domingo, 16 de outubro de 2011

Aprenda a justificar suas próprias afirmações



Todo debatedor que se preza busca "calcular" quais as possibilidades de resposta que seu oponente dará à sua própria resposta ou à sua pergunta, isto é, tal qual um jogador de xadrez busca efetuar a melhor jogada de modo que restrinja as futuras jogadas do seu adversário, assim também o cristão precisa saber justificar as sua afirmações. Deixe-me dar um exemplo:

Suponhamos que você defenda que fazer tatuagem não é pecado, e então, eis que certo dia seu amigo lhe pergunta:

Seu amigo: "Ei, o que você acha sobre tatuagem - é pecado ou não é?". Nesse ponto, logicamente você irá dizer que não é pecado, pois você defende esse ponto, mas o problema é saber como defender o seu ponto de vista (sempre biblicamente, é claro). Você talvez responderia: 

Você: "Não é pecado, pois Deus não atenta para as aparências". Observe que essa resposta, por melhor que possa parecer, é extremamente frágil, pois bastaria que o indagador dissesse:

Seu amigo: "Mas como você sabe que Deus não atenta para as aparências?" para que o seu castelo de cartas estivesse prestes a ruir. Então, já se vendo quase que sem saída, você talvez apelaria dizendo: 

Você: "Bem, veja só, há um caso na Bíblica (1 Sm 16) onde Deus diz para o homem não atentar para a aparência, pois Deus vê o coração" - então você pensaria: "Ufa! Consegui responder". Porém, o problema não está resolvido. Na verdade, essa resposta mostrou a ignorância de sua resposta, pois agora basta uma jogada para que seu amigo lhe dê cheque-mate - e a jogada vencedora é: 

Seu amigo: "Mas meu amigo, essa situação de 1 Sm 16 não tem nada a ver com tatuagem, e sim com o dever de Samuel ir procurar por Jessé que tinha um filho (Davi) que seria rei no lugar de Saul - como você  pode defender que tatuagem não é pecado num contexto de escolha de um futuro rei?" - Fim. A batalha foi perdida e você fracassou.

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Sei que o exemplo acima é um tanto quanto "infantil", contudo ele nos mostra que precisamos medir a consequência de nossas respostas, ou seja, quando estamos a afirmar determinada doutrina ou posicionamento sobre algum assunto bíblico, precisamos saber quais são as implicações e fragilidades de nossas respostas. No caso acima, embora o homem que estava a defender que tatuagem não é pecado fosse um homem que tentava se pautar pela Bíblia (pois citou até um exemplo bíblico), viu-se encurralado numa fração de apenas duas respostas - traduzindo: defendia algo que não tinha certeza se era ou não verdade.

Portanto, busque estudar, conversar, debata e esteja sempre pronto, conforme lemos na Santa Palavra de Deus, onde Paulo dá as diretrizes para o homem cristão (sim, Paulo está falando de pastores, mas certamente que essas qualidades também são requeridas de todos os crentes): "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes (Tt 1:9 - grifo meu).

4 comentários:

  1. Pergunto não para debater, mas para saber com que tipo de pesssoa estou lidando. Até o tolo passa por sábio se manter a boca fechada.

    A salvação é individual cada qual cuide da sua alma.

    Abraço

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  2. Filipe,

    o pior é que tem crente a se meter a dar resposta para tudo sem mesmo ter feito uma pesquisa ou estudo mínimo sobre o assunto. É a filosofia do "achismo", e a má-interpretação bíblica que leva um grande número a se considerar abalizada para defender determinada posição, sem ao menos saber corretamente todas as implicações sobre a questão, e, muitos, até mesmo o assunto.

    Outro ponto é que o crente tem sido contaminado por falsos pressupostos [pagãos, humanistas, gnósticos, materialistas, etc] e querem forçar o texto bíblico a se encaixar dentro do pressuposto que não é bíblico e, invariavelmente, antibíblico.

    Ou seja, vivemos a era da ignorância, e entre os crentes, da ignorância escriturística; como um bando de papagaios a soletrar o "abc".

    Grande abraço!

    Cristo o abençoe!

    PS: Republicando no "Guerra pela Verdade"

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  3. Olá, Aclim.

    Não entendi sua resposta - o que ela tem a ver com o texto que escrevi?

    Abraços!

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  4. Grande Jorge!

    Concordo com você - muitos dos que "sabem justificar" vêm munidos de filosofias pagãs ou apelando para supostos "textos prova", mas que na realidade nada tem de prova, exceto a ignorância (rsrs).

    Grande abraço!

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