, é compreensível que ele continuasse seu pensamento dizendo "Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos a vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões - pela graça sois salvos" (grifo do autor). O homem que defende que o ser humano é totalmente livre de Deus, deve ter um pouco de trabalho para desmentir o ensino de Paulo. Afinal, como iríamos viver se não houvesse quem nos ressuscitase? A menos que tal pessoa creia que a queda do homem não foi total, fica difícil refutar tal pensamento paulino e bíblico.

Mas lá vem eles de novo, "veja bem, Deus nos ressuscita e agora cabe a nós respondermos a essa ressurreição". É justo dizermos que naquilo que diz respeito ao nosso viver e andar nesse mundo, somos nós que vamos até Jesus. Eu estou aqui escrevendo porque vim até o computador. Mas de nada adiantaria ter vindo para escrever se eu não tivesse um computador para escrever! Eu não pensaria em escrever se não estivesse pré-disposto (por Deus) a isso. Seria inútil tentar escrever se não fossem me dadas mãos para digitar e cérebro para pensar. Portanto, se formos trabalhar com a ideia de que a resposta para a nossa salvação depende única e exclusivamente de nós, veríamos que o trabalho de Deus foi em vão. Ora, por que Ele iria ressuscitar pessoas que depois de ressurretas iriam querer voltar ao túmulo? Se Deus é de fato soberano, não seria mais prudente ressuscitar apenas os que iriam viver de fato? Não há lógica em dizer que Deus é soberano e ao mesmo tempo que depende da resposta humana para realizar o Seu propósito.

Para finalizar, A. W. Pink ilustra com maestria a liberdade do homem sem Deus:

"Tenho na mão um livro. Solto-o. O que acontece? Ele cai. Em que direção? Para baixo; sempre para baixo. Por quê? Porque obedecendo à lei da gravidade, seu próprio peso o leva para baixo. Imaginemos, porém que eu deseje que o livro fique um metro para cima. Então, o que fazer? Preciso erguê-lo. Uma força externa precisa fazê-lo subir. Esta é a relação entre o homem caído e Deus. Enquanto o poder divino o sustenta, ele é impedido de afundar cada vez mais no pecado; retirado esse poder, o homem cai - seu próprio pecado (qual peso) o afunda. Deus não o empurra para baixo, como eu também não empurrei o livro para baixo. Removidas todas as restrições divinas, todo homem seria capaz de tornar-se e se tornaria um Caim, um Faraó, um Judas. Como, pois, pode o pecador subir em direção aos céus? Por um ato de sua própria vontade? Não. Um poder externo precisa dominá-lo, para então erguê-lo a cada centímetro em sua subida. O pecador é livre, mas em uma só direção - livre para cair, livre para pecar ". (grifo do autor) (1)

Resta-nos apenas crêr que Deus é o autor da salvação e que "isso não depende do desejo ou esforço humano, mas da misericórdia de Deus." Rm 9.16.

Que Deus nos ilumine!

(1) Pink, A. W. - Deus é soberano - Ed. Fiel - pág. 112

sexta-feira, 19 de março de 2010

Por que Deus nos escolheu?

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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É muito bom ser cristão e seguir a Deus. É igualmente bom podermos desfrutar da comunhão dos santos e do partilhar das dificuldades e alegrias dos queridos ao nosso ao redor. É maravilhoso podermos orar e estarmos em união com Deus graças à sua graça poderosa. Mas...

Para que Deus nos escolheu? Por que Deus nos escolheu? Qual o seu propósito de sua escolha? Que garantia temos de que Ele nos escolheu e nos salvará?
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1. Para que Deus nos escolheu?

Efésios 1.3,4 "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor."

É interessante notar que Paulo começa louvando e bendizendo a Deus pelas bênçãos espirituais que recebemos em Cristo Jesus. Ele não começa dizendo que Deus é um deus de graça , que é apenas isso e que o resto depende de nós. Paulo é enfático em suas palavras. O versículo continua dizendo que Deus nos elegeu n'Ele antes da fundação do mundo. Mas o versículo nos deixa uma pergunta: para que fomos eleitos? O próprio versículo então responde dizendo para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor.

Fomos chamados para sermos santos e irrepreensíveis não porque há alguma bondade nata em nós, mas simplesmente porque Deus quis agir misericordiosamente conosco. Se a benção espiritual não tivesse vindo sobre nós, como poderíamos nos achegar a majestade de Deus, visto que todos nós somos pecadores e carecemos da glória do Pai? Haveria chance para nós irmos até Deus se ele não apartasse nossos pecados (em Cristo Jesus) diante de sua presença?

Deus nos abençoou nos lugares celestiais em Cristo, para que mediante esta benção nós possamos adentrar a santa e plena presença de Deus. Se Ele não tivesse nos escolhido, estaríamos para sempre perdidos e condenados perante Sua ira.

2. Por que Deus nos escolheu?

Efésios 1.5 "E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade".

Paulo, inspirado pelo Espírito Santo agora nos revela o motivo de nossa eleição. É gracioso ver que a adoção da qual Paulo fala, não é a mesma adoção da qual estamos familiarizados. A adoção no tempo de Paulo se dava quando um casal que possuía riquezas, porém não tinha filhos ou não poderia ter, escolhia um homem de bom caráter e de boa conduta na sociedade para herdar as terras, dinheiro e tudo mais que o casal tinha como propriedade. Paulo então fala da adoção não no sentido de que nós somos pessoas de bom proceder, mas sim que perante as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo fomos feitos pessoas aceitáveis a Deus.

Ele continua dizendo que fomos predestinados segundo o beneplácito de sua vontade. Não há qualquer mérito em Deus ter nos escolhido. Se hoje você é um filho de Deus, tenha a certeza de que você nada pode fazer para comprar a graça salvadora de Cristo Jesus na sua vida. Você é pecador e merece a morte, nada mais que isso. Deus nos elegeu porque ele quis e sua vontade é plenamente satisfeita. O bem querer de Deus jamais é frustrado, Deus não se frustra! É errado e anti-bíblico pensarmos que Deus está nos céus com as mãos atadas enquanto o diabo está a solta tocando o terror e pervertendo a sociedade. Pelo contrário, Deus está firme em seu trono e governando com total soberania e poder.

3. Qual o seu propósito de sua escolha?

Efésios 1.6,7 "Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,
em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça."

Depois de expor o motivo para qual estamos nesse mundo e porque estamos nesse mundo, Paulo prossegue dizendo que fomos criados para louvor e glória da sua graça. É valioso atentarmos para os nossos dias, onde muitos livros tem sido lançados com o objetivo de iluminar a vida dos cristãos quanto ao seu propósito da Terra. São técnicas e mais técnicas de como conseguir achar o seu propósito e então ser libertado desta dúvida terrível!

Infelizmente muitos escritores perdem o foco quando trazem o propósito da criação para o homem e não o levam a Deus. Em vez de salientarem e focarem o fato de que Deus nos criou para o louvor e glória da sua graça, preferem enfatizar que nosso propósito é o de talvez sermos um empresário, músico, operário ou talvez até mesmo um escritor. Não digo que Deus não tenha um propósito específico quanto ao nosso realizar aqui na Terra, mas com certeza o fato principal e da onde devemos partir é que fomos criados para louvor e glória da Sua graça.

Fomos perdoados mediante as riquezas da Sua graça. Não fomos perdoados porque um dia escolhemos nos arrepender e pedir perdão. Sequer poderíamos chegar a presença de Deus e oferecermos nosso perdão se Deus assim não o quisesse. Sem a graça de Deus nem clamar por perdão nós poderíamos! Como somos limitados e carecemos de graça e misericórdia. Sem as riquezas da sua graça nada podemos fazer.

4. Que garantia temos de que Ele nos escolheu e nos salvará?

Efésios 1.12,13 "Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo, em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa."

Finalmente Paulo chega ao ápice de sua exposição. Diz-nos ele que fostes selados com a Espírito Santo da promessa. Não bastaria saber que Deus nos escolheu e que nos deu um propósito, se não tivéssemos alguma garantia de que isso fosse verdade. De nada adiantaria o discurso de Paulo se ele não falasse a igreja de Éfeso que havia um selo que os guardaria. Possivelmente o "selado" usado por Paulo tem a ver com o selo antigo que era feito a partir do molde do anel do Rei. Quando o Rei emitia um documento, ele precisava legitimizar o mesmo e para que houvesse comprovação de que o documento realmente vinha do Rei, ele pegava seu anel, pressionava sobre algum material (talvez uma espécie de cera) e ali se formava um selo. Este selo então era colado em cima do documento, testificando assim que pertencia ao verdadeiro Rei do Império.

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Amados, devemos ter a consciência de que sem Deus não podemos fazer nada. Ore e peça ao Senhor que ilumine sua vida e questione a si mesmo se fato você tem compreendido o que é a graça de Deus. Uma graça que é infinitamente poderosa para nos santificar, nos adotar, nos levar ao propósito de Deus e nos dar a garantia da salvação. A salvação pertence ao Senhor (Jonas 2.9)

Deus abençoe a todos!

terça-feira, 9 de março de 2010

Só é pastor aquele que pastoreia

Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Já perdi a conta de quantos pastores conheci durante minha caminhada cristã. É um número sem fim! São tantos, mas tantos mesmo, que as vezes acabo esquecendo quem é e quem não é pastor. Alguns que penso que são pastores, não são; já outros que penso que não são, na verdade, são.

E o que quero dizer com isso? Quero dizer que só é pastor aquele que pastoreia e fim de papo.

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Ligamos a televisão e vemos diversos pastores e apóstolos em horário nobre. Do alto de seus mega-templos e púlpitos feitos da mais nobre madeira ou acrílico, proferem palavras e citam a bíblia. Falam bonito, gesticulam e entretêm o povo, mas... onde está o pastoreio?

O que é preciso para se tornar um pastor? Frequentar um seminário, estudos bíblicos, ser filho de pastor? Qual o requisito que faz com que um homem se torne pastor?

É notório em nossos dias a falta de caráter de alguns que se intitulam pastores e mestres. Não digo falta de caráter apenas no sentido ético, mas no sentido prático: o de pastorear.

João 10.1-4 "Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. " (ênfase minha)

É interessante notar que Jesus ao se referir como sendo o pastor das ovelhas (sua igreja), diz que o pastor vai a frente das ovelhas e estas o seguem. Ele não está falando de um pastor de que fica atrás das ovelhas com uma arma apontada em sua direção, para que elas sejam intimidadas e marchem adiante. Nem tão pouco de um pastor que apenas profere sermões de seu púlpito e depois se manda para casa, para não ter que pastorear. Jesus diz que ele vai a frente e as suas ovelhas o seguem. Ele está ali, junto delas e elas o seguem. O verdadeiro pastor não tem medo de que suas ovelhas não gostem do caminho por onde ele as levará. O versículo 3 diz "...e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora."

Como é sua relação com seu pastor local e ou/líder? Ele é apenas um líder que fala no púlpito aos domingos e depois vai embora, ou é de fato um pastor cuidadoso que dá atenção a você e às suas ovelhas? Há um verdadeiro pastoreio em sua comunidade ou apenas um homem que fala e deixa suas ovelhas andarem por onde quiserem? Ele tem ido e buscado o fraco e vacilante?

João 10.11 "Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas." Jesus sendo líder da igreja (não igreja/templo, mas sim a Igreja invisível) deu sua vida por ela. O pastor descrito pela bíblia é aquele que se importa com suas ovelhas e não há tempo ruim para este que se importa com o outro e quer vê-lo bem. Com certeza somos humanos e temos nossos dias de fraqueza e indisposição, porém esse não deve ser o padrão constante. A estes a bíblia diz: doe-se.

Infelizmente a comunidade cristã atual está superlotada de pastores, bispos, apóstolos, reverendos... e a lista não pára!. Homens que não aceitam serem chamados por seu próprio nome, precisam ser chamados de Pastor Fulano, Pastor Ciclano. Para estes, apenas serem chamados de Fulano não está bom, pois isto aparenta uma perda de majestade, de senhorio e de sua autoridade que lhes foi concedida sobre o céu e a Terra (ops, essa foi pra Jesus).

Só é pastor aquele que pastoreia e disso não abro mão. Não posso concordar com pessoas que são recém formadas em um seminário teológico (ou de lavagem cerebral, vai depender da doutrina) e já são ungidos pastores, sem sequer terem ovelhas para pastorearem. Como podem estes levar com tanta negligência um ministério assaz importante e valioso como esse? Para estes, ser pastor é ser autoridade e é disso que eles gostam.

É muito bom sabermos que existem pessoas que estão dispostas a exercerem a prática pastoral, mesmo que não sejam pastores de verdade (no sentido de ungido). De igual forma, é maravilhoso sabermos que ainda existem verdadeiros pastores comprometidos com a prática do pastoreio.

Que possamos abrir nossos olhos e vermos quem de fato é um pastor segundo a bíblia.

Deus abençoe a todos!

p.s.1: quando digo que pastor é aquele que pastoreia, não desprezo aqueles que porventura já exerceram a prática pastoral em determinada comunidade e agora já não mais o fazem. Com certeza estes tiveram seu tempo de ministério e louvado seja Deus por isso. Minha crítica é para com aqueles que estão levantados como pastores de comunidades e não procedem como lhes seria devido.

p.s.2: embora o texto de João 10 se refira estritamente a Jesus e sua igreja, certamente podemos usar o exemplo de como Jesus trata seus filhos, para assim tratarmos nossas ovelhas.

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...