As coisas que dizem
respeito à minha não conversão ao Senhor passaram a ser mais
perceptíveis para mim no dia em que eu estava, com outros irmãos,
em uma reunião de oração na casa do meu irmão de sangue. Um após o outro,
orávamos daquilo que sentíamos necessidade e conforme o Senhor nos
falava. Após alguns termos orado, um outro amigo meu também ali
presente, começou a orar. E aquela oração me incomodou muito. Eu
sentia como se ele de fato estivesse orando a Deus, muito
diferentemente de mim que buscava em meu intelecto ou em belas
palavras, algum assunto que eu julgava que deveria ser orado - e nisso
tudo, eu pequei; pequei porque enquanto ouvia a oração, a cobiça
de querer orar igual queimava em mim e pensamentos maus vinham à
mente, tentando afundar essa cobiça. Era um erro tentando apagar o
outro. Eu pensava: "como pode ele querer se atrever a orar desta
forma?" Eu pensava então nos pecados, os que eu tinha conhecimento,
que este meu amigo cometia e dizia dentro de mim: "viu só, ele não é
digno de orar! Ele faz isso, e aquilo, e aquele outro!" Mas, eu via
que ele orava ao Senhor e eu não.
Voltei para casa,
extremamente incomodado – pensamentos diversos, mas ainda na mesma
linha, me enchiam a mente. Mas eu tinha uma aliada na minha luta: a
hipocrisia. Com ela eu podia facilmente aparentar que estava tudo
bem, tudo natural e dentro dos padrões. Além disso, tinha por
companheira a justiça própria, que me defendia em tantos momentos
oportunos a mim mesmo.
Esses sentimentos
continuaram ainda por um bom tempo, talvez uns dois meses, mas já
vinham de muito antes deste evento na reunião de oraçã - lá eles
apenas ficaram mais visíveis a mim, pela graça de Deus. O tempo se passou e
eu oscilava entre uma experiência espiritual aqui, um senso de
justiça própria ali e uma outra hipocrisia, pro caso de nenhum das
anteriores funcionar. Contudo, eu achava que as coisas corriam bem.
No dia primeiro de
março deste mesmo ano, 2014, fui pela primeira vez na vida levado a
crer que Cristo também é Deus – digo crer, porque antes tinha
mero conhecimento. Lendo a passagem de Atos 9 com irmãos, o Senhor
me tocou para a verdade de que Cristo também é Deus. Quando Paulo
perguntou: "quem és, Senhor?" Cristo respondeu: "eu sou a Jesus, a quem
tu persegues". Essa citação brilhou tão profundamente em mim, que
durante aquela semana compartilhei com algumas pessoas, irmão,
amigos, pai e mãe, o que Deus havia feito em mim e como tinha me
mostrado meu Salvador. No entanto, eu tinha algum conhecimento, sabia
quem era Cristo, mas ainda não havia me arrependido completamente.
Durante todo aquele
mês, eu oscilava em alegres meditações no Senhor, novas “velhas
verdades” que eu agora compreendia e a velha hipocrisia, seguida
da justiça própria, e por vezes, o desamparo de Deus (em minha
visão). Não foram poucos os dias nesse mês que eu me sentia
completamente abandonado pelo Senhor, como se Ele fosse um Deus
longe e já não me escutasse mais; como se fosse inútil clamar a
Ele, pois não me ouviria. Que sensação horrível! Embora sem saber
o que fazer, eu caminhava e tentava, geralmente por minhas próprias
forças, algum modo de me achegar a Deus. Eu agora conhecia quem era
Cristo, mas eu não estava disposto a largar totalmente a mim mesmo
para segui-lo. Eu o queria, mas não intentava abrir mão de tudo.
Algumas coisas eu ainda desejava, pois elas me protegiam. Ah, se alguém
soubesse da minha hipocrisia, o que seria de mim? Se alguém me
apontasse um erro? Ah, provavelmente eu tentaria ganhar esta pessoa
no carisma ou diria algo bonito, mesmo bíblico e estaria tudo
certo. Contudo, haveria grande probabilidade de eu estar irado
interiormente com esta pessoa. Mas, quem ligaria? Se estivesse
passando uma boa imagem, estaria tudo certo. Não, não estaria!
Estes momentos em que
o Espírito Santo me incomodava sobre algo que eu fazia – agora não
mais somente questões morais, mas sim bíblicas também –
começavam a aumentar em frequência. Eu me perguntava: "Senhor, por
que não consigo me sentir bem na presença de outros irmãos? Eu te
sirvo, gosto dos meus irmãos, mas essas coisas não parecem
compatíveis entre si!"
E o tempo passou, e as
ocorrências aumentavam. Era Deus começando a acordar minha mente
cauterizada.
Os dias se passavam, a
angústia aumentava e eu ainda sem resposta à minha pergunta: "por que
não me sinto bem quando estou em comunhão com meus irmãos?" Eu me
abrigava no fato de que, embora muitas fraquezas, Deus já havia
despertado em mim um desejo maior por conhecê-lo, desejo que veio
após o dia em que Ele me mostrou a Cristo. Mas eu ainda falhava
tanto! Como podia o desejo de aprender mais sobre Cristo, habitar na
mesma semana em que eu me sentia totalmente desamparado por Deus? Eu
não entendia, mas, por Deus, clamava a Ele que me respondesse.
Os dias se iam, e as
angústias e oscilações cresciam, até que o Senhor começou a me
mostrar que eu não estava totalmente convertido a Ele. Eu apreciava
a forma e as meditações sobre Deus, mas meu coração ainda não
estava totalmente entregue a Ele. Neste momento Satanás começou a
me tentar fortemente com tentações que até então estavam
adormecidas, como um vulcão fora de atividade. E quando estas
tentações vinham, eu pensava: "mas Senhor, por que isto?" E
pensamentos como: "há tempos que eu não sou tentado assim"; e "eu
não sou tão mal assim para abrigar esses pensamentos perversos em
mim!". Escusando-me de que necessitava claramente de Deus e que
SIM, eu era (e sou) tão mal, e abrigava em mim esses pensamentos.
As lutas continuaram e em um dia, hoje (25 de março), caminhando e conversando com
amigos até a universidade, tive novamente a angústia de estar com os irmãos. Era bom
estar com eles, mas não era. Era bom falar sobre Deus, mas não era.
Agora sei o porquê me fazia bem citar os versículos bíblicos ou
compartilhar e fazer conhecidas a eles a minha opnião, mas a verdade
é que meus lábios estavam ali, mas não meu coração. Eu era
orgulhoso. Eu sentia vergonha de falar alto sobre as coisas que
anunciassem que estávamos falando sobre Deus, com medo de que alguém
ouvisse.
Nossa caminhada até à
universidade se concluiu e estes amigos, assim como eu, foram às suas salas. Lá, eu alternava entre a cobiça a outras mulheres, o
medo de falar de Cristo, e o senso de que algo estava terrivelmente
errado. Fui ao intervalo, coincidentemente, à reunião de cristãos
na universidade (grupo da A.B.U.), e lemos Tiago 1:5-7, e falamos
sobre a sabedoria de Deus e o sermos inconstantes como as ondas, além
de pedirmos a Deus sabedoria que Ele nos concederia, se pedíssemos
de acordo com a Sua vontade. Nesse estudo, Deus já
havia me tocado para que eu ficasse mais calado e buscasse falar
menos e ouvir mais. Ser menos eu comentando aquilo que era minha
sabedoria – embora bíblica, recitada pela minha própria vontade e não pelo amor ao Senhor. Ao chegar em casa, Deus me fez também
lembrar do versículo 6 de Tiago 1: "em nada duvidando".
Já descrente da minha
própria força, orei a Deus, confiando que de fato ele poderia
suprir meu coração e me moldar conforme a Sua justiça. Orei então
para que Ele mudasse a disposição do meu coração e me fizesse
amá-lo. Orei que, se fosse preciso, Ele me tirasse todo o
conhecimento bíblico que eu tinha até então, para crer desde o
início, de que Deus enviou seu Filho, que morreu por um pecador como
eu e colocou em mim o Seu Espírito Santo. E eu estava então, por
Deus, decidido a começar a caminhar com Ele, ainda que e isso me
trouxesse vergonha diante dos homens, eu a preferiria, para ter a
Cristo como meu Salvador.
Louvado seja Deus!
- escrito por um cristão e grande amigo do autor deste blog.
Gostei muito do testemunho de hoje.
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