Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus (1 Coríntios 1:18).
O meio escolhido e indicado por Deus de comunicar o evangelho glorioso é a proclamação, ou seja, por meio de palavras. Toda a evangelização do Novo Testamento foi através de palavras, seja pela pregação, testemunho pessoal, ou por escritos. O mundo daqueles dias era cheio de arte dramática e simbolismo cultual, mas os mensageiros do Calvário se mantiveram indiferentes a tudo isso e trabalharam com palavras.
“Como ouvirão”, pergunta o apóstolo Paulo em Romanos 10, “se não há quem pregue?” Ele não diz: “Como ouvirão” se não há um ator, ou uma banda de músicos, ou um grupo de debate? A comunicação do evangelho deve ser com palavras dirigidas à mente. Isto requer um discurso racional, quer seja proferido em um grande auditório ou numa reunião doméstica.
O método da proclamação – particularmente a pregação – está sob ataque hoje nos círculos evangélicos. Quase todos os últimos livros a respeito de crescimento da igreja lançam para longe a primazia da pregação, e quando é usada fazem um uso tênue da Palavra de Deus, como modelo e fonte providos por Ele. Os promotores dos assim chamados “cultos de libertação”, embora usem certa medida de pregação, tendem a vê-la apenas como um componente dentro de uma elaborada mistura de métodos.
Alguns escritores têm preparado listas de métodos a fim de mostrar a eficiência comparativa de diferentes meios, e a pregação sempre aparece em último lugar ou próximo dele. Eles dizem que, quando as pessoas são testadas a fim de se saber o quanto elas lembram da pregação, de um debate, de uma representação dramática, de peças, de uma apresentação de vídeo, a pregação recebe a menor pontuação no grau de eficiência. É dito que ela vem em último lugar em termos de compreensão, apreensão e força persuasiva. Esses “testes”, contudo, nunca são científicos e são realizados em circunstâncias onde a pregação é uma experiência pobre, e feita por autores que já têm resultados pré-concebidos. Todavia, a lama jogada na pregação tende a aderir.
A ruína da proclamação direta é extremamente perigosa num momento em que os servos de Deus lutam com resultados tão pequenos, devido à predominância do ateísmo e materialismo. Num tempo assim, é tentador achar que alguma outra coisa além da pregação possa ser feita. O que há de bom, podemos pensar, em pregar semana após semana quando não estamos atingindo as massas?
Estamos vulneráveis àqueles que dizem: “Vocês têm enfatizado demais a pregação. Vocês deveriam fazer outras coisas. Deveriam se juntar ao movimento contemporâneo de culto. Vocês deveriam trazer as baterias para a plataforma durante o culto evangelístico, introduzir dramatizações, usar jeans, reduzir o discurso a dez minutos e separarem-se em grupos de debate. Vocês deveriam fazer alguma coisa além de proclamar”.
A resistência ao evangelho é tão grande que a natureza humana começa a esmorecer, e os métodos tradicionais estão em perigo. Homens de boa vontade e totalmente comprometidos têm se dobrado ao clamor por métodos contemporâneos para alcançar os perdidos, por causa da dureza de nossos dias.
Um tempo para esclarecer
Este é um tempo para fortalecer nossa confiança nos métodos apontados por Deus. Se um método de propagar o evangelho não é através da proclamação, não é o que o Senhor ordena e deseja. Isso simplesmente não é bíblico e, certamente, obediência é o dever maior e mais sábio dos servos de Deus (I Sm 15:23) em qualquer época e, especialmente, numa época de crescente apostasia.
Por que deveríamos pensar que o discurso é relativamente inútil e inadequado, quando ele tem sido tão poderosamente usado e comprovado por vinte séculos de história da igreja? (Rm 10:17). Por que os advogados do rock e drama cristãos têm tal visão preconceituosa da palavra falada? Será, talvez (em muitos casos), porque eles não podem pregar – e não estão realmente equipados nem são chamados por Deus? Ou porque eles têm seguido um estilo de pregação impróprio? Ou será que estão revelando seus verdadeiros gostos como “cristãos” mundanos? Ou eles carecem de fé no poder da Palavra de Deus quando assistida pelo Espírito Santo? Eles não percebem que atrair as multidões e ensiná-las através de material utilizado para diversão acoplado a um arrependimento “light” apenas encherá as igrejas com pessoas que fazem profissão de fé superficiais e enganosas – a “madeira, feno e palha” da famosa advertência de Paulo aos edificadores de igrejas? (1 Co 3:12).
Palavras são tudo no evangelismo. Tome a Palavra de Deus. São palavras! É Deus falando a nós. O Velho Testamento certamente usa símbolos, e tem uma ou duas representações dramáticas em miniatura, mas o roteiro era todo escrito por Deus, as “representações” extremamente curtas, e pretendiam ser nada mais que ilustrações aos sermões ou profecias. Mesmo assim eram tremendamente sérias, nunca o tipo de esquete-comédia adotada pela brigada “seeker-sensitive”[1] de hoje, destinada a alcançar as pessoas pelo riso (fazendo-as morrer de rir).
É claro que nós acreditamos no uso de ilustrações em nossas mensagens e recursos visuais para os jovens, mas o veículo supremo da comunicação é a palavra dirigida de forma direta, pois este é o método exclusivo de Deus para fazer conhecida Sua graça (1 Co 2:4).
Por que não ter drama? O que há de errado com ele? Nós já enfatizamos que ele não faz parte do projeto do Novo Testamento e não é difícil ver por quê (Mt 28:20).
Conquanto o drama pode ser poderosamente cativante e influente no mundo secular, ele é, infelizmente um veículo inadequado e impróprio para a apresentação da verdade do evangelho, sendo primariamente entretenimento, e não um desafio direto e claro à mente. Ele apela principalmente às emoções e raramente por um longo período de tempo. Na mente do espectador ele está mais intimamente associado à ficção, ou faz-de-conta e esta característica prevalece quando é aplicado à obra do evangelho, flutuando como uma névoa perante os olhos de um auditório.
Se o drama apresenta um caso ou argumentação, deve fazê-lo numa situação artificialmente imaginada. Não pode facilmente comparar e contrastar pontos de vista ou discutir a questão e, tão logo tente fazê-lo, tornar-se-á mais enfadonho do que o falar direto jamais o será.
Acima de tudo, ele distorce a realidade. A variedade de personagens inevitavelmente obscurece qualquer mensagem, pois suas próprias personalidades e habilidades agradarão ou repelirão os espectadores (At 1:8). Se estes forem atraídos pelos personagens, inconscientemente estarão dispostos a aprovar seu ponto de vista ou “mensagem”, o que é meramente uma forma sutil de manipulação emocional e não um apelo verdadeiro à mente (Rm 12:1).
Apenas um mínimo de informação real pode ser transmitido pelo drama, talvez no máximo dois ou três pontos significantes e simples. É ineficiente, inapropriado, corre-se o risco de fraude emocional, não pode efetivamente discutir a questão e não é o método que foi designado. Ele com certeza falha em direcionar o espectador, tanto em atraí-lo para Deus quanto em mantê-lo diante d’Ele em juízo (2Co 2:15-17).
O drama inevitavelmente esvaziará a mensagem da real convicção moral. Algumas pessoas vão ao cinema ou ao teatro para um bom choro e são impressionados visualmente por minutos, talvez mesmo uma ou duas horas, mas é a nível emocional e geralmente não tem nenhum efeito duradouro. Na Bíblia as “ilustrações” estão sempre à serviço da proclamação, e este é o método que devemos manter (2 Sm 12:1-7; Jo 10:11,14).
Ilustrações do Senhor
Quanto às representações dramáticas que incluem ilustrações de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, alguém pode pensar que algum crente bíblico poderia prontamente entender que isso não pode ser feito sem desfigurar o Senhor. Como se pode ilustrar dignamente, senão com palavras, a Pessoa, a vida e o coração do Salvador do mundo? (Cl 1:15).
Alguém pode dizer: “Mas um filme sobre Jesus não é cheio de palavras?” Certamente tem palavras, mas também tem atores, espetáculo e impacto dramático, prendendo a atenção do espectador e suscitando solidariedade humana acima do entendimento espiritual. Um ator toma o lugar do Senhor (muito provavelmente violando o segundo mandamento) e os pontos vitais das doutrinas do evangelho não são ampliados, explicados e aplicados – sendo este o trabalho verdadeiramente representativo da comunicação compreensiva.
Vamos rever algumas das qualidades superiores da proclamação direta contrastando-a com alguns dos novos métodos e inovações.
Primeiro, com palavras diretas na pregação ou testemunho, o Deus Todo-Poderoso está sempre à vista. Ele está sempre lá. Há sempre referência a Ele. A mensagem é claramente sua, pois ela é trazida de sua Palavra, enquanto que nos métodos não-proclamativos de apresentação Deus é um tanto obscurecido, sejam discussões que se desviam tropeçando nos fragmentos da opinião humana, sejam músicas de estilo-entretenimento, seja o drama. Apenas com a proclamação direta Deus é sempre o objetivo e propósito supremo e a fonte inerrante da mensagem (Rm 1:16).
Este é o ponto por trás da tradição de se ter uma enorme Bíblia no púlpito. Nossos ancestrais tinham grandes Bíblias por princípio, para que todos pudessem ver a fonte da mensagem e a autoridade por trás dela. Nos tempos antigos o evangelista viajante alcançava o mesmo efeito ao segurar a Bíblia firmemente em sua mão, apontando seu dedo e dizendo: “A Bíblia diz! ... A Bíblia diz!”
Se o proclamador faz seu trabalho a partir de um púlpito grande ou de uma Bíblia de bolso, Deus é sempre a fonte, autoridade e objetivo.
Segundo, a proclamação, como nada mais, nos capacita a transmitir o espírito no qual Deus dá esta mensagem. Ele pode ser expresso com paixão, com comiseração, e com súplica urgente. O drama transmite e evoca sentimentos, mas o sentimento expresso entre os personagens ou evocado pelo impacto de uma situação, não a atitude e o coração de Deus para com pecadores. Apenas o discurso direto em Seu nome pode transmitir algum sentido disso. Não deixe ninguém denegrir a pregação direta ou o ensino da escola dominical, pois somente eles trazem o coração de Deus aos ouvintes.
Terceiro, apenas a proclamação direta persuade a mente livre, racional (2 Tm 3:16). É verdade que a pregação pode explorar a manipulação emocional. O orador pode contar dramalhões e fazer sua voz variar dos tons trêmulos a explosões de sons, agitando os sentimentos. Mas, se os truques teatrais excessivos forem evitados, o discurso direto direciona a responsável (embora decaída) faculdade pensante ao desafiá-la e persuadi-la.
O ouvinte não é influenciado por coisas estranhas. Ele não é hipnotizado sob o poder da coerção, de músicas rítmicas, ou projetado em um transe emocional por algo que o move a nível carnal. Ele ouve palavras claras e sua mente (do ponto de vista humano) não está sob qualquer coerção. Ele ouve uma mensagem clara, expressa com paixão mas sem manipulação e, conforme o mover do Espírito, sua resposta será genuína. Se ele rejeita essa mensagem direta, Deus será justo em julgá-lo.
Quarto, a proclamação permite para que o “tom” da comunicação seja correto de uma outra forma. Esta mensagem é séria. É uma questão de vida ou morte. Tem a ver com a eternidade. Como nada mais, a pregação pode conseguir o tom certo. A proclamação direta, embora possa ter momentos de humor, fornece autoridade intrínseca, reverência a Deus e seriedade (Hb 12:29).
Nós já observamos que o drama está associado com divertimento, e por isso não pode obter o tom certo. Com o drama o auditório é transportado à região da irrealidade desde o princípio. Com música estilo-entretenimento o ouvinte é o “consumidor”, e os cantores e instrumentistas os artistas cujo trabalho é agradar (Gl 1:10). No caso dos grupos de debate, a todo membro é erroneamente conferido o direito de determinar o que é Verdade pois eles são reunidos para ensinar uns aos outros, e para chegar à Verdade entre si. Eles são a fonte da Verdade. Eles estão todo-importantes. Onde está, aqui, a humildade necessária para ouvir o evangelho, e onde estão a autoridade e seriedade da Verdade? Apenas a proclamação possui a capacidade de nos preservá-las.
Quinto, (estendendo a questão anterior), nada tem poder convincente como a proclamação direta. Esta mensagem é acerca dos grandes assuntos da alma. Diz respeito ao reto juízo de Deus e a possibilidade de uma chance de escape através do Seu amor maravilhoso e perdão surpreendente. É sobre grande culpa e profunda necessidade. A proclamação direta, abençoada pelo Espírito, é o veículo exclusivo para prender e convencer a alma (1 Co 1:21). A metodologia de entretenimento, do tipo “pega leve”, e os círculos de cultos de libertação, jamais conhecem algo assim. No fim, eles têm que voltar aos truques carismáticos, tais como desabar no Espírito, induzidas por primitivas hipnoses de massa, como substituto para a convicção do coração.
APRENDENDO COM OS ARAUTOS DOS TEMPOS BÍBLICOS
Paulo diz duas vezes que ele foi ordenado um pregador, e isto é de grande importância.[2] No grego ele usa a palavra arauto. As características de um arauto nos tempos bíblicos são de um significado imenso. No mundo antigo não era permitido que um arauto fizesse qualquer coisa por sua própria iniciativa. Ele devia se manter estritamente no seu texto.
Os arautos eram freqüentemente enviados como mensageiros numa guerra a uma capital ou a um campo inimigo, mas eles nunca eram negociadores. Eles cumpriam suas ordens entregando sua mensagem e retornando com a resposta.
Paulo usa o termo “arauto” porque estes deveres refletem perfeitamente o ofício verdadeiramente limitado de um pregador cristão que não é chamado para inventar novos métodos de comunicação para cada época, mas para honrar e pôr em prática aqueles que foram estabelecidos no Novo Testamento (2 Co 5:20).
O termo arauto também descreve aquele que proclamava nas cidades qualquer mensagem que lhe fosse dada. Ele não podia mudar o anúncio nem a data. Similarmente, não é da nossa competência modificar a mensagem ou o método. Nós devemos trabalhar dentro dos limites que nos são indicados e é isto que está sendo esquecido hoje. Nossa energia e iniciativa devem ser empregados para levar as pessoas e os jovens da escola dominical a ouvir a proclamação, e não substituí-la com divertimento.
Paulo diz que ele não pregava o evangelho – “com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo” (1 Co 1:17). Ele não quer dizer que os pregadores não podem usar argumentos, pois ele mesmo os usava. Sua própria pregação era sabiamente dirigida, expondo a tolice de se dedicar a este mundo e estabelecendo a necessidade de se voltar para Cristo a fim de ser salvo. Contudo, ele nunca misturou evangelismo com sabedoria humana, empregando filosofia grega para deleitar os ouvidos dos intelectuais numa tentativa de fazer sua mensagem mais atrativa a eles. Ele nunca misturou a mensagem com o que eles queriam ouvir (2 Tm 4:3).
É inconcebível que o apóstolo, se estivesse vivo hoje, dissesse: “A proclamação do evangelho não é popular, por isso eu irei misturá-la não com filosofia grega, mas com a apresentação de uma banda de rock que recomendará a si mesma às pessoas. Então eu reduzirei a mensagem drasticamente para dar lugar às peças de drama, pois eles não querem ouvir nada sério”.
Se for filosofia grega ou som de bateria, é tudo a mesma coisa: a mistura da mensagem da Palavra com algo preferido pela sociedade perdida, de modo que possamos evitar a ofensa da cruz. Isto é o que Paulo, inspirado pelo Espírito, claramente condena (Cl 2:23).
Apenas as palavras podem confrontar
Quando nós proclamamos a cruz de Cristo, temos muito a fazer. Nós devemos apresentar a necessidade da cruz, a santidade de Deus, a Queda do homem, a Pessoa de Cristo e o que realmente aconteceu naquela cruz. Devemos também expor o vazio e a futilidade de uma vida sem Deus, os benefícios da salvação, os méritos salvíficos exclusivos da cruz e a tragédia de uma eternidade perdida (At 20:27). Mas apenas as palavras podem adequadamente explicar estes assuntos à mentes racionais, informando-as dos detalhes e atitudes desafiantes de modo que o Espírito Santo pode usar. Unicamente palavras podem comunicar, persuadir e advertir de um modo convincente, desafiador e que apela. Apenas as palavras têm o suporte das promessas das Escrituras de serem instrumento. Não é possível este trabalho tão elevado ser feito por meio de diversão musical ou através de peças teatrais (por intermédio da ficção).
Nós apelamos aos pregadores e líderes das igrejas que não se rendam às novas experiências da comunicação (1 Tm 4:6). Lembrem-se que as pessoas que começaram essas tendências são pessoas que apresentam uma noção mais fraca de conversão e da vida cristã a fim de reter um grau considerável de mundanismo.
Esses “evangelistas” buscam apenas um estilo de vida mediocremente são. O que eles promovem é um novo sincretismo (1 Re 12:28-33) – Deus e as riquezas; Cristo e o mundo – e eles têm provado que isto é extremamente popular. São essas pessoas que inventaram a síndrome da novidade, os métodos e inventos não-proclamativos.
Não imagine que isso é meramente uma coisa de geração. As tendências de hoje marcam uma divisão deliberada do cristianismo que chama as pessoas do pecado e mundanismo para uma conversão radical, forjada pelo Espírito Santo. Obreiros cristãos genuínos não devem cair num sistema projetado por obreiros duvidosos (1 Tm 4:16).
Encontramos, primeiro, essas alternativas para a proclamação (em grande escala) no fim dos anos 60, quando a Cruzada do Campo lançou seu original “Quatro Leis Espirituais”. Certamente, havia obreiros do Campo que eram pessoas piedosas e cujos esforços evangelísticos foram bem maiores do que seu roteiro oficial, mas o roteiro que eles deviam seguir encurtou lamentavelmente a mensagem do evangelho.
Divertimento com grandes bandas de música brigava com testemunhos do tipo “show-bizz” e mensagens ultra-curtas apontando para um desafio a um evangelho tragicamente diminuído. Os leitores podem lembrar a linha geral: “Deus tem um plano maravilhoso para sua vida”. “Deus está cheio de sorrisos e pronto para abençoar, mas”, diz o roteiro (de fato), “há apenas um pequeno problema no caminho. Antes que você possa ser abençoado, você precisa tirar do caminho esta pequena questão do arrependimento. Felizmente, isto pode ser feito com uma frase curta, e então você pode seguir adiante para o passo seguinte, que é mais legal” (1 Re 22:5-8).
Nós estamos, claro, parodiando a fórmula do Campo, mas ele certamente minimizava as questões, não alcançando qualquer convicção real. Isto é precisamente o que está acontecendo com a maioria daqueles que agora promovem o drama e o divertimento como uma alternativa para o desafio direto da proclamação. Eles não querem o caráter convincente e o poder da mensagem autêntica.
Apesar de tudo o que temos dito sobre a superioridade da proclamação direta, o poder não é inerente, mas é obra do Espírito. O fato de pregarmos não é garantia de bênção e o apóstolo expressa isso francamente: “A palavra da cruz é loucura para os que perecem” (1 Co 1:18). Incontáveis pessoas irão reagir com escárnio. Elas entenderão, mas acharão que é ridículo e loucura fazer-lhes essas propostas.
Eles dirão a si mesmos: “Eu não aceito que eu seja um pecador condenado. E se eu me voltar para este Salvador, eu vou perder meu direito de dirigir minha própria vida e fazer o que eu quero. Terei que me conformar a novos padrões, e muitas coisas com as quais estou comprometido e gosto, terão que ser abandonadas. É ridículo me pedir que faça isso” (Mt 19:22).
Uma resposta não-autêntica
Adoçar o remédio diluindo o evangelho e disfarçando-o com divertimento não o fará mais aceitável, apenas menos compreensível. As pessoas ouvirão um evangelho modificado, enfraquecido, e suas respostas não serão autênticas.
O apóstolo adverte que a proclamação funciona apenas porque Deus a faz operar nos corações do seu povo.
Quando as pessoas nos dizem: “Vocês são apenas tradicionalistas, firmemente presos ao passado e querem que tudo seja feito como se fazia no século dezenove”, eles nos entendem de forma errada. Nós queremos usar a proclamação direta porque é o que Deus nos diz exclusivamente para fazer. Seja no ensino da escola dominical, testemunho pessoal, pregação no púlpito ou livros e folhetos impressos, o método das Escrituras é apresentar o evangelho em palavras racionais, a mentes racionais, apoiadas por oração fervorosa.
Muitos evangélicos hoje entendem que o público quer grupos de rock, informalidade, convivência, teatro e outros divertimentos e, enquanto o apóstolo Paulo não tinha qualquer intenção de condescender com os desejos da carne, seja de gregos ou judeus, os “modernosos” de hoje saem para dar aos profanos exatamente aquilo que pensam que irá agradá-los.
Vamos focalizar toda a nossa energia nas formas da proclamação direta e atividades que mantenham as pessoas sob esta influência. Estes são os dois únicos aspectos legítimos do evangelismo: proclamação e esforços para apoiá-la.
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Dr. Peter Master é o editor da revista Sword & Trowel, The Metropolitan Tabernacle, Londres
[1] Culto que procura satisfazer aos desejos das pessoas que adoram.
[2] 1 Tm 2:7 e 2 Tm.1:11
Fonte: Revista Os Puritanos. Ano XI, n.01, Jan/Fev/Mar, 2003, p. 3 - 7
Postado com Autorização do Dr. Pb. Manoel Canuto.
Por Dr. Peter Master
Fonte: Eis Nosso Tempo
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