terça-feira, 7 de agosto de 2012

Efésios 1.22-23 - O Constituiu Como Cabeça da Igreja - Exposição em Efésios - Sermão pregado dia 05.08.2012


Efésios 1.22-23 - O Constituiu Como Cabeça da Igreja
Exposição em Efésios - 
Sermão pregado dia 05.08.2012

"E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos" (Ef 1.22-23).

Sendo nosso Senhor Jesus Cristo constituído como soberano de todas as coisas, reinante e triunfante acima de todos os poderes, tanto da terra como do céu, importava que também fosse elevado acima de todos os Seus filhos. Embora tenhamos visto anteriormente de que somos como que irmãos do Salvador, não devemos esquecer de que Ele possui a primazia e sob Ele está fundado todo o Reino (Mc 12.10). Isto é mister de nossa atenção, pois uma vez que está exaltado acima de todo o nome (Fp 2.9), é tido como o cabeça da igreja - mas não de modo superficial, e sim eficaz, pois ela é "o seu corpo", demonstrando que não possui domínio ao longe ou a observa levianamente, mas sim uma vez que ela é parte integrante de seu Seu ser, nela é cumprida "a plenitude" que Ele "cumpre... em todos"

1. "E sujeitou todas as coisas a seus pés"

A figura dos pés como representando o poder de Cristo já era anunciada deste os tempos primórdios, quando ainda à mãe das nações foi dito: "E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3.15). O apóstolo nos deixa claro que sob os pés do Senhor todas as coisas estão sujeitas. Nada há terra, no ar ou ainda noutro lugar que não seja firmemente controlado e estabelecido pelo Soberano. Isto precisa ser grande verdade na vida de todos os cristãos, pois uma vez que de Cristo é dito que descendemos (Ef 1.5), então é necessário que compreendamos que Ele também é soberanamente poderoso e cuja mão é forte (Dt 26.8; Sl 89.13; Jr 31.11...) para nos livrar de todas as mazelas do pecado e conduzir-nos firmemente à cidade celestial.

Escrevendo aos romanos, Paulo diz que "Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus" (Rm 14.11; cf. Is 45.23). Embora o primeiro casal tenha sido criado pouco menor que os anjos e toda a criação estivesse sob seu domínio (Sl 8.5-6), o pecado lhes tirou  de seu estado de glória e fez como que morressem em seu delitos e pecados (Ef 2.1) e carecessem da glória do Senhor (Rm 3.23). Assim, Cristo necessariamente possui absolutamente toda a criação sob Seu domínio, não porque antes não a tivesse, mas sim para demonstrar a graciosidade do Senhor para com Seus filhos, de modo que ainda que o homem não pudesse exercer tal mandato, Ele a regeria soberanamente.

Notemos como o Senhor é longânimo para conosco (2Pe 3.9) e nos trata com benignidade mui superior àqueles anjos que caíram de seu estado de perfeição. O apóstolo escreve dizendo: "Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo" (2Pe 2.4). Todavia, assim acontecerá com os retos de coração e que buscam a Verdade eterna? Certamente que não, pois ele mesmo pronuncia: "Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados" (2Pe 2.9). Que grande graça que possuímos! Magnífica e bendita misericórdia nos acude neste santo dia! Embora os anjos não tenham tido vez para o arrependimento, o Senhor se põem a revelar-nos que Ele livra "da tentação os piedosos". Ademais, acrescenta dizendo: "Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar" (1Co 10.13). Ainda que seja verdade que muitas vezes tropeçamos e caímos no lamaçal imundo, o Senhor nos alenta ao dizer que "é longânimo para conosco" (2Pe 3.9). Sim! Embora a cão volte ao vômito e a porca à lama (2Pe 2.22), os filhos do Senhor são diferentes, pois possuem longanimidade daquele que é o "cabeça da igreja", não desejando que nenhum se perca, "senão que todos venham a arrepender-se" (2Pe 3.9).

Isto deve ser cravado profundamente em nossos corações, pois mesmo sendo o Altíssimo mais poderoso do que qualquer exército humano - não é sem motivo que Ele inúmeras vezes se pronuncia como sendo o Senhor dos Exércitos (1Sm 17.45; 2Sm 5.10; 1Rs 18.15; 2Rs 19.31; 1Cr 11.9...) - e acima de todo poder e potestade (Ef 1.21) continuamente leva Seus filhos a perseverarem na fé e os guia firmemente até os palácios celestiais da vida porvir. 

Todavia, que não nos esqueçamos de que os inimigos também estão sob os Seus pés. Enquanto os filhos de Deus estão sob os Seus pés o adorando, os ímpios estão a sentir Sua ira que não é branda. Não somente agora estes sentem o desprezo do Senhor, mas virá ainda um tempo onde por toda uma eternidade o que terão será apenas dor e ranger de dentes (Mt 8.12) e cujo lugar será de terríveis trevas, "Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga" (Mc 9.44, 46, 48). A palavra usada por Cristo para "bicho", no grego é "skolex" (skwvlhx) e nos comunica sobre um tipo de verme que consume os cadáveres e vai consumindo os corpos mortos. Há que se notar a ênfase dada pelo Senhor: no inferno, este verme não morre. Oh! Que terríveis dias serão aqueles! Profundas trevas se abaterão todos os que rejeitaram o conhecimento de Deus (Os 4.6)! Desde os mais ricos desta terra até os mais necessitados - todos que não estiverem cobertos com o sangue de Cristo (Ap 7.14) serão juntados e queimados no fogo que nunca se apagará (Mt 3.12).

Os cristãos devem se apegar firmemente a este ensinamento, pois não é sem motivo que o Senhor nos declara que todas as coisas estão debaixo de Sua soberania. Ainda que no tempo presente possamos ser assolados de inúmeras maneiras e a terra pareça estar sob completa inundação do pecado, tal qual a pomba enviada por Noé e que retornou com uma folha de oliveira em seu bico (Gn 8.11), assim também o Senhor nos sustenta em meio às tempestades e vicissitudes da vida. "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos" (2Co 4.8-9). Pela graça do Senhor, mesmo que "que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza... O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Selá.)" (Sl 46.2-3, 7).

É salutar, então, que compreendamos que acima de toda força política, bélica, viril ou qualquer outro poder, "O SENHOR reina; tremam os povos. Ele está assentado entre os querubins; comova-se a terra" (Sl 99.1). Deste modo, podemos confiar que até em meio às tribulações e o pecado que tão ferozmente nos acedia (Hb 12.1), "resta ainda um repouso para o povo de Deus" (Hb 4.9).

2. "e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja"

Agora é preciso atentar para o fato de que o Senhor não somente é soberano sobre as coisas criadas, como a natureza e os homens, mas igualmente é o detentor do cetro de justiça que governa majestosamente Sua própria Igreja. Não é sem motivo que o apóstolo insta a igreja de Éfeso para que entenda plenamente de que embora eles sejam parte da Igreja do Senhor, não devem ir além do que o Senhor ordenou - "Tudo o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás" (Dt 12.32). Este registro feito por Moisés só possui validade para os cristãos se eles reconhecem que verdadeiramente Cristo é o cabeça da Igreja. Falando de modo outro, a Igreja do Senhor é um povo do Livro que é eterno e imutável. Mesmo que as mais diferentes filosofias mundanas desejem adentrar às portas da santa igreja, os crentes  sempre devem bradar: "seja anátema" (Gl 1.9)!

Há algumas implicações de Cristo ser o cabeça da Igreja:

Em primeiro lugar, as Escrituras descrevem o Senhor como aquele que não pode mentir (Tt 1.2) e cuja excelsa sabedoria não pode mudar (Tg 1.17). Diferente de nossas cabeças que muitas vezes são levadas como as ondas do mar e titubeamos diante das situações, o Artífice é exaltado acima de toda a criação (Sl 2.8). Em segundo lugar, é descrito como estando acima de todo o corpo. Observemos atentamente e reconheçamos nossa pequenez diante do cérebro controlador de todas as coisas. Tudo, de uma forma ou de outra, é sentido, analisado, rejeitado ou fortalecido pela cabeça. Nela estão os olhos que as costas não possuem, a boca que os braços não têm, o nariz que os joelhos desejam e os ouvidos que os pés não conhecem. Assim como toda entrada e percepção de conhecimento está nesta parte do corpo, igualmente o Senhor é o Supremo sobre Sua igreja. Em terceiro lugar, por deter o domínio sobre o corpo, o Senhor o organizou da melhor e mais perfeita maneira que pudesse ser feita: "Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis" (1Co 12.18). Deste modo se depreende que precisamos entender que a Igreja de Cristo deve ser controlada por Ele mesmo - homens que buscam monopolizar e encampar para si as honras e louvores, no juízo final ouvirão diretamente d'Aquele que supostamente servirão: "Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7.23). Em quarto lugar, sendo verdadeiro que o Senhor é soberano e que nossas Bíblias são a Palavra viva, então é eficaz nos relembrarmos de que somente a Escritura é nosso padrão de fé e de conduta. Alguém afirmar que cada um possui uma fé diferente é ir diretamente contra o ensino bíblico que diz: "E temos, portanto, o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos" (2Co 4.13; Ef 4.5). Por fim, em quinto lugar, tendo Cristo a posição de destaque no corpo, sem constrangimento algum Ele reina soberano sobre o próprio corpo, retendo aqueles que são compatíveis com o sistema corporal e rejeitando os que não desejam construir suas casas sobre a rocha, mas sim sobre a areia (Mt 7.26).

Este último ponto nos clareia o porquê do inferno e da punição ser necessária, pois haja vista que Deus é santo e não pode suportar o pecado em Sua presença (Sl 5.4), é imprescindível que Ele condene os homens que se dobram diante de outros deuses e seguem suas próprias vontades - "Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre" (Rm 16.18). Destarte, a Igreja do Senhor é também incumbida de admitir os piedosos e excluir os impenitentes da santa assembléia dos santos - "e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano" (Mt 18.17). Fortes e duras palavras! Certamente que a Igreja de Cristo deve receber toda sorte de homens ímpios para dentro de seu seio, contudo, tais homens para lá vão a fim de serem transformados pelo Evangelho. Este é o motivo para Paulo acrescentar o terceiro ponto:

3. "Que é o seu corpo

Aquele que brinca de ser parte do povo de Deus, crê que a santa Igreja é uma organização em prol do "eu" e se diverte às custas do Senhor dos Exércitos, deve ser avisado de que de inopino surgirá o cetro de equidade que esmigalhará todos os Seus inimigos (Sl 2.9). Por isto, não é inutilmente que lemos: "E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão" (Mt 3.7-9). Assim como aqueles homens estavam seguros em si mesmos por serem descendentes de Abraão, muitos hoje se assentavam confortavelmente nos bancos da vida cristã e tranquilamente ignoram toda palavra e exortação para que fujam "da ira futura". 

A Escritura é demasiadamente firme e específica em dizer: "não presumais, de vós mesmos". Isto significa dizer que uma vez que Cristo é o cabeça da igreja que é o seu corpo, ninguém deveria julgar a si mesmo mediante sua própria consciência, pois "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá" (Jr 17.9). Tendo por certo que a Igreja é, como dizem as Sagradas Letras, "seu corpo", todo professo da fé cristã deveria de fato levar mais a sério as palavras que dizem: "operai a vossa salvação com temor e tremor" (Fp 2.12). Assim como um câncer é submetido aos mais rígidos tratamentos e posteriormente eliminado do corpo, de modo semelhante acontecerá com todo o que se achega ao trono da graça de modo frugal e leviano.

O próprio apóstolo Paulo testifica sobre isto quando diz: "Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus" (1Co 3.9; Ef 2.22). Pontuemos por um momento que grande bênção é essa que possuímos: cooperarmos com a obra do Senhor! Não que Ele precise de nós (Gn 1.1), mas sim que nos fez partícipes de Seu reino celestial, de modo que humildemente nos rendemos aos Seus pés e reconhecemos que uma vez firmados à oliveira verdadeira (Rm 11), devemos dar os bons frutos do corpo de Cristo, afinal, "Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons" (Mt 7.18).

Sendo a Igreja o corpo do Senhor, é preciso que ela sempre recorra à cabeça para saber o que precisa fazer e de que forma deve executar Suas ordens. Um membro como o pé não pode e sequer consegue desejar ir em caminhos contrários ao que a cabeça determina - assim também é todo o guiado por Deus: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (Jo 3.8). Tal qual o vento leva as folhas por lugares que elas mesmas desconhecem, igualmente o Senhor trabalha em Seu próprio corpo de maneira que ele cresça saudável e seja encontrado no último dia puro, conforme lemos: "Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" (Ef 5.27).

4. "a plenitude daquele que cumpre tudo em todos"

Sendo, portanto, onipotente sobre todas as coisas, o apóstolo acrescenta algo de muitíssima importância: Ele "cumpre tudo em todos". Um professo da fé cristã que não experimenta uma nova vida e uma mudança de mente (Rm 12.2), deve desnudar seu coração diante da Palavra para que esta quebre seu o coração de pedra daquele e dê nova vida e pulso vivo (Ez 11.19).

Paulo é enfático ao afirmar que Cristo de fato cumpre os Seus veredictos santos e abençoadores na vida de todo o Seu povo. Tornar-se parte da Igreja de Cristo é o maior e mais sublime privilégio que alguém pode galgar nesta terra. Isto também precisa ser verdade, pois se anteriormente lemos que Jesus está acima de "todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro" (Ef 1.21), então Ele é poderoso para cumprir em nós a Sua vontade. As Escrituras também nos revelam isto em outro lugar: "Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2.13). Igualmente é necessário frisar que Ele não trata Sua Igreja com descaso ou a deixa sofrer os percalços, pois o próprio texto sagrado nos diz que a Igreja é "a plenitude" do Senhor.

Isto nos ensina que uma vez estando agasalhados na santa Igreja de Cristo, nos reunimos debaixo de Suas protetores asas (Mt 23.37) e somos guiados na perseverança de Seu poder que atua eficazmente em todos os Seus eleitos. "Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém" (Ef 3.20-21).

Um comentário:

  1. O Espirito santo, tem seu lugar na redenção do crente é um dos pontos´principais desta carta.

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