quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Como Estudar Teologia? (parte 5 - Por Onde Começar?)


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É necessário, agora, que coloquemos os pés na trilha dos estudos, uma vez que já estamos amparados por alguns suportes e entendimentos necessários. Urge, assim, a mister tarefa do leitor compreender por onde deve começar seu estudo teológico, isto é, uma vez entendido os pressupostos, precisa estar cônscio de como e para onde deve se fixar, a fim de iniciar este tão grande e necessário dever.

Alguns pontos são de extrema relevância e o ajudarão.

1. Procure Cristo em todas as passagens da Bíblia

De nada adiantará estudar teologia se o alvo não for Cristo. "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Rm 11.36). A Bíblia nos diz que o "Filho [...] é imagem do Deus invisível" (Cl 1.13, 15). Cristo afirma ser "o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14.6). Noutro lugar, reitera ser Ele o preeminente também no Antigo Testamento: "São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos" (Lc 24.44; At 28.23).

Você precisará encontrar Cristo em cada capítulo e narrativa bíblica. Porém, como encontrar? É preciso ser alertado sobre o perigo de criar falsas analogias, ligando fatos que não podem ser provados textualmente, como, por exemplo, afirmar que os filhos de Jó que morreram era uma figura de Cristo que morreria por Seu povo - isto não é crível e não é o que o texto nos ensina. 

Por outro lado, existem figuras (chamamos de tipologia) que demonstram a obra vigária de Cristo, como o porquê de Davi não ter morrido ao adulterar com Bate-Seba, sendo que tal ato merecia a morte (Lv 20.10) - o motivo pelo qual não morreu, e sim o filho fruto do pecado, era para demonstrar que assim como nós deveríamos morrer por nossos pecados, Deus envia Seu filho para morrer por todos os Seus.

Outras inúmeras situações demonstram Cristo Jesus, como o fato de Ele ser chamado de sumo sacerdote (Hb 5.10), nos levando a sempre interpretar os falhos sumos sacerdotes como meios temporários, enquanto Cristo foi infalível e eterno; Cristo representando em Salomão e em toda sua sabedoria; Cristo nos profetas, nos salmos... 

Se ao estudar, seu alvo não for Cristo, peça sabedoria a Deus (Tg 1.5), pois sem ela você não poderá compreender a Escritura e os mistérios de Cristo.

2. Comece com os textos mais claros

Muito embora a Bíblia contenha versículos de difícil entendimento e ainda outros que não fazemos muita noção do que significaram e significam, ainda assim quando olhamos a partir de uma visão geral, vemos que outros versículos mais claros lançam luz sobre esses versículos de difícil compreensão. Essa lógica faz parte dos três pilares da interpretação bíblica, a saber: a) a Bíblia se auto-explica (ou, a Bíblia não pode se contradizer), b) partes mais claras das Escrituras iluminam as mais escuras e c) a analogia da fé (isto é, conectamos as partes da Escritura por meio da fé de que elas de fato são a palavra de Deus).

Muitas vezes o estudante deseja já compreender os mistérios da carta de Paulo aos coríntios ou se lança em textos como Cristo der descido ao inferno. Certamente são textos bíblicos e que precisam ser estudados, entretanto, "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu" (Ec 3.1). Não se lance em versículos mais difíceis - lembre-se que até o apóstolo Pedro falou acerca de Paulo escrever "pontos difíceis de entender" (2Pe 3.16)!

A Bíblia Sagrada pode ser vista como uma grande e maravilhosa praia. Nela existem locais para todos os que desejam ter prazer, alegria, instrução e admoestação. Ela possui a areia, onde os pequeninos podem ser instruídos na parte da observação e do contemplar a criação; possui a água rasa e com poucas ondas, onde os novos na fé podem se banhar com graça abundante, não se perdendo em assuntos mais extensos; possui também uma parte mais funda, onde pessoas mais experientes podem nadar e procurar por maior preenchimento do conhecimento; e a há também o profundo do oceano, onde aqueles que já passaram por lutas e dificuldades na vida cristã encontram tesouros inestimáveis e grande fonte de esperança.

Sem desejar ser redundante, comece, então, do princípio.

3. Primeiro estude as doutrinas principais

Algumas pessoas costumam se lançar em todas as doutrinas as mesmo tempo, querendo compreender o motivo das mulheres usarem a cobertura de cabelo no culto público (1Co 11), o porquê dos homens terem o dever de sustentar a sua casa (Gn 2.24), a razão pela qual os filhos devem ser instruídos na Lei do Senhor durante todo o dia (Dt 6.7), e com isso acabam perdendo o foco, pois não possuem os pressupostos básicos.

Veja que em nosso estudo estamos na parte 5 e somente agora iniciamos a fala sobre "por onde começar". Os quatro estudos anteriores eram os pressupostos para se compreender o restante. De forma idêntica, portanto, é o estudo teológico. Será impossível ou de extrema complicação desejar entender certas partes da Escritura sem compreender o que está calcando a doutrina. Deixe-me ilustrar.

Para você entender o motivo pelo qual o culto público da igreja deve ser regulado por somente aquilo que a Bíblia ordena ser feito (Dt 12.32), você precisará estudar as seguintes doutrinas: a) soberania de Deus; b) suficiência das Escrituras; c) teologia do pacto; d) a igreja e sua relação com o templo do Antigo Testamento; e) a necessidade de inspiração divina para compor os salmos; d) a instituição de presbíteros e diáconos; f) Cristo ter a preeminência no culto cristão, devendo as mulheres cobrirem seus cabelos (clique aqui para ler um estudo sobre isso); g) o dom de profecia; h) a ordem estabelecida por Deus; i) o quarto mandamento.

Veja, portanto, que muitas são as bases para alguém tomar o versículo de Dt 12.32 - "Tudo o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás" - e o usar para explicar como deve ser o culto segundo as Escrituras (clique aqui para ver um vídeo sobre isso).

Se concentre nas doutrinas principais, para, posteriormente, compreender as demais. Entre estas, destaco a soberania de Deus e a suficiência das Escrituras, pois todas as outras fluem destas. Não deixe de ver, também, os atributos de Deus.

4. Jamais creia que compreendeu a Escritura de modo suficiente

O autor de Eclesiastes assim diz: "Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr" (Ec 1.7). Se assim acontece com o mar, quanto mais deveria abundar em nosso coração! A palavra de Deus deve correr diariamente por nossa vida, sem, contudo, nos limitar. Não que devamos crer que a Palavra não é suficiente para nos completar - a isto somos instados em Ef 5.18, "enchei-vos do Espírito" -, mas, sim, que ela jamais será exaurida por nós.

Um dos primeiros textos pelos quais você pode iniciar é: "No princípio criou Deus o céu e a terra" (Gn 1.1). Quantas verdades piedosas você consegue enumerar a partir deste versículo da Escritura? Quantos pensamentos elevados lhe vêm à mente ao meditar sobre a soberania, poder, majestade e transcendência de Deus? Como Cristo se relaciona com o princípio, que, embora sendo Filho, existe deste a eternidade? Por que Deus criou o céu e a terra, sendo que Ele a nada é obrigado?

Queira o leitor se recordar das palavras de Cristo proferidas ao mestre Nicodemos, após questionar como poderia ser possível alguém nascer outra vez: "Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?" (Jo 3.10). Aquele homem fariseu havia sido instruído na Lei de Deus, conhecia as letras do Antigo Testamento, mas nunca havia compreendido a mensagem verdadeira. Acautele-se, portanto, para que o mesmo não aconteça com você.

Vá para a Escritura assim como clamou a mulher samaritana a Cristo: "Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede" (Jo 4.15).

5. Leia sobre a história da Igreja

Aos dois homens que iam para a aldeia de Emaús (Lc 24.13) e não compreendiam a obra de Cristo, o próprio se chegou a eles e lhes explicou todas as coisas que Dele se falavam. Mas como lhes ensinou? "E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Com respeito à humanidade de Cristo, Ele conhecia a história de Seu povo e o que as profecias testificavam de Si. Também Estevão, quando por ocasião de seu martírio, começou sua exposição ao contar a história do povo de Israel (At 7).

Conhecer a história da Igreja, isto é, o Antigo e Novo Testamentos, bem como tudo o que já se passou até os nossos dias, é de mui grande valia para não se incorrer nos mesmos erros e controvérsias já extirpados. Inúmeras heresias já foram debatidas e um sem número de erros já foram cometidos, de modo que conhecer os acontecimentos históricos, embora não tenham valor canônico, são importantíssimos para não os repetir e também para demonstrar que a doutrina pregada não é inovação de nossos tempos.

6. Acautele-se quanto aos novos movimentos

A Bíblia nos diz: "Abstende-vos de toda a aparência do mal" (1Ts 5.22) - como, entretanto, saber o que é mal? Nunca é saudável generalizar, porém, com grande certeza, neste caso podemos afirmar: todo movimento que advoga para si alguma "novidade" na história da igreja, deve ser encarado como possível erro e, portanto, precisa ser cuidadosamente analisado, de modo que o estudante de teologia não se deixa enveredar por "novas mídias" e "novas teologias".

Talvez você não saiba, mas o movimento chamado "pentecostal", não existia antes dos anos de 1800. Infelizmente muito do que se diz ser "desde sempre" - isto é, quase que um axioma cristão -, na verdade é invencionice bastante recente. Vemos, por exemplo, que os dons de línguas e as novas revelações do Espírito Santo vieram a ser enfatizadas com maior vigor somente no século passado (em 1906, com a reunião na rua Azuza, nos Estados Unidos). A doutrina do "arrebatamento secreto", segundo o Dr. Martyn Lloyd Jones, não surgiu no mundo senão depois de 1830. O sistema de "apelos" no culto, do tipo "venha para frente receber Jesus - faça uma oração e seja salvo", também teve sua maximização em Charles Finney (1792 - 1875).

Também vemos que muitas bíblicas editadas nos últimos tempos fazem quase que piada com o nome do Senhor, a ponto de serem tão simplórias que marginalizam toda a estrutura do texto e adulteram palavras de magnífica importância, quando não, são aquelas que fazem comentários inúteis e malignos ao texto divino (Bíblia Batalha Espiritual e Vitória Financeira, Bíblia de Estudo Pentecostal...).

A Bíblia também relata-nos que nem sempre podemos nos guiar pela maior quantidade de pessoas executantes de certos feitos, afinal, não é porque boa parte das igrejas tenha determinada prática, que isso signifique por si só que seja bíblico. A Bíblia nos mostra que a maioria muitas vezes esteve errada:

- A maioria esmagadora pereceu nas águas do dilúvio, Gn. 7;
- A maioria se rebelou contra Deus e Moisés em Êx. 32;
- A maioria se rebelou contra Deus e Moisés em Nm. 14;
- A maioria cultuava falsos deuses em Jz 2;
- A maioria desejou a morte de Jesus em Mt 27.23;
- A maioria é enganada pelo Anticristo, Mt 24; 2Ts 2.

Portanto, mantenha distância destes movimentos - os estude, evidente, mas mantenha tudo sob o crivo estrito da Escritura, de modo que você não seja levado por seus vãos pensamentos e enganoso coração (17.9).

7. Lembre-se de que pode haver apenas uma única verdade

Com grande clareza nos diz a Escritura que assim Cristo orou: "Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17). Nada, além da Verdade, está em Deus; e porque Deus não pode mentir (Tt 1.2), então toda a verdade provém somente do Senhor, afinal, o "diabo [...] Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira" (Jo 8.44). Isto significa dizer que quando você for ao estudo teológico e se deparar com as mais diferentes interpretações sobre a Escritura, seja em comentários ou conversar particulares, mantenha o foco sobre a necessidade de sustentar que a Bíblia Sagrada possui apenas e tão somente uma verdade sobre todas as doutrinas, de modo que mesmo encontrando diversas interpretações, ao fim, se elas foram conflitantes entre si (pois muitas vezes são complementares), você deve compreender que somente uma pode estar certa (ou nenhuma).

Este é um ponto importantíssimo, pois frequentemente tenho visto estudantes sustentando que existem muitas interpretações bíblicas - o que de fato não é uma inverdade -, mas assim se reportando no sentido de que Deus é passível de ser interpretado de múltiplas formas, como se nisso consistisse a beleza do evangelho!

A própria Escritura revela que o Senhor mantém uma verdade indivisível: "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1.17 - grifo do autor).

8. Entenda como Bíblia está organizada

Muitos estudantes, possivelmente, não entendem a maneira pela qual a Bíblia está organizada, fazendo com que tenham severas dificuldades em ir diretamente ao livro que traz a resposta ou donde adveio a citação. Por exemplo, se você precisasse procurar por narrativas sobre os reis do Antigo Testamento, em quais livros abria? Certamente que você não começaria com Provérbios ou Cântico dos Cânticos, e sim os dois livros de Reis, assim como ambas as Crônicas. E se precisasse encontrar aquele versículo sobre Cristo testificando que a Lei, os profetas e os salmos falam dele? Evidente que recorria a um dos evangelhos, não é mesmo? (Lc 24.27, 44)

É mister a compreensão de que estudar teologia não significa, sempre, ter um livro teológico na cabeceira da cama. Antes de qualquer coisa, estudar teologia é ler a Palavra de Deus como tal e para isso será necessário entender como ela está disposta, de maneira que você seja apto, como o apóstolo ordena a Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2Tm 2.15 - grifo do autor). Também o Pedro afirma: "estai sempre preparados para responder com mansidão .e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós" (1Pe 3.15 - grifo do autor).

Como já pudemos ver, esta razão só poderá ser explicada mediante a própria Escritura, razão pela qual é um dever imperioso conhecer, excelentemente, bem a Escritura.

9. Analise quem são os autores dos livros de teologia

Lembro-me das primeiras vezes em que entrava em livrarias evangélicas, contemplava todos os livros e pensava: "como posso saber quais livros são biblicamente saudáveis?". A verdade é que com o passar do tempo, fui aprendendo a não olhar para o título do livro - apenas -, e sim para o autor e respectiva editora. Muitos livros possuem ótimos títulos, entretanto, foram escritos por homens perversos e que em nada acrescentam à sã doutrina.

Jesus salienta: "Vede, pois, como ouvis" (Lc 8.18). Assim como aqueles homens precisam atentar corretamente para como ouviam a mensagem, também é de grande monta buscar saber mais sobre a vida dos autores do livros: ele se formou em algum seminário?; quais suas referências? quem fez o prefácio do livro? quem ele cita durante sua obra? qual sua "linha teológica"?

O salmista afirma: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores" (Sl 1.1). Desta forma, também não devemos ter a companhia, ainda que "a distância", de homens mundanos e que proferem má teologia. Não que não os possamos ler para aprender sobre a má teologia, tendo em vista a refutação da mesma, porém, é necessário que averiguemos mui bem quais serão os guias e parceiros de nossos estudos.

Entenda, portanto, que é um grave pecado tomar maus autores e os ler, como se simplesmente por um livro estar na categoria de "cristão", seja de fato coerente. Lembre-se do alerta: "Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova" (Mt 15.14).

10. Conheça o contexto bíblico

Você já deve ter se deparado com a leitura de algum livro, onde ao folhar as páginas, grandes dificuldades lhe vêm à mente, uma vez que se torna muito difícil compreender em que momento ou que pressupostos o autor está se utilizando para registrar e dialogar com o leitor.

Por exemplo, o seguinte versículo: "Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2Co 3.17). Como entender o ensino que está por detrás dele? Ora, é preciso recordar que a Bíblia Sagrada não foi escrita em capítulos e versículos, fazendo com que o cristão deva ler toda a Escritura, a fim de a entender, e especialmente ler todo o livro bíblico no qual está engajado. Após fazer isso, o estudante poderá compreender que a liberdade da qual o apóstolo fala, nada tem a ver com viver livremente, não sendo mais guiado pela Lei de Deus, mas, sim, que Cristo é o verdadeiro culminar da Lei, fazendo com que agora, os crentes, possam ouvir a Lei e compreender que o seu fim é Cristo (Rm 10.4).

Portanto, lembre-se de que sempre há um contexto, um conjunto maior de versículos que explica a própria Escritura. Cuidado, porém, para não justificar certas omissões com base em suposto contexto, ou seja, tenha por certo que o contexto explica a Escritura, e não anula a sua aplicação para nós.

3 comentários:

  1. Mas e a parte 6? Estou querendo essa parte que está faltando pra mim!

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  2. Amados irmãos, falta a parte 6 para completar o estudo de teologia.
    Euzébio.

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    Respostas
    1. Agradeço o carinho! Uma hora dessas escreverei a parte 6. Confesso-te que me falta inspiração.

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