segunda-feira, 30 de maio de 2011

Deus é nosso refúgio e fortaleza (parte 1) - Sermão pregado dia 17.04.2011

Deus é nosso refúgio e fortaleza (parte 1) -
Sermão pregado dia 17.04.2011

Nosso texto: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.).” Salmos 46.1-3

Já tivemos a oportunidade de contemplarmos a beleza dos salmos (clique aqui para ler) e a grande devoção que os salmistas tinham para com a lei do Senhor. O presente salmo nos fala por figuras de linguagem, querendo comunicar-nos as maravilhas dos feitos do Senhor em meio ao seu povo.

É interessante notarmos a confiança que o salmista expressa com relação ao seu Senhor. Ele não o faz de maneira equivocada ou que dê margem a algum outro entendimento, mas é firme em sua declaração. A fonte de confiança do salmista era saber que Deus estava com seu povo.

A aliança de Deus com seu povo é baseada no fato de que Deus está junto dos seus. Mas tal aliança também implica em responsabilidades para conosco. Sim, embora Deus seja plenamente onipotente - e nossa responsabilidade está subordinada à sua soberania - somos considerados responsáveis pelas atitudes que tomamos; o que se traduz em dizer que devemos atentar para as palavras de Paulo que dizem: ”Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1Co 10.12) Mas também podemos ter a certeza de que: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13).

Com esta aliança entre Deus e o seu povo, o salmista começa dizendo: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza” (v.1). Amados, essa é uma daquelas sentenças que não podemos deixar de analisar e meditar com muito cuidado e diligência. O salmista se refere ao Senhor como sendo o verdadeiro lugar de proteção e a verdadeira fortaleza em meio às dificuldades. Lembremos que naquela época as guerras eram comuns e constantemente arriscava-se a próprio vida para defender uma causa e/ou um povo. O salmista demonstra-nos a confiança que tinha no Senhor em quem confiava. Ele não pensa duas vezes ou escreve que “as vezes Deus é nosso refúgio e fortaleza”, mas é enfático e não se permite titubear diante da eminente proteção divina.

Martinho Lutero, impulsionado por tamanha admiração para com este salmo, escreveu uma de suas canções mais famosas: Castelo Forte. Hoje em dia, Lutero é um homem muito admirado e elogiado - contudo, penso que muitos dos que o elogiam não teriam a mesma ousadia que aquele homem teve. Certo estou de que não podemos comparar Lutero aos salmistas (pois eles foram muito além do que foi Lutero), mas ele - assim como tantos outros que deram sua vida pela evangelho - também pôde experimentar “a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2) em meio aos turbilhões e perseguições que sofreu por amor à causa de Cristo.

A continuação da sentença também é por demais valiosa: “Socorro bem presente na angústia” (v.1). Tal afirmação deve levar-nos aos tempos antigos, quando a angústia era (em muitos sentidos) muito maior do que a que temos hoje. Digo isso pois a medicina era precária, as construções eram rudimentares, as guerras eram constantes, as proteções para os guerreiros eram arcaicas; a vestimenta era limitada e a culinária não usufruía de tamanha variedade de como temos em nossos dias. Diante de tal cenário, somos levados a imaginar o quão confiante era o salmista perante Deus. Mesmo em face de tamanha precariedade, ele confiava em seu Senhor; ele sabia que o seu deus era “Deus... bem presente na angústia”.

O salmista passa agora a expor o que seguirá devido a essa confiança que ele e seu povo tinham no Senhor: ”Portanto não temeremos” (v.2). O povo de Israel foi um povo que presenciou muitos milagres, batalhas e outras conquistas sendo ganhas de maneira extremamente inusitada (vide o êxodo do Egito, o povo sendo sustentado em meio ao deserto, libertos da maldição que Balaão fôra incumbido de profetizar, Gideão e os 300 guerreiros, e tantos outros acontecimentos que poderíamos citar). O salmista sabia que devido ao seu Deus ser grande fonte de refúgio e fortaleza, eles não precisariam temer o mal.

Aqui o salmista usa uma hipérbole (figura de linguagem que usa o exagero para comunicar com mais ênfase o que deseja) para firmar na mente de seus leitores aquilo que ele quer transmitir: ”Ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza.” (v.2,3) O escritor comunica aos seus leitores que mesmo que algo extremamente difícil de acontecer, aconteça de fato, eles ainda sim não precisam temer cousa alguma, pois “o Senhor dos exércitos está conosco” (v.7). O salmista tinha plena ciência de que o Senhor era soberano sobre terra e céus (1Cr 16.23-36) e que nenhum dos Seus planos poderia ser frustrado (Jó 42.2 – já escrevi sobre isso, clique aqui para ler)

A Bíblia de Estudos de Genebra comenta que: Na cosmovisão hebraica antiga, os mares também eram a morada de monstros (Sl 74,13; 89.9,10; Jó 7.12; 41.1; Is 27.1) e eram uma ilustração poética para indicar o mal. Por todos os Salmos e Profetas, Deus é retratado como triunfando sobre os mares (Sl 29.10; 77.16-20; 104.5-9; Dn 7; Na 1.4). A partir desta cosmovisão, vemos que o salmista ilustra sua dependência e confiança em Deus - mesmo que seu lugar seguro (aqui representado pelos montes) seja transportado para o meio do mal e ele seja atacado e perturbado – não importando o que pudesse lhe sobrevir.

Essa semana estive lendo o livro de Eclesiastes e conforme já havia comentado sobre ele (clique aqui para ler), confirmou-se novamente meu ponto de vista acerca dos escritos ali contidos.

O livro de Eclesiastes pode muito bem sintetizar o nosso pensamento para quando olhamos o mundo que nos circundeia. Quando conjecturamos que estamos entendendo alguns dos feitos do Altíssimo, nos deparamos com uma situação totalmente alheia às nossas previsões. Quando o orgulho abata-se sobre nós e passamos a dar lugar ao pecado da autonomia humana, nos sobrevêm tamanha angústia e impotência que quase desfalecemos diante do horror que nos é apresentado.

Cito Eclesiastes em meio ao salmo de hoje porque muitas vezes temos a tendência de querer entender a “mente” e o “coração” de Deus. Não nos damos por satisfeitos ao lermos a bíblia e depararmo-nos com mistérios inescrutáveis; queremos respostas, e elas precisam vir naquele exato momento. Mister é notar que não advogo em favor da ignorância intelectual - muito pelo contrário - mas é preciso saber quem somos em face da grandiosa mão de Deus.

O salmista nos alertará mais adiante acerca de nossa vontade desenfreada de perscrutarmos a mente divina. Veremos que é de grandiosa importância reconhecermos as palavras do escritor como belas e de profunda verdade. Mais do que nunca – em meio a esse mundo de trabalhos frenéticos, fast-foods, remédios para quase todas as doenças e um consumismo desenfreado – precisamos atentar para as doces palavras do salmista que dizem: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra” (v.10).


Amém.

7 comentários:

  1. Querido irmão, essa palavra muito me abençoou. Deus seja louvado em sua vida.

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  2. Li hoje e eh de grande aprofundamento essa palavra. Como o salmista diz: Socorro bem presente... que Deus seja sua inspiracao cada vez mais. Aleluia

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  3. Continue com esses pensamentos nos edifica muito fica na paz

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