“Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” 1 João 4.9-10
João também nos informa da competência na qual o Pai enviou o Filho – ‘a propiciação pelos nossos pecados’. É isso o que coroa a manifestação. Estupefação é a única reação apropriada de nossa parte frente à missão do filho unigênito do Pai em um mundo de pecado, miséria e morte. Quão humilhante para o Santo ser sujeitado a condições contrárias tanto ao seu caráter quanto à sua glória. Mas ser enviado como uma ‘propiciação pelos nossos pecados’ maravilha o próprio espanto. O que propiciação significa?
Significa uma coisa apenas; fazer Deus propício. E fazer propício significa afastar de nós o furor da ira de Deus. É a propiciação pelos nossos pecados. O julgamento de Deus repousa sobre o pecado e toda substância do seu julgamento sobre o pecado procede de sua ira, seu descontentamento santo contra o pecado. Propiciação diz respeito à remoção daquela ira, à substituição do favor e da boa vontade no lugar da ira e da indignação.
Propiciação é tornar Deus propício; não é tornar Deus amoroso. Nós éramos os objetos do seu amor enquanto ainda éramos os filhos da ira. Deus enviou seu Filho para que a sua ira pudesse ser propiciada; o envio do Filho foi a provisão do seu amor para que esse amor pudesse realizar o seu propósito.
Nós pensamos no Getsêmani e no sangue transpirado. Nós pensamos no Calvário e no seu choro amargo. O Pai enviou seu próprio Filho para a agonia do jardim do Getsêmani e para o abandono da cruz maldita. Ele o enviou para essas provações incomparáveis precisamente porque foi na competência de propiciação que o enviou. E é por isso que o golpe implacável foi executado no unigênito. ‘Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar’ (Isaías 53.10). ‘Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados’ (Isaías 53:5).
Isso é amor. Sem nenhuma suspensão de sua identidade como unigênito do Pai e sem nenhuma retração do amor infinito que o Pai gerou nele, o Pai enviou o Filho para assumir o completo preço da santa vingança que era o julgamento necessário de Deus sobre os nossos pecados. Quão grande mistério! É o mistério do amor do Pai, um mistério para ser apreendido e acolhido, para ser festejado e adorado, mas incompreensível em sua grandeza.
- por John Murray (1898-1975)
Fonte: iPródigo
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