segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Quarto elemento constitutivo do culto público: Oração a Deus - Sermão pregado dia 06.11.2011



Quarto elemento constitutivo do culto público:
Oração a Deus -
Sermão pregado dia 06.11.2011

Dando continuidade aos elementos constitutivos do culto público, hoje veremos sobre a importância da oração na vida do cristão e também na vida da igreja como ajuntamento de todos os santos.

Quando falamos em oração, devemos ter em mente que ela NÃO é o meio pelo qual nós mudamos a vontade de Deus, isto é, a oração NÃO serve para "mudar o coração" de Deus - como querem muitos pentecostais e arminianos - e nem para mostrar a Deus que temos um problema para Ele resolver. Então, para que serve a oração? Creio ser prudente dizermos que a oração é o meio pelo qual Deus muda o coração do homem através da sua humilde submissão operada pelo Espírito Santo por meio de Sua palavra e de Seu poder regenerador. Vamos dividir essa afirmação em três partes para que sejam melhor analisadas.

- É o meio pelo qual Deus muda o coração do homem


O que estamos dizendo nesse ponto é que a oração humana não é capaz de modificar a vontade plena e ETERNA do Soberano Senhor, isto quer dizer que a oração tem a finalidade de nos humilhar perante e o Senhor e nos fazer humildes diante de toda a Sua grandeza e inefável sabedoria. Precisamos ter em mente de que a oração muda Deus, e sim o homem.

É necessário notarmos também que a oração é sim de muita valia para o crente - "A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5:16). Mas então por que muitas pessoas ainda acreditam que a oração de fato muda a vontade de Deus? Muitas dessas crenças humanistas baseiam-se na esperança de que Deus não seja de fato Soberano e não tenha um propósito para tudo o que ocorre na terra e por isso necessita que o crente O "ajude", indicando e suplicando pelo que precisa e "auxiliando-O" sobre qual a melhor maneira de ordenar as coisas aqui na terra.

"Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1.17). Neste ponto, novamente Tiago nos é útil dizendo que em Deus não há variação, pois Ele não é o objeto atingido pela luz, e sim justamente o contrário, isto é, que Ele é a própria luz - "o Pai das luzes" - "em quem não há mudança nem sombra de variação".

- Através da sua humilde submissão operada pelo Espírito Santo

"Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente" (Mt 6.6). Nos chama atenção a maneira com que o Senhor Jesus Cristo orienta os Seus para orarem. Ele os instrui de maneira completamente oposta aos que faziam os fariseus que desde o momento que saiam de casa até a chegada no templo iam orando em voz alta para demonstrar sua "grande piedade" e reverência ao Senhor.

"Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Sl 51.17). Mais do que rituais e supostas "ações de graça e louvor" para o Senhor, o que o Senhor verdadeiramente requer dos Deus é um coração quebrantado e humilde diante de Sua presença. Muitos arminianos tem dito que a eleição torna o homem orgulhoso, pois foi escolhido por Deus - mas essa é a mais inverosímel das consequências da eleição. A eleição de Deus deve traduzir-se em uma humildade profunda na vida do crente, pois TUDO o que ele ganhou e ainda ganha (desde a salvação até o sustento terreno) vem do Senhor e por meio de Sua mão graciosa. Humildade de espírito é reconhecer que nada somos e que tudo provém nas mãos do Altíssimo.

- Por meio de Sua palavra e de Seu poder regenerador

"Nele... Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa" (Ef 1:11,13). O homem só pode ser verdadeiramente cristão quando ouviu a palavra da verdade e foi selado com o Espírito Santo e essa atividade do Espírito em sua vida dele levá-lo a orar cada dia mais. Certamente que a oração é um dos desdobramentos da vida cristã, isto é, é parte do processo natural da conversão uma vontade cada vez maior de achegar-se diante do Senhor em súplicas e orações contínuas, depositando aos pés da cruz nossas vontades e necessidades.

"Deus move o céu inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer. Mas não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver - Deus está no controle". Não, meus amados, isso não é um versículo bíblico, fique tranquilo. Essa é uma frase corrente nas "correntes evangélicas de e-mail", mas que nada tem de evangélico, exceto o humanismo que enraizou-se nos corações obstinados pela verdadeira palavra do Senhor.

Queridos, nada é mais tão mentiroso do que dizer que Deus não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver, pois o que a capacidade humana pode em si mesmo? "Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites?" (Hb 2:6). Certamente que Deus ama os Seus e por eles (e tão somente por eles) se entregou na cruz, mas isso é muitíssimo diferente de dizermos que o homem tem uma capacidade natural em si mesmo para resolver as coisas e que quando isso não acontece, aí sim o Senhor Deus vem e atua no mundo.

Conforme vimos há algumas semanas, há vários textos bíblicos que nos mostram que a oração durante o culto público é algo ordenado por Deus. Também vimos que esses versículos não explícitos quanto ao culto público, mas nos ensinam que a igreja do Senhor deve levar TUDO em oração e isso certamente implica o culto público.

"Orai sem cessar" (1Ts 5.17). Esse versículo é conhecido por boa parte dos que se dizem cristãos. Todos nós já ouvimos ou lemos o trecho onde Paulo nos ensina a levarmos uma vida de oração constante. Uma vida que está sempre na alicerçada na graça de Deus em nossas vidas.

Mas por que orar sem cessar? Será que devemos orar para então conseguirmos o favor de Deus em nossas vidas? Orar com o intuito de mostrar nossa devoção ao Mestre? Creio que devemos orar sem cessar por 5 motivos:

1. Porque dependemos d'Ele para viver

"Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Rm 11:36). Precisamos estar conscientes de que sem Cristo nada somos e nada podemos fazer. A oração nos leva a termos uma consciência de quão pequenos e incapazes somos por nossas próprias forças. A oração faz com que sejamos humilhados e nos rendamos ao Seu poder redentor. Ela leva-nos a uma relação de total dependência da criatura para com o criador, não permitindo que homem algum achegue-se diante do Grande Trono e debata com Deus ou apresente-lhes melhores caminhos para o Seu agir. 

2. Porque somos fracos e inúteis

"Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer" (Lc 17.10). É necessário que oremos sem cessar porque a oração nos leva a perceber que somos tão fracos que até mesmo o ato de nos humilhar perante alguém é impossível para nós. Muitos ainda pensam que a depravação do homem não é total. Pensam que por mais pecadores que sejamos, ainda há algo de bom em nós. Porém, aqueles que assim pensam se afastam totalmente do ensino bíblico que mostra nossa incapacidade de fazer qualquer coisa boa sem a graça de Deus.

A palavra do Senhor nos instrui dizendo que não somos alguém diante da Majestade Suprema, isto porque não habita nada de bom em nossos corações. Constantemente somos levados para o caminho mau e nos desviamos do reto Caminho em nossas atitudes em pensamentos. "Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15.5 - grifo meu).

3. Porque não temos consciência do que somos

Quando não levamos uma vida de oração, achamos que somos alguém e que somos pessoas muito importantes para o reino de Deus. É verdade o fato de que Deus nos ama e nos incumbiu de um trabalho aqui na Terra, mas jamais devemos pensar que sem nós, Deus não pode fazer sua obra acontecer ou que Seu propósito para com a humanidade irá falhar caso não desejemos proceder conforme Sua vontade. Deus não depende de nós e também não precisa de nós para que Sua vontade seja feita. É só graças ao Seu amor que Ele nos usa para fazermos Sua obra na Terra. A oração constante nos faz conhecedores de que Deus é soberano e que nós nada somos.

A narrativa de Lucas 16.19-31 nos ensina o dever que o homem tem em ouvir a Palavra de Deus e arrepender-se, caso queira encontrar a verdadeira vida. Aquele rico viveu toda sua vida cheia de regalias e honras o cercando, mas não percebeu o quão pobre e nu era diante da Soberania de Deus. Em contrapartida, Lázaro, aquele pobre homem que vivia às custas das migalhas que caiam da mesa do rico, morreu e foi para o lugar que lhe fôra prometido.

4. Porque somos orgulhosos

Por mais que leiamos a bíblia e por mais que saibamos o quão falhos somos, nós ainda não gostamos de nos submeter a Cristo. O ser humano odeia ser rebaixado e se fazer escravo da vontade de alguém. Não gostamos disso! Queremos depender de Deus, mas ter certa liberdade para escolher aquilo que quisermos, sem a intromissão divina. Muitas vezes vivemos uma vida contraditória: afirmamos que somos cristãos, mas não nos submetemos a vontade daquele a qual estamos (ou deveríamos) alicerçados - "Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou" (1Jo 2.6). Os milhões de "evangélicos" que se multiplicam sem parar nesse país, na verdade nada mais são do que homens que simpatizam com alguns ensinamentos morais do cristianismo.

Homens, mulheres e crianças têm ido à igreja em busca de uma moralidade mínima, procurando por algo que possa lhes ajudar a serem "boas pessoas" na sociedade, mas não vão buscar a verdadeira vida e o consolo aos pés da cruz. A morte de Cristo tem sido pintada de forma grotesca em nossos dias. A cruz de Cristo que outrora representava o perdão dos pecados e o acesso à Deus aos Seus filhos, hoje representa um amuleto que "basta pedir com fé" que acontece. O homem natural - que muitas vezes se diz "cristão" - tem em muitíssimos casos destronado o Senhor de Sua soberania e O colocado no banco dos réus para seu julgado à medida do homem imperfeito, pois não acredita nas Sagradas Escrituras, e sim em seu umbigo.

5. Porque amamos a Deus

Se não oramos e não buscamos a Deus de fato, não podemos dizer que o amamos de verdade. Seria o mesmo que dizer a nossas esposas e maridos que eles são a coisa mais preciosa que temos, embora poucas vezes passemos tempo ao lado dele ou dela. A verdade é que muitos de nós amam ter o conhecimento sobre Deus, amam saber mais sobre Sua vontade e sobre o que a Bíblia realmente quer dizer, mas não gostam e/ou não querem colocar em prática. Gostamos de ler dezenas de livros durante o ano, estudarmos em ritmo frenético e acumular o maior número possível de conhecimento em nosso cérebro, mas certamente não gostamos de nos despojar de nosso eu pecaminoso e botarmos em pratica aquilo que lemos e estudamos.

O Salmo 84 expressa a beleza de um coração renovado e que deleita-se no Senhor. O salmista "desfalece pelos átrios do SENHOR", tamanha é a vontade de estar com o Soberano. Também nos diz que "Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados", mostrando a todo o povo que a confiança no Senhor é o melhor que pode existir para o homem pecador.

Que Deus possa nos conceder a cada dia um coração desejoso por Sua Lei e por comunhão íntima com o Senhor dos Senhores. Que Seu filho amado seja a cada dia mais almejado por todos nós que buscamos crescer à estatura do varão perfeito. Que Seu Espírito Santo instrua-nos em amor, para que não oremos na obrigação, mas com o sincero desejo de ser transformado a cada manhã pelo Amado.

Amém.

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