Texto por
Filipe Luiz C. Machado
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Dos muitos fenômenos que nos rodeiam, um em especial tem me chamado à atenção: A inversão de valores. Certamente os valores que temos atualmente não existiram desde sempre, tampouco são dignos de total apreciação; pelo contrário, muitos deles quando submetidos ao crivo da crítica e da saudável exegese, se mostram mesquinhos e sem real valor.
Interessante é notarmos essa inversão de valores no que diz respeito ao que se valoriza hoje em dia. Nos tempos antigos (e não precisamos voltar tanto assim) as pessoas que viviam em suas casas de madeira, plantavam e cultivavam para sua sobrevivência, tratavam a natureza como sendo sua fonte de sustento, eram pessoas tidas por normais. Nada havia de anormal em se ter uma lagoa à beira da casa, alguns animais para se criar, um campo para se roçar e outras coisas que envolviam suas vidas. Pouco importava para esses cidadãos se as suas roupas eram feitas de linho egípcio ou de lã do vizinho. O essencial era que precisam de algo para se cobrir e lhes proteger do frio, apenas isso. Neste quesito, tendo o que vestir, bastava-lhes.
Já na sociedade atual, temos uma completa inversão de valores! Hoje em dia ter uma fazenda com casa de madeira e criação de peixes virou sinônimo de riqueza. Apenas os ricos é que conseguem ter um sítio e desfrutar de tal "paz" e "simplicidade", mesmo que sejam pouquíssimas as vezes em que eles estarão nessa propriedade. A moradia e estilo de vida simples, outrora tidas por normais, viraram artigo de luxo! Que reviravolta! Enquanto apenas os ricos de hoje tem a possibilidade de desfrutarem momentaneamente da vida em meio à natureza (salvo alguns remanescentes que ficaram no campo), os menos favorecidos financeiramente tem que se submeter à industrias, rotinas severas de trabalho, baterem cartão na empresa do dono da fazenda, pagarem um absurdo de aluguel por um micro-apartamento (que também é do dono da fazenda) na periferia da cidade e ao mesmo tempo, tentarem ser felizes por serem "pobres, porém modernos cidadãos da cidade grande".
Paremos para pensar: Quem são aqueles que atualmente moram "no meio do mato", não tem televisão, celular, internet, o carro do ano e outras quinquilharias da pós-modernidade? Não são os chamados "caboclos", "velhos", "pessoas sem cultura", "desinteressados pela tecnologia"? Mas por que é que tratamos com tamanho desdém esses que outrora foram pessoas tidas por normais? Será realmente que são eles que estão errados, que estão atrasados no tempo, que são sem-cultura, ou somos nós, cidadãos da cidade grande e apreciadores da modernidade que carecemos da vida pura e simples? Acaso a beleza está naquilo que projetamos ser belo ou nas coisas em que não percebemos seu valor? Por que tamanha dificuldade em conseguirmos captar a beleza da simplicidade?
Creio que um dos motivos para essa grotesca inversão de valores ter acontecido, foi que devido ao fato de ter-se acontecido o êxodo do campo para a cidade, foi-se progressivamente instaurando uma mentalidade de que "aqueles que ficam para trás, que não seguem o rumo da maioria, estão parados no tempo", e mais: aqueles que estão na cidade e não acompanham seu ritmo, também estão "a ver navios" enquanto a sociedade (teoricamente) marcha rumo à sua glória. Essa inversão tornou a simplicidade um modo de vida "do passado" e levou-nos a buscar a vida do "futuro". Nascemos, somos criados, crescemos, trabalhamos, casamos, separamos, procuramos novas oportunidades, alçamos grandes projetos, tudo buscando um único, inútil e passageiríssimo fim: O prazer. O prazer de ser ter o carro da ano, de poder-se deitar na cama com o revestimento em tecido desenvolvido pela NASA, de comprar uma casa maior e melhor, um apartamento à beira-mar, a melhor televisão disponível no mercado... Porém, faz-se necessário analisar para onde esse "prazer" oferecido pelo Mercado tem nos levado.
Nunca se teve tantos diagnósticos de depressão e desânimo para com a vida atual. Jamais houve tempo onde as pessoas tiveram tantos bens materiais e ao mesmo tempo foram tão infelizes! Recentemente li em uma revista onde a reportagem de capa era: "Nunca fomos tão felizes!". Li e fiquei-me indagando como que é possível tanta felicidade e tanta angústia ao mesmo tempo. Como podem afirmar que nunca foram tão felizes e ao mesmo tempo lotarem os consultórios psiquiátricos?! Que contradição! Por que precisamos de 10 camisas pólo, 15 camisetas de malha, 8 camisas sociais, 5 calças jeans, 4 casacos de lã, 3 tipos de perfume, 6 cobertas, 3 computadores, 2 celulares...? (a lista é apenas hipotética) Há alguma necessidade verdadeira em se ter tantos volumes da mesma mercadoria? Por que precisamos ficar trocando de celular a cada ano? A ligação não é a mesma? A pessoa com quem falamos não continua nos escutando do mesmo jeito? Pensamos porém: "Não! Eu preciso de nova tecnologia. Preciso estar de acordo com as novas descobertas, afinal, preciso estar por dentro das novidades. Não posso parecer um 'et' em meio a sociedade".
Meu desejo é que possamos questionar o modo pelo qual temos andado e finalmente acordarmos para a verdadeira vida. Despertarmos de nosso coma vivencial e passarmos a analisar o porquê de certas coisas serem feitas, o porquê de termos que agir conforme o "sistema", o porquê de não retornarmos à uma vida simples. Com isso, não estou querendo dizer que devemos vender nossas casas da cidade e nos mudarmos para o campo. De nada adiantaria mudarmos nossas posições geográficas se nossos corações permanecem os mesmos.
A verdadeira felicidade não está em se possuir algo, mas em se contemplar a beleza da simplicidade.
Que Deus nos abençoe.
Filipe Luiz C. Machado
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Dos muitos fenômenos que nos rodeiam, um em especial tem me chamado à atenção: A inversão de valores. Certamente os valores que temos atualmente não existiram desde sempre, tampouco são dignos de total apreciação; pelo contrário, muitos deles quando submetidos ao crivo da crítica e da saudável exegese, se mostram mesquinhos e sem real valor.
Interessante é notarmos essa inversão de valores no que diz respeito ao que se valoriza hoje em dia. Nos tempos antigos (e não precisamos voltar tanto assim) as pessoas que viviam em suas casas de madeira, plantavam e cultivavam para sua sobrevivência, tratavam a natureza como sendo sua fonte de sustento, eram pessoas tidas por normais. Nada havia de anormal em se ter uma lagoa à beira da casa, alguns animais para se criar, um campo para se roçar e outras coisas que envolviam suas vidas. Pouco importava para esses cidadãos se as suas roupas eram feitas de linho egípcio ou de lã do vizinho. O essencial era que precisam de algo para se cobrir e lhes proteger do frio, apenas isso. Neste quesito, tendo o que vestir, bastava-lhes.
Já na sociedade atual, temos uma completa inversão de valores! Hoje em dia ter uma fazenda com casa de madeira e criação de peixes virou sinônimo de riqueza. Apenas os ricos é que conseguem ter um sítio e desfrutar de tal "paz" e "simplicidade", mesmo que sejam pouquíssimas as vezes em que eles estarão nessa propriedade. A moradia e estilo de vida simples, outrora tidas por normais, viraram artigo de luxo! Que reviravolta! Enquanto apenas os ricos de hoje tem a possibilidade de desfrutarem momentaneamente da vida em meio à natureza (salvo alguns remanescentes que ficaram no campo), os menos favorecidos financeiramente tem que se submeter à industrias, rotinas severas de trabalho, baterem cartão na empresa do dono da fazenda, pagarem um absurdo de aluguel por um micro-apartamento (que também é do dono da fazenda) na periferia da cidade e ao mesmo tempo, tentarem ser felizes por serem "pobres, porém modernos cidadãos da cidade grande".
Paremos para pensar: Quem são aqueles que atualmente moram "no meio do mato", não tem televisão, celular, internet, o carro do ano e outras quinquilharias da pós-modernidade? Não são os chamados "caboclos", "velhos", "pessoas sem cultura", "desinteressados pela tecnologia"? Mas por que é que tratamos com tamanho desdém esses que outrora foram pessoas tidas por normais? Será realmente que são eles que estão errados, que estão atrasados no tempo, que são sem-cultura, ou somos nós, cidadãos da cidade grande e apreciadores da modernidade que carecemos da vida pura e simples? Acaso a beleza está naquilo que projetamos ser belo ou nas coisas em que não percebemos seu valor? Por que tamanha dificuldade em conseguirmos captar a beleza da simplicidade?
Creio que um dos motivos para essa grotesca inversão de valores ter acontecido, foi que devido ao fato de ter-se acontecido o êxodo do campo para a cidade, foi-se progressivamente instaurando uma mentalidade de que "aqueles que ficam para trás, que não seguem o rumo da maioria, estão parados no tempo", e mais: aqueles que estão na cidade e não acompanham seu ritmo, também estão "a ver navios" enquanto a sociedade (teoricamente) marcha rumo à sua glória. Essa inversão tornou a simplicidade um modo de vida "do passado" e levou-nos a buscar a vida do "futuro". Nascemos, somos criados, crescemos, trabalhamos, casamos, separamos, procuramos novas oportunidades, alçamos grandes projetos, tudo buscando um único, inútil e passageiríssimo fim: O prazer. O prazer de ser ter o carro da ano, de poder-se deitar na cama com o revestimento em tecido desenvolvido pela NASA, de comprar uma casa maior e melhor, um apartamento à beira-mar, a melhor televisão disponível no mercado... Porém, faz-se necessário analisar para onde esse "prazer" oferecido pelo Mercado tem nos levado.
Nunca se teve tantos diagnósticos de depressão e desânimo para com a vida atual. Jamais houve tempo onde as pessoas tiveram tantos bens materiais e ao mesmo tempo foram tão infelizes! Recentemente li em uma revista onde a reportagem de capa era: "Nunca fomos tão felizes!". Li e fiquei-me indagando como que é possível tanta felicidade e tanta angústia ao mesmo tempo. Como podem afirmar que nunca foram tão felizes e ao mesmo tempo lotarem os consultórios psiquiátricos?! Que contradição! Por que precisamos de 10 camisas pólo, 15 camisetas de malha, 8 camisas sociais, 5 calças jeans, 4 casacos de lã, 3 tipos de perfume, 6 cobertas, 3 computadores, 2 celulares...? (a lista é apenas hipotética) Há alguma necessidade verdadeira em se ter tantos volumes da mesma mercadoria? Por que precisamos ficar trocando de celular a cada ano? A ligação não é a mesma? A pessoa com quem falamos não continua nos escutando do mesmo jeito? Pensamos porém: "Não! Eu preciso de nova tecnologia. Preciso estar de acordo com as novas descobertas, afinal, preciso estar por dentro das novidades. Não posso parecer um 'et' em meio a sociedade".
Meu desejo é que possamos questionar o modo pelo qual temos andado e finalmente acordarmos para a verdadeira vida. Despertarmos de nosso coma vivencial e passarmos a analisar o porquê de certas coisas serem feitas, o porquê de termos que agir conforme o "sistema", o porquê de não retornarmos à uma vida simples. Com isso, não estou querendo dizer que devemos vender nossas casas da cidade e nos mudarmos para o campo. De nada adiantaria mudarmos nossas posições geográficas se nossos corações permanecem os mesmos.
A verdadeira felicidade não está em se possuir algo, mas em se contemplar a beleza da simplicidade.
Que Deus nos abençoe.
A mordenidade já chegou a
ResponderExcluiro campo antes eramos chamados de matutos por que viviamos no meio rural com chegada da energia trosse o conforto para o campo da vida urbana pena que esse envestimento chegou tarde quando o êxido rural já era uma realidade, realidade essa que é o a busca por uma vida melho de comforto que muitas vezes é o contrario por que aqueles menimo pagato virou um cidadão armado um viciado emfim tudo que a sociedade do comsumismo nos oferese. sou a favor de uma vida digna onde o cidadão possa viver independente e ter algo que é funsdamental para se viver paz saúde e amor.
Bom devemos olha explo de outras histórias sempre outro lado da moeda hoje vivemos mundo transitório capitalimo da sustentação mídia eletrônico causando por isatifacao a onde muito buscar coisa que não agrega cultura disciplina comdutria e doutrina loguitividade Caminha de vida +amor Masso de coração
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