quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mito: Usamos apenas 10% do cérebro

Mito: Usamos apenas 10% do cérebro

Pergunte a um grupo de pessoas escolhidas aleatoriamente o que elas sabem sobre o cérebro, e a resposta mais provável será que usamos apenas 10% da sua capacidade. Essa crença causa arrepio em neurocientistas de todo o mundo. O mito dos 10% surgiu há mais de um século nos Estados Unidos, e se espalhou até mesmo para países longínquos.

Para os neurocientistas, porém, isso não faz nenhum sentido; o cérebro é uma máquina muito eficiente, e todo o conjunto para ser necessário. Para permanecer durante tanto tempo, o mito deve estar dizendo algo que realmente queremos ouvir. Talvez o segredo da sua fantástica persistência esteja na sua mensagem otimista. Se normalmente usamos apenas 10% do cérebro, imagine o que poderíamos fazer se pudéssemos usar nem que fosse um pouquinho dos outros 90%! Com certeza essa é uma ideia fascinante e também um tanto democrática. Afinal de contas, se todo mundo tem tanta capacidade mental de sobra, então não existe nenhum idiota, apenas um punhado de Einsteins em potencial que não aprenderam a usar uma parte suficiente do cérebro.

Esse otimismo foi explorado por gurus de auto-ajuda para vender uma série inesgotável de programas destinados a aumentar o poder da mente. Na década de 1940, Dale Carnegie usou esse argumento para vender livros e influenciar os leitores. Ele reforçou bastante o mito ao atribuir a ideia a um dos fundadores da moderna psicologia, William James. Mas o psicólogo nunca mencionou esses 10% em seus trabalhos e palestras. James realmente disse para suas platéias populares que as pessoas não usam todos os recursos mentais que dispõem. Talvez algum ouvinte ambicioso tenha feito essa afirmação parecer mais científica especificando uma porcentagem.

Essa crença é especialmente popular entre as pessoas que se interessam por percepção extra-sensorial (PES) e outros fenômenos paranormais. Elas costumam usar o mito dos 10% para explicar a existência dessas capacidades. Transformar uma crença que está fora da esfera da ciência em um fato científico não é nenhuma novidade, mas é particularmente chocante quando se sabe que até mesmo o “fato científico” é falso.

Na verdade, usamos todo o nosso cérebro diariamente. Se grandes áreas do cérebro não fossem usadas, uma eventual lesão não causaria problemas aparentes. E isso definitivamente não é o que acontece! Técnicas de neuroimagem funcional, que permitem medir a atividade cerebral, também mostram que tarefas simples são suficientes para produzir atividade em todo o cérebro.

Uma possível explicação para a origem do mito dos 10% é que as funções de algumas regiões cerebrais são tão complicadas que os efeitos de uma lesão são sutis. Por exemplo, pessoas com lesão no lobo frontal do córtex cerebral muitas vezes ainda não conseguem desempenhar a maior parte de suas atividades diárias normais, mas não escolhem comportamentos corretos dentro de um contexto. Por exemplo, um paciente desse tipo pode se levantar no meio de uma importante reunião de negócios e simplesmente sair da sala para almoçar. Não é preciso dizer que esses pacientes enfrentam muitas dificuldades de convivência.

Talvez os primeiros neurocientistas tenham tido dificuldade em descobrir a utilidade das áreas frontais do cérebro em parte pelo fato de estarem trabalhando com camundongos de laboratório. No laboratório, os camundongos levam uma vida muitos simples. Eles têm de conseguir localizar os suprimentos de ração e água e ir até lá para consumir. Fora isso, eles não têm de fazer quase nada para sobreviver. Nada disso exige as áreas frontais do cérebro, e alguns nerocientistas acharam que talvez essas áreas não fizessem muito mais que isso. Mais tarde, exames sofisticados derrubaram essa teoria, mas o mito já estava estabelecido.

Fonte: Bem-Vindo ao seu Cérebro – pág. 24 - Ed. Cultrix

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkk.. muito massa!
    As pessoas pensam que são burras porque faltam 90% do seu cérebro, mas a verdade é que não falta nada, são burras de verdade!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.

    MUITO BOM!

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  2. Muito bom, mas tem provas científicas de que usamos toda a "capacidade" do cérebro? Eu concordo que usamos todas as suas "funções", mas a capacidade tenho dúvidas. E Teologicamente já ouvi alguns comentaristas afirmarem que no Éden, antes do pecado o homem podia usar toda a capacidade do cérebro, isso explicaria Adão dar nome a todos os animais (bilhões) e lembrar, mas depois da queda não seria possível usar essa capacidade toda, uma vez que o pecado afetou até o corpo físico do homem. Serve pra pensarmos.

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