Série: Homem e Mulher os criou - parte 8 -
Homem e Mulher no Jardim, A Questão dos Filhos (O Homem e Esposo Cristão) -
Sermão pregado dia 13.05.2012
O apóstolo Paulo fala-nos agora acerca de algo óbvio, isto é, ele apela para algo certo na vida do homem cristão. É como se ele dissesse: "Bem, meus amados, deixem-me mostrar-lhes como isso é algo natural e perfeitamente já aplicado em suas vidas". Não há alguém que busque aborrecer o seu próprio corpo. Nenhum homem, em sã consciência, pega para si um veneno mortal, senta-se no sofá, toma-o e deleita-se esperando a morte. Absolutamente ninguém faz isso! O que fazemos? Buscamos nos alimentar corretamente, temos uma dieta mais ou menos balanceada, fazemos alguns exercícios, buscamos ter as horas necessárias de sono, tentamos agir com respeito para com nosso próprio corpo. Nenhum homem trata com desdém aquilo que é seu! Quando compramos um carro novo ou trocamos de casa, acaso no dia seguinte os destruímos?
É nesse sentido que o apóstolo pretende ensinar-nos, a saber, que ele deve cuidar exatamente da sua esposa assim como cuida de si mesmo. Deve se esmerar e se dedicar a sua esposa, reconhecendo assim como Paulo disse: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gl 2.20). É dever do marido cristão o reconhecer que já não é mais solteiro, já não tem o tempo livre para si mesmo, já não é dono de seus próprios desejo, pois agora há outra parte de si em jogo.
Um exemplo simples disso é dado por uma exemplificação matemática: "E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mc 10.8-9). Como dois pode ser igual a um? Simples, cada unidade, antes do ajuntamento, retira 50% de si e se une aos outros 50% da pessoa amada. Isso é muito importante para nosso entendimento, pois, ainda que tal exemplificação tenha suas limitações (assim como todo exemplo), isso implica em dizer que boa parte do que o homem fazia enquanto estava na casa do pai e da mãe, agora já não lhe é mais possível.
5. Não busca mais seus próprios interesses, pois vive para sua esposa. "Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja" (Ef 5.29).
Mesmo em tempos de extrema apatia e rebeldia do povo do Senhor, o Eterno permaneceu amante de Sua Igreja (ainda que certamente os julgasse por suas iniquidades - conforme ainda atua nos dias de hoje (Atos 5) e tomou-a em seus braços. O Senhor nunca odiou sua própria Igreja, nunca deixou de alimentá-la - é isso que o apóstolo nos diz e é isso que ordena que os maridos façam com respeito a suas esposas.
"Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade" (Sl 86.15). O marido cristão precisa ser cheio de compaixão e fiel amante de sua esposa. Mesmo em face das mais terríveis desavenças que podem estar na iminência de ocorrer, o marido deve se portar "grande em benignidade". O marido que se irrita por pouca coisa ou que facilmente descontrola-se está agindo mal em seu papel de esposo e representante de Cristo em seu lar. Nenhum homem devem se desculpar por "ser homem" e que por isso lhe é natural o agir dessa ou daquela maneira. A palavra do Senhor prescreve-nos claramente que devemos tratar nossas esposas assim como Cristo nos trata: com justiça e amor. Isso desdobra-se no entendimento de que não pode-se tolerar a injustiça no lar, mas também que igualmente deve-se fazer tudo com amor - "[s]e não tivesse amor, nada seria" (1Co 13.2).
6. Não deve se afastar de sua esposa, exceto por necessidade. "Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos" (Ef 5.30).
Por analogia, nos é óbvio que um corpo não se pode dividir em vários pedaços e ainda assim continuar sendo um. De igual modo é a relação do marido com sua esposa: uma vez unido a ela, não deve mais considerar o seu corpo como seu, mas sim pertencente a ela (1Co 7.4). Esse ponto, infelizmente, é deveras negligenciado por muitos professos da fé cristã. Muitos são os homens que se esquecem que suas mulheres são parte de seus corpos, ou seja, que eles não tem mais poder e autonomia completa sobre tudo o que fazem. Esse entendimento foi, talvez, o ponto de partida para o Dr. Martyn Lloyd Jones dizer: "Aventuro-me a estabelecer como regra que o cristão não deve aceitar convite para programas sociais sem sua esposa". [1]
Como marido cristão, nada mais é somente seu - tudo agora deve ser repartido (com esposa e possivelmente os filhos que o Senhor lhes der). O seu salário não é mais seu, deve ser compartilhado com sua esposa e filhos (tudo para a manutenção do lar); seu tempo não é mais seu, há agora outra pessoa com quem deve compartilhar; suas ideias não dizem mais respeito somente a ele, precisa andar em união (também teológica!) com sua amada. Se o marido se torna um com sua esposa, então ele já não pode mais viver para si e achar que pode continuar sendo um solteiro/casado. É uma imprudência marital sem tamanho o homem que casa-se e acha que ainda pode e deve continuar saindo sempre com seus amigos, sempre jogando futebol (não importando a hora e lugar) e continuamente gastando dinheiro com aquilo que fazia em sua vida pretérita.
O homem casado de Deus possui outro plano e outra vocação: cuidar de sua esposa (e filhos), amá-la, cuidá-la, respeitá-la e desejar-lhe todo o bem... até que a morte os separe.
Após visualizarmos a competência da mulher e esposa cristã, importa-nos notar nesse ponto de que modo o matrimônio é regido pelo homem. Apesar de já termos visualizado várias nuances acerca dos deveres do esposo, é preciso que aprendamos de modo mais detido sobre certas características importantes e distintas do homem e marido cristão. Talvez um dos textos áureos para a elucidação dessa compreensão sobre o que vem a ser um bom marido, seja Efésios 5.25-30: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos."
De modo belo e magnífico, o apóstolo nos aponta 5 importantes noções e deveres que são devidos ao marido cristão:
De modo belo e magnífico, o apóstolo nos aponta 5 importantes noções e deveres que são devidos ao marido cristão:
1. Amar a esposa e a ela se entregar - assim como Cristo o fez por Sua Igreja. "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (Ef. 5.25).
Nenhum homem deve se escusar da responsabilidade que tem diante do Senhor ao contrair matrimônio. Conforme já temos observado, uma vez unido a sua esposa, o homem deixa de ser sustentado por seus pais e passa agora a ser o sustentador de sua casa; de filho, passa a ser marido. Isso certamente acarreta grandiosos afazeres por parte do esposo cristão e é nesse prisma que o apóstolo trata da questão.
O apóstolo poderia ter usado muitas formas de se demonstrar o matrimônio cristão, no entanto preferiu usar a analogia entre Cristo e sua Igreja - mas por quê? Penso que a resposta seja sem sombra de dúvida o porquê de Cristo ser o modelo perfeito de cuidador e guardador daquilo que é Seu, de forma que todo homem pode-se espelhar n'Ele e então aprender de Seus feitos e atitudes com relação à Igreja. Mas como Cristo amou a sua igreja?
Em primeiro lugar, se fazendo servo e vindo a servi-la em sua fraqueza e debilidade. O homem não é Cristo em sua casa, mas é um representante dele. Os puritanos corretamente entendiam que o homem era uma espécie de sacerdote do lar, um pastor, um homem que tinha sempre diante de si uma pequena igreja, isto é, sua própria família. Apesar de a família também não ser - necessariamente - parte da Igreja real de Cristo (pois podem haver filhos descrentes ou a esposa ser incrédula), Paulo diz que o homem deve amar a sua família e, mais especificamente, a sua esposa, da mesma forma como Cristo amou a sua igreja. O homem Cristão não é aquele que se deleita em sua "soberania" no lar e aflige sua amada esposa com grandes e dificultosas tarefas, como se ela lhe fosse por escrava. O homem cristão é aquele que ajuda em casa (sabendo cada um dos cônjuges respeitar e entender qual é o papel de cada um), é amável com sua esposa e possui toda benevolência para ela - pois assim Cristo agiu e age conosco.
Em segundo lugar, ensinando sua amada igreja e cuidando dela em todos os seus passos. Por mais que nossos colegas de trabalho e a mídia tente impor-nos que a mulher deve ser livre para fazer o que quiser e nunca deve se submeter ao seu marido, as Escrituras são clarividentes em afirmar que a esposa deve aprender com seu marido. Isso implica em dizer que o marido precisa ser alguém apto para ensinar sua esposa e também conhecedor de todo o saber (até onde pode-se alcançar). O marido cristão precisa ser alguém versado em atividades essenciais ao ser humano criado por Deus. Em outro lugar, o apóstolo Pedro nos afirma que a mulher é o "vaso mais fraco" (1Pe 3.7), não no sentido de que não é útil, mas sim ensinando que ela precisa aprender algumas coisas com o homem e esse deve estar pronto para a ensinar. Assim como Cristo enviou o Seu consolador (o Espírito Santo) para estar com a Igreja e não a deixá-la só, também o marido cristão precisa, dentro do possível, ensinar sua esposa em certos aspectos práticos da vida, pois haja vista que nenhum de nós é eterno, o marido não deve deixar de passar todo conhecimento que possui a sua amada. Tornando o ensino em prática, novamente, dentro do possível, é útil e honrável que o marido ensine sua mulher a defender-se fisicamente; que a ensine como "conseguir dinheiro"; quando algo estraga dentro de casa, chamá-la e a ensiná-la docilmente como realizar aquele conserto - não porque ele não mais fará, mas sim porque devido ao seu amor por ela, deseja também que ela aprenda esses dotes que naturalmente não possui (o contrário também é verdadeiro - a esposa cristã pode e deve ensinar seu marido a, quem sabe, cozinhar, fazer alguma limpeza - pois ele pode vir a algum dia precisar).
Em terceiro lugar, pois mais estranho e fora do padrão "comum" de nossa época, esteja pronto a morrer por sua esposa - isso mesmo: esteja pronto a sofrer tudo por sua esposa, até mesmo a morte se for necessário. Para aqueles que porventura achem esse ensino por demais incisivo, peço humildemente que reflitam se não é isso que Cristo fez também por Sua Igreja. Se entregar por sua esposa significa tê-la no maior apreço e estima possíveis. Como vimos em relação à esposa, o marido que possui tal mulher virtuosa (Pv 31) é o melhor e mais feliz homem de toda a terra - sequer precisa dos despojos de guerra, pois nada falta-lhe em casa. Assim como Cristo esteve disposto e cuidou de Sua Igreja, também o marido deve ser apto para defender sua esposa - até mesmo, se for necessário, da injusta agressão física. O marido cristão não é um "homem qualquer" que sequer consegue correr cem metros para salvar sua amada; pelo contrário (mais uma vez, dentro do possível), lhe é extremamente recomendável que conheça a arte da defesa e dela faça uso caso precise defender sua esposa. Se Cristo não nos deixou só e até hoje permanece conosco noite e dia, então é também dever do marido o "se entregar" por sua amável esposa, pois já não vive para si, mas para ela.
2. A santidade da esposa depende - também - das atitudes e ensino do marido. "Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" (Ef 5.26). No âmbito administrativo das empresas e grandes corporações, se diz constantemente que quando a empresa está indo de mal a pior, a culpa é sempre do gerente/diretor/dono da mesma. Isso não significa que tal cargo não esteja sendo ocupado por alguém capaz, mas sim porque uma vez que a empresa não está crescendo e tendo suas contas em dias como é esperado, lhe é por dever o gerenciar da mesma e fazê-la próspera - mesmo que isso lhe custe muito sacrifício, choro e lágrimas. Não tratando de empresas, mas usando a mesma analogia, o marido cristão é responsável por guiar sua amada esposa em santidade, pureza e verdade.
Esse ensino nos é muitíssimo claro no caso da queda de Adão e Eva. Após Eva ter comido do fruto proibido e oferecido ao seu marido, lemos na Palavra que Deus não chamou a mulher para dar conta de seus pecados, e sim que trouxe o homem a Sua presença e a ele inquiriu o porquê da desobediência. Isso certamente que não está a nos ensinar que o marido é condenado pela rebeldia da esposa, pois apesar de toda piedade em que anda, ela por vezes pode ser a mais ímpia de todas as mulheres (o contrário é também verdade). No entanto, o apóstolo Paulo afirma que o marido deve santificar sua esposa, isto é, separá-la para um propósito específico, a saber, o de ser boa esposa, dona de casa e mãe de seus filhos (vide Tito). Mas como essa santificação acontece? "com a lavagem da água, pela palavra".
A palavra de Deus, em um lar cristão, deve ter predominância absoluta. Um marido cristão que passa longas horas em frente a televisão, se deleita em filmes sem fim e não valoriza o cultivo da piedade, justiça e verdade cristão em seu lar, está falhando com seu dever. Pela Palavra, nos diz as Santas Escrituras de Deus que são capazes de nos tornar aptos para toda boa obra (2Tm 3.16-17), o homem ajuda, fortalece e santifica sua esposa. Vejamos que a apóstolo não está falando somente de boas obras, de trazer o sustento para casa e guardá-la, mas sim nos diz que a palavra deve perpassar todos esses pontos. Assim como o pastor precisa ser versado nas Escrituras para guiar sua congregação, também o marido precisa conhecer e estar apto para ensinar a Bíblia a sua esposa e, quem sabe, futuramente aos seus filhos (não que ela não aprenda sozinha, mas o marido possui também esse dever). O método santificador do lar cristão não é a psicologia ou a "harmonia entre os cônjuges", mas tão somente a palavra do Senhor. Quando ela habita ricamente em nossos corações (Cl 3.16), então temos uma lar harmonioso e maravilhoso (ainda que composto de pessoas pecadoras e falhas).
3. Uma das finalidades do casamento é santificação dos cônjuges. "Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível" (Ef 5.27).
Cristo veio ao mundo para salvar Sua igreja e para libertá-la do jugo de escravidão. Como nos ensinam abundantemente as Escrituras, o Senhor não veio para nos entreter (ainda que a alegria certamente faça parte do casamento), mas sim para nos santificar. De igual modo deve ser o casamento cristão: ele não visa uma felicidade egoísta, onde cada um busca ser feliz do seu jeito - ou mesmo a dois -, mas sim buscam ser felizes e construírem um casamento que seja para a glória de Deus (1Co 10.31).
Nesse sentido é preciso salientar e registrar que o marido não deve, dia e noite, literalmente, desejar que sua casa seja séria e sem brincadeiras - uma casa santa pode também ser uma casa alegre. Temos um relato claro que nos ensina sobre a licitude de se alegrar e brincar, até mesmo com nossas esposas: "E aconteceu que, como ele esteve ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca sua mulher" (Gn 26.8 - grifo meu). Isaque não ficava o dia inteiro trabalhando e quando chegava em casa ia diretamente catequizar sua mulher. Isso nos ensina que podemos - e devemos! - ter um lar alegre e é também dever do marido promover tal espaço. Assim como Cristo busca (e de fato o faz!) santificar Sua Igreja e apresentá-la para si mesmo sem manchas e sem ter-se do que envergonhar - pois foi lavada e purificada pelo Seu sangue -, também o homem de Deus deve ser apto e se dedicar a esse tremendo e belo encargo que Deus lhe deu: ter uma esposa piedosa, temente ao Senhor e nela e com ela se alegrar.
Apesar de muitas vezes termos a impressão de que o lar cristão é um lugar "empoeirado de teologia", isto é, como se marido, mulher e crianças ficassem apenas lendo a Bíblia, orando e lendo teologias sistemáticas, a prática é bastante desconexa dessa caricatura jocosa, pois uma vez que o marido compreende seu papel em santificar e purificar sua casa e sua esposa, lhe é por demais agradável estar em casa. Como disse o famoso pregador Charles Haddon Spurgeon, "Antes da Queda, o Paraíso era o lar do homem; desde a Queda, o lar tem sido o Paraíso do homem".
Com relação a santificação pessoal, o marido deve prover os meios para que ela ocorra dentro de casa. Não é prudente que o homem cristão fique inerte quando toda sua família se delonga por programas televisivos contrários à Lei do Altíssimo. É um mau marido aquele que não vigia sua casa e não toma as providências necessárias para extirpar o maligno de sua moradia. É dever do esposo cristão fazer um pacto semelhante ao do salmista: "Não porei coisa má diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim" (Sl 101.3).
4. Deve cuidar de sua esposa assim como cuida de si mesmo. "Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo" (Ef 5.28).
O apóstolo Paulo fala-nos agora acerca de algo óbvio, isto é, ele apela para algo certo na vida do homem cristão. É como se ele dissesse: "Bem, meus amados, deixem-me mostrar-lhes como isso é algo natural e perfeitamente já aplicado em suas vidas". Não há alguém que busque aborrecer o seu próprio corpo. Nenhum homem, em sã consciência, pega para si um veneno mortal, senta-se no sofá, toma-o e deleita-se esperando a morte. Absolutamente ninguém faz isso! O que fazemos? Buscamos nos alimentar corretamente, temos uma dieta mais ou menos balanceada, fazemos alguns exercícios, buscamos ter as horas necessárias de sono, tentamos agir com respeito para com nosso próprio corpo. Nenhum homem trata com desdém aquilo que é seu! Quando compramos um carro novo ou trocamos de casa, acaso no dia seguinte os destruímos?
É nesse sentido que o apóstolo pretende ensinar-nos, a saber, que ele deve cuidar exatamente da sua esposa assim como cuida de si mesmo. Deve se esmerar e se dedicar a sua esposa, reconhecendo assim como Paulo disse: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gl 2.20). É dever do marido cristão o reconhecer que já não é mais solteiro, já não tem o tempo livre para si mesmo, já não é dono de seus próprios desejo, pois agora há outra parte de si em jogo.
Um exemplo simples disso é dado por uma exemplificação matemática: "E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mc 10.8-9). Como dois pode ser igual a um? Simples, cada unidade, antes do ajuntamento, retira 50% de si e se une aos outros 50% da pessoa amada. Isso é muito importante para nosso entendimento, pois, ainda que tal exemplificação tenha suas limitações (assim como todo exemplo), isso implica em dizer que boa parte do que o homem fazia enquanto estava na casa do pai e da mãe, agora já não lhe é mais possível.
5. Não busca mais seus próprios interesses, pois vive para sua esposa. "Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja" (Ef 5.29).
Mesmo em tempos de extrema apatia e rebeldia do povo do Senhor, o Eterno permaneceu amante de Sua Igreja (ainda que certamente os julgasse por suas iniquidades - conforme ainda atua nos dias de hoje (Atos 5) e tomou-a em seus braços. O Senhor nunca odiou sua própria Igreja, nunca deixou de alimentá-la - é isso que o apóstolo nos diz e é isso que ordena que os maridos façam com respeito a suas esposas.
"Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade" (Sl 86.15). O marido cristão precisa ser cheio de compaixão e fiel amante de sua esposa. Mesmo em face das mais terríveis desavenças que podem estar na iminência de ocorrer, o marido deve se portar "grande em benignidade". O marido que se irrita por pouca coisa ou que facilmente descontrola-se está agindo mal em seu papel de esposo e representante de Cristo em seu lar. Nenhum homem devem se desculpar por "ser homem" e que por isso lhe é natural o agir dessa ou daquela maneira. A palavra do Senhor prescreve-nos claramente que devemos tratar nossas esposas assim como Cristo nos trata: com justiça e amor. Isso desdobra-se no entendimento de que não pode-se tolerar a injustiça no lar, mas também que igualmente deve-se fazer tudo com amor - "[s]e não tivesse amor, nada seria" (1Co 13.2).
6. Não deve se afastar de sua esposa, exceto por necessidade. "Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos" (Ef 5.30).
Por analogia, nos é óbvio que um corpo não se pode dividir em vários pedaços e ainda assim continuar sendo um. De igual modo é a relação do marido com sua esposa: uma vez unido a ela, não deve mais considerar o seu corpo como seu, mas sim pertencente a ela (1Co 7.4). Esse ponto, infelizmente, é deveras negligenciado por muitos professos da fé cristã. Muitos são os homens que se esquecem que suas mulheres são parte de seus corpos, ou seja, que eles não tem mais poder e autonomia completa sobre tudo o que fazem. Esse entendimento foi, talvez, o ponto de partida para o Dr. Martyn Lloyd Jones dizer: "Aventuro-me a estabelecer como regra que o cristão não deve aceitar convite para programas sociais sem sua esposa". [1]
Como marido cristão, nada mais é somente seu - tudo agora deve ser repartido (com esposa e possivelmente os filhos que o Senhor lhes der). O seu salário não é mais seu, deve ser compartilhado com sua esposa e filhos (tudo para a manutenção do lar); seu tempo não é mais seu, há agora outra pessoa com quem deve compartilhar; suas ideias não dizem mais respeito somente a ele, precisa andar em união (também teológica!) com sua amada. Se o marido se torna um com sua esposa, então ele já não pode mais viver para si e achar que pode continuar sendo um solteiro/casado. É uma imprudência marital sem tamanho o homem que casa-se e acha que ainda pode e deve continuar saindo sempre com seus amigos, sempre jogando futebol (não importando a hora e lugar) e continuamente gastando dinheiro com aquilo que fazia em sua vida pretérita.
O homem casado de Deus possui outro plano e outra vocação: cuidar de sua esposa (e filhos), amá-la, cuidá-la, respeitá-la e desejar-lhe todo o bem... até que a morte os separe.
Nota:
[1] http://monergismo.com/lloyd-jones/os-deveres-do-esposo-efesios-5-25-33 - acessado dia 10.05.2012.
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