segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sexto elemento constitutivo do culto público: Reunião no Dia do Senhor (parte final) - Sermão pregado dia 01.01.2012


Sexto elemento constitutivo do culto público: 
Reunião no Dia do Senhor (parte final) - 
Sermão pregado dia 01.01.2012

Estimados irmãos, hoje finalizaremos o penúltimo elemento constitutivo do culto público: a reunião no Dia do Senhor. Na semana que vem entraremos no último elemento que é o Cântico de Salmos.

É com grande alegria que percebemos que as Escrituras demonstram que nosso Senhor não é como nós, homens inconstantes e que frequentemente são levados a se indagar se estão no caminho correto. Certamente que o Senhor nos tem sido mui benigno a ponto de providenciar meios eficazes para demonstrar a salvação que ocorreu na vida de cada um de seus filhos e isso certamente se dá através da sua palavra e de seus mandamentos.

Conforme vimos nos dois cultos anteriores (parte 1 e parte 2), a lei de Deus nunca foi invalidada, quer seja por homens que não a seguiram, quer pelo próprio Deus. Também é importante levar cativo que vimos três distinções da lei (cerimonial, civil e moral), na qual apontamos que os dez mandamentos são a lei moral de Deus resumida e que por serem mandamentos que refletem o caráter perpétuo de Deus não podem ser anulados, pois vieram do Senhor, "descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1:17). Portanto, sabidas essas coisas cerca da lei moral e do Dia do Senhor, partamos para a aplicação desse mandamento tão belo e majestoso que o Senhor legou a nós.

É importante notarmos que quando falamos do Dia do Senhor, não estamos a dizer que somente nesse dia deve-se ter culto público ou ainda que todo culto em outro dia da semana na verdade não seria culto, mas uma reunião. Nada disso deve nos perpassar a mente quando estamos vendo tal elemento, e sim que o Senhor nos ordenou que observássemos (praticássemos as devidas coisas necessárias) um dia em cada sete para nos dedicarmos à atividades concernentes à salvação e santificação de nossas vidas. O Breve Catecismo de Westminster (que logo começaremos a estudar) nos auxilia nesse ponto:

Pergunta 60: De que modo se deve santificar o sábado (domingo)?
Resposta: Deve-se santificar o sábado (= domingo) com um santo repouso por todo aquele dia, mesmo das ocupações e recreações temporais que são permitidas nos outros dias (Lv 23.3; Êx 16.25-29; Jr 17.21,22); empregando todo o tempo em exercícios públicos e particulares de adoração a Deus (Sl 92.1,2; Lc 4.16; Is 58.13; At 20.7), exceto o tempo suficiente para as obras de pura necessidade e misericórdia” (Mt 12. 12).

Pergunta 61: Que proíbe o quarto mandamento?
Resposta: O quarto mandamento proíbe a omissão ou a negligência no cumprimento dos deveres exigidos (Êx 22.26; Ml 1.13; Am 8.5), e a profanação deste dia por meio de ociosidade, ou fazer aquilo que é em si mesmo pecaminoso (Ez 23.38), ou por desnecessários pensamentos, palavras ou obras acerca de nossas ocupações e recreações temporais” (Is 58.13; Jr 17.24, 27).

Pergunta 62: “Quais são as razões anexas ao quarto mandamento?
Resposta: As razões anexas ao quarto mandamento são: a permissão de Deus de fazermos uso dos seis dias da semana para os nossos interesses temporais (Êx 31.15,16); o reclamar ele para si mesmo a propriedade especial do dia sétimo (Lv 23.3), o seu próprio exemplo (Êx 31.17), e a bênção que ele conferiu ao dia de descanso” (Gn 2.3).

Ao olharmos para o que os grandes mestres puritanos escreveram, logo percebemos que não é possível cumprir na íntegra esse mandamento do Senhor, pois quem consegue ficar sem ter pensamentos desnecessários ou ainda ser tão santo que consiga manter um palavreado inteiramente coerente com a vida cristã, falando somente o que for bom "para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem" (Ef 4.29)? Com certeza o único homem que conseguiu cumprir tal mandamento foi nosso Senhor Jesus Cristo, porém isso não nos dá a liberdade de fugirmos da responsabilidade que temos em observar esse dia, pois ainda que constantemente violemos esse e muitíssimos outros mandamentos (glórias ao Senhor pelas suas misericórdias!), somos obrigados a buscá-los com afinco, não por nossas forças, mas em Cristo - "porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5).

Dito isso, vejamos três "classes" de obras que a Bíblia nos diz que podemos e devemos fazer no dia de domingo (o sábado - shabbath cristão) - sim, alguns dos exemplos dizem respeito a Jesus e ao sábado judeu, mas como já vimos que após a ressurreição do Mestre o dia foi mudado, entendemos que a obrigação continua, embora o dia tenha sido mudado.

1. Obras que contribuam para a edificação pessoal e mútua, a glorificação de nosso Senhor e um maior crescimento na piedade.

"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou" (Êx 20:8-11).

Aqui temos vários parâmetros que nos ajudam a entender o que devemos fazer no dia do Senhor. Moisés registra que o quarto mandamento prescreve não somente trabalhar para o Senhor, mas também que deve haver um cessar das obras comuns, pois no sétimo dia o Senhor descansou. Conforme vimos semana passada, Matthew Henry (citado por J. I. Packer) diz: "Guardar o domingo significa ação, e não inércia. O dia do Senhor não é um dia de ociosidade. 'A ociosidade é um pecado em qualquer dia, e muito mais no dia do Senhor'. Não se guarda o domingo ficando atirado em algum lugar, sem fazer nada. Convém que descansemos das atividades de nossos afazeres diários, ocupando-nos nas atividades próprias à nossa vocação celestial. Se não passarmos o dia ocupados nestas atividades, não o estaremos santificando". 

O quarto mandamento nos ensina que devemos cessar das obras comuns do dia a dia, pois embora elas não sejam malignas em si mesmas, se as continuarmos no dia do Senhor teremos menos tempo para nos dedicarmos a Ele (além da violação) - é isso que expressa Êx 16.22-26: "E aconteceu que ao sexto dia colheram pão em dobro, dois ômeres para cada um; e todos os príncipes da congregação vieram, e contaram-no a Moisés. E ele disse-lhes: Isto é o que o SENHOR tem dito: Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar, guardai para vós até amanhã. E guardaram-no até o dia seguinte, como Moisés tinha ordenado; e não cheirou mal nem nele houve algum bicho. Então disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do SENHOR; hoje não o achareis no campo.Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá". Em momento algum o Senhor diz ao seu povo que era inerentemente mau fazer comida no dia de sábado, e sim os anima para deixar pronto a comida para o dia seguinte, justamente pelo fato de não precisarem ficar muito tempo cozinhando, haja vista o dia ser apropriado para o louvor do Senhor e não um dia para se fazer uma mega banquete onde demandem horas e horas de cozinha e preparo (falaremos sobre isso daqui a pouco).

"Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, Então te deleitarás no SENHOR, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do SENHOR o disse" (Is 58.13-14).

Além de necessitarmos parar com nossas atividades ordinárias, a Bíblia nos prescreve que ao cessar uma atividade, devemos nos dedicar a outra, isto é, se cessamos de trabalhar como fazemos nos outros seis dias e o ócio é um grande pecado (nota: descansar e aproveitar a vida não são pecados - o pecado do ócio consiste em se desperdiçar grandes quantias de tempo para "não fazer nada", isto é, enquanto já se está descansado e poderia-se dedicar à alguma leitura, conversar com amigos cristãos ou ainda crescer no conhecimento de Deus, tende-se a continuar sem produzir alguma coisa, de modo que contrarie àquilo que Paulo escreveu: "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus" - Ef 5:15-16), convém que dediquemos todo tempo possível ao Senhor. Certamente que isso não implica em dizer que deve-se trabalhar freneticamente para o Senhor, a ponto de não se ter tempo sequer para comer ou ainda que chegue-se no segunda-feira totalmente cansado, devido a tanto trabalho (além do requerido) no dia anterior, mas é necessário que foquemos as atividades naquilo que nos traz refrigério e glorifica ao Senhor.

2. Obras de caridade.

"E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados? E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por conseqüência, lícito fazer bem nos sábados. Então disse àquele homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra" (Mt 12:10-13).

Os fariseus eram os grandes campeões de acusação contra o Senhor, não porque eram melhores que o Senhor (embora assim julgassem), mas porque tinham um entendimento errado acerca da lei e dos profetas que prediziam que o Cristo ali presente era o cumprimento de tudo aquilo que eles estudavam.

Nesses versículos vemos que Jesus demonstrou aos judeus que fazer o bem ao próximo não era contrário à lei do Senhor, pois tal ajuda não visava qualquer honra para si mesmo, mas consistia em ajudar o outro a se recuperar e glorificar ao Senhor por meio da ajuda. Jesus também ensina-os dizendo que eles julgavam um animal ser mais importante que um homem! Ora, Jesus os repreende dizendo que quando uma ovelha deles se desprende do rebanho e cai em algum lugar que não consegue sair sozinha, eles vão até ela e a ajudam a sair daquele problema, contudo condenam aquele que ajuda o próximo no mesmo dia! "Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha?" (v.12).

"E ensinava no sábado, numa das sinagogas. E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; e andava curvada, e não podia de modo algum endireitar-se. E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. E pôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus. E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia de sábado. Respondeu-lhe, porém, o Senhor, e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, e não o leva a beber? E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa? E, dizendo ele isto, todos os seus adversários ficaram envergonhados, e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele" (Lc 13:10-17).

Homens que não conhecem a palavra de Deus ficam indignados quando alguém ofende suas consciências cauterizadas pelo pecado. Aqui, outra vez nosso Senhor repreende os judeus por fazerem de seus animais algo mais importante que um ser criado por Deus. " E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados, e não no dia de sábado". O príncipe da sinagoga era um ser estúpido e profundo desconhecedor do poder de Deus, pois não bastasse ordenar ao povo para que viessem ser curados em qualquer outro dia, menos nesse (o sábado), ainda por cima achava-se superior em Rei dos reis que acabara de curar uma mulher enferma pelo maligno - assim também são muitos hoje em dia. Aqueles que se opõem ao dia do Senhor dizem que estamos violando aquilo que nós mesmo instituímos (como se tal mandamento fosse coisa de "reformado" cismático), quando ajudamos o próximo e nos dedicamos à ajuda mútua (seja de que forma for) - temível veredicto tem a palavra do Senhor contra tais.

3. Obras de necessidade.

"Naquele tempo passou Jesus pelas searas [nota minha: Jesus não tinha uma seara (campo) em que plantava alguma coisa, daí que saiu com seus discípulos para algum seara próxima, a fim de colherem algum alimento necessário para sua subsistência], em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas, e a comer. E os fariseus, vendo isto, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado.Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam?Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes?" (Mt 12:1-4). Por que isso era permitido? Porque a lei do Senhor proibia apenas o passar a foice no campo, isto é, colher grandes quantidades e fazer uma colheita no dia de sábado - "Quando entrares na seara do teu próximo, com a tua mão arrancarás as espigas; porém não porás a foice na seara do teu próximo" (Dt 23.25). 

Aqui, ainda outra vez vemos que Jesus não violou o sábado, mas mostrou que certas obras poderiam e deveriam ser feitas nesse dia. Anteriormente vimos que durante o êxodo para a terra prometida os judeus deveriam preparar seus alimentos para o dia posterior e então apenas comê-los no dia seguinte, sem a necessidade de prepará-los, mas aqui o Senhor nos ensina algo mais excelente, isto é, que quando houver a necessidade de se suprir alguma necessidade, que se faça de bom grado e louvando ao Senhor pela provisão.

Visto isso, avanço à parte final e exponho ainda algumas considerações.

Confissão de Fé de Westminster, Cáp. I, seção VI: Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas (II Tim. 3:15-17; Gal. 1:8; II Tess. 2:2; João 6:45; I Cor. 2:9, 10, l2; I Cor. 11:13-14) (grifo meu).

A Confissão de Fé é bastante clara em dizer que "Todo o conselho de Deus... ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela", porém também é sensata em dizer que nem tudo está perfeitamente discriminado (elencado, listado), a ponto de termos uma resposta exata para cada situação de nosso dia-a-dia. A partir desse ponto é que se faz necessário ter - conforme à própria confissão - sabedoria durante nossa vida (prudência), e isso logicamente diz respeito também ao quarto mandamento.

Um exemplo nos ajuda nessa questão: "E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento. E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento" (Lc 23.53-56; 24.1). 

Assim como José de Arimatéia (Lc 23.50-52) e essas benditas mulheres se preparam de modo a não violar o sábado, nós também devemos arranjar nossas atividades a fim de maximizar o tempo dedicado ao Senhor. José não foi pedir a Pilatos o corpo de Jesus no dia de sábado (até porque era contra a lei judaica), mas o fez no dia anterior. As mulheres desejavam embalsamar o santo Mestre, mas não ficaram horas e horas preparando as especiarias no dia de sábado, mas preparam-as um dia antes e descansaram no dia de sábado e somente no outro dia foram ao sepulcro.

Essa narrativa tem muito a nos ensinar, pois admoesta-nos sobre a NECESSIDADE (veja, não é questão de querer ou não, ou ainda de ser agradável ou não, ou se é fácil ou não, ou se é requerido dos mais velhos e não dos mais jovens - nada disso!) de organizarmos o nosso tempo de modo que não venhamos a ter de despender o dia do Senhor em atividades que não são requeridas (além disso ser uma violação do mandamento).

Em seu livro "O Dia do Senhor", o Dr. Joseph Pipa dá uma boa diretriz sobre como podemos saber quais são as atividades lícitas para esse dia - em outras palavras ele diz: procure investigar se o que você irá fazer ou deixar de efetuar contribui para o propósito do dia, ou seja, para saber se esta vivendo de maneira coerente com esse dia, verifique se o que você faz entra em uma das três categorias, isto é, é uma obra que contribui para a edificação pessoal ou mútua? É um afazer que glorifica ao Senhor? É um trabalho que me traz mais conhecimento de Deus? Entra na questão da caridade, quer dizer, estou realmente fazendo isso porque desejo o bem do próximo? É uma atividade necessária para esse dia?

Não há como precisarmos nem listarmos quantas milhares de miríades de atividades poderiam ou não serem feitas nesse dia, mas a fim de lhes ser mais proveitoso, direi ainda isso:

Baseado no que vimos, o dia do Senhor não foi feito para fazermos compras no shopping ou ficarmos perambulando por lojas tão somente para comprarmos algo para nosso bem estar (e que na maioria das vezes nem precisamos), contudo, suponhamos que algum de nossos queridos - ou ainda nós mesmos - tenha ficado enfermo e precisamos comprar-lhe um remédio. Já vimos que esse dia não foi feito para fazer compras - "Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia..." (Is 58.13 - grifo meu) -, porém a atividade de ir até a farmácia (ou outra loja) nesse caso não viola o princípio do dia, pois estaríamos ajudando o próximo.

De forma semelhante, o dia do Senhor não foi feito para ficarmos fazendo longas viagens desnecessárias e ou acamparmos ou ainda outra coisa dessa natureza, porém, ir à praia (ainda que eu tenha certos receios quanto à esse lugar, haja vista a verdadeira pornografia ao vivo ali escancarada - "Não adulterarás", sétimo mandamento [Êx 20.14]) e viajar (inclua uma lista sem fim de atividades aqui...) não são coisas malignas, daí que requer-se prudência ao fazer essas atividades. Quer dizer, se moro longe da praia e o culto ocorre em minha cidade, convém que eu não vá até a praia no dia de domingo, não que o viajar seja errado, mas dedicar-se horas desse dia tão somente para "ver a praia" e aproveitá-la, não é a melhor maneira de se observar o quarto mandamento. Porém, pode ser que alguém more em uma cidade costeira e faça um dia de grande calor. Ora, não é necessário se alongar para dizer que pode-se ir até o mar e tomar um banho para a glória de Deus, mas essa prática deve ser observada com cuidado, pois isso é muito diferente de se dedicar horas e horas para somente ficar na praia e não se instruir na palavra de Deus.

Com os exemplos acima (sim, um tanto quanto infantis, mas creio que ajude na compreensão) desejo mostrar que sempre dependerá da finalidade da atividade. Claro, devemos também ter o cuidado para não sermos hipócritas e dizer que faltaremos no culto do Senhor porque iremos "dormir para a glória de Deus", haja vista o dia anterior ter sido muito cansativo (se você falta no culto público apenas por estar cansado, é um sinal bastante grande de que você não tem sido um bom mordomo do tempo que Deus lhe deu), ou ainda que organizaremos um mega evento esportivo a fim de "glorificar ao Senhor através dos esportes". Deseja praticar esportes para a glória de Deus? Pratique e se dedique, mas não no domingo, porque não tal prática não encaixa-se numa das três possibilidade acima aventadas.

Que não sejamos fariseus ou legalistas a ponto de colocarmos nossa vida sob o jugo da escravidão da lei, mas também não permitamos que nossa carnalidade frequentemente presente retire tão grande bênção e desejo de fazer a vontade do Senhor! "Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou" (1 Jo 2:6.) 

Concluo com as já sabidas palavras do profeta Isaías: "Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, Então te deleitarás no SENHOR, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do SENHOR o disse" (Is 58.13-14 - grifo meu).

Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, comente este texto. Suas críticas e sugestões serão úteis para o crescimento e amadurecimendo dos assuntos aqui propostos.

O culto online e a tentação do Diabo

Você conhece o plano de fundo deste texto olhando no retrovisor da história recente: pandemia, COVID-19... todos em casa e você se dá conta ...