segunda-feira, 21 de maio de 2012

Série: Homem e Mulher os criou - parte 9 - Homem e Mulher no Jardim - A Queda (O Pecado da Mulher) - Sermão pregado dia 20.05.2012



Série: Homem e Mulher os criou - parte 9 - 
Homem e Mulher no Jardim - A Queda (O Pecado da Mulher)
Sermão pregado dia 20.05.2012

Após termos visualizado algumas questões dizentes ao marido e esposa do Senhor, é preciso que lembremos que a história não se encerrou no Jardim, pois houve uma queda. Tudo que temos visto até aqui tem, de modo geral, representado a vida bela e harmoniosa que ocorria naquele formoso e estupendo Jardim. Assim como nos céus não haverá choro nem ranger de dentes, também naqueles tempos idos a beleza era completa e tudo lhes era agradável aos olhos. Porém, mesmo em meio a tudo isso, o Senhor teve por bem, em Sua completa soberania - e que não cabe a nós discutirmos com Ele (Rm 9) -, que houvesse a queda. Por algum motivo que nos é muitas vezes assombroso, o Senhor colocou em Seus planos a ruína do homem. 

Haja vista que o propósito do presente estudo não é tratar de pormenores acerca de muitos porquês da queda, e sim o entender da quantidade de desgraça trazida pelo pecado, nos deteremos no que aconteceu e o motivo pelo qual isso se deu. Vejamos a ordem que o Senhor havia dado para o homem:

"E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.15-17).

O Eterno havia sido clarividente como o sol ao dizer (em outras palavras): "De modo algum busquem reprovar a minha autoridade; jamais, sob nenhuma circunstância, ousem ir além do mandamento que ponho diante de você." Lemos também um reflexo disso em Deuteronômio 11.26: "Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição." Diante de Adão e Eva estava a bênção e maldição; bênção, se desfrutassem de tudo quanto o Senhor havia criado; maldição, se não guardassem a palavra do Senhor e desejassem fazer algo que fosse além da prerrogativa divina. Ao ouvirem sobre o terror que lhes sobreviria ao comerem do fruto proibido, certamente foi-lhes refreado o pensamento [1]. Um eco dessa doutrina, isto é, para quê servem os terrores da Lei anunciadas pelo Senhor, é visto em Ezequiel 33.9: "Mas, se advertires o ímpio do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniqüidade; mas tu livraste a tua alma." - A Lei do Senhor e Sua justa punição pela violação dos preceitos são para também corrigir o caminho do homem pecador. 

Contudo, aqui não estamos falando de um pecador, mas sim de um casal que não havia pecado. Perguntamo-nos então: o que estava incluso na declaração de Deus de que no dia em que comessem do fruto proibido, seriam conhecedores do bem e do mal? Penso, humildemente, que a resposta esteja no capítulo 3 de Gênesis: "[Diz a serpente] Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal... Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal" (Gn 3.5, 22). Se anteriormente era-lhes requerido somente o obedecer, com o pecado passaram a escolher entre o bem e o mal. Isto é, em vez de ficarem debaixo das mãos protetoras de Deus e reconhecerem que não lhes cabia a escolha, ou seja, de que não lhes era por direito o determinar o que é certo ou errado, uma vez que apropriaram-se do fruto proibido, agora tornarem-se como "deuses", a saber, senhores de suas próprias vontades - mas tão somente inclinada e voltada para a rebeldia com o Senhor. De humildes e belas criaturas, se fizeram as mais horríveis e malignas criaturas, pois não se sujeitaram ao Senhor, mas desejaram ser senhores de suas próprias vidas.

Interessantemente, a palavra do Senhor nos informa que primeiramente foi o homem (Adão) quem ouviu e recebeu essa ordenança do Senhor. Ele, o cabeça do lar, guia e guardador do Jardim, sabia claramente qual eram seus deveres e o que não poderia fazer. Observemos de modo belo como essa era a única proibição que Adão recebera. Não havia nada "além disso" que lhe fosse proibido - todo o restante do jardim, as flores, os animais, os frutos, os rios e tudo que neles havia era-lhe fascinante e lícito. No entanto, não somente o homem sabia dessa ordenança, mas a mulher também (Gn 3.1-3). 

Tendo em vista que a narrativa bíblica relata-nos a queda (prática) começando com Eva, assim trataremos agora (posteriormente veremos o caso de Adão).

Fomos ensinados pelas Santas Escrituras de que a mulher (Eva e as posteriores) deve se submeter a autoridade do marido, não como uma serva escravizada, mas sim como numa posição de rainha, onde lhe é agradável o ser cuidada, amada e protegida pelo marido. Isso também se dava naqueles tempos do Jardim, pois uma vez que o pecado ainda não havia entrado em suas vidas, Eva, alegremente, se submetia e andava junto de seu marido. Eva sabia de sua subordinação em amor a Adão, pois tinha consciência de que havia sido criada como uma ajudadora idônea (Gn 2.18). No entanto, ela não seguiu o preceito divino, e por isso errou e pecou gravemente contra o Senhor. Assim conta-nos o relato:

"Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3:1-6). [2]

Embora não vivamos mais no Jardim do Éden como nossos pais, a Palavra do Senhor admoesta-nos sobre a importância de reconhecermos que até mesmo nesse lugar, por algum motivo, a soberania do Altíssimo aprouve que o inimigo também estivesse junto. Observamos no relato da criação que, apesar de toda beleza e virtuosidade que circundava o maravilhoso Éden, lá havia uma serpente mortal e pronta a tragar homem e mulher para si. Dessas duas breves colações se desdobra o correto entendimento (mas não limita outras colocações) de que, ainda que o Senhor esteja constantemente sobre os seus, o inimigo continuamente anda ao redor tentando tragar nossos corações (1Pe 5.8). 

Conta-nos a palavra de Deus que a serpente - "que é o Diabo e Satanás" (Ap 20.2) - estava no jardim. Ele, sendo completamente astuto, interpõe-se (sempre, é claro, com autorização e decreto de Deus - vide Jó) nao matrimônio de Adão e Eva e inicia uma série de questionamentos acerca da Lei de Deus. "E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?" (Gn 3.1). O maligno não inicia sua jornada falando coisas contrárias ao mandamento de Deus, mas sim se põe a questionar a veracidade da determinação divina - o Diabo lança a dúvida na mente de Eva. "E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais" (Gn 3.2-3). Como que resistindo a tentação, Eva responde mui claramente à serpente sobre o que havia dito o Senhor. Em outras palavras, quando indagada sobre a suposta autoridade e veracidade do que Deus havia ordenado, Eva confirma o dito do Senhor: "Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis" (Gn 3.4). Aqui, enfim, inicia-se toda a desgraça de Eva e Adão. Se num primeiro momento a serpente foi suave em sua tentativa de persuasão, fazendo com que Eva relembrasse qual havia sido a ordenança de Deus, agora a serpente "dá o bote" e, quase que de maneira enérgica, diz: "Certamente não morrereis." Não obstante a malignidade desse vil, perverso e abominável ser que é o Diabo, ter dito que não morreriam, ainda declara supostos benefícios que haveriam se incidir sobre ela, caso viesse a desobedecer: "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gn 3.5). Conta-nos, então, a palavra do Senhor, sobre como isso se processou na vida de Eva: "viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gn 3.6 - grifo meu).

Dentro do que o tempo e a finalidade do presente estudo nos permitem, analisemos esses quatro verbos (atos) que denunciam como ocorreu a chegada do pecado. [3]

1. "viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento."

Eva não era dona de sua própria vida - era uma ajudadora idônea de Adão. Eva não deveria viver da maneira que desejasse, pois muito bem sabia que havia sido criada de e para seu marido. Contudo, conta-nos a história que foi devido a não dar o devido valor à palavra de Deus e a sua subordinação, que sobreveio a ruína sobre ela e sob seu marido.

O primeiro ponto a destacar sobre a atitude maligna de Eva foi que ela viu. O texto nos é bastante claro ao recomendar que atentemos para esse verbo e seu tempo. Não nos é dito que ela queria ver ou que não conseguiu ver - ela realmente viu aquela árvore e algo a fascinou. Não penso que seja correto dizer que tal árvore era mais esplendorosa do que as demais, nem que nela residia algum ponto de tentação inerente. Penso, portanto, que o motivo da contemplação e dos pensamentos de Eva se deram por causa do orgulho semeado pelo pecado e que levou à desobediência: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" (Pv 16.18), isto é, o desejar ser dona de suas próprias escolhas - sem a intervenção de Deus.

No entanto, é mister recordar que Eva ainda não havia pecado. Ela apenas olhou a fruto, viu, por causa de sua tentação, que tal fruto era-lhe agradável - mas ainda não havia comido. Como John Bunyan alegorizou, o pecado ainda batia à porta, não havia entrado; ele estava lá, batendo à porta, mas Eva resistia; o pecado chamava-a, ela refletia e sentia-se seduzida, mas não o comia. A serpente, astuta e maligna como era, não somente instigou a vida de Eva contra a ordenança do Senhor, mas também fez com que o desobedecer da ordenança fosse tido como algo maravilhoso e digno de aceitação. Por algum motivo, apesar de conhecer a ordem do Senhor, Eva sentiu-se fortemente compelida a tomar tal fruto para si, pois achava, infelizmente, que isso lhe traria "entendimento".

No entanto, ela ainda não havia pecado.

2. "Tomou do seu fruto".

Após contemplar o desejo e engano do Diabo, Eva vai além e toma a fruto daquela que certamente também era uma bela árvore do Jardim de Deus. O pecado agora ganhou força: se antes era analisado de longe, visto e rodeado de certos ângulos, já não mais está distante do seu corpo, acha-se em suas mãos - mas ela ainda não havia pecado. Lembremos da ordenança do Senhor: "porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.17). A violação era clara: não comer. De modo diferente, mas também falando da tentação do pecado, o apóstolo Paulo nos fala com precisão e dos dá um boa uma boa direção quanto a esse quesito: "Abstende-vos de toda a aparência do mal" (1Ts 5.22) - mas Eva não agiu dessa maneira.

Tomar do fruto do pecado nas mãos e imaginar que nada irá acontecer, é o mesmo que retirar o pino de uma granada, jogá-la para cima e crer que ela não virá a explodir. Eva, ao contrário de todo bom senso e plena capacidade de raciocínio que havia sido dado por Deus, agora pega o fruto proibido em mão; quem sabe girasse o fruto, olhasse sua cor, textura, cheiro, jogasse para cima... Embora soubesse do mandamento do Senhor, talvez imaginasse que tal fruto não tinha nada de errado em si mesmo. Eva, portanto, não contente em apenas olhar aquilo que lhe traria total desgraça, agora toma a granada mortífera em suas mãos e aguarda. 

Aqui, parece-nos até que Eva havia se esquecido do que tinha respondido anteriormente à serpente: "nem nele tocareis para que não morrais" (Gn 3.3). Enquanto havia sido rápida para julgar seu próprio discernimento e, quem sabe, achando-se capaz de vencer a tentação, agora se vê com o fruto proibido nas mãos.

Então, embora não houvesse consumado o pecado, a ruína já estava prestes a ser completa, pois o mero tocar no fruto já era contrário ao que o Senhor havia instituído.

3. "comeu".

Se por duas vezes esteve perto e ainda poderia afastar tal tentação de si, lamentavelmente ela come do fruto e entrega-se aos braços de Satanás. A serpente que havia vindo de modo astuto, agora tem seu plano parcialmente concretizado - Eva havia experimentado e, finalmente, havia se tornado sua escrava. A mulher não havia se dado por contente pela ordenança de Deus; achou que não era tão valorosa. Ao comparar o que o Senhor havia dito e as promessas da serpente, isto é, enquanto ao lado do Senhor seria bem cuidada, amada e alegre, mas que deveria seguir certa ordem, no outro extremo temos o Diabo oferecendo a mesma coisa, apenas com um diferencial: não teria que obedecer ao Senhor, pois seria como Deus, isto é, supostamente acreditou que seria soberana sobre sua própria vida.

4. "E deu também a seu marido, e ele comeu com ela".

Como que não contente com o feito, Eva ainda entrega o fruto ao seu marido - e ele come. Não bastava se perder sozinha, não havia propósito em "apreciar" aquele pecado apenas com a serpente, ela precisava compartilhar com seu marido. 

Ao contrário do que Provérbios 31 nos fala, nessa situação, Eva não foi a mulher virtuosa que deveria ser. Ainda que certamente o texto de Provérbios fale-nos no contexto após a queda, nem sequer aquela foi a atitude de Eva. Nesse ponto, portanto, podemos delinear e compreender, os possíveis 4 estágios que o pecado utilizou-se para enganar a Eva.

Primeiro, questionando se de fato o Senhor havia dito realmente aquilo para ela; segundo, sugerindo a ela que a ordem do Senhor era uma mentira e que seria mais feliz ao lado do engano; terceiro, induzindo-a sob o falso pretexto de que poderia ser como Deus; quarto, acompanhando-a até o fruto, participando de todas as suas ações, até que finalmente tivesse vencido-a.

Quão lamentável foi essa atitude desastrosa de Eva. Ao contrário da bem-aventurança que lhe fora prometida, preferiu o engano de Satanás e suas seduções malignas. Isso, portanto, afetou completamente sua posterioridade, a ponto de Paulo dizer: "E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (1Tm 2.14). 

Terrível e maligna coisa fez essa mulher, entretanto, ainda há um marido para considerarmos - e, para ele, a justiça não foi menos branda, pois com mais rigidez foi julgado.

Nota:
[1] Já tratamos sobre a liberdade de Adão nos primeiros estudos, por isso, aqui, não o faremos outra vez.
[2] O presente estudo não é um trabalho sobre o origem do pecado, por isso não nos deteremos nessa questão.
[3] Lembrando que estamos tratando do pecado da mulher, posteriormente trataremos do pecado de Adão.

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