Deus é nosso refúgio e fortaleza (parte 1) -
Sermão pregado dia 17.04.2011
Nosso texto: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.).” Salmos 46.1-3
Já tivemos a oportunidade de contemplarmos a beleza dos salmos (clique aqui para ler) e a grande devoção que os salmistas tinham para com a lei do Senhor. O presente salmo nos fala por figuras de linguagem, querendo comunicar-nos as maravilhas dos feitos do Senhor em meio ao seu povo.
É interessante notarmos a confiança que o salmista expressa com relação ao seu Senhor. Ele não o faz de maneira equivocada ou que dê margem a algum outro entendimento, mas é firme em sua declaração. A fonte de confiança do salmista era saber que Deus estava com seu povo.
Com esta aliança entre Deus e o seu povo, o salmista começa dizendo: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza” (v.1). Amados, essa é uma daquelas sentenças que não podemos deixar de analisar e meditar com muito cuidado e diligência. O salmista se refere ao Senhor como sendo o verdadeiro lugar de proteção e a verdadeira fortaleza em meio às dificuldades. Lembremos que naquela época as guerras eram comuns e constantemente arriscava-se a próprio vida para defender uma causa e/ou um povo. O salmista demonstra-nos a confiança que tinha no Senhor em quem confiava. Ele não pensa duas vezes ou escreve que “as vezes Deus é nosso refúgio e fortaleza”, mas é enfático e não se permite titubear diante da eminente proteção divina.
Martinho Lutero, impulsionado por tamanha admiração para com este salmo, escreveu uma de suas canções mais famosas: Castelo Forte. Hoje em dia, Lutero é um homem muito admirado e elogiado - contudo, penso que muitos dos que o elogiam não teriam a mesma ousadia que aquele homem teve. Certo estou de que não podemos comparar Lutero aos salmistas (pois eles foram muito além do que foi Lutero), mas ele - assim como tantos outros que deram sua vida pela evangelho - também pôde experimentar “a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2) em meio aos turbilhões e perseguições que sofreu por amor à causa de Cristo.
A continuação da sentença também é por demais valiosa: “Socorro bem presente na angústia” (v.1). Tal afirmação deve levar-nos aos tempos antigos, quando a angústia era (em muitos sentidos) muito maior do que a que temos hoje. Digo isso pois a medicina era precária, as construções eram rudimentares, as guerras eram constantes, as proteções para os guerreiros eram arcaicas; a vestimenta era limitada e a culinária não usufruía de tamanha variedade de como temos em nossos dias. Diante de tal cenário, somos levados a imaginar o quão confiante era o salmista perante Deus. Mesmo em face de tamanha precariedade, ele confiava em seu Senhor; ele sabia que o seu deus era “Deus... bem presente na angústia”.
O salmista passa agora a expor o que seguirá devido a essa confiança que ele e seu povo tinham no Senhor: ”Portanto não temeremos” (v.2). O povo de Israel foi um povo que presenciou muitos milagres, batalhas e outras conquistas sendo ganhas de maneira extremamente inusitada (vide o êxodo do Egito, o povo sendo sustentado em meio ao deserto, libertos da maldição que Balaão fôra incumbido de profetizar, Gideão e os 300 guerreiros, e tantos outros acontecimentos que poderíamos citar). O salmista sabia que devido ao seu Deus ser grande fonte de refúgio e fortaleza, eles não precisariam temer o mal.
A Bíblia de Estudos de Genebra comenta que: Na cosmovisão hebraica antiga, os mares também eram a morada de monstros (Sl 74,13; 89.9,10; Jó 7.12; 41.1; Is 27.1) e eram uma ilustração poética para indicar o mal. Por todos os Salmos e Profetas, Deus é retratado como triunfando sobre os mares (Sl 29.10; 77.16-20; 104.5-9; Dn 7; Na 1.4). A partir desta cosmovisão, vemos que o salmista ilustra sua dependência e confiança em Deus - mesmo que seu lugar seguro (aqui representado pelos montes) seja transportado para o meio do mal e ele seja atacado e perturbado – não importando o que pudesse lhe sobrevir.
Essa semana estive lendo o livro de Eclesiastes e conforme já havia comentado sobre ele (clique aqui para ler), confirmou-se novamente meu ponto de vista acerca dos escritos ali contidos.
O livro de Eclesiastes pode muito bem sintetizar o nosso pensamento para quando olhamos o mundo que nos circundeia. Quando conjecturamos que estamos entendendo alguns dos feitos do Altíssimo, nos deparamos com uma situação totalmente alheia às nossas previsões. Quando o orgulho abata-se sobre nós e passamos a dar lugar ao pecado da autonomia humana, nos sobrevêm tamanha angústia e impotência que quase desfalecemos diante do horror que nos é apresentado.
Cito Eclesiastes em meio ao salmo de hoje porque muitas vezes temos a tendência de querer entender a “mente” e o “coração” de Deus. Não nos damos por satisfeitos ao lermos a bíblia e depararmo-nos com mistérios inescrutáveis; queremos respostas, e elas precisam vir naquele exato momento. Mister é notar que não advogo em favor da ignorância intelectual - muito pelo contrário - mas é preciso saber quem somos em face da grandiosa mão de Deus.
O salmista nos alertará mais adiante acerca de nossa vontade desenfreada de perscrutarmos a mente divina. Veremos que é de grandiosa importância reconhecermos as palavras do escritor como belas e de profunda verdade. Mais do que nunca – em meio a esse mundo de trabalhos frenéticos, fast-foods, remédios para quase todas as doenças e um consumismo desenfreado – precisamos atentar para as doces palavras do salmista que dizem: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios; serei exaltado sobre a terra” (v.10).
Amém.
Querido irmão, essa palavra muito me abençoou. Deus seja louvado em sua vida.
ResponderExcluirAmém
ResponderExcluirMuito bom o esboço fui edificado
ResponderExcluirLi hoje e eh de grande aprofundamento essa palavra. Como o salmista diz: Socorro bem presente... que Deus seja sua inspiracao cada vez mais. Aleluia
ResponderExcluirContinue com esses pensamentos nos edifica muito fica na paz
ResponderExcluirMuito bom, boa exegese
ResponderExcluirMuito bom, boa exegese
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