Outros deveres da fé cristã não podem ser executados sem a realização deste dever. É nosso dever estar "aperfeiçoando a santificação no temor de Deus" (2 Cor. 7:1), para estar "crescendo na graça" (2 Ped. 3:18). Entretanto, estes deveres não podem ser cumpridos sem a mortificação diária do pecado. O pecado põe sua força contra cada ato de santidade.
Antes de passarmos para o próximo capítulo deste estudo será bom fazermos duas coisas:
a) Resumiremos o primeiro ponto geral que temos apresentado neste capítulo. O ponto é este: muito embora a morte do cristão para o pecado (veja Rom. 6:2) tenha sido comprada para ele pela morte de Cristo, constitui-se ainda dever de cada cristão mortificar diariamente o pecado. Mesmo tendo recebido a promessa de vitória completa (pela convicção do pecado, a humilhação pelo pecado, e a implantação de um novo princípio de vida oposto ao pecado e destruidor dele) quando somos convertidos, o pecado ainda permanece no cristão. O pecado está ativo em todos os cristãos, até mesmo nos melhores, enquanto vivem neste mundo. É por isso que a mortificação diária do pecado é vital durante toda nossa vida.
b) Notaremos dois males que todo cristão enfrenta quando deixa de mortificar o pecado. O primeiro afeta o cristão; o segundo, os outros.
I) O cristão. O grande mal por não levarmos a sério o pecado. Uma pessoa pode falar sobre o pecado e dizer quão mau ele é, todavia se essa pessoa não está diariamente mortificando seu próprio pecado ela realmente não o está levando a sério. A causa principal pelo fracasso de mortificar o pecado é algo que está presente e se processando sem que a pessoa perceba. Alguém que tenha a ideia de que a graça e a misericórdia de Deus nos permitem ignorar os pecados do dia a dia, está muito próximo de transformar a graça de Deus numa desculpa para continuar pecando e ser endurecido pelo engano do pecado. Não há maior evidência de um coração falso e corrompido do que esta. Leitor, tenha cuidado com esse tipo de rebelião. Ela só pode levar ao enfraquecimento da sua força espiritual se não a algo pior, ou seja, a apostasia e ao inferno. O sangue de Jesus é para purificar-nos (1 João 1:7; Tito 2:14), e não para nos confortar numa vida de pecado! A exaltação de Cristo é destinada a levar-nos ao arrependimento (Atos 5:31). E a graça de Deus nos ensina "para que reneguemos a impiedade" (Tito 2:11,12). A Bíblia fala de pessoas que abandonam a igreja porque de fato jamais pertenceram a ela (1 João 2:19). O modo como isso acontece a muitas pessoas é algo como o seguinte:
Estiveram debaixo de convicção do pecado durante certo tempo, e isso as levou a praticar certas boas obras e a professar fé em Cristo. Escaparam das "contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Ped. 2:20), mas depois que conheceram o evangelho se cansaram dos seus deveres. Visto que seus corações nunca tinham sido realmente transformados, elas se permitiram negligenciar vários aspectos do ensino bíblico sobre a graça. Uma vez que este mal cativara seus corações, foi tão-somente uma questão de tempo até que se lançaram no caminho do inferno.
II) Outras pessoas. Uma pessoa que não mortifica o pecado pode, de fato, ser preservada da apostasia; todavia, ao mesmo tempo, pode exercer uma dupla influência nos outros:
a) Uma influência que endurece os outros. Quando os outros vêem tão pequena diferença entre suas próprias vidas e a vida de uma pessoa que falha na mortificação do pecado na sua vida, não vêem nenhuma necessidade de se tornarem cristãos. Eles observam o zelo dessa pessoa pela religião porém também notam sua impaciência para com aqueles que não concordam com ela. Observam suas várias inconsistências. Vêem sua separação do mundo, mas, além disso, seu egoísmo e sua falta de esforço para ajudar os outros. Eles ouvem seu linguajar espiritual, suas reivindicações à comunhão com Deus, no entanto, essas são contraditórias devido sua conformidade com os caminhos do mundo. Ouvem suas expressões de vanglória por ter sido perdoada, mas observam seu fracasso em perdoar os outros. Observando a baixa qualidade da vida dessa pessoa, endurecem seus corações contra o cristianismo, concluindo que suas vidas são tão boas quanto a de qualquer cristão.
b) Uma influência que engana os outros. Outros podem tomar essa pessoa como seu exemplo do que seja um cristão e presumir que porque podem seguir seu exemplo, ou até mesmo aperfeiçoá-lo, devem eles também ser cristãos. Dessa maneira, tais pessoas são enganadas e levadas a pensar que são cristãos, muito embora não tenham a vida eterna.
Fonte: Josemar Bessa.com
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