terça-feira, 8 de março de 2011

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR - Sermão pregado dia 27.02.2011


Bendize, ó minha alma, ao SENHOR -
Sermão pregado dia 27.02.2011

Nosso texto: "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios". Salmos 103.2

Amados, confesso-lhes que constantemente fico estupefato com a magnificência dos salmos. São escritos do mais alto calibre, da mais bela e rica literatura que podemos encontrar. Os salmos nos mostram a humanidade dos salmistas, que embora fossem grandes homens de Deus, ainda assim eram seres humanos e com os respectivos desejos de sua natureza. Outro ponto que também me deixa extasiado é o grande desejo pela lei de Deus que moveu esses escritores.

É importante notarmos a discrepância que há entre o desejo dos salmistas e os desejos que norteiam nossa sociedade e que infelizmente acabam atingindo alguns crentes. Não precisamos de muita análise para verificar que estamos embrenhados à uma cultura meritória (baseada no mérito), onde tudo o que fazemos e conquistamos é devido às "qualidades próprias". Observemos que os concursos são baseados no mérito (estudou, se dedicou, passou), a promoção de um emprego é apenas para funcionários qualificados, passa-se de ano na escola e na faculdade apenas aqueles que estudaram e se dedicaram. Quase tudo ao nosso ao redor é baseado no mérito.

Mas graças a Deus que a bíblia não nos trata da mesma forma. Nosso texto de hoje é enfático ao dizer: "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios". A palavra que o salmista escolheu para começar esse verso é completamente esquecida e alheia ao nosso vocabulário social. Digo isso pois não está na "moda" louvar alguém, nem elogiar alguém, tampouco dizer bem de alguém. A regra atual é: faça por merecer.

Sendo antagônico a tal pensamento, Davi deseja que sua alma (como que falando consigo mesmo) louve e bendiga a Deus em todas as coisas. Ele é desejoso de que seu coração jamais de aparte dos preceitos de Deus! O salmista deseja para si que ele não se esqueça de nenhum dos benefícios recebidos de Deus. Quão distante muitas vezes nos encontramos de tal desejo! Como constantemente temos nossos desejos enegrecidos pela falsa sensação de auto-controle, como se pudéssemos praticar algo de bom por nós mesmos sem a presença do Espírito Santo em nós.

Surge-nos então a pergunta: O que são os benefícios de Deus? Jonathan Edwards dizia que até mesmo os ímpios se alegram com algo que recebem, por isso é necessário que a alegria do cristão vá muito além disso. Edwards continua dizendo que enquanto o ímpio se alegra apenas com aquilo que ganha, o cristão deve ser feliz por aquilo que Deus é em si mesmo. Salienta também a importância do cristão verificar junto à sua alma se não tem andado por caminhos tortuosos, desviando-se da graça e caindo na autojustificação. Como é triste nos depararmos com pessoas que ficam barganhando com Deus, tentando comprá-Lo, fazendo d'Ele seu mordomo ou agindo como se fosse seu gênio da lâmpada mágica.

Em Tiago 4.3,4 lemos: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus". Diante de tal passagem, Edwards pergunta e já responde: "Por que Tiago chama de adúlteros e adúlteras aqueles que oravam ao Senhor? Porque embora elas orassem, elas estavam abandonando seu esposo que era Deus para se juntarem aos seus amantes, e pior que isso, estavam pedindo que Ele lhes financiasse o seu adultério". São duras palavras que devem penetrar nosso coração.

Meus irmãos, Deus é constantemente traído em muitas orações proferidas aos domingos e no restante de nossas semanas. Neste mundo de busca por nossos próprio prazeres, Deus tem se tornado apenas um meio de conseguirmos aquilo que desejamos. Edwards dizia que esse tipo de oração ofende a Deus. Ele o chamava de a oração dos hipócritas.

Devemos estar cônscios de que quando buscamos o Senhor em oração para que eles satisfaça nossos desejos e nos providencie recursos para gastarmos com nosso amante (o mundo), O traímos e fazemos de nosso estágio atual pior que o primeiro. Quem de nós teria coragem de pedir dinheiro ao cônjuge para sair com seus amantes? Há alguém que em sã consciência peça à sua família o dinheiro do pão de cada dia para gastar com prostitutas e parceiros sexuais? Qual de nós cometeria tal loucura? Mas infelizmente é isso que muitas vezes fazemos.

Temos observado a terrível tendência do homem moderno em elevar sua moral a cada dia. Diariamente homens e mulheres buscam conferir status social aos seus currículos. Estes mesmos tem labutado com todas as forças para serem aceitáveis no mercado de trabalho, para terem prestígio em meio a algum negócio ou transação comercial. Não que a bíblia proíba tal feito, mas o problema reside em que muitos trocaram a carreira espiritual pela profissional. Pessoas que professam o cristianismo estão começando a ter uma estima muito elevada de si mesmos, a ponto de acharem que Cristo por morreu por elas porque havia algo que lhes era digno de morte. Tais pessoas constantemente oram ao Pai e O agradecem pela morte de Seu filho, mas não reconhecem o quão imundos e destituídos de graça estão.

Paulo em 1Co 10.31 escreve: "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus". Temos então os seguintes conselhos:

1. "não te esqueças de nenhum de seus benefícios";
2. "fazei tudo para a glória de Deus".

Essas palavras deveriam estar cravadas em letras garrafais em nossos corações! Já não nos bastasse a inutilidade que este mundo nos oferece, não tivéssemos tentações suficientes, fossemos levados a satisfazermos nossos desejos pecaminosos em nossa carne, ainda queremos acrescentar algum mérito próprio! Oh! Quão insensatos somos quando assim procedemos!

Que possamos gravar em nosso entendimento as palavras de Davi. Que jamais nos apartemos da graça salvadora. Que reconheçamos nosso adultério e recorramos ao único capaz de nos perdoar.

Oro para que assim como Davi, nós também possamos dizer: "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios".

Amém.

3 comentários:

  1. Caro irmão,

    Gostei muito do seu blog, uma exceção ao contexto contemporâneo da cristandade. Permita-me recomendar-lhe um blog, visto que ambos seguem correntes teológicas análogas, o endereço é gracaplena.blogspot.com é de um Pr amigo meu o nome dele é Joelson. Sem mais no momento, fica na paz de Cristo. Israel Jr.
    E-mail(israelrljunior1@hotmail.com)

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  2. ótimo assunto em pauta.

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  3. Ótima mensagem, traduziu pensamentos meus que eu não sabia dizer

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