terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Qual é o pecado cometido contra o Espírito Santo?


Dentre os muitos assuntos controversos no seio cristão, certamente o "pecado contra o Espírito Santo" é um dos que mais agita os ânimos e causa discussões, muitas vezes intermináveis. Inúmeras pessoas têm tecido os mais diversos comentários sobre o que seria o pecado imperdoável, como, por exemplo, se vê em alguns exemplos retirados da internet:

- suicídio; 
- negar a trindade; 
- todo e qualquer pecado pelo qual o pecador não se arrepende;
- presunção de salvação;
- incorrer no mesmo erro muitas vezes;
- ateísmo;
- não acreditar na misericórdia de Deus.

Como se pode notar, toda sorte de obstinações e rebeldias são colocadas como sendo o pecado imperdoável. Entretanto, como veremos a seguir, o contexto em que os versículos se encontra é muito claro em demonstrar qual é este pecado, de maneira que podemos, seguramente, ter o devido conhecimento por meio da leitura bíblica, não havendo necessidade alguma de ser grande erudito ou conhecedor supremo de certas minúcias bíblicas.

Boa parte dos erros de interpretação decorrem do fato dos leitores não atentarem para o contexto imediato do texto, quer dizer, se o texto está falando de árvores frutíferas e as relacionando com a saúde que proporcionam, a conclusão não pode ser contrária ao contexto, ou seja, ninguém pode o ler e concluir, a título de ilustração, que a saúde advém da maldade do homem - isto seria completamente descabido, pois em momento algum o texto se refere a isso.

Tendo o ponto acima como pressuposto, precisamos relembrar qual o contexto do versículo. 

Ora, é muito cristalino que nosso Mestre está efetuando milagres e o povo questionando, "Não é este o Filho de Davi?" (Mt 12.23). Mas, enquanto estes se maravilhavam, os fariseus assim diziam: "Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios" (Mt 12.24). Cristo, então, lhes demonstra claramente a estupidez do pensamento, afirmando logicamente que, "Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá." (Mt 12.25). Isto é, o Filho lhes mostrava que não era sequer crível crerem que Ele estava expulsando demônios pelo poder do príncipe deles, afinal, "E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?" (Mt 12.26).

O que Cristo estava dizendo é que se Ele expulsava os demônios com o poder dos demônios, estaria havendo uma completa contradição, porque "como pode alguém entrar na casa do homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o valente, saqueando então a sua casa?" (Mt 12.29). Noutras palavras, para que o poder do Senhor libertasse o cativo, era necessário, primeiro, expulsar o espírito mal que habitava na pessoa, a fim dela ser livre e seguir a Deus. E para não sobejar dúvidas quanto à oposição de Cristo com relação aos fariseus, assim disse: "Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Mt 12.30).

Após este desenrolar, então, é que Cristo afirma que existe um certo pecado que não será perdoado: "Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro" (Mt 12.31-32).

O texto, portanto, se torna fácil de entender, pois o pecado a que o Cristo se refere tem ligação com o que os fariseus estavam falando - e o que estavam dizendo? "Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios" (Mt 12.24).

Desta forma, podemos, seguramente, concluir que o pecado contra o Espírito Santo, consiste em se atribuir uma obra nitidamente divina e vinda de Deus, ao Diabo. Este pecado é cometido quando alguém é iluminado e, vendo a obra nítida do Senhor, se recusa a prestar honra ao Criador, como lemos em Hebreus: Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério" (Hb 6.4-6). Tais pessoas cometem este pecado porque, nas palavras do apóstolo, "tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu" (Rm 1.21). Estes que cometem tamanho horror, sabem que determinada obra vem do Senhor, mas porque interiormente são profanos e blasfemos, atribuem as bem-aventuranças ao Diabo.

Em casos práticos, é dizer que a mudança de vida ocorrida em determinada pessoa (para o bem), em verdade vem do Diabo ou que as bênçãos recebidas por outrem, na verdade foram operadas pelo inimigo. É ter ciência do poder sobrenatural de Deus, mas se recusar a dobrar-se diante do Eterno e Soberano.

Ademais, o pecado contra o Espírito Santo não é perdoado por se assemelhar à chegada ao nível máximo da perversidade contra Deus, como vemos: "E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia" (Gn 15.16 - grifado agora) - quando tal medida fosse completa, a descendência de Abraão mataria os amorreus e habitaria na terra prometida. O mesmo entendimento se evidencia na pena de morte aos crimes bárbaros (assassinato, estupro, premeditação, tocaia...) e aos de blasfêmia no caso de um Estado cristão, pois diante do Senhor nada pode ser mais grave do que atribuir ao maligno a autoria das benesses divinas.

Por fim, para que nenhum crente tenha dúvidas, a Escritura nos afirma que este pecado não pode ser cometido por um verdadeiro cristão, afinal, assim temos a promessa: "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo" (Fp 1.6).

Assim sendo, querido leitor, não vague por bosques obscuros e de falha interpretação bíblica, pois uma vez que toda a Escritura é inspirada e útil para o ensino (2Tm 3.16-17), ela mesma deve fornecer uma resposta objetiva para todos os fieis em Deus, de maneira que todos são instruídos na clara e perfeita Palavra.

Um comentário:

  1. Quero só fazer algumas colocações amado, e se o amado achar que não esta correto, pode deletar.

    1. Existiam sinais que o messias iria fazer que o revelariam como sendo aquele prometido pelas escrituras. E o fariseus sabiam disto. Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles. João 9:16 Veja também o que diz Nicodemus.porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. João 3:2... então eles sabiam quem era Jesus, e por isso Jesus disse a eles: Examinai as escrituras elas testificam a meu respeito. Haviam sinais que o diabo podia e pode fazer, porém os sinais que Jesus fez, nunca antes tinham sido feito. veja o que o texto diz; Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
    João 9:32 Os fariseus sabiam disto, porém por inveja não quiseram acreditar, e por isso Jesus impetrou juízo sobre aquele grupo, pois eles sabiam quais sinais o messias iria fazer.

    Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via.
    E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi?

    Mateus 12:22-23 este grupo foi condenado ali, e nunca mais serão perdoados, pois eles deveriam saber, mas por ciúmes rejeitaram o messias.

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