Tiramos o Diabo para Dançar -
por Josemar Bessa
Qual é o grande negócio da nossa sociedade? Qual a grande característica dos dias atuais? O que caracteriza mesmo a base do que tem sido pregado como “evangelho” em nossos dias? A concupiscência. O mundanismo está destruindo a igreja da nossa geração.
A concupiscência reina. O tamanho, a força e a “onipresença” da indústria do entretenimento mostra o quanto a sociedade está entregue completamente a concupiscência. Quais são as ferramentas massivas da propaganda? A avareza, a glutonaria e acima de tudo os desejos sexuais – Aquilo que gostamos de chamar de cultura – aquilo que achamos poder abraçar para “ganhar” o mundo – a concupiscência é o grande negócio na nossa cultura. Como disse Andrew Kevin Walker: Quando você dança com o diabo, você não muda o diabo, o diabo muda você.
A sociedade e cultura que tanto encantam a igreja é a exata expressão da declaração de Paulo: “Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si” (Rm 1.24).
Quanto mais essa concupiscência é alimentada e encorajada, a tolerância com toda espécie de obscenidade, pornografia e outras formas podridão aumenta.
A palavra grega para concupiscência é epithumia, que simplesmente significa “desejo” – neste caso um desejo insaciável por prazer, lucro, poder, prestígio e sexo. Na verdade podemos dizer que concupiscência é o desejo de algo que Deus proibiu – são as concupiscências da carne. A ordem de Deus a seus filhos é estarem em guerra – somos chamados a nos “abster das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1 Pe 2.11).
Olhe a sua volta e veja o juízo de Deus contra essa geração – o julgamento de Deus é “...Deus os entregou... à imundícia” (Rm 1.24). A palavra entregou usada aqui é usada algumas vezes para indicar alguém que foi enviado para a prisão ( paradidomi ) (Mc 1.14; At 8.3) – Ou seja, Paulo está falando de um ato judicial de Deus pelo qual ele retira sua mão e a consciência fica completamente calejada – Deus permite que as conseqüências do próprio pecado levem as pessoas a uma rota catastrófica – guiados pela paixão descontrolada...
E qual é a meta da igreja? Tirar o diabo para dançar. Tentar fazer o evangelho “relevante” – tentar se utilizar de uma cultura entregue a sua concupiscência para resgatá-la? Quem muda? O mundo? A sociedade? Não! Quem muda é a igreja – ao tirar o diabo para dançar não é ele que muda – Você muda!!!
A santidade nunca vai ser relevante para esta sociedade. E não há nada dela que você possa usar para promover santidade. A vida cristã, ao contrário de ser uma tentativa de encontrar pontos em comum com um mundo entregue a sua concupiscência, é uma luta. Você entra nela não por meio de estratégias que fazem o evangelho “relevante” – como se irrelevante ele fosse – Para esta sociedade o evangelho só se torna “relevante” quando suas concupiscências são introduzidas nele – ou seja, quando ele se torna uma farsa. E então esse “evangelho” passa ser parte da indústria do entretenimento, promete ajudar as pessoas a satisfazerem as concupiscências da carne, dos olhos e a soberba da vida (sinais de status ).
Não! O evangelho verdadeiro exige que se entre por uma porta estreita e um andar diário num caminho estreito. O caminho do verdadeiro evangelho não é sequer um caminho, um ponto entre dois extremos – um ponto convergente. O caminho cristão é um caminho estreito entre dois precipícios. Ao sair dele para achar um ponto em comum com o caminho largo você despenca e cai. O evangelho envolve viver pela fé e com auto-renúncia travar uma guerra santa com um mundo hostil – nossa missão não é achar um ponto convergente, esse ponto sequer existe. Não existe nada em comum entre – satisfazer as concupiscências e viver uma vida de santidade.
Pelo contrário, a vida cristã é uma guerra árdua, pois esse mundo, essa sociedade sem Deus, não lutará com justiça ou clareza. Não aceitará cessar fogo e não assinará tratado de paz até que você esteja completamente conformado ao que ele é.
O crente não tem que tornar o evangelho “relevante” ao mundo – ele tem que vencer o mundo. Vencer o caminho do mundanismo – João nos diz: “Porque todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo...” (1 Jo 5.4,5).
A Bíblia não encoraja a tentar encontrar qualquer ponto em comum com o mundo, ela afirma: “não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2.15-17).
O amor ao mundo e o amor ao Pai são duas coisas incompatíveis: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro” (Mt 6.41).
Esqueça – combinar o evangelho e o mundo, encontrar um ponto de interesse mútuo, convivência pacífica, é impossível. A igreja hoje não está se tornando relevante, ela é mundana. E o mundanismo é a natureza humana sem Deus. Alguém que pertence a este mundo é controlado por interesses mundanos: a busca do prazer, lucro e status – ou seja – o ‘evangelho’ moderno. O espírito do interesse pessoal e auto-satisfação. O Homem mundano se rende ao espírito da humanidade caída – uma igreja assim é aceita pelo mundo – não porque ele tenha mudado – mas porque a ‘igreja’ mudou. Ela é ‘relevante’? – para o mundo e o diabo, sem dúvida.
Por natureza, todos nós nascemos mundanos. Pertencemos a este mundo perverso; ele é o nosso habitat natural. Por natureza todo homem tem uma mentalidade mundana que não está “sujeita a lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).
Não adiante tentarmos “santificar” as concupiscências do mundo – isto é uma contradição. Portanto, vencer o mundo não significa santificar todas as coisas do mundo para Cristo. Ser o que eu era antes, fazer o que fazia antes, ter prazer no que tinha antes... só que dizer que santifiquei essas coisas a Cristo. Não temos que cristianizar as formas de prazeres que o mundo oferece. Isso não é vencer o mundo, é ser vencido por ele.
Vencer o mundo segundo a Bíblia é lutar todos os dias da nossa vida pela fé – a revelação de Deus – contra o curso de um mundo perverso e que vai, como diz Paulo em Efésios – “se corrompendo pelas concupiscências do engano”.
O problema é que a grande maioria das pessoas fariam qualquer coisa pra não ser diferentes. Preferíamos, antes, misturar-nos. Um dos maiores temores do homem é o ostracismo, ser rejeitado pelo “grupo”. A dor do ridículo é grande demais para a maioria das pessoas – não queremos suportar isso.
Há o temor de parecer tolo, temor de ser mal-interpretado e vilipendiado. Tudo o que Jesus pareceu a este mundo – que por isso o matou. Ou seja, há um temor de se parecer com Cristo (é ridículo dizer – como alguns tentam – que a cultura de sua época o aceitou, entendeu... – nem a cultura judaica, religiosa – e nem a cultura pagã romana depravada) – Elas se juntaram para o matar.
Nunca o Evangelho bíblico será relevante para este mundo – os que são salvos são tirados do império das trevas e transportados para o Reino do Filho do amor de Deus.
A ordem é “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1,2).
Esta geração escolheu não obedecer ensino tão claro.Ao invés disso, resolvemos tirar o diabo para dançar. Resultado? Como era de se esperar o diabo e o mundo, que jaz no maligno, não mudaram – a ‘igreja’ mudou.
Por isso Charles Spurgeon disse: “Não posso imaginar um instrumento mais útil a satanás do que ministros mundanos.”
Não podemos tornar o evangelho relevante, podemos torná-lo falso. O evangelho é a Sabedoria de Deus! E como disse Ronald Eyre “você não pode encontrar o conhecimento, reorganizando sua ignorância” - Se já tivéssemos convencidos de nossa ignorância, sequer tentaríamos tornar o evangelho relevante.
Mas em nossa estupidez tiramos o diabo para dançar.
Deus tenha misericórdia de nós!
Soli Deo gloria!!
Fonte: Josemar Bessa
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